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Aptidão cardiorrespiratória dos corredores de rua de 

Boa Vista, RR e sua relação com a qualidade de vida

La aptitud cardiorrespiratoria de los corredores urbanos de Boa Vista, RR y su relación con la calidad de vida

 

*Graduados em Educação Física, Especializandos

em Atividade Física e Qualidade de Vida, Faculdades Montenegro

** Professor Efetivo, Universidade Estadual de Roraima, UERR, RR

(Brasil)

Márcio José Cruz Cavalcante*

Ana Késia Neves de Sousa*

Macelmo Gomes Sales*

Giulianne de Queiroz e Silva*

Cristiano da Conceição dos Santos*

Carliene de Souza Santos*

Vinícius Denardin Cardoso**

vinicardoso@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivo geral avaliar a aptidão cardiorrespiratória dos corredores de rua da cidade de Boa Vista-RR e analisar a sua relação com a qualidade de vida. A amostra foi composta por 34 corredores de rua, que fazem parte de dois grupos informais que se reúnem periodicamente para a prática da corrida de rua, sendo 22 do gênero masculino e 12 do feminino, com idades entre 24 e 62 e média de 37,4 anos (± 9,8). Os dados foram coletados por meio do teste de Cooper e avaliados a partir de tabelas científicas. Os resultados são apresentados em tabela e gráfico e indicam que 50% dos participantes encontram-se em nível excelente, sendo este valor representado por 16 homens e 1 mulher; 32,3% apresentam VO2 máx. em nível bom, destes, no total de 3 homens e 8 mulheres; 5,8% estão razoáveis, neste nível estão 2 homens; e 11,7% foi classificado como fraco, sendo 1 homem e 3 mulheres. Os resultados/valores de VO2 máximo (ml/kg/min) variaram entre 25,5 (menor) e 69,1 (maior). Conclui-se que uma porcentagem muito significativa dos avaliados possui aptidão cardiorrespiratória satisfatória. Portanto, através dos resultados encontrados, podemos concluir que os praticantes de corrida de rua da cidade de Boa Vista-RR, possuem um boa relação com a qualidade de vida.

          Unitermos: Aptidão cardiorrespiratória. Qualidade de vida. Corredores de rua.

 

Resumen

          Este estudio tiene como objetivo evaluar la aptitud cardiorrespiratoria de corredores urbanos de la ciudad de Boa Vista, RR, y analizar su relación con la calidad de vida. La muestra fue conformada por 34 corredores de la calle, que forman parte de dos grupos informales que se reúnen regularmente para practicar carrera en la calle, 22 hombres y 12 mujeres, con edades comprendidas entre 24 y 62 y el promedio de 37, 4 años (± 9,8). Los datos fueron recolectados a través de la prueba de Cooper y evaluados a partir de tablas científicas. Los resultados se presentan en la tabla y el gráfico e indica que el 50% de los participantes son de excelente nivel, y este valor representado por 16 hombres y 1 mujer; el 32,3% tienen un VO2 máx. de buen nivel. De estos, un total de 3 hombres y 8 mujeres, el 5,8% son razonables en este nivel son dos hombres y el 11,7% fueron clasificados como débiles, siendo un hombre y tres mujeres. Los resultados y los valores de VO2 máx (ml/kg/min) fue de 25,5 (menor) y 69.1 (mayor). Llegamos a la conclusión de que un porcentaje muy importante de la aptitud cardiorrespiratoria ha evaluado satisfactoriamente. Por lo tanto, a través de los resultados, se concluye que los practicantes de carreras de calle de la ciudad de Boa Vista, RR, tienen una buena relación con la calidad de vida.

          Palabras clave: Capacidad aeróbica. Calidad de vida. Corredores urbanos.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O termo “Qualidade de Vida” está estritamente relacionado ao cotidiano de qualquer sociedade, entretanto, muitas dúvidas, ainda obscurece uma definição mais precisa de tal conceito.

    Minayo et al. (2000), no sentido de aproximar-se do ideal humano, compreende qualidade de vida como uma percepção eminentemente humana que busca se aproximar do grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental. Pressupõe também a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem estar.

    No entanto, é consensual que o conceito de qualidade de vida é diferente de pessoa para pessoa e tende a mudar ao longo da vida de cada um. Em geral, associam-se a essa expressão fatores como: estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer e até a espiritualidade. Num sentido mais amplo, qualidade de vida pode ser uma medida da própria dignidade humana, pois pressupõe o atendimento das necessidades humanas fundamentais (NAHAS, 2006).

    A relação atividade física e saúde vem sendo gradualmente substituída pelo enfoque da qualidade de vida, o qual tem sido incorporado ao discurso da Educação Física e das Ciências do Esporte. Sua maior expressão está na relação positiva estabelecida entre atividade física e melhores padrões de qualidade de vida (ASSUMPÇÃO et al., 2002).

    Os benefícios da prática da atividade física associada à saúde e ao bem estar são amplamente apresentados e discutidos na literatura. Menores níveis de prática de atividade física estão diretamente relacionados à elevada incidência de cardiopatias, diabetes, hipertensão, obesidade, osteoporose e alguns tipos de câncer, que se tornam mais prevalentes com o avanço da idade e acarretam redução da qualidade de vida e longevidade (GUEDES & GUEDES, 2006),

    Para Telma et al., (2010), a inatividade física é um dos fatores que acometem a qualidade de vida das pessoas, sendo considerada fator de risco primário e independente para o desenvolvimento da obesidade, cuja contribuição tem efeito cumulativo. Vários estudos sugerem estreita relação entre a obesidade e o declínio na qualidade de vida, sendo mais acentuado naqueles que não seguem algum tratamento.

    Portanto, para melhorar e/ou manter a aptidão física e a saúde por meio da atividade física, uma pessoa precisa desenvolver o músculo cardíaco e os demais componente do sistema cardiorrespiratório. Os exercícios que se apresentam a este desenvolvimento orgânico são chamados aeróbios, e incluem atividades de media e longa duração (10 minutos pelo menos) e intensidade moderada a vigorosa, de caráter dinâmico e rítmico – como a caminhada, a corrida, o ciclismo, o remo, a natação, as danças em geral e as ginásticas aeróbias. Por isso, durante o trabalho muscular, de qualquer natureza, para que a fadiga não apareça prematuramente, é imprescindível que pulmões, coração, artérias e capilares funcionem eficientemente, transportando oxigênio e nutrientes em quantidade suficiente para os músculos envolvidos na atividade. A aptidão cardiorrespiratória reflete essa eficiência, sendo um fator de fundamental importância, tanto em eventos esportivos como nas atividades do dia-a-dia de qualquer pessoa (NAHAS, 2006).

    Uma das formas de avaliar a aptidão cardiorrespiratória de uma pessoa (atleta e não-atleta) é o valor que se pode alcançar no teste de Cooper pela estimativa do VO2 máximo. Este teste mensura a quantidade máxima de oxigênio que o organismo consegue extrair do sangue em um minuto durante o esforço. Os valores de VO2 máximo variam de pessoa para pessoa, como também depende de fatores genéticos e dos níveis de aptidão física. Segundo estudos, quanto maior o VO2 máximo, mais preparado o corpo esta para realizar esforços sem usar seus sistemas de emergência e mais tempo levará para ficar exausto (SABA, 2008 apud MACHADO et al., 2011).

    Nessa perspectiva, o presente trabalho tem objetivo de avaliar a aptidão cardiorrespiratória dos corredores de rua de Boa Vista-RR e analisar a relação desta com a qualidade de vida.

Metodologia

    A presente pesquisa de caráter descritiva e transversal foi realizada em Boa Vista-RR em Maio de 2012. Os sujeitos participantes do estudo são 34 corredores de rua que fazem parte de dois grupos informais que se reúnem periodicamente para a prática de atividade física, sendo 22 do gênero masculino e 12 do feminino, com idades entre 24 e 62 e media de 37,4 anos (± 9,8). Todos os participantes foram informados sobre os procedimentos utilizados, possíveis benefícios e riscos referentes à execução do estudo. Portanto, foram incluídos apenas aqueles que obedeceram aos seguintes critérios: (1) ter pelo menos três meses de prática de corrida/caminhada de rua e (2) condição participativa voluntária mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

    O instrumento para avaliar a aptidão cardiorrespiratória dos participantes foi o Teste Cooper. Segundo Pitanga (2004), o objetivo desse teste é percorrer a maior distancia possível no tempo de 12 minutos. Ao final do teste registra-se a distância percorrida. Apesar de ser permitido andar durante o teste, o avaliador deve incentivar o participante a percorre o percurso correndo, fator determinante para ser considerado o teste de Cooper, um teste máximo. Após a aplicação do teste, deve-se registrar o valor da distancia percorrida nos 12 minutos, para cálculo da estimativa do consumo máximo de oxigênio, conforme a equação:

VO2 máximo (ml/kg/min.) = D – 504,1 / 44,9

D = Distância percorrida nos 12 minutos

    O teste foi iniciado com um silvo breve do apito e com o cronômetro zerado. Completados dez minutos, os participantes foram informados através de um silvo longo a proximidade do término, e ao final, foi dado dois silvos longos. Para que os participantes não tivessem uma parada repentina após o final do teste, foi orientado que todos continuassem correndo/andando perpendicularmente ao percurso entre três e cinco metros, indo e voltando, possibilitando a diminuição dos batimentos cardíacos, assim como para que medíssemos a distância percorrida de cada um.

    A pista onde ocorreu o teste possui 400m e foi demarcada com placas que foram colocadas a 50 metros de distância umas das outras, a partir da borda interna, para facilitar a medida da distância percorrida.

    Os dados foram analisados e apresentados em porcentagem (%), tendo como base para a análise, tabelas que apresentam valores científicos.

Resultados

    Todos os resultados obtidos no teste de aptidão cardiorrespiratória são classificados de acordo com tabelas (1 e 2) normativas científicas relacionadas com a qualidade de vida e apresentados em tabela (3) e gráfico (1).

    Com base nos resultados do VO2 máximo, foi possível identificar, por meio das tabelas (1 e 2), o perfil dos avaliados. As tabelas apresentam valores de acordo com a idade e sexo, sendo que esses valores são classificados em nível excelente, bom, razoável, fraco e muito fraco.

Tabela 1. Normas para classificação do VO2 máx. para Mulheres

Araújo 1986 apud Pitanga, 2004

 

Tabela 2. Normas para classificação do VO2 máx. para Homens

Araújo 1986 apud Pitanga, 2004

    A seguir, está o percentual geral da amostra no que diz respeito às normas para classificação do VO2 máximo para homens e mulheres, assim como o quantitativo de cada gênero.

Tabela 3. Percentual geral do VO2 máx. (ml/kg/min)

    Analisando os resultados representados em porcentagem, concluímos que 50% dos participantes encontram-se em nível excelente, sendo este valor representado por 16 homens e apenas 1 mulher; 32,3% apresentam VO2 máximo em nível bom, destes, no total de 3 homens e 8 mulheres; 5,8% estão razoáveis, neste nível estão 2 homens; e 11,7% foi classificado como fraco, sendo 1 homem e 3 mulheres. Os resultados/valores de VO2 máximo (ml/kg/min.) variaram entre 25,5 (menor) e 69,1 (maior).

Gráfico 1. Percentual geral do VO2 máx. (ml/kg/min) no teste de Cooper de 12 minutos

    A partir dos resultados apresentados percebemos que a maioria dos avaliados se preocupa em manterem-se aptos e a desenvolver a prática de atividade física com vigor e disposição, contribuindo assim diretamente na qualidade de vida a partir de atitudes individuais, seja nas atividades domésticas, práticas de lazer e trabalho, enfim, em todas as circunstâncias no qual a capacidade cardiorrespiratória exerce maior desempenho, além de está diretamente relacionada com o bom funcionamento de todo o organismo.

    O corpo humano foi feito para o exercício, quando nos tornamos inativos as articulações incham, os músculos enfraquecem, o aumento de gordura afeta o sistema circulatório, o coração perde força e, conseqüentemente ficamos mais expostos a doenças (ALLSEN et al., 2001). Por isso, exercícios físicos, esportes, danças, lutas e outras atividades ativas de lazer, bem como atividades domésticas, deslocamentos ativos, atividades ocupacionais e outras atividades da vida diária são alternativas que podem tornar as pessoas mais saudáveis (MADUREIRA et al., 2003).

    Ainda sobre a relação que há entre qualidade de vida e atividade física, Keller et al. (2011),com contribuição relevante, aborda outros benefícios dessa relação, pois não está somente associada a benefícios físicos, mas também a benefícios psicológicos como melhora do humor e diminuição da depressão.

    Dados epidemiológicos sugerem que pessoas moderadamente ativas têm menores riscos de serem acometidas por desordens mentais do que as sedentárias, mostrando que a participação em programas de atividade física regular exerce benefícios na esfera física e psicológica e que indivíduos fisicamente ativos, possuem um processo cognitivo mais rápido (OLIVEIRA, et al., 2011).

    Ainda Oliveira et al. (2011) reforça que o exercício físico pode interferir no desempenho cognitivo por diversos motivos: 1) em função do aumento nos níveis dos neurotransmissores e por mudanças em estruturas cerebrais (isso seria evidenciado na comparação de indivíduos fisicamente ativos x sedentários); 2) pela melhora cognitiva observada em indivíduos com prejuízo mental (baseado na comparação com indivíduos saudáveis); 3) na melhora limitada obtida por indivíduos idosos, em função de uma menor flexibilidade mental/atencional quando comparados com um grupo jovem.

    Em contrapartida, Araújo & Araújo (2000) alerta sobre os cuidados que devem ser tomados sobre essa relação, que parece ser somente positiva, que há entre atividade física e qualidade de vida e, enfatiza que é preciso estar consciente de que essa relação também pode ser negativa, seja pela ausência de resultados positivos para a saúde, seja pela ausência de atividade física ou também por efeitos deletérios que a atividade física pode causar à saúde.

    Cooper (1987) alerta sobre alguns fatores de risco que estão ligados a doenças do coração e podem transformar a prática de atividade física em um “vilão” se não for feita com orientação de um profissional: Histórico familiar (fatores hereditários), estresse, hipertensão arterial, níveis altos de colesterol – LDL, dietas ricas em gordura e colesterol, hábitos sedentários, fumante, entre outros.

    Para Cooper (1987), fica claro que não há nada inerentemente perigoso no exercício físico, desde que feito com inteligência; e ser inteligente significa fazer exames médicos regulares e seguir conselhos de profissionais.

Discussão

    Duarte et al. (2005) ao avaliar o VO2 máximo de 16 jogadores de futebol juniores, de 15 a 18 anos, com base no teste de Cooper – 12 min., encontrou em seus resultados/valores de VO2 máximo um atleta com 56,6 ml/kg/min., sendo este o maior de toda a sua amostra. Em relação ao presente estudo, embora os participantes não sejam atletas de rendimento, o resultado do maior VO2 máximo foi de 69,1 ml/kg/min.

    Machado et al. (2011) com objetivo de verificar o nível de condicionamento físico por meio do teste de Cooper – 12 min., de 10 professores de educação física, com idade entre 23 e 44 anos, constatou que 90% dos avaliados possui aptidão cardiorrespiratória de muito fraca a razoável. O menor valor de VO2 máximo encontrado nessa avaliação foi 15,6 ml/kg/min. Já o presente estudo em sua amostra, com idade de 24 a 62 anos, concluiu que 82,3% apresentam aptidão cardiorrespiratória de boa a excelente. O menor resultado foi 25,5 ml/kg/min. Percebe-se, com isso, que há uma parcela considerável de profissionais de Educação Física que não apresentam um comportamento condizente com sua prática profissional.

    Santos et al. (2011), tendo 20 acadêmicos do curso de Educação Física do Campus Catalão-GO como amostra, concluiu que 5% dos alunos encontram-se em nível excelente, sendo este valor a representação de apenas um homem e 25% apresentaram VO2 máximo como muito fracos, este percentual representa cinco mulheres. 50% dos participantes do presente estudo, com amostra de 34 corredores de rua, encontram-se em nível excelente, sendo este valor representado por 16 homens e 1 mulher. Não houve resultados de VO2 máximo como muito fracos.

Considerações finais

    Conclui-se que uma porcentagem muito significativa dos avaliados possui aptidão cardiorrespiratória satisfatória. Com isso, é notório que, através dos dados apresentados, que estes estão em conformidade com uma vida com qualidade no que diz respeito à atividade física. Em relação à amostra, não pode-se afirmar que a mesma represente um determinado quantitativo significativo dos corredores de rua da cidade de Boa Vista-RR, uma vez que não há outros estudos locais abordando o mesmo assunto que pudessem ser comparados. Portanto, são necessários outros estudos, envolvendo maior mobilização, tanto por parte daqueles que produzem trabalhos científicos, quanto daqueles que estão à frente de clubes de corridas cadastrados em órgãos competentes, para que, dessa forma, se possa avaliar a quantidade de praticantes e os níveis de atividade física da população boa-vistense.

Referências

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