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O esteróide anabolizante Deca-Durabolin:
utilização, efeitos e legislação

El esteroide anabólico Deca-Durabolin: su uso, efectos y legislación

The anabolic steroid Deca-Durabolin: the use, effects and Brazilian law

 

*Graduado em Educação Física do Centro Universitário da Cidade

**Doutorando em Educação Física na Unicamp

Mestre em Educação Física pela Universidade Gama Filho

Docente do Centro Universitário da Cidade

***Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de São Paulo

Docente do Centro Universitário da Cidade

****Doutorando em Educação Física na Universidade Gama Filho

Mestre em Educação Física pela Universidade Gama Filho

Docente do Centro Universitário da Cidade

*****Mestre em Educação Física pela Universidade Castelo Branco

Docente do Centro Universitário da Cidade

Rodrigo Luis de Jesus Oliveira*

Marcelo Moreira Antunes**

antunesmm@hotmail.com

Carla Carvalho Iwanaga***

karlateca@yahoo.com.br

Diego Luz Moura****

ligthdiego@yahoo.com

Monica da Silveira Torres*****

mtorres@univercidade.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desta pesquisa é inventariar aspectos do uso do Deca-Durabolin nas categorias: formas de utilização, efeitos orgânicos e legislação Brasileira. A metodologia caracteriza-se como uma pesquisa de revisão bibliográfica a partir de consultas de artigos e periódicos em banco de dados bibliográficos Google Acadêmico e Scielo, pelas palavras-chave Esteróide, Anabolizante, Deca-Durabolin com utilização dos operadores “OR”, “AND”, e livros clássicos publicados por diversos autores nacionais e dissertações pertinentes ao tema da pesquisa. A seleção considerou os trabalhos encontrados entre os anos 1977 a 2006. A tabulação do material de revisão encontrado se deu sob três formas de categorização. O Deca-Durabolin é indicado para uso terapêutico, principalmente em pessoas com osteoporose, mas seu uso pode acarretar vários efeitos colaterais. No esporte este anabolizante é mais utilizado pelos fisiculturistas por meio de ciclos. A Deca-Durabolin possui um consumo grande pelos praticantes de musculação, por portar poucos efeitos androgênios e bons efeitos anabólicos. No Brasil é ilícita a venda desse tipo de medicamento sem prescrição médica segundo as leis vigentes.

          Unitermos: Anabolizante. Deca-Durabolin. Efeitos. Legislação.

 

Abstract

          This research's objective is to list different aspects of the use of Deca-Durabolin in the following categories: ways of use, organic effects and Brazilian law. This study is based in a bibliographic review of articles and periodics found in Google Scholar and Scielo's database, using keywords as “Esteroides”, “Anabolizantes”, “Deca-Durabolin”, operators as “or” and “and”, and important books published by different brazilian authors and relevant dissertations to the current research. There were selected works dated between the years of 1977 and 2006. There were found three important conclusions in most of the studies: Deca-Durabolin is recomended for therapuetic use in patients with osteoporosis, but it has many side effects; in sports this anabolic steroid is mostly used by atheletes of competititve bodybuilding with the method of cycles; Deca-Durabolin is largely consumed by body workout practitioners, once it has few androgenic side effects and satisfying anabolic effects. The Brazilian law states that this product can't be bought without a former medical prescription.

          Uniterms: Anabolizant steroid. Deca-Durabolin. Effects. Brazilian Law.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Uso crescente de anabolizantes artificiais com fins estéticos nos Estados Unidos é classificado como uma "Epidemia silenciosa". Pesquisas recentes mostram que 7% dos estudantes colegiais americanos já foram ou são usuários de anabolizantes e que 9% dos que freqüentam academia os consomem regularmente. É a droga mais encontrada nos exames antidoping feitos pelo Comitê Olímpico Internacional.

    O problema do uso de substâncias ilícitas para promoverem o aumento do desempenho físico não é um artifício novo. Nunca em toda a história esportiva houve tanto consumo de drogas, principalmente por praticantes de modalidades não olímpicas. Paralelamente, observa-se, na sociedade em geral o uso descontrolado de medicamentos e drogas estimulantes e alucinógenas (PAGNANI, 2002).

    Segundo Guimarães Neto (2003) os usos dos esteróides anabolizantes só começaram a serem usadas pelos atletas recreativos no ano de 1970, inclusive mulheres. Nos Estados Unidos, um estudo populacional realizado em 1993 estimou em mais de um milhão o número de usuários de anabolizantes (YESALIS; COWART, 1998). O primeiro uso não-médico dos Esteróides Anabolizantes Andrógenos (EAA) foi feito por soldados alemães na II Guerra Mundial com o intuito de aumentar a agressividade (YESALIS apud BRAGA, 2005).

    No Brasil, estudos que abordem o uso de anabolizantes ainda não são suficientes para um consenso geral, limitando os subsídios científicos que indiquem a extensão do consumo dessas substâncias. Nos Estados Unidos, os médicos e familiares já estão em alerta: há uma quantidade enorme de crianças de 10 anos usando esteróides anabolizantes para ficarem fortes e são adquiridos no mercado negro, já que desde 1990 são “medicamentos controlados”. Assim, em uma pesquisa realizada na Universidade de Massachusetts constatou que 38% das crianças de Boston estão usando esteróides. “O resultado será uma geração inteira de sujeitos robustos, nanicos e troncudos, incapazes de jogar vôlei ou basquete, embora aptos para o ultimate fighting” (RIBEIRO, 2000 p. 06).

    Os esteróides anabólicos androgênicos (EAA) foram primeiramente desenvolvidos para atuarem como adjuvantes no tratamento de diversas patologias, como anemias causadas por deficiências da medula óssea e câncer de mama em mulheres na fase de pré-menopausa, além de coadjuvante no tratamento de crescimento em crianças causada por insuficiência da somatotrofina e outras enfermidades que podem ocasionar catabolismo muscular (GILMAN; HARDMAN; LIMBIRD, 1996). Entretanto, os EAA são comumente utilizados por sujeitos aparentemente saudáveis, objetivando aumento de rendimento em determinado esporte. Nesses casos, o uso dos EAA visa primordialmente o aumento da força muscular e, por isso, geralmente são administrados em altas dosagens (KADI; BONNERUD; ERIKSSON; THORNELL, 2000). O uso dos EAA por indivíduos saudáveis, mesmo com acompanhamento especializado, pode proporcionar a manifestação de efeitos indesejados, como virilização em crianças e mulheres, ginecomastia em homens e intoxicação renal e hepática (GILMAN; HARDMAN; LIMBIRD, 1996).

    Em um estudo realizado nas academias dos bairros populares da cidade de Salvador, as substâncias mais utilizadas entre os usuários das foram Durateston, ADE e Deca-durabolin, seguidas de Estradon-p (testosterona e estradiol; Organon, Brasil), Hemogenin, Estigor (nandrolona animal e ADE; Burnet, Argentina), Potenay (complexo vitamínico veterinário e estimulante; Fort Dodge, Brasil), e Deposteron. Os anabolizantes utilizados, em geral, são os que têm os preços mais acessíveis, enquanto os usuários de classe média recorrem freqüentemente a produtos importados e mais dispendiosos como o anabolizante Winstrol. Os anabolizantes Durateston e Deca-durabolin, no entanto, encontram-se entre os produtos mais utilizados tanto por usuários de classe média quanto das classes populares (IRIART, 2009).

    Segundo Guimarães Neto (2003) Deca-Durabolin é um dos anabolizantes mais consumidos, devido ter um baixo valor de venda e não portar muitos efeitos andrógenos em comparação aos demais, e ter como um dos efeitos prós o fortalecimento dos ossos e articulações. O Deca-Durabolin é o nome comercial do decanoato de nandrolona no Brasil, que tem os seus direitos reservados ao laboratório Organon. De acordo com estimativa do CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, 1999), que o consumidor preferencial no Brasil está entre os 18 e 34 anos de idade e, em geral, é do sexo masculino. Existem três categorias básicas de esteróides: Estrógeno (hormônio feminino) produzido nos ovários e encarregado de produzir as características sexuais feminina; Andrógino (hormônio masculino) produzido principalmente nos testículos e responsáveis pela produção das características sexuais masculinas, tais como a barba, o engrossamento da voz, entre outros; e a ultima é a Cortisona, que é produzida por ambos os sexos e tem efeito analgésico e antiflamatório. A Deca-Durabolin em sua forma original é moderadamente androgênica com boas propriedades anabólicas, sendo utilizada para ganho de massa muscular.

    Nesta perspectiva, o objetivo geral desta pesquisa é inventariar aspectos do uso do Deca-Durabolin nas categorias: Como objetivos específicos identificar as formas e os efeitos orgânicos de utilização do Esteróide Anabolizante Deca-Durabolin; verificar a legislação Brasileira sobre a comercialização e emprego da Deca-Durabolin.

Desenvolvimento

Os aspectos históricos dos anabolizantes e em especial do anabolizante Deca-Durabolin

    Desde a Grécia Antiga, tem-se a informação do uso de plantas, ervas e cogumelos com intuito de favorecer o desempenho dos atletas (GHAPHERY apud LISE, 1999). Por volta de 1895, uma mistura usada por ciclistas, contendo cocaína e heroína que era chamada de “speedball” tinha o mesmo objetivo (GEUSENS, 1995). Em 1939, foi sugerido que sua administração poderia melhorar a performance de atletas (GHAPHERY apud LISE 1999), mas a primeira referência ao uso de hormônios sexuais para melhorar o desempenho de atletas ocorreu em 1954 (GHAPERY apud LISE, 1999).

    O uso terapêutico dos EAA (Esteróides Anabolizantes Andrógenos) na década de 50, era sob a forma oral e injetável no tratamento de alguns tipos de anemia e em doenças com perda muscular, objetivando a redução da atrofia muscular secundária, bem como em pacientes pós-cirúrgico. No entanto somente nesta década que os EAA tiveram maior aceitação para o uso médico (GHAPHERY apud LISE, 1999). Segundo Ryan (1981), durante a Segunda Guerra Mundial, os EAA foram utilizados para restaurar o balanço positivo de nitrogênio em vítimas desnutridas, submetidas a jejum forçado.

    Lise et al. (1999) relatam ainda que, durante a guerra, as tropas alemãs também fizeram uso destas substâncias com o objetivo de aumentar a agressividade dos seus soldados (Cunha et al, 2004). Nessa mesma época iniciou-se o uso de anabólicos esteróides por atletas de países do bloco oriental visando um aumento da força muscular. Em 1960, os esteróides anabólicos vieram a se tornar conhecidos mundialmente, quando o atleta Fred Ortiz se apresentou com um volume muscular incrivelmente superior a seus concorrentes no campeonato de Fisiculturismo conhecido mundialmente na Europa de “Mr. Universo” (PAGNANI, 2006).

    No final do século XIX, o fisiologista francês Charles Eduard Brown-Séquard experimentou uma terapia de rejuvenescimento, administrando, em si mesmo, injeções de um extrato líquido derivado de testículos de cães e porcos da índia, e relatou aumento da sua energia intelectual e da sua força física (YESALIS apud BRAGA, 2005). O Dr. Charles Kochakian foi o cientista mais importante na pesquisa hormonal, sendo considerado o pai dos esteróides anabólicos (YESALIS apud BRAGA, 2005). Ele demonstrou que o hormônio extraído da urina dos machos estimulava forte balanço nitrogenado positivo em cães castrados. Essa pesquisa estabelecia a propriedade anabólica e a construção de tecido pela testosterona (SANTOS, 2003). No término da IIª Guerra Mundial, os androgênios eram utilizados no tratamento de pacientes em condições terminais ligadas à debilidade crônica, bem como no traumatismo, em queimaduras, na depressão e na recuperação de grandes cirurgias (GHAPHERY apud LISE, 1999). Alguns depoimentos pessoais sobre a Guerra revelaram que os alemães davam esteróides anabólicos às suas tropas com intenção de aumentar sua agressividade. No Brasil, os EAA são considerados "doping", segundo os critérios da Portaria 531, de 10 de julho de 1985 do MEC, seguindo a legislação internacional.

    Dentre os EAA disponíveis comercialmente, o decanoato de nandrolona é um dos EAA mais utilizados no mundo (KUTSCHER et al., 2002). Na Grécia é chamado de Extraboline, e na Itália, de Dynabolon. O dynabolon é uma variação do decanoato de nandrolona, contendo em sua fórmula um efeito mais androgênico do que a deca original.

    Foi introduzido no mercado no Brasil em 1962, originalmente foi desenvolvido pela Organon, como uma preparação anabólica injetável com ação prolongada de até três semanas após administração intramuscular em humanos (GUIMARÃES NETO, 2003). A substância ativa é a nandrolona. Comparativamente à testosterona, apresenta maior ação anabólica e menor atividade androgênica (WILSON, 1988).

O uso terapêutico da Deca-Durabolin

Composição química da Deca-Durabolin

    A Deca-Durabolin é um anabolizante administrado por injeção intramuscular, que tem em sua fórmula química o decanoato de nandrolona, que é diluído em óleo de amendoim (por esse motivo, que esse tipo de medicamento dura mais na corrente sanguínea). O decanoato de nandrolona é mais anabólico, menos androgênica, sem hepatotoxicidade e com menos efeitos colaterais em doses abusivas (GEUSENS, 1995). Com essas características, a nandrolona atua consideravelmente no aumento da massa muscular e é preferida pelos atletas que abusam das doses, porque é pouco androgênica, isto é, não atua muito na esfera sexual, o que reduz os efeitos colaterais mais indesejáveis pelos consumidores. A prescrição médica, nos casos indicados, também privilegia o decanoato de nandrolona por esses motivos (ZEELENBERG, 1994). A decanoato de nandrolona é um derivado químico da testosterona (WILMORE; COSTILL, 2001).

Mecanismo de funcionamento do anabolizante Deca-Durabolin

    Segundo Guimarães Neto (2003), tudo começa quando o anabolizante Deca-Durabolin é injetado na corrente sanguínea, a partir daí estas moléculas é transportada pela corrente sangüínea como mensageiros, procurando um local específico para entregar a sua mensagem. Este modelo teórico de receptor de mensagem é denominado de citos receptores (receptores químicos). Estes receptores químicos estão presentes na célula muscular, nas glândulas, e em certas regiões do cérebro. A capacidade destas células de receber os diversos tipos de esteróides é denominada de afinidade (GUIMARÃES NETO, 2003).

    Os mensageiros devem existir em forma livre na corrente sangüínea e não ligados à outra molécula para que sejam efetivos. Ocorre que uma porcentagem muito grande de esteróides está ligada à outra molécula, sendo assim incapaz de entregar a sua mensagem; o que difere uma pessoa obter mais ganhos anabólicos do que a outra tomando um mesmo esteróide são os receptores químicos, que uma pode ter em mais quantidade no corpo do que a outra, isso é questão genética que não tem como mudar (GUMARÃES NETO, 2003).

    A molécula de esteróide é transportada pela corrente sangüínea, entregando a sua mensagem a diversas células receptoras ou se modifica em outro tipo de componente e eventualmente é excretada pela urina, fezes ou pelo suor. A estrutura modificada da molécula de esteróides que permanece flutuando na corrente sangüínea, eventualmente, é recebida por outro tipo de receptor e pode influenciar diferentes mecanismos no corpo. Esta é uma das razões de alguns efeitos colaterais causados por esteróides (GUIMARÃES NETO, 2003). A Deca-Durabolin tem como o meio de condução o óleo de amendoim, que é misturado em sua formula. Por esse motivo, a deca tem com tempo de ação no corpo humano no máximo de três semanas. Diferentes dos orais que duram no máximo 6 horas (cada comprimido) (GUIMARÃES NETO, 2003).

    Segundo Cunha et al (2004),quando a nandrolona entra na célula, sofre ação da 5α-redutase. Entretanto, o metabólito resultante, tem baixa afinidade pelo receptor androgênico. Esta conversão ocorre em grandes proporções nos órgãos sexuais, devido às altas concentrações da enzima 5α-redutase; e, em menor escala, nos músculos esquelético e cardíaco. Assim, os efeitos androgênicos da nandrolona são menores do que os da testosterona. Nos músculos, como a presença de 5α- redutase é menor, a própria nandrolona interage com os receptores para esteróides, produzindo respostas anabólicas relativamente maiores (CELOTTI, CESI, 1992). Além disto, a nandrolona é classificada como um androgênio não-aromatizável (HOBBS et al., 1996), o que minimiza, devido a sua baixa taxa de conversão a estrogênio, os efeitos indesejáveis feminilizantes decorrentes da utilização do EAA em doses supra fisiológicas ou por longos períodos (KUHN, 2002).

Efeitos anabólicos

    A Deca-Durabolin, como todos os anabolizantes, bloqueiam o cortisol, que é um hormônio catabólico liberado por estresse emocional e também após o treinamento árduo. Este hormônio pode suprimir a produção natural de testosterona do organismo já que estes são antagonistas e travam uma batalha para decidir se o músculo vai crescer ou definhar-se. O cortisol também torna o organismo mais susceptível a gripes e resfriados por suprimir mecanismos imunitórios. Sugere-se que os esteróides anabólicos em grandes partes favorecem o crescimento muscular devido a seu efeito na atividade do cortisol no corpo humano (GUIMARÃES NETO, 2003). Os esteróides favorecem a captação de aminoácidos. Os aminoácidos (proteínas) são os “tijolos” de construção da massa muscular. Ocorre que com o uso de esteróides anabólicos está síntese de aminoácido não depende tanto da insulina, (GUIMARÃES NETO, 2003).

A utilização na medicina

    A FDA (FEDERAL DRUG ASSOCIATION) lista as seguintes indicações médicas aprovadas para o uso de EAA: ganho de peso por portadores de AIDS; diminuição da dor óssea na osteoporose (Deca-Durabolin); catabolismo induzido por corticosteróide; anemia grave; angioedema hereditário; câncer de mama metastático ou deficiência hormonal masculina (GIBSON, 1999). No estudo feito por Zeelenberg (1994), foi desenvolvida uma pesquisa que teve com objetivo identificar a possível potência de esteróides anabólicos para estimular a formação óssea durante e depois da terapia de reposição hormonal com e sem a adição do decanoato de nandrolona. O autor desenvolveu o teste inicialmente com 42 mulheres com idade entre 50 e 70 anos com osteoporose pós-menopausa sendo separados em dois grupos, um com tratamento com Estradiol Valerante (Hormone replacement therapy), e o outro grupo, com tratamento com Estradiol Valerante mais Decanoato de Nandrolona.

    A posologia utilizada para esse estudo foi à seguinte: o grupo que vez o uso do Estradiol Valerante, utilizou 2 mg oralmente a cada 25 dias, já o decanoato de nandrolona, foi administrado intramuscular numa dosagem de 50 mg 1 vez a cada 4 semanas. Desses 42 pacientes 9 pacientes desistiram. Os 33 pacientes restantes foram dividido da seguinte forma: (grupo 1 com 16 pacientes, utilizando o Estradiol Valerante e grupo 2 com 17 pacientes, utilizando o Estradiol Valerante mais o Decanoato de Nandrolona). Em todos os pacientes o diagnóstico de osteoporose primária foi confirmado por bioquímica. Os efeitos adversos ocorridos nesta pesquisa foram: o grupo que consumiu o Estradiol Valerante mais o decanoato de nandrolona teve uma mudança na foz (efeito de virilização do decanoato de nandrolona). Não tiveram efeito nos níveis do plasma de enzima do fígado em ambos os grupos. O colesterol não apresentou aumento ou diminuição significativamente. O grupo que usou Estradiol Valerante mais decanoato de nandrolona, teve maior aumento da densidade mineral óssea do que a comparação com o grupo que uso só o Estradiol Valrante. Esse estudo durou 4 anos sendo 3 destinados a terapia e 1 para o levantamentos de dados dos efeitos ocorridos nos pacientes.

    Segundo Geusens (1995), o decanoato de nandrolona é essencial para a manutenção da massa óssea, em mulheres com osteoporose. O tratamento com pacientes pós-menopausicos com osteoporose, sendo o mesmo tratado com decanoato de nandrolona, resultou em um aumento consideravelmente da espessura do osso. Need (apud GEUSENS, 1995) que indica que o decanoato de nandrolona tem efeito estimulante na formação de periosteal (espessa membrana que cobre toda a superfície do osso, exceto sua cartilagem articular).

    Segundo Geusens (1995), o decanoato de nandrolona aumenta o balanço do cálcio e a massa muscular, diminui a dor vertebral e aumenta a mobilidade das vértebras, indicando que o decanoato de nandrolona melhora a qualidade de vida. Para alguns tipos de doenças, são indicados medicamentos à base de anabolizantes esteróides, é o caso do hipogonadismo primário masculino, deficiência nutricional ou crônica, anemia refratária, edema angioneurótico hereditário e distrofias musculares (AIDS e doenças reumáticas), osteoporose. Mesmo assim, não deixam de ser observados os efeitos tóxicos causados pela administração desses medicamentos (DIRETRIZ DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE, 2003).

    A Deca-Durabolin também é prescrita para terapias específica e medidas dietética, em várias condições patológicas caracterizadas por um balanço negativo de nitrogênio (por exemplo, durante doenças debilitantes crônicas, durante terapias prolongadas com glicocorticóides após grandes cirurgias ou traumas), tratamento paliativo de casos selecionados de carcinoma mamário disseminado em mulheres e osteoporose. Deca-Durabolin também se caracteriza como um esteróide anabólico que apresenta efeitos poupadores protéicos e anticatabólicos, além de efeitos favoráveis no metabolismo do cálcio (CEBRID, 1999).

    Uma dose de 50 mg a cada 3 a 4 semanas é indicado no tratamento de osteoporose em mulheres com fraturas vertebrais e especificamente quando elas tem baixa massa muscular associado a doenças debilitadas, e em pacientes com osteoporose. O decanoato de nandrolona só deve ser prescrita para esse uso terapêutico (osteoporose) somente aos pacientes com idades entre 65 a 70 anos para diminuir os efeitos clínicos adversos e para aumentar a sua tolerabilidade, que é maior nas pessoas entre essas idades (GEUSENS, 1995).

    Por outro lado, são contra-indicações ao uso da Deca: homens portadores de cânceres sensíveis (dependentes) a andrógenos, como o câncer prostático (GEUSENS, 1995) e em mulheres gestantes, uma vez que estes fármacos cruzam a placenta e podem causar masculinização em fetos femininos (GIBSON, 1999).

Efeitos adversos do Deca-Durabolin

    As drogas injetáveis produzem ginecomastia e maior tendência para a trombose cerebral e periférica, em virtude da maior formação metabólica de hormônios femininos como o estrogênio em homens (SANTOS, 2003). Segundo Geusens (1995), os principais efeitos adversos do decanoato de nandrolona são a virilização em mulheres, hipertrofia clitoriana e amenorréia. Estes efeitos ficaram comprovados no estudo de Need apud Geusens (1995), que estudou os efeitos adversos do decanoato de nandrolona em mulheres que vaziam terapia com a mesma para tratamento de osteoporose (posologia 50 mg a cada 4 semanas). O funcionamento do fígado também não foi afetado com uso do decanoato de nandrolona, com a mesma posologia utilizada acima.

    Ressaltam-se, os efeitos adversos ocorrem de acordo com sua dosagem e período de terapia e de acordo com a individualidade biológica de cada indivíduo. Os efeitos que acontecem no homem com uma dosagem de 50 mg a cada 3 semanas: acne e estimulo sexual excessivo acontecem durante o uso da deca. Já a inibição da espermatogênese, decore no término da ação do Esteróide Anabolizante (ao parar) (RIBEIRO apud BRAGA, 2005). Muitos usuários ficam dependentes do esteróides por conta do mal-estar produzido pela supressão da droga, e é muito comum a necessidade de intervenção psiquiátrica. O retorno aos níveis normais de produção hormonal costuma ocorrer em cerca de três meses após o fim do ciclo, mas existem relatos de hipogonadismo permanente em conseqüência de muitos anos de utilização contínua de esteróides anabolizantes. A fertilidade normal pode tardar de seis meses a um ano, justificando a proposta de utilização dos esteróides androgênicos como anticoncepcionais masculinos (SANTOS, 2003).

Efeitos colaterais psicológicos

    Nem todos os efeitos colaterais que são associados podem ser tratados e/ou evitados. Um dos efeitos colaterais do uso da Deca-Durabolin é o distúrbio mental de comportamento. Uma vez que um indivíduo experimentou o aumento da força e do peso associado com o uso dos esteróides, torna-se difícil parar. Percebendo que não se podem manter todos os ganhos adquiridos, a dependência mental instala-se (WILMORE; CONSTILL, 2001). O abuso de anabolizantes pode causar variação de humor, incluindo agressividade e raiva incontroláveis, levando a episódios violentos como suicídios e homicídios, principalmente conforme a freqüência e o volume usados. Usuários apresentam sintomas depressivos ao interromperem o uso e sintomas de síndrome de abstinência, o que pode contribuir para a dependência.

    Ainda podem experimentar um ciúme patológico, quadros maníacos e esquizofrenóides, extrema irritabilidade, ilusões, (podendo ter uma distorção de julgamento em relação a sentimentos de invencibilidade), distração, euforia, confusão mental e esquecimentos, além de alterações da libido e suas conseqüências (CEBRID, 1999). Segundo Santos (2003), com o uso de dosagens elevadas de esteróides anabólicos androgênicos, em um ciclo de longo prazo, homens e mulheres podem desenvolver em alguns indivíduos extrema agressividade no comportamento ou “raiva do esteróide”. Na maioria das vezes essa raiva resulta em perda de amizades, destruição (de relacionamentos, de ambientes), autodestruição e incapacidade de controlar o comportamento.

Processos e ciclos de utilização do Deca-Durabolin no esporte

    Em relação à forma de uso, os esteróides anabólicos são administrados em “ciclos” que duram de 4 a 12 semanas, freqüentemente envolvendo várias drogas simultaneamente ou doses que são gradualmente aumentadas e a seguir diminuída, administradas por via oral e via intramuscular associadamente, com períodos de abstinência que variam entre um mês e um ano (GUIMARÃES NETO, 2003). Segundo Silva (2002), as formas com que os esteróides anabólicos são utilizados obedecendo, basicamente, a três metodologias: a primeira, conhecida como “ciclo”, refere-se a qualquer período de utilização de tempos em tempos, que varia de quatro a 18 semanas; a segunda é denominada “pirâmide”, começa com pequenas doses, aumentando-se progressivamente até o ápice e, após atingir esta dosagem máxima, existe a redução regressiva até o final do período; e a terceira, conhecida como “stacking” (uso alternado de esteróides de acordo com a toxicidade), refere se à utilização de vários esteróides ao mesmo tempo, estas doses usadas costumam ser 10 a 100 vezes maiores que as doses habitualmente preconizadas em tratamentos e estudos médicos (SANTOS, 2002).

Formas de utilização do Deca-Durabolin no esporte

    O Deca-Durabolin é muito usada como uma droga de base para todo o ciclo de esteróides (desde que fora de temporada) por evitar inflamações e dores articulares que podem ocorrer devido à realização de treinamentos pesados. Segundo Guimarães Neto (2003), esse tipo de anabolizante é mais consumido em praticantes do esporte fisiculturismo, por portar um efeito anabólico grande, e por proporcionar fortificações nos ossos e articulações.

Os ciclos

    Os ciclos é um dos métodos de utilização do Deca-Durabolin, que consiste na utilização do mesmo por um determinado tempo, que pode variar de 28 a 56 dias.

    Nos ciclos, o mais popular é o decanoato de nandrolona, conhecido geralmente com o nome comercial de deca-durabolin. Considera-se este de melhor relação ao efeito colateral, porque é um esteróide anabólico e não tem nenhuma propriedade androgênica significativa, mas em longo prazo, deixam resíduos detectáveis (CEBRID, 1999).

    As doses dos esteróides anabólicos que os indivíduos atletas tomam durante os ciclos, períodos que se prolongam de 6 a 18 semanas ou mais, são freqüentemente cem vezes maior que a dose terapêutica (CEBRID, 1999). De acordo com Guimarães Neto (2003), a maneira mais eficaz de usar uma droga (tanto lícita ou ilicitamente) é conseguir resultados máximos com uma dosagem mínima e isso pode ser conseguido com os esteróides anabólicos. Minimizando os efeitos colaterais a tal ponto que não cheguem de fato a ameaçar o indivíduo, desde que tanto órgãos (fígado, rins, coração) quanto funções do corpo permaneçam normais e saudáveis nesse período. O uso de esteróides pode acelerar uma resposta que o organismo daria em anos, ou até mesmo não o faria sem o seu uso, como tumores hepáticos, calvície e outros efeitos adversos.

    São utilizadas drogas, com efeito, mais anabólico que androgênico, pois a qualidade anabólica está associada à qualidade de construir tecido muscular, enquanto a qualidade androgênica está associada ao efeito da feminização nos homens e outros efeitos colaterais indesejáveis, e masculinizantes, nas mulheres como engrosamento da voz , pele grossa, pêlo facial e corporal, etc. (GUIMARÃES NETO, 2003). Todos que pretendem tornarem-se usuários ou experimentar os esteróides deveriam primeiro compreender os efeitos positivos e negativos associados ao seu uso. Quanto mais informações houver acerca da droga a ser utilizada e seus efeitos, menos nociva ela será.

Vendas ilícitas dos esteróides anabolizantes

    No Brasil, tem-se o uso indevido de especialidades médicas vendidas livremente nas farmácias. Também se encontra o abuso de substâncias destinadas a uso veterinário, principalmente para eqüinos (LISE, 1999). E também não há publicações por órgãos oficiais ou na literatura médica recente que tornem claro a real situação do uso indevido dos esteróides anabólicos no Brasil e suas conseqüências físicas e psíquicas. O NCCA (Núcleo Científico do Comitê de Adolescência) desencadeou campanha por uma circular de alerta a todos os setores da Saúde, Educação e Esporte, encaminhando documento esclarecedor sobre os riscos do uso dos esteróides, principalmente a todas as academias de esportes do país e também aos políticos, para evitar o uso incontrolado de tais medicamentos (RIBEIRO apud BRAGA 2005).

    A associação Brasileira de Combate ao Doping tem feito uma campanha educativa com manuais explicativos, guias informativos, cartazes e até um disque denuncia, com o objetivo de re-socializar o dependente químico de esteróides anabolizantes (PAGNANI, 2006).

Falsificações dos Esteróides Anabolizantes

    Além do perigo pelo uso dos esteróides, ainda existe outro fator negativo: as falsificações. Alguns casos de falsificações contêm apenas substâncias inertes ou droga não-ativa, sem efeito algum, a não ser o efeito placebo. As diferenças entre as drogas verdadeiras e as falsas são muitas, entre elas a bula, que nas falsas são ásperas e não simétricas e o impresso é desbotado. Já nas legítimas são muitas vezes laminadas, ou envernizadas para impedir que desbotem. Nas falsas o número do lote e a data de vencimento são muitas vezes deslocados, enquanto nas autênticas o número é normalmente impresso com rolo de metal que deixa clara a identificação da data (SANTOS, 2003). Como visto anteriormente alguns Esteróides anabolizantes têm uso terapêutico, eles estão à venda em farmácias, muitas das quais, no Brasil, não exigem receita médica para vendê-los ou aplicá-los. Nos Estados Unidos o comércio de anabolizantes é absolutamente controlado, e a sua venda no mercado paralelo é crime. Lá a receita com a prescrição do anabolizante deve ser apresentada e é retida pelo farmacêutico.

    Por outro lado, esse controle rigoroso alimenta o mercado paralelo, que chega a movimentar US$ 1 bilhão por ano. Como a via legítima está controlada, a ilegal prolifera. No entanto, o mercado paralelo no Brasil, conta, com uma espécie de máfia nas academias (LIMA, 1999). Existem versões de Esteróides Anabolizantes no mercado ilícito que não existem nas versões originais, portanto é necessário tomar cuidado com o que se adquire e saber sua procedência, pois a informação é a melhor arma para todos os fatores que envolvem o uso de esteróides (SANTOS, 2003).

Legislação vigente sobre o uso de anabolizantes

    Devido o grande consumo ilícito de Anabolizantes no Brasil, o ex Presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, sancionou a lei nº 9.965, publicada em 27 de abril de 2000, sendo está lei restringido a venda somente com retenção e apresentação, pela farmácia ou drogaria, da cópia da receita emitida por médico ou dentista devidamente registrados nos respectivos conselhos profissionais. Os indivíduos que desrespeitarem está lei serão punidos pela lei sanitária nº 6.437/ 77. Dois anos seguido do sancionamento da lei nº 9.965, o presidente Fernando Henrique Cardoso, sanciona a lei antidrogas nº 10.409. Está Lei diz respeito da prevenção, tratamento, fiscalização, controle e repressão à produção, ao uso e ao tráfico ilícitos de produtos, substâncias ou drogas ilícitas que causem dependência física ou psíquica.

    Conforme a Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998, o controle e a fiscalização da produção, vendas ilícitas, e uso dessas substâncias serão fiscalizados pelas autoridades sanitárias dos Ministérios da Saúde, da Fazenda, da Justiça e seus congêneres nos Estados, municípios e Distrito Federal.

Considerações finais

    O estudo com base nas categorias delimitadas para a revisão bibliográfica permitiu as seguintes considerações:

    Quanto às formas de utilização: O uso de esteróides Anabolizantes no mundo tem crescido paralelo aos anseios de uma sociedade imediatista. Isto se dá devido ao fato da facilidade do usuário de conseguir um corpo “perfeito” com mais rapidez do que o natural. Muitas das vezes o usuário que consome esse tipo de droga, não sabe dos efeitos físicos (androgênios e anabólicos) que a droga o expõe.

    Quanto aos efeitos orgânicos: Como se pode observar o decanoato de nandrolona estabelece um efeito muito positivo na terapia em pacientes (mulheres) com osteoporose, pelo aumento do equilíbrio de cálcio e a massa muscular, e paralelamente diminuição da dor vertebral e aumenta a mobilidade das vértebras. Esta substância apresenta efeitos adversos. Em mulheres, a virilização como crescimento de pelos faciais e engrossamento da voz e aparecimentos de acnes. Em homens, aparecimentos de acne e aumento da libido sexual. Isto ocorre com o alto consumo da droga e depende da pré-disposição genética de cada indivíduo.

    O consumo deste anabolizante estabelece ao usuário poucos efeitos androgênicos ao corpo humano e um grande aumento da massa óssea. Devido esses efeitos, o Deca-Durabolin é muito aceita na área médica para tratamentos em estados terminais de carcinoma mamário disseminados em mulheres e principalmente para tratamentos de mulheres com osteoporose na idade entre 65 a 70 anos para diminuir os efeitos clínicos adversos e para aumentar a sua tolerabilidade, que é maior nas pessoas entre essas idades. Na área esportiva esse medicamento é utilizado como um esteróide anabolizante de base, por portar efeitos benéficos aos ossos e articulações, pois os ossos e articulações dos esportistas não acompanham os avanços da força que é exercida pela musculatura com o uso do esteróide anabolizante.

    Quanto à maneira pela qual a legislação Brasileira trata do tema: No Brasil, o uso por parte das instituições esportivas desse medicamento é doping, previsto pelo COB. Na Legislação brasileira é proibido o uso de anabolizantes sem que haja um motivo terapêutico e é proibida a venda destes compostos sem fiscalização. Conforme a Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998, o controle e a fiscalização da produção, vendas ilícitas, e uso dessas substâncias serão fiscalizados pelas autoridades sanitárias dos Ministérios da Saúde, da Fazenda, da Justiça e seus congêneres nos Estados, municípios e Distrito Federal.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 175 | Buenos Aires, Diciembre de 2012
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