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Ansiedade e estresse: um estudo associativo na saúde do
adulto-jovem no contexto esportivo individual e coletivo

Ansiedad y estrés: un estudio sobre asociativo en la salud del adulto-joven en el contexto deportivo individual y colectivo

 

*Educador Físico, UEM, Paraná

Mestrando do Programa de Ciências da Saúde da UEM, Paraná

**Educadora Física, UEM, Paraná

Psicóloga pelo Centro de Ensino Superior de Maringá, Paraná

Professor Associado B da UEM, Paraná.

Mestre e Doutora em Ciência do Movimento Humano

pela UFSM, Rio Grande do Sul

(Brasil)

Abel Felipe Freitag*

abel_freitag@hotmail.com

Caroline Taveira

Mateus Afonso Merotti

Sandra Marisa Pelloso

Sonia Silva Marcon

Ieda Harumi Higarashi

Roberto Kenji Nakamura Cuman

Lenamar Fiorese Vieira**

lfvieira@uem.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi de investigar a associação de ansiedade e de estresse da população adulta jovem do contexto esportivo paranaense. Foram sujeitos 238 atletas sendo 110 (46%) do gênero masculino e 128 (54%) feminino. Como instrumento utilizou-se: ficha de identificação, questionário ansiedade estado competitivo (SCAT) e o inventário de sintomas de estresse para adultos (LIPP, 2000). A coleta de dados foi individual nos JAP’S de 2008. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Para verificar a associação foi utilizado Teste Qui Quadrado 2X3 e Qui Quadrado 2X2 para tendências, adotando p<0,05. Houve associação entre os níveis de ansiedade e estresse (p=0,0001), observando que 88,9% dos indivíduos que apresentaram estresse encontram-se no nível de ansiedade médio-alto. Assim, conclui-se que os níveis de ansiedade e de estresse se apresentaram como um fator interveniente no cotidiano, podendo prejudicar a saúde, sendo o esporte uma alternativa terapêutica.

          Unitermos: Ansiedade. Estresse. Esporte. Gênero.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O estresse e a ansiedade estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas e, podem ocorrer em qualquer época da vida. Estima-se que 90% da população mundial é afetada pelo estresse, passando a ser considerado como uma epidemia mundial. Os problemas relacionados ao estresse ocupacional envolvem as mudanças sociais como a globalização e mudanças que ocorrem nos locais de trabalho devidos as pessoas estarem em constante pressão por diversos fatores (Organização Mundial da Saúde, 2003).

    Gonçalves e Belo (2007), Garbossa et al. (2009) afirmam que mulheres apresentam níveis mais elevados de ansiedade que os homens, podendo chegar a serem 5,15 vezes mais ansiosas do que o gênero masculino, afirma Freitag et al. (2011). Em relação ao estresse, esse contexto se mantém semelhante, onde as diferenças das fases do estresse relacionadas ao gênero são encontradas significativamente. Isso pode estar relacionado com o fato das competições ainda serem enfatizadas para pessoas do sexo masculino, fazendo que a mulher, ao competir, seja muito mais cobrada (LIPP e TANGANELLI, 2002).

    A maior elevação da ansiedade e estresse entre os indivíduos de esportes individuais, comparados aos praticantes de esportes coletivos é enfatizada por Gonçalves e Belo (2007), porém corrobora as observações de outros estudiosos, como Zeng (2003) e Bertuol e Valentini (2006), que verificaram que, muitas vezes, a presença dos companheiros de equipe diminui a responsabilidade individual diante dos resultados das competições. A redução deste tipo de pressão, levaria a uma redução dos níveis de ansiedade.

    Achados recentes afirmam que o adulto jovem esportista que se encontra com estresse, a prevalência é na fase de resistência do tipo psicológica (CALAIS et al, 2003; COSTA et al., 2003; MARQUES et al., 2010; FREITAG et al., 2012).

    De todo o conhecimento produzido sobre a saúde do adulto, poucos são os estudos voltados aos assuntos psicológicos envolvendo o contexto esportivo e, acima de tudo, associando dois fatores, especificamente a ansiedade e o estresse. Diante destas considerações, este estudo objetivou investigar a associação de ansiedade e de estresse da população adulta jovem do contexto esportivo paranaense.

Metodologia

    Este estudo consiste em uma pesquisa descritiva, a qual inclui o levantamento de dados normativos e estudos correlacionados (THOMAS e NELSON, 2002). O locus de realização desta investigação foi os Jogos Abertos do Paraná (2008), no município de Cascavel – Paraná.

    Foram abordados 238 adultos jovens com faixa etária variando entre 19 e 30 anos – 120 do gênero feminino e 110 do gênero masculino. A seleção dos municípios para composição da amostra de estudo foi realizada por meio da consulta à tabela geral de classificação do ano anterior (2007) do JAP’S, de tal forma a oportunizar a inclusão de adultos e equipes com um nível de rendimento possivelmente superior àqueles oriundos de municípios com menor expressividade na competição.

    Foram utilizados dois instrumentos de medida: o SCAT (Teste de Ansiedade-Traço Competitiva), desenvolvido por Martens (1990), e validado para a língua portuguesa por Freitas (1991), para avaliar o nível de ansiedade competitiva dos atletas; e o Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos (LIPP, 2000) para identificar quadros característicos do estresse possibilitando diagnosticar as fases do estresse em que o indivíduo se encontrava. Estes testes são comercializados pela Editora Casa do Psicólogo, sendo aplicado e interpretado com a supervisão de um psicólogo.

    O projeto foi submetido à apreciação do Comitê Permanente de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de Maringá, e aprovado conforme o parecer nº. 175/2007. Todos os atletas que participaram do estudo registraram sua anuência por meio do preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em conformidade às prerrogativas fixadas pela Res.196/96-CNS.

    Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Para verificar a associação foi utilizado Teste Qui Quadrado 2X3 e Qui Quadrado 2X2 para tendências, adotando p<0,05.

Resultados

    A ansiedade é vista como uma das principais variáveis que interferem na performance dos atletas. A grande maioria dos esportistas sofre medo, pressão e ansiedade causada pelo comprometimento de vencer, algo característico em uma comunidade na qual exalta a emoção da vitória (competição) e o sofrimento da derrota (FIGUEIREDO, 2000).

    O mundo do esporte mudou com o avanço dos estudos. Hoje, o atleta vive sob contínua tensão, pois, além de suas habituais responsabilidades, a alta competitividade por uma vaga na equipe principal exige dele o aprendizado constante e enfrentamento de novos desafios, o que faz com que, muitas vezes, supere seus próprios limites. Costa e Samulski (2005) enfatizam que nos últimos tempos a carga de treinamento dos atletas vem se intensificando cada vez mais em busca de resultados nas mais diversas modalidades esportivas, o que pode acarretar o estresse e até o chamado overtrainning. Tudo isso pode ser causado pela alimentação inadequada ou abusiva, uma sobrecarga no treinamento com pouco tempo de repouso, noites sem dormir, entre outras situações, ocasionando o estresse físico e psicológico.

    A ansiedade e o estresse se constituem em fatores que podem causar patologias e distúrbios, interferindo na saúde e, conseqüentemente, no desempenho geral de esportistas (SZENESZI e KREBS, 2007).

    A Tabela abaixo mostra a associação do nível de ansiedade (baixo, médio e/ou alto) e se o indivíduo encontra em alguma fase de estresse ou não.

    A Tabela 1 mostra associação do nível de ansiedade e de estresse

Tabela 1. Associação entre os níveis de ansiedade e estresse

    Observa-se que, 53,7 % dos indivíduos que revelaram algum nível de estresse encontrava-se com ansiedade média, 35,2 % com ansiedade alta e 11,1% ansiedade baixa. Já entre aqueles que não se encontravam em nenhum estágio do estresse, 109 atletas (59,2%) estavam com ansiedade média, 53 (29,4%) ansiedade baixa e 21 (11,4%) alta.

    Verificou-se através do Teste Qui-Quadrado que houve associação entre os níveis de ansiedade e estresse (P = 0,0001), observando que 88,9% dos indivíduos que apresentaram estresse encontram-se no nível de ansiedade médio-alto, conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2. Associação entre os níveis de ansiedade e estresse

    Os indivíduos na fase adulta freqüentemente deparam-se com diferentes situações potencialmente estressoras como a criação dos filhos, o relacionamento enquanto casal, relações interpessoais, necessidade de manutenção do emprego, entre outras. Sendo uma relação causal entre os eventos de vida estressores e o surgimento de níveis elevados de ansiedade (MARGIS et al., 2003; BAPTISTA et al., 2006).

    De acordo com Costa e Vieira (2003), quando os atletas avaliam os eventos negativamente, dá-se início do processo de estresse e/ou ansiedade. Nesse sentido, a avaliação do nível de ansiedade e estresse entre adultos praticantes de esportes deve servir como um norteador de ações que visem o controle das situações estressoras e de ansiedade, refreando as repercussões fisiológicas, e os efeitos nefastos deste processo sobre o bem-estar global e sua condição de saúde.

Considerações finais

    Este estudo não tem a pretensão de permitir generalizações, mas é voltado a delinear um contexto específico e, lançar idéias para reflexão dos profissionais ligados à prática desportiva acerca da importância de fatores físicos e psicológicos, como as práticas de atividades esportivas durante a adolescência parece contribuir de forma importante para uma vida adulta menos sedentária e tendem a se manter durante toda a vida (ALVES et al., 2005).

    Esta pesquisa, como forma de contribuir na área da saúde do adulto, teve seus objetivos alcançados, ao identificar que houve associação entre os níveis de estresse e de ansiedade, apontando para avaliação cognitiva de adultos, ou seja, o adulto que tem percepção negativa da situação competitiva tem uma maior tendência ao envolvimento dos sintomas de estresse e de níveis elevados de ansiedade.

    Frente às considerações do trabalho, percebe-se que o esporte pode influenciar no desenvolvimento do indivíduo em diferentes áreas da vida que não apenas a atlética. Pois o esporte ocupa hoje um lugar de destaque como meio de interação social de adultos, os quais se envolvem em programas formais e informais. Demanda portanto, a realização de outros estudos posto ser uma área ainda nova, e que vem despertando o interesse dos profissionais, que passam a ver a prática esportiva como algo muito mais complexo e global.

Referências

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