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Ensino de anatomia humana: comparação entre três métodos de estudo

La enseñanza de la anatomía humana: comparación entre tres métodos de estudio

 

*Professor Orientador

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

**Bolsista de Iniciação Científica da FAPERGS

Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS

Paulo Tadeu Campos Lopes*

Caroline Nugem Teixeira**

pclopes@ulbra.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A disciplina de Anatomia Humana, essencial na formação universitária em muitos cursos, é ensinada da mesma forma desde que se tornou uma ciência, sem que seja levantada a questão sobre o quanto os alunos estão aprendendo. Atualmente percebe-se a importância do aprimoramento didático para que, de forma eficaz, o conhecimento necessário chegue ao discente. Portanto, é indispensável a incorporação de métodos inovadores que auxiliem os alunos a terem um aproveitamento satisfatório. A introdução desses métodos tem sido considerada e discutida, levando-se em consideração as particularidades dos alunos, como cada pessoa estuda e absorve o conteúdo, para a partir daí modificar a administração do ensino. O presente projeto teve como objetivo avaliar três métodos de ensino em anatomia humana: estudos em peças anatômicas previamente dissecadas, desenho artístico e ambientes virtuais interativos (softwares). Após abordagem teórica expositiva sobre miologia do membro inferior, 20 alunos do curso de Educação Física da Universidade Luterana do Brasil, com idades variadas, de ambos os sexos, foram separados em três grupos, para desenvolver atividade relacionada à identificação de estruturas anatômica, especificamente músculos. As médias intragrupo e intergrupos, nos pré e pós-testes, foram verificadas utilizando-se os testes não-paramétricos Wilcoxon e Kruskal-Wallis para evidenciar diferença significativa (p<0,05). O teste não-paramétrico Wilcoxon indicou que não há diferença significativa entre os escores do pré e pós-testes, enquanto os resultados do teste não-paramétrico Kruskal-Wallis apontaram que não existe diferença significativa para as notas entre os grupos estudados.

          Unitermos: Anatomia humana. Ensino-aprendizagem. Novos métodos de ensino.

 

Abstract

          The discipline of Human Anatomy, essential in the formation of many graduation courses, is taught in the same way since it became a science, without having raised the question of how much students are learning. Today, it's noticed the importance of improving teaching, so that the necessary knowledge comes effectively to the students. Therefore, it's indispensable the incorporation of innovative methods that help students to have a satisfactory leverage. The introduction of these methods has been considered and discussed, taking into account the particularities of the students, how each person studies and absorbs the content, so that from then modify the teaching administration. This project aimed to evaluate three methods of teaching in Human Anatomy: studies in previously dissected anatomical parts, artistic drawing and interactive virtual environments (software) to establish and consolidate alternative methods of teaching in Anatomy, which takes into account the use of the best of the methods applied in this study, or their integration. After theoretical approach about lower limb miology, 20 students of Physical Education, with varying ages, both sexes were separated into three groups to develop activities related to identification. The intragroup and intergroup averages in pre-and post-tests were verified using the non-parametric tests Wilcoxon and Kruskal-Wallis to show significant difference (p <0.05). The non-parametric Wilcoxon test indicated that there's no significant difference between the scores of pre and post-tests, while the results of the nonparametric Kruskal-Wallis test indicated that there is no significant difference in grades between the groups.

          Keywords: Human anatomy. Teaching and learning. New teaching methods.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O ensino de anatomia humana tem sido administrado da mesma maneira desde os tempos de sua iniciação como uma ciência (AVERSI-FERREIRA, 2009), embora nem todos os alunos consigam alcançar aprendizagem significativa. No entanto, alguns autores introduziram metodologias alternativas bem aceitas pelos alunos, e, portanto a aprendizagem tornou-se mais eficaz (AVERSI-FERREIRA, 2008). O panorama atual do processo de ensino-aprendizagem em anatomia demonstra a necessidade de aprimoramento dos recursos didáticos direcionada para ações que acompanhem sua complexidade e seus desafios (GONÇALVES e BOLDRINI, 2011). Dessa forma, torna-se fundamental a busca de métodos inovadores que facilitem a apreensão dos conhecimentos pelos alunos. A maioria dos autores que defendem as metodologias alternativas para o ensino enfatiza que os principais aspectos positivos da utilização dessas metodologias estão na facilidade da realização, sem a necessidade de laboratórios e/ou equipamentos, sendo a falta desses uma realidade de muitas instituições de ensino (BOLINA et al., 2011). A determinação de estilos de aprendizagem tem sido uma preocupação pedagógica permanente, indicando a forma como cada aluno estuda e aprende, o que permite modificar o desenho e implementação de processos de aprendizagem tornando-os mais eficazes na formação de um profissional (SUAZO et al., 2010).

    Entre os diferentes métodos utilizados no ensino de anatomia humana podem ser citados os estudos em peças anatômicas previamente dissecadas (GARCÍA-HERNÁNDEZ, 2003), o desenho técnico e artístico (RANAWEERA e MONTPLAISIR, 2010) e os ambientes virtuais interativos, softwares (RICHARDSON et al., 2011). Desde a antiguidade grega, até a atualidade, o ensino de anatomia sempre tem sido de excelência quando se dispõe de um cadáver para o ensino do corpo. É um dos melhores meios disponíveis para obtenção de informações relativas a estrutura do corpo humano vivo (MOORE e AGUR, 2004; BARTIGÁLIA e SCIARRA, 2010). O desenho possui a representação, a especificidade própria, a envolvência, a versatilidade e a flexibilidade cuja expressão individual não dispensa os suportes didáticos dos referenciais tradicionais como livros, atlas e peças de cadáveres, entre outros, mas propõe um discurso visual inovador, irreverente e uma nova estética face ao ensino (NEVES, 2010). Os atlas convencionais, apesar de apresentarem diferentes visões, na maioria dos casos, cabe ao leitor construir de forma imaginária a estrutura tridimensional real. Por sua vez, os atlas virtuais constituem ferramentas computacionais construídas a partir de conceitos de computação gráfica, processamento de imagens e realidade virtual, que disponibilizam objetos tridimensionais e/ou representação de processos a fim de permitir o estudo de uma ou mais estruturas do corpo humano. Podem acoplar módulos de auxílio ao ensino, permitindo a construção de conteúdo de estudo de forma lógica e a implementação de avaliações com o objetivo de medir o aprendizado do estudante (TORI et al., 2009).

    O presente trabalho teve como objetivo avaliar três métodos de ensino em Anatomia Humana: estudos em peças anatômicas previamente dissecadas, desenho artístico e ambientes virtuais interativos.

2.     Material e métodos

    A operacionalização da atividade ocorreu junto a 20 alunos do Curso de Educação Física da Universidade Luterana do Brasil, Canoas-RS, de idades variadas e de ambos os sexos, selecionados por amostragem aleatória. Divididos em três grupos, os alunos realizaram a atividade da seguinte maneira: o grupo 1, composto por cinco alunos, estudou em atlas virtual interativo; o grupo 2, composto por sete alunos, estudou no cadáver dissecado com o auxílio do atlas de anatomia humana; o grupo 3, composto por oito alunos, estudou através de seus próprios desenhos, feitos com o auxílio do atlas de anatomia humana. Após abordagem teórica expositiva sobre miologia do membro inferior e depois de realizados os estudos por meio dos métodos alternativos, foi aplicado o instrumento de coleta de dados, que continha seis questões fechadas, de escolha simples e uma aberta.

    Os dados obtidos foram analisados estatisticamente com base em estratégia de predominância quantitativa, utilizando-se o teste não-paramétrico Wilcoxon para verificar-se diferença significativa entre a pré e a pós-atividade e o teste não-paramétrico Kruskal-Wallis, para evidenciar-se diferença significativa entre os grupos.

3.     Resultados

    O grupo 1 obteve escore de 1,80 no pré-teste e 2,22 no pós-teste. A nota do grupo 2 ficou em 0,86 no pré-teste e 1,14 no pós-teste. O grupo 3 alcançou escore de 1,13 no pré-teste e 0,83 no pós-teste. Enquanto os grupos 1 e 2 obtiveram média maior no pós-teste, o grupo 3 apresentou uma diminuição dessa média. Contudo, não houve diferença significativa entre as notas intragrupo, conforme é apresentado no quadro 1, e entre médias intergrupos, indicadas no quadro 2.

    Através dos resultados do teste não-paramétrico Wilcoxon verificou-se não haver diferença significativa entre as notas do pré e pós-testes, que valiam 5. Através dos resultados do teste não-paramétrico Kruskal-Wallis verificou-se não existir diferença significativa entre as notas dos grupos estudados.

Quadro 1. Teste não-paramétrico Wilcoxon. Análise das notas individuais dos alunos

 

Quadro 2. Teste não-paramétrico Kruskal-Wallis. Médias por grupo no pré e pós-teste

4.     Discussão

    O método utilizando ambiente virtual interativo de Anatomia Humana foi testado nesse trabalho. Todos os alunos que participaram da atividade relataram gostar, alegando ser diferente e inovadora. Porém, conforme os resultados obtidos, não existe diferença significativa do conhecimento obtido por meio dessa ferramenta em comparação com os outros métodos aplicados. A percepção dos alunos a respeito do método utilizado aproxima-se em parte dos resultados obtidos por Cabral e Barbosa (2005) sobre a opinião dos alunos a respeito da utilização das salas de informática, equipadas com computadores contendo programas de anatomia previamente instalados. A amostra foi composta por 76 alunos, que responderam um questionário para extrair as percepções deles sobre o uso da sala de informática. A análise dos questionários mostrou que para muitos dos estudantes (45%), a utilização da sala de computação é muito benéfica no estudo da Anatomia, bem como melhora bastante a compreensão dos objetivos da aula (42%). Além disso, a maioria dos alunos considerou esse recurso didático de grande importância para estudo (58%) porém, os estudantes (36%) indicaram que eles não preferem essa ferramenta de estudo ao material cadavérico, embora seja interessante notar que uma porcentagem de alunos vista pelo autor como considerável (16%) mostrou uma forte preferência por essa nova ferramenta de aprendizagem. Ademais, a grande maioria não gostou da ideia da substituição dos cadáveres por uma sala de computadores.

    Utilizando-se o método de estudo através de peças anatômicas previamente dissecadas, com o auxílio do atlas de Anatomia Humana, os resultados obtidos não evidenciaram diferença significativa entre a obtenção de conhecimento através desse método e os outros métodos de estudo avaliados. Estes resultados distanciaram-se dos obtidos por García-Hernandez (2003) em uma amostra 86 alunos divididos em 2 grupos, utilizando-se peças anatômicas previamente dissecadas e lâminas ou desenhos obtidos por meio do material de uso obrigatório dos alunos. Pelas respostas obtidas, os alunos preferiram o uso de peças previamente dissecadas, ao invés de lâminas ou desenhos, para realizar as avaliações que permitem medir o aprendizado obtido durante o trabalho prático em laboratório, exigindo uma melhor preparação antes e durante a etapa prática, sendo significativo para alcançar melhores resultados, favorecendo, ainda que em menor grau, o aprendizado teórico. Apesar disto, os alunos salientaram que a utilização de preparações determina pontuações mais baixas quando comparadas com as contagens obtidas pela identificação de estruturas utilizando imagens ou desenhos, o que foi confirmado estatisticamente. Comparando especificamente a utilização de imagens ou desenhos, os resultados obtidos no presente estudo foram exatamente o contrário, uma vez que a análise estatística evidenciou uma sensível queda no escore do pós-teste para este grupo.

5.     Conclusão

    Apesar dos resultados não evidenciarem diferenças significativas entre os três métodos utilizados, esta pesquisa é relevante porque novos métodos de ensino, agregando conhecimento aos alunos e fazendo-os interagir com outras tecnologias disponíveis, devem sempre ser testados e utilizados, ao mesmo tempo em que trabalham a autonomia do próprio aluno. O paradigma moderno exige mudanças na maneira de ensinar os conteúdos, o que é aprovado pelos alunos, que respondem muito bem a um estilo de ensino-aprendizagem diferente do habitual, fazendo com que eles mesmos possam buscar seu conhecimento e interagir com o meio, descobrindo a Anatomia Humana.

Referências

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