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Atendimento prestado por comunidade terapêutica para
recuperação de dependentes químicos. Maringá, 2006-2009

Atención proporcionada por la comunidad terapéutica para la recuperación de adictos a las drogas. Maringá, 2006-2009

 

*Graduado em Enfermagem

pelo Centro Universitário de Maringá (CESUMAR, PR)

**Mestre em Ciências Farmacêuticas

pela Universidade Estadual de Maringá (UEM, PR)

(Brasil)

Francisco Albuquerque Klank*

franciscoklank@ymail.com

Janete Lane Amadei**

janeteamadei@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Estudo quantitativo cujo objetivo foi caracterizar os atendimentos realizados em comunidade terapêutica para dependentes de drogas psicotrópicas no Município de Maringá. Foram analisados os relatórios de atendimento de janeiro de 2006 a dezembro de 2009, realizadas entrevistas com Coordenador da Comunidade Terapêutica, Assistente Social, Enfermeiro, visando identificar as dificuldades de acesso à rede primária de saúde, orientação e acolhimento dos dependentes químicos. Entre os 136 indivíduos, 46,32% com idade de 21 a 30 anos; 44,12 com perfil escolar entre a 5ª-8ª. Série, 50% reside em Maringá; 64,17% possuíam documentos, 44,12% contribuíam financeiramente para o tratamento. As drogas ilícitas usadas foram 47,58% cocaína, 30,20% cocaína crack, 13,39% maconha e, drogas licitas – 3,70% álcool. Conclusão: Os resultados mostraram que precisa-se enfatizar, a estruturação de um sistema de vigilância em duas vertentes: no aprimoramento e atendimento às normas técnicas e legais existentes e suporte do sistema de saúde - melhora do atendimento primário, exames laboratoriais, tratamento adequado.

          Unitermos: Usuários de drogas. Cocaína crack. Comunidade terapêutica.

 

Resumen

          Estudio cuantitativo cuyo objetivo fue la de caracterizar la atención recibida en la comunidad terapéutica para adictos a las drogas psicotrópicas en Maringá. Se analizaron los informes de asistencia de enero 2006 a diciembre de 2009, entrevistas con el Coordinador de Comunidad Terapéutica, trabajador social, enfermera, para identificar las dificultades de acceso a la red de atención primaria de salud, orientación y atención a drogodependientes. Entre los individuos 136, 46,32% tenían 21 a 30 años; 44.12 con nivel escolar entre el 5º-8º grado, 50% vive en Maringá. 64,17%, tenían documentos, 44,12% contribuyó a la financiación del tratamiento. Las drogas ilícitas consumidas fueron: cocaína 47,58%, 30,20% de cocaína crack y 13,39% marihuana; las drogas lícitas: 3,70% de alcohol. Conclusión: hizo hincapié en dar prioridad a la estructuración de un sistema de control en dos aspectos: la mejora y el cumplimiento de las normas jurídicas y técnicas y el apoyo del sistema de salud a la mejora de la atención primaria, a exámenes de laboratorio y al tratamiento adecuado.
          Unitermos: Usuarios de drogas. Cocaína crack. Comunidad terapéutica.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O consumo de substâncias psicoativas tem gerado, em todas as partes do mundo, problemas sociais e de saúde pública de grande importância, devido a sua crescente prevalência (6-7).

    Os transtornos ocasionados pelo uso destas substâncias aumentam a cada ano no Brasil e no mundo. Suas dimensões e conseqüências ultrapassam àquelas imaginadas há décadas atrás, constituindo-se hoje um grave problema de saúde pública que exige uma ampliação de ações, recursos e providências principalmente nas áreas de prevenção, tratamento e reinserção social. Tais ações precisam emanar do Estado, contando com o apoio de entidades sociais, escolas públicas e particulares e de toda sociedade civil (8).

    O Recanto da Fraternidade Plantando Vidas, localizado em Maringá – Paraná é uma comunidade terapêutica gerada e mantida pela igreja católica e tem como proposta promover a recuperação de indivíduos com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas. Para a inserção destes indivíduos no atendimento para recuperação é exigido exames de saúde utilizando a rede primária de saúde (9).

    A elevação do número de pessoas que fazem o uso de substâncias que causam a dependência química tem levado índices crescentes de internamento para desintoxicação desafiando assim a saúde publica e os profissionais de saúde a compreenderem o perfil do usuário, em vista das dificuldades de manejo e abordagem do problema (5).

    A importância do tema “dependência química” não é marcada apenas pela sua atualidade, mas principalmente pela sua complexidade por envolver indivíduos em situação de vulnerabilidade social por uso ou dependência de substâncias psicoativas.

    As comunidades terapêuticas passaram a integrar a rede socioassistencial de atendimento a estes indivíduos atuando na dimensão do tratamento, recuperação e reinserção social, tendo como premissa o internamento e a abstinência total de drogas e passaram a integrar a rede de atenção à saúde mental como espaço alternativo de atendimento psicossocial.

    Este trabalho se justifica por identificar o trabalho exercido pelas comunidades terapêuticas na prestação de serviços na área da dependência química, junto àqueles que desejam e/ou necessitam de tratamento e seu reflexo nas políticas públicas de Saúde no enfrentamento desta questão para oferecer um atendimento adequado e interdisciplinar contribuindo para uma ação efetiva em relação às possibilidades de prevenção.

Revisão bibliográfica

    De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 10% da população dos centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas independente da idade, sexo ou nível instrucional (8).

    O mesmo autor refere que os transtornos ocasionados pelo uso dessas substâncias aumentam a cada ano no Brasil e no mundo. Suas dimensões e conseqüências ultrapassam àquelas imaginadas há décadas atrás, constituindo-se hoje um grave problema de saúde pública que exige uma ampliação de ações, recursos e providências principalmente nas áreas de prevenção, tratamento e reinserção social. Tais ações precisam emanar do Estado, contando com o apoio de entidades sociais, escolas públicas e particulares e de toda sociedade civil.

    No Brasil, principalmente em grandes centros urbanos e em locais socialmente excluídos, se observa o aumento da procura por tratamento da dependência química por grupos de usuário em cocaína crack, em ambulatórios e serviços de internação, sendo muitos desses usuários jovens e adolescentes (4).

    A dependência a substâncias psicoativas é uma síndrome definida internacionalmente e diagnosticada pela presença de uma variedade de sintomas que indicam prejuízos e comprometimentos vivenciados pelo consumidor (1).

    Entende-se por prevenção às drogas, tudo aquilo que possa ser realizado para, efetivamente, impedir, retardar, reduzir ou minimizar o uso de drogas e os prejuízos relacionados (7-2).

    As comunidades terapêuticas são instituições de atendimento ao dependente químico, não governamental, em ambiente não hospitalar, com orientação técnica e profissional, onde o principal instrumento terapêutico é a convivência entre os residentes que se concentra no fortalecimento físico, psíquico e espiritual, para que o usuário se mantenha abstêmio pelo maior tempo possível (3).

    “Comunidade Terapêutica” tornou-se uma nomenclatura oficial a partir da Resolução 101 da ANVISA de 30 de maio de 2001 que define no artigo 1º o que entende por comunidade terapêutica: “serviço de atenção a pessoas com problemas decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas, segundo modelo psicossocial” (2).

    A prevenção, o tratamento, recuperação e reinserção social, bem como a redução dos danos sociais e à saúde e a redução da oferta são dimensões amplamente consideradas na legislação e nas políticas voltadas para questão da dependência química e, todas são válidas e importantes na medida em que contribuem não apenas para a compreensão desta problemática, mas também para o seu enfrentamento (3).

Objetivos da pesquisa

    Caracterizar os atendimentos realizados em comunidade terapêutica para dependentes de drogas psicotrópicas identificando perfil sociodemográfico dos indivíduos e avaliando o suporte recebido pela atenção básica de saúde.

Método

    Trata-se de um estudo quantitativo realizado em uma comunidade terapêutica da cidade de Maringá estado do Paraná. A amostra constitui-se por número aproximado de 500 indivíduos focando itens de atendimento a dependentes químicos considerando o período de janeiro de 2006 a dezembro de 2009.

    Os sujeitos foram convidados a participar voluntariamente e consentiram em participar por meio de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Após a autorização, a busca de dados foi procedida em duas fases: primeira, levantamento de dados disponíveis nas fichas de acompanhamento da assistente social, abordando: tipos de droga que o residente utilizou para induzir a dependência química; Atendimento com internação; perfil dos residentes identificando as idades; município de origem e escolaridade; destino dos residentes após a saída da comunidade terapêutica. E por ultimo onde os residentes são reconduzidos de acordo com o destino recebido na alta. Segunda fase foi determinada por entrevista abordando o coordenador, assistente social e enfermeiro que atuam diretamente com os residentes da comunidade terapêutica. Os dados foram coletados por meias fichas de acompanhamento e triagem da assistente social e através de um questionário direcionado somente para os profissionais que atuam naquela instituição.

    A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Superior de Ensino de Maringá conforme certificado sob número 147/2010 estando de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde e complementares. Os dados foram tratados por estatística descritiva.

Resultados e discussão

    De acordo com os dados evidenciados na tabela 01. No período estudado, a Comunidade Terapêutica atendeu 136 indivíduos. A análise do perfil social constatou que 63 (46,32%) eram da faixa de idade de 21 a 30 anos; 60 (44,12%) com escolaridade predominante entre 5 a 8ª. Série, 68 (50%) oriundos da cidade sede da comunidade, 88 (64,17%) dos indivíduos assistidos pela comunidade possuía documentos e 60 (44,12%) contribuíam financeiramente para efetivação do tratamento.

Tabela 01. Caracterização social dos indivíduos atendidos na Comunidade Terapêutica no período de 2005 a 2009, Maringá, 2010

    O tempo de permanência para tratamento nesta comunidade é de 360 dias, em média. Entre os atendidos, 49 (36,03%) permaneceram de 100 a 360 dias; 89 (65,44%) apresentaram a desistência como condição de alta de maior prevalência e 78 (57,35%) foram encaminhados para a família após a alta. Salienta-se que 23,53% permaneceram no tratamento por menos de 30 dias e 0,74% acima do tempo recomendado.

Tabela 02. Caracterização do atendimento na Comunidade Terapêutica no período de 2005 à 2009, Maringá, 2010.

    A dependência de drogas é um fenômeno que afeta não somente o usuário, mas também seu sistema familiar, declarando assim a importância do estudo do funcionamento relacional dessas famílias (1-6-8).

    Na entrevista de triagem (tabela 3), os entrevistados, ao serem questionados a respeito do tipo de drogas que já consumiram no decorrer de suas vidas, referiram: 169 (47,58%) cocaína, 106 (30,20%) cocaína crack, maconha, 47 (13,39%), álcool 13 (3,70%), 4 (1,14%) 9 (2,56%) anfetaminas, 9 (2,56%) inalantes 2 (0,57%) LSD, 3 (0,85%) e outras drogas como chá de cogumelo, rebite, heroína, tinner e medicamentos. Constatou-se que o do grupo das drogas ilícitas, (maconha, cocaína crack, cocaína) continuam sendo as drogas de uso mais prevalente, seguido do álcool caracterizado como droga lícita.

Tabela 3. Numero de relatos dos tipos de drogas usadas pelos entrevistados na triagem para admissão

na comunidade terapêutica. Janeiro de 2006 a dezembro de 2008, Maringá, 2010

    A tabela 4 mostra que 67,24% dos indivíduos que passaram pela triagem desistiram do tratamento, levando o individuo a se desinteressar pelo processo de internação, necessária para o seu restabelecimento de saúde. De acordo com a assistente social da comunidade terapêutica, entre as falhas na triagem para internação a demora da realização e entrega dos exames complementares que são pedidos para o ingresso é a mais comprometedora.

Tabela 4. Dados de triagem e internação na comunidade terapêutica (2006 a 2009)

Conclusões

    A pesquisa evidencia que na etiologia multideterminada da dependência química o perfil socioeconômico é um fator determinante mesmo em estruturas subvencionadas pelo governo. Os serviços especializados em dependência química e rede primária de saúde em sua maioria, não assumem a abordagem do individuo como principio básico do atendimento ou tratamento.

    É preciso pensar na prevenção como uma ação sistêmica formada por uma rede de ação envolvendo diversos setores da sociedade. Foi possível identificar que este tipo de clientela além de ser estigmatizada pela sociedade não recebe atenção e suporte de profissionais que atuam na unidade básica.

    O atendimento de dependentes químicos em comunidade terapêutica é valido por ser mais um local de referencia para este população que, pela sua condição social, são excluídos da sociedade.

    Enfatiza-se priorizar a estruturação de um sistema de vigilância em duas vertentes: no aprimoramento e atendimento às normas técnicas e legais existentes e do atendimento e suporte do sistema de saúde - melhora do atendimento primário, exames laboratoriais, tratamento adequado.

    Com estas medidas, a comunidade terapêutica cumprirá o seu papel na saúde pública integrando a rede socioassistencial de atendimento a dependentes químicos atuando na dimensão do tratamento, recuperação e reinserção social.

Referências

  1. ABREU, Cassiane Cominoti; BENINCA, Fernanda Bissoli; SIQUEIRA, Marluce Miguel de. Integralidade e intersetorialidade em álcool e drogas: a realidade dos municípios capixabas no ano de 2005. Obtido via internet: http://www.mpes.gov.br. 28 mar. 2010

  2. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução nº. 101, de 30 de Maio de 2001. Obtido via internet: http://www.anvisa.gov.br. 30/03/2010

  3. COSTA, S. F. As políticas públicas e as comunidades Terapêuticas no atendimento à dependência química. Palestra proferida no I Fórum sobre Dependência Química de Maringá, em 28 de junho de 2006. Obtido via internet: http://www.ssrevista.uel.br. 26 março 2010

  4. DUAILIBI, Ligia Bonacim; RIBEIRO Marcelo; LARANJEIRA Ronaldo. Perfil dos usuários de cocaína e cocaína crack no Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro: Ensp/Fiocruz, v.24, n.Supl. 4, 2008. 162 p.

  5. GUIMARÃES, Fabiano. C; SANTOS, Daniela Vender Vieira; FREITAS, Rodrigo Cavalari; ARAUJO, Renata Brasil. Perfil do usuário de cocaína crack e fatores relacionados á criminalidade em unidade de internação para desintoxicação no Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre (RS). Rev. Psiquiátric, Março-Setembro, vol.30, n.02, pp. 101-108, 2008

  6. NIGRI, Loretta Fabianni. Potenciais evocados auditivos de tronco encefálico em usuários de crack e múltiplas drogas. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol, vol.14 no. 4 São Paulo, 2009

  7. TANAKA, A.S; ANDRADE, A. G. Formação de Multiplicadores de Informações Preventivas sobre Drogas. Trabalhando com prevenção na comunidade ou na instituição. In: RAYDAN, Chaquib (Org.) Programa de prevenção às drogas: uma trajetória. Anais 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. Belo Horizonte 2004

  8. TEIXEIRA, Dirlândia Da Silva. O Centro de convivência ela de vida como uma política pública de apóio a dependentes químicos: caracterização, possibilidades e limites 2009. Fortaleza, 2009. Dissertação Apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico (Mestrado) Universidade Estadual do Ceará.

  9. MARINGÁ. Recanto da fraternidade plantando vidas. Disponível em: http://www.plantandovidas.org.br. Acesso em: 20 abr. 2010.

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