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Comparação da postura em atletas da ginástica artística e
indivíduos sedentários baseado na escala postural de New York

Comparación de la postura en atletas de gimnasia artística y personas sedentarias basado en la escala postural de York New

Comparison of posture in athletes of artistic gymnastics and sedentary individuals based on New York's postural scale

 

*Graduado em Fisioterapia e Odontologia

Docente do Centro Universitário Claretiano de Batatais

**Graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais

***Graduada em Educação Física pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais

Especialista em Ginástica Artística. Docente do Centro Universitário Claretiano de Batatais SP

****Graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais

Docente do Centro Universitário FAFIBE, Bebedouro SP
(Brasil)

Prof. Ms. Edson Donizetti Verri*

Ft. Josemar Machado de Oliveira Júnior**

Ft. Jonathas Silva**

Manuela de Souza Areco Bianchi***

Ft. Gabriel Pádua da Silva****

Ft. Bruno Ferreira****

edverri@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Levando-se em consideração alterações posturais da população adolescente devido a condições hormonais, nutricionais ou até mesmo por posturas viciosas, buscou com este trabalho avaliar as condições posturais de adolescentes do sexo feminino praticantes de Ginástica Artística e em sedentárias com a utilização da Escala Postural de New York. Participarão desta pesquisa 14 indivíduos adolescentes do sexo feminino, com idade entre 09 a 15 anos, sendo grupo 1: sete delas praticantes de Ginástica Artística há pelo menos 2 anos,e no grupo 2 sete sedentárias. Objetivo do trabalho foi avaliar o índice postural com a utilização da Escala de New York. Mas esta demonstração não obteve significância estatística, provavelmente pelo pequeno número de pacientes analisados. Embora os parâmetros foram superiores na escala de New York comparando grupo 1 ao grupo 2. Serão necessários outros estudos, com maior casuística para confirmar estes dados. Portanto atletas de ginástica artística obtiveram melhor postura do que as sedentárias.

          Unitermos: Postura. Atletas da ginástica artística. Escala de New York

 

Abstract

          Taking into account postural changes of the adolescent population because of hormonal conditions, nutritional or even bad posture, this study sought to evaluate the conditions of postural adolescent female practitioners and sedentary Artistic Gymnastics by using the Scale for Postural New York. Participants in this study 14 individuals female adolescents, aged 09-15 years, group 1, seven of them practicing Gymnastics at least two years, and seven sedentary group 2. Objective of this study was to evaluate the posture index using the Scale of New York. But this demonstration did not achieve statistical significance, probably due to the small number of patients studied. While the above parameters were in the range of New York comparing groups 1 to 2. We require more studies with larger samples to confirm these data. So artistic gymnastics athletes had better posture than sedentary ones.

          Keywords: Posture. Athletes of Artistic Gymnastics. Scale New York.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A ginástica artística (GA) moderna teve sua origem na Alemanha, em meados do século XVIII, sendo atribuída a sua criação ao considerado pai da ginástica o alemão Friedrich Ludwig Jahn. Atualmente a ginástica olímpica é considerada um dos mais belos esportes e completo desporto. A GA é conhecida como uma modalidade esportiva competitiva, acessível a poucas pessoas por sua enorme complexidade de execução, para alguns atletas as exigências das difíceis habilidades motoras que compõem uma serie acrobática transformam o sonho de se tornar uma ginasta em uma verdadeira utopia. A beleza dos movimentos executados com precisão encanta a quem assiste e oferece uma sensação de prazer ao ver um corpo rodopiando no ar. Mas, muitas vezes, são essas acrobacias mirabolantes que afastam admiradores da ginástica, deixando muito distantes daquela prática. Para enfatizar a importância da prática da GA segundo Gallahue (1982) a etapa correspondente à faixa etária dos 2 aos 7 anos como sendo a fase dos movimentos fundamentais, a criança está apta para explorar os movimentos de locomoção, pois não necessita de grandes esforços na sua musculatura para se equilibrar, isto é, já possui um certo controle muscular nos movimentos estabilizadores. Para esse autor os movimentos estão divididos em três estágios (inicial, elementar, e maduro por volta dos 7 anos de idade) e são classificados como locomotores, manipulativos e estabilizadores (de equilíbrio). São básicos para a sua evolução motora que nessa fase acontece de maneira mais rápida. Através de caminhar, correr, saltar, girar e outros que a GA proporciona que é possível oferecer amplas oportunidades de aquisição de habilidades, aperfeiçoando suas capacidades físicas. O autor cita diversas formas locomotoras utilizadas pela criança, mas explica que a estabilidade é o aspecto mais importante para aprender a movimentar-se. É a estabilidade que mantém uma relação de equilíbrio do corpo em movimento com a força de gravidade. As propostas de exercício sobre a trave de equilíbrio, um dos aparelhos femininos da GA, os exercícios de inversão do corpo, de rotação do corpo no ar, de movimentos com vôo, e muitos outros, provocam situações que exigem a busca do equilíbrio corporal, proporcionando um grande número de experiências motoras cujo ambiente é rico em estímulos considerados fundamentais para o desenvolvimento motor. Os músculos estão interligados por cadeias, trabalhando em conjunto para manutenção da postura estática e dinâmica de modo que qualquer alteração muscular poderá causar retração destas cadeias, produzindo alteração óssea, observando no raio-x (SILVA, 2001). Estudos mostram que, nessa modalidade, as lesões são distribuídas pelos tornozelos, joelhos, ombros e coluna lombar, sendo as entorses as mais registradas. Além do aspecto estrutural descrito, os exercícios no solo são os mais propensos à ocorrência de lesões, devido ao alto impacto exercido sobre os segmentos corporais. Caine e Nassar (2005) descrevem que, dentre os fatores intrínsecos responsáveis pela ocorrência de lesões mais freqüentes na ginástica, podem-se destacar estatura, peso e idade. Segundo os autores, maiores valores de estatura e peso predispõem as resultantes de impacto desfavoráveis à integridade das estruturas corporais, incluindo tendões e articulações. Enfatiza a associação entre idade, maior tempo de prática e dificuldade na execução de gestos como fator principal para ocorrência de lesões, não sendo levantados os aspectos biológicos dessa variável. Sobre os fatores extrínsecos, tem sido investigado o grau de desempenho como causa de lesões. Entretanto, os achados têm-se mostrado inconclusivos. Os dados mostram que quaisquer populações submetidas à prática do esporte em questão são alvo da ocorrência de lesões, independente do nível técnico. Para as ciências do esporte, o registro de lesões, associadas a seus fatores causais, pode apresentar grande valor profilático e exercer influência no desempenho. Melhoras nas condições de treinamento já foram obtidas por meio de pesquisas realizadas na modalidade, as quais foram responsáveis pela implementação de aparelhos ginásticos. Atualmente, os aparelhos utilizados apresentam maior absorção de impactos e auxiliam a impulsão para realização de movimentos específicos, exigindo menores esforços físicos do ginasta, prevenindo lesões e aumentando performance. Portanto, faz-se necessária observação mais detalhada sobre aspectos relacionados aos ginastas e aos riscos de lesões, para contemplar integralmente os objetivos das equipes de saúde ligadas à modalidade. A boa postura pode ser definida como a habilidade de manter o centro de massa corporal em relação com a base de sustentação, a fim de evitar quedas e permitir a execução correta dos movimentos. A avaliação postural é extremamente complexa e deve levar em consideração fatores intrínsecos e extrínsecos que podem influenciar a postura do indivíduo, dentre os quais as condições físicas do ambiente onde o indivíduo vive o estado sociocultural e emocional, a atividade física, a obesidade e as alterações fisiológicas do próprio crescimento e do desenvolvimento humano – como o "estirão" de crescimento e a maturação sexual, o sexo, a raça e a hereditariedade. O esporte, bem como programas de exercícios, também pode influenciar a postura, podendo causar adaptações que se tornam permanentes. O treinamento esportivo é baseado na repetição constante de determinados movimentos, que podem levar a desequilíbrios no sistema osteomioarticular, gerando alterações de força, flexibilidade, equilíbrio e coordenação motora, além de agir diretamente sobre o crescimento ósseo, predispondo ao aparecimento de alterações posturais que, por sua vez, podem predispor o atleta à lesão. Vários estudos na literatura associam o treinamento esportivo a alterações posturais apresentadas por atletas; outros relacionam as alterações posturais às lesões apresentadas por eles, porém poucos correlacionam à prática da ginástica olímpica. As crianças bem como os adolescentes apresentam-se em uma fase de mudanças posturais decorrente do crescimento e desenvolvimento. Assim, fatores ambientais, como o treinamento esportivo, podem influenciar essas mudanças, uma vez que contribuem para o desenvolvimento de força, equilíbrio, flexibilidade e coordenação motora, podendo desenvolver padrões posturais característicos, diferentes da postura de adolescentes não atletas. Assim a avaliação postural com achados visuais pelo fisioterapeuta e auxilio da escala postural de New York irá padronizar os achados posturais imprescindíveis para os profissionais da área, pois ela auxilia na contribuição do diagnóstico precoce de alterações posturais, podendo dessa forma detectar esses desvios com mais facilidade e rapidez, demonstrando uma ferramenta relevante, a fim de evitar futuras complicações. As coletas serão feitas individualmente feitas pelo um mesmo profissional capacitado que seguirá protocolos iguais a todas as pacientes usando a Escala Postural de New York como método que quantifica o estado em que ela se encontra no qual se faz uma inspeção posterior e lateral, olhando o corpo de forma global.

Metodologia

    Participarão desta pesquisa 14 indivíduos adolescentes do sexo feminino, com idade entre 09 a 15 anos, sendo 07 delas praticantes de Ginástica Artística há pelo menos 2 anos, pelo Centro de Treinamento de Ginástica Artística do Centro Universitário Claretiano de Batatais que tem como responsável a Professora Esp. Manuela de Souza Areco Bianchi, e as outras 07 meninas sedentárias que não praticam nenhum tipo de esporte ou atividade física. Os critérios de inclusão e exclusão são: indivíduos com idade entre 09 a 15 anos do sexo feminino, devidamente comprovada por documentação, praticantes de ginástica artística e sedentárias e que apresentem capacidade de realização dos exercícios propostos. Serão excluídos do trabalho os indivíduos do sexo masculino, indivíduos que fujam da idade proposta e que pratiquem qualquer outro esporte que não seja a Ginástica Artística. Serão excluídos também, indivíduos incapazes de entendimento de comando verbal ou acuidade visual diminuída.

    Todas tiveram que assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentado ao comitê de ética e pesquisa do Centro Universitário Claretiano de Batatais, com o numero do seu registro N.96/2011.

    Os indivíduos serão avaliados a pesquisa quanto à postura, bem como um questionário de dados pessoais. Para avaliação, o paciente será instruído a permanecer de frente a um simetrógrafo da marca CARCI® e será utilizada a escala de New York, que será empregada ao paciente na posição ortostática, nas vistas lateral e posterior em um piso totalmente plano. O avaliador se posicionará à frente do paciente realizando as pontuações nas 13 determinações distintas. Ao final será realizada uma análise dos resultados, classificando o grau de comprometimento postural do paciente. Esta escala segue uma pontuação de severidade das alterações posturais, sendo: 01 a 39 pontos (severa); 40 a 55 pontos (moderada) e 56 a 65 pontos (normal). A análise discriminante para verificar a correlação dos resultados obtidos, serão aplicados em um software de informática, para análise estatística chamado GraphPad Instat 3.0, no qual será analisado a média dos dois grupos pelo teste de student, sendo p=0,05, já contido no software.

Resultados

    Com base no teste de New York Posture Rating Chart, para cada segmento foi atribuído um dos seguintes valores: 1= desvio acentuado, 3= desvio leve e 5= ausência de desvio. Este teste tem como objetivo classificar a postura estática em três níveis: normais, moderadas e severo através da soma dos itens marcados, das 14 pacientes avaliadas dividimos em dois grupos atletas e sedentárias, das 7 atletas avaliadas das GA 6 deram normal na NY e uma moderada, e já das sedentárias todas deram moderadas mostrado a tabela abaixo:

Tabela 1. Classificação: 01 a 39 pontos; 40 a 55 pontos; 56 a 65 pontos = Normal

    Mas esta demonstração não obteve significância estatística, provavelmente pelo pequeno número de pacientes analisados. Embora os parâmetros foram bem ou discretamente superiores na escala de New York.

    Serão necessários outros estudos, com maior casuística para confirmar estes dados.

Discussão

    Segundo Nunomura (2008) as atletas estão desafiando constantemente a lei da física tentando alcançar e ultrapassar os limites do seu corpo e dos aparelhos, criando cada vez mais movimentos audaciosos e complexos. No esporte, o gesto técnico para ser eficaz, exige a repetição incessante de determinados tipo de atividades com posições e movimentos habituais, assim o período de sobrecarga de treinamento (overuse) e possíveis erros nas técnicas de execução, que podem provocar um processo de adaptação que resultam em efeitos deletérios sobre a postura ocasionando desequilíbrios musculares. Mellion (1997) cita que os índice de lesões nas atletas da ginástica em relação a distribuição anatômica das mesmas apresentam-se 50% a 60% no membro inferior, 25% a 31% no membro superior e 12% a 19% no tronco e coluna vertebral, entretanto lesões na coluna vertebral apesar de ocorrerem em menor escala, apresentam-se potencialmente nocivas para as atletas, uma vez que alteram todo o alinhamento do corpo devido a mudança centro de gravidade, provocando desequilíbrios posturais e musculares significativos também nas extremidades.

    Hutchinson (1999) afirma que de fato, é possível relacionar o alto índice de hiperlordose lombar à prática esportiva, uma vez que, em comparação a indivíduos na faixa etária entre 8 a 18 anos não praticantes de modalidades esportivas, atletas de diversas modalidades, inclusive ginástica, a qual envolve gestos similares à GA, apresentaram alteração significativa na curvatura lombar, no entanto, foi constatado que as ginastas são as mais afetadas. Por outro lado, em crianças brasileiras do gênero feminino entre 7 a 10 anos já é possível observar um alto índice de hiperlordose lombar - cerca de 57%, segundo Penha et al. (2005), mas inferior ao observado no presente estudo. Isto aponta que meninas nesta faixa etária apresentam tendência à alteração postural que podem ser conseqüência de hábitos inadequados de postura e podem ser independentemente da prática de atividade física. Tanchev et al. (2000) acreditam haver três fatores que fazem as GA mais propensas à escoliose em relação a indivíduos não envolvidos em atividades esportivas: a lassidão articular generalizada relacionada a aspectos hereditários; atraso no crescimento e na maturidade causada pelo treinamento, dieta e stress físico; e persistente sobrecarga assimétrica sobre a coluna. A diminuição no risco de lesões na coluna lombar das ginastas pode ocorrer com o aumento da força muscular dos abdominais e a execução de técnicas adequadas para reduzir forças compressivas nas vértebras (HUTCHINSON, 1999).

Conclusão

    Dessa forma, considerando a íntima relação entre o desequilíbrio osteomuscular, vinculado à exigência de uma amplitude articular excessiva de determinadas articulações, envolvendo grupos musculares específicos, e a manutenção de posturas inadequadas, característicos da modalidade, as atletas de ginástica artística podem ser caracterizadas como um grupo de alto risco a problemas músculo-esquelético e postural. Portanto, pretendeu-se neste estudo caracterizar atletas de ginástica artística obteve melhor postura do que as sedentárias. Mostra o presente estudo que a prática da GA pode conduzir a boa postura e como coadjuvante para prevenção de alterações posturais que a própria modalidade proporciona. Por outro lado, é necessário considerar que estes resultados descrevem um grupo pequeno, além da limitação determinada pelo método de amostragem. Dessa forma, demais estudos se fazem necessários para a análise da interferência do tempo de prática no grau de alteração postural e sua relação com posicionamentos viciosos e nutricionais. Acredita-se que a intervenção concomitante da Fisioterapia, a fim de realizar um trabalho focado em reduzir a probabilidade de alterações posturais estruturais irreversíveis em longo prazo, possa ser um meio profilático importante junto à prática esportiva da GA. Assim, a Fisioterapia, através de seus recursos e técnicas específicas para a manutenção da postura, pode representar uma grande aliada à prática esportiva da GA, contribuindo também com orientações quanto ao comportamento postural nas atividades de vida diária.

Referências bibliográficas

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