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Correlação entre índices antropométricos
e ângulo de fase de mulheres idosas

Correlación entre los índices antropométricos y el ángulo de fase de mujeres mayores

 

Departamento de Nutrição e Saúde

Universidade Federal de Viçosa

(Brasil)

Keila Bacelar Duarte de Morais | Fernanda Silva Franco

Camila Gertrudes Lucas | Tatiana Aguiar Montini

Marcos Vidal Martins | Adelson Luiz Araujo Tinoco

keila_bacelar@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O contingente populacional de idosos vem aumentando de maneira progressiva. As projeções indicam que em 2020, seremos o sexto país do mundo em número de idosos, com um contingente superior a 30 milhões de indivíduos. Neste contexto, a avaliação antropométrica é uma metodologia relevante na avaliação nutricional de idosas, por ser simples, não invasivo e de baixo custo. O estudo é transversal, analítico, realizado com 38 idosas que já entraram na menopausa e não faziam reposição hormonal; auto-referidas saudáveis ou hipertensas controlados por uso de um medicamento para esta patologia. Foram mensuradas as medidas de peso e a estatura, circunferência do braço (CB), circunferências da cintura (CC), da panturrilha (CP), dobras cutâneas triciptal (DCT), biciptal (DCB), suprailíaca (DCSI) e subescapular (DCSE). Calculou-se o índice de massa corporal (IMC), relação cintura-quadril (RCQ) e circunferência (CMB) muscular do braço. Aplicou-se a bioimpedância para a obtenção de valores de ângulo de fase (AF). Encontrou-se presença de risco nutricional quanto ás medidas de IMC, CC, RCQ e elevado percentual de gordura corporal. A CMB e CP mostraram reserva proteica preservada.

          Keywords: Índices antropométricos. Ângulo de fase. Mulheres idosas.

 

Abstract

          The contingent of elderly people is increasing progressively. Projections indicate that by 2020 we will be the sixth country in the world in number of elderly, with a contingent of more than 30 million individuals. In this context, an anthropometric assessment methodology is relevant in the nutritional assessment of elderly women, being simple, noninvasive and low cost. The study is cross sectional analytical study conducted with 38 older women past menopause and were not receiving hormone replacement therapy, self-reported healthy or hypertensive controlled by use of a drug for this disease. We measured their weight and height, arm circumference (MUAC), waist circumference (WC), calf (CP), triceps skinfold (TSF), biceps (DCB), suprailiac (DCSI) and subscapularis (DCSE). We calculated the body mass index (BMI), waist-hip ratio (WHR) and circumference (MAMC) arm muscle. We applied the BIA to obtain values ​​of phase angle (PA). It was found the presence of nutritional risk as measures of BMI, WC, WHR and high body fat percentage. The CMB and CP showed protein reserve preserved.

          Unitermos: Anthropometric indices. Phase angle. Older women.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O contingente populacional de idosos vem aumentando de maneira progressiva. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera o período de 1975 a 2025 a Era do Envelhecimento (BEZERRA; SANTOS; FILHO, 2005 Apud CANÇADO, 1994). No Brasil, o número de idosos progrediu de 3 milhões em 1960, para 7 milhões, em 1975, e 20 milhões em 2008. Assim, o Brasil já é considerado um “jovem país de cabelos brancos”. As projeções indicam que em 2020, seremos o sexto país do mundo em número de idosos, com um contingente superior a 30 milhões de indivíduos (VERAS, 2009).

    A literatura aponta um maior número de componentes do sexo feminino na população idosa brasileira (NEGREIROS, 2004). Resultados do Censo 2010 confirmam este fato ao demonstrar na pirâmide etária entre 60 e 79 anos que o sexo masculino significa 4,217% da população, enquanto o sexo feminino representa 5,062%. A partir de 80 anos, a presença dos homens é de 0,594% e mulheres, 0,939%. Verifica-se um processo de feminização no envelhecimento (IBGE, 2010), o que torna relevante a investigação dos indicadores de saúde entre mulheres idosas.

    Na avaliação do estado de saúde de idosos, considera-se a o componente nutricional, em que a avaliação antropométrica é uma metodologia relevante (ALONSO, et al., 2009; SÁNCHEZ-GARCÍA, 2007; CERVI, 2005). Trata-se de um método simples, não invasivo, de baixo custo, e que oferece informações sobre a massa muscular e de gordura corporal (CERVI, 2005). Quando realizada por avaliadores treinados, as medidas corpóreas mostram-se confiáveis para a determinação do estado nutricional se comparadas com metodologias mais sofisticadas e de alto custo (SÁNCHEZ-GARCÍA, 2007).

    A bioimpedância elétrica (BIA) é um método de avaliação da composição corporal reconhecido por características de não invasividade, facilidade de execução e custo relativamente baixo (BARBOSA-SILVA, et al., 2005, ACUÑA & CRUZ, 2004). Trata-se de uma técnica baseada na condução de corrente elétrica de baixo nível e alta frequência pelos compartimentos corporais, em que mede-se a impedância, oposição ao fluxo da corrente (HEYWARD e STOLARCZYK, 2000).

    O ângulo de fase (AF), determinado pela razão entre reatância e resistência, se faz da diferença entre a voltagem e a corrente emitidas pela bioimpedância (ALONSO, et al., 2009; BARBOSA-SILVA, et al., 2005). Publicações recentes evidenciam o ângulo de fase como ferramenta promissora para a avaliação do estado nutricional, por ser um preditor de integridade da membrana, massa celular corporal e balanço fluídico (BARBOSA-SILVA, et al., 2005, AZEVEDO et al., 2007, CALIXTO, 2005; KYLE et al., 2004).

    No entanto, há um pequeno número de informações disponíveis sobre o uso desta variável na avaliação específica do grupo idoso na literatura científica, sendo que grande parte das informações disponíveis são provenientes de estudos norte-americanos e europeus, sendo escassas informações obtidas em países em desenvolvimento como o Brasil (ACUÑA e CRUZ, 2004). Esta realidade indica a importância da realização de estudos sobre o assunto.

    Tendo em vista as possibilidades promissoras do uso do ângulo de fase e de aperfeiçoamento da avaliação do estado nutricional de idosos, o presente estudo objetivou avaliar a correlação entre as variáveis antropométricas e ângulo de fase.

Metodologia

    Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal, analítico, realizado com mulheres idosas de 60 anos ou mais de idade, cadastradas no Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI), no município de Viçosa-MG, durante o período de agosto a dezembro de 2010.

    A seleção de voluntários atendeu ao seguinte critério: sexo feminino com idade igual ou superior a 60 anos, que já entraram na menopausa e não faziam reposição hormonal; sendo indivíduos auto-referidos saudáveis ou hipertensos controlados por uso de apenas um medicamento para esta patologia. Ter cadastro no Programa Municipal da Terceira Idade, Viçosa-MG.

    A Coordenação do PMTI foi contactada e informada quanto aos objetivos e metodologia do estudo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV. A participação das idosas foi voluntária, mediante sua autorização por meio do Termo Consentimento Livre Esclarecido, enquadrando-se na metodologia do estudo 38 voluntárias.

    O peso e estatura foram mensuradas conforme recomendação da OMS (1995). O peso foi aferido em balança e monitor de água e gordura corporal portátil digital eletrônica TANITA® com capacidade mínima de 1,25 kg e máxima de 150 kg e graduação de 50 gramas, com as participantes descalças e com o mínimo de roupa (JELLIFFE,1968). A estatura foi obtida por meio do antropômetro com extensão de 2m, divididos em centímetros e subdivididos em milímetros, com os indivíduos descalços em posição ortostática e em apnéia inspiratória (OMS, 1995). A partir destas medidas, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) e classificou-se o estado nutricional das voluntárias segundo a referência de Lipschitz (1994).

    A circunferência do braço (CB), da panturrilha (CP), da cintura (CC), e do quadril (CQ), foram obtidas por meio de fita métrica inextensível, graduada em milímetros, conforme preconizado pela WHO (1995). A relação cintura quadril foi obtida pela divisão do valor de CC por CQ (HO et al, 2003).

    Para o cálculo do somatório de quatro dobras cutâneas (Σ DC), foram determinadas as dobras cutâneas triciptal (DCT), biciptal (DCB), suprailíaca (DCSI) e subscapular (DCSE). A partir dos valores obtidos, foi verificado o percentual de gordura corporal segundo os valores propostos por Durnin; Wormersley (1974). A análise do percentual de gordura corporal se deu segundo Lohman (1992). Utilizou-se o espessímetro Lange Skinfold Caliper ®. Cada medida foi verificada três vezes sendo o resultado calculado pela média dos dois valores mais próximos (PRIORE, 1998).

    De posse dos valores da CB e da DCT, foi calculada a circunferência muscular do braço (CMB), a partir da equação citada por Gurney e Jelliffe (1973). Como valores de referência para adotou-se os percentis dispostos por Frisancho (1981).

    Para a determinação do ângulo de fase, foi utilizado avaliação por bioimpedância (BIA), com o aparelho tetrapolar Byodinamics modelo 310. Adotou-se um protocolo adaptado do manual de utilização do equipamento: jejum de 12 horas; não realizar exercícios físicos nas últimas 24h; não ingerir álcool nas 72h anteriores ao teste; e urinar 30 minutos antes do exame. Todas as voluntárias receberam o protocolo e foram previamente esclarecidas. As medidas foram realizadas pela manhã e o ambiente de teste estava ventilado, reduzindo a incidência de perda de água através da sudorese (HEYWARD e STOLARCZYK, 2000). As voluntárias estavam na posição de decúbito dorsal com os braços separados do corpo, sem sapatos e meias e com roupas leves. Foi utilizado como adequado valores de AF entre 7º e 8º, valores menores que 5º, foram considerados inadequados (GUPTA et al, 2005, CALIXTO, 2005, BARBOSA-SILVA, et al, 2005).

    Os dados obtidos foram estruturados no software Excel e analisados através do programa SUDAAN (Software for the Statistical Analysis of correlated data). Após análise descritiva das variáveis antropométricas, foi avaliada a relação entre medidas antropométricas e ângulo de fase pelo coeficiente de correlação de Spearman. Por meio da análise de regressão obtiveram-se os coeficientes de correlação parcial. Considerou-se como nível se significância estatística a probabilidade inferior a 5% (p< 0,05).

Resultados e discussão

    A amostra foi composta por 38 idosas cadastradas no Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI), no município de Viçosa, MG. A média de idade das voluntárias foi de 67,07 ± 6,53 anos. A estratificação por idade dos componentes da amostra demonstrou 66% (n = 25) das voluntárias com idade entre 60 e 69 anos, 29% (n = 11) com idade entre 70 e 79 anos de idade e 5% (n = 2) das participantes com idade igual ou superior a 80 anos.

    Em relação ao estado nutricional, 39% das voluntárias (n= 15) foram classificadas eutróficas, e 61% (n= 23) com excesso de peso corporal. De acordo com a WHO (1995), na faixa etária entre 50 e 65 anos a principal modificação corporal reside no excesso de peso, associado a presença de doenças crônicas. A partir de 80 anos torna-se relevante o baixo peso e a redução da massa magra.

    Os resultados antropométricos da circunferência da cintura mostrou que todas as mulheres se enquadravam em risco para complicações metabólicas associadas à obesidade, sendo que 32% foram classificadas em risco aumentado e 68% em risco substancialmente aumentado.

    Quanto à relação cintura–quadril, observou-se que a maior parte das mulheres, 79% (n= 30), apresentou valor indicativo de adiposidade abdominal (RCQ > 0,85), reforçando a estimativa de risco para complicações metabólicas associadas ao excesso de peso.

    As medidas de circunferência da panturrilha das idosas neste estudo em sua totalidade foram superiores a 31 cm, valor este que indica presença de massa muscular corporal, sendo o valor médio encontrado para esta circunferência de 36,98 cm. A literatura ressalta esta circunferência como o parâmetro antropométrico mais sensível para predição de massa magra em indivíduos idosos (WHO, 1995).

    Ao avaliar os resultados da circunferência muscular do braço, observou-se que 21 idosas foram classificadas em percentis inferiores ao percentil 50, o que permitiu registrar uma tendência para a perda de massa muscular. As outras 17 voluntárias enquadraram-se entre os percentis 50 e 95 para esta medida antropométrica, sendo que o maior número de voluntárias (n=7) encontrava-se no percentil 50. Dessa forma, este grupo mostrou preservação da massa magra corpórea, dado este que corrobora com aqueles verificados para a circunferência da panturrilha.

    O percentual de gordura foi avaliado por dois métodos, somatório de pregas cutâneas e bioimpedância elétrica. Os resultados obtidos pelo primeiro método levou a classificação da totalidade da amostra em percentual de gordura muito acima da média segundo os pontos de corte de Lohman (1992). O segundo, associado ao mesmo ponto de corte mostrou 13% das voluntárias com percentual de gordura acima da média e 87% muito acima da média. Todavia, deve ser lembrado que o ponto de corte utilizado não é uma referência específica para idosos.

    Verifica-se que a avaliação antropométrica apontou para duas tendências divergentes: elevados resultados de parâmetros que evidenciam a adiposidade visceral, ressaltando o risco de incidência e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e repercussões negativas na qualidade de vida das gerontes; assim como significantes valores de medidas preditoras de massa muscular, componente corporal que tem repercussões positivas no estado de saúde de idosos.

    A redução da massa magra cursa com a diminuição do peso, da densidade mineral óssea, das necessidades energéticas e repercussões metabólicas (JONG et al, 1999). Diante destes fatos e de acordo com os resultados antropométricos de circunferência da panturrilha, assim como o da circunferência muscular do braço, verifica-se que as idosas do presente estudo têm a sua saúde protegida neste aspecto. E entende-se que uma vez mantida a independência e autonomia, são maiores as possibilidades do auto cuidado na prevenção e monitorização de doenças.

    Em relação aos resultados obtidos de ângulo de fase, a grande maioria das idosas (79%) apresentou valor entre 5º e 7º, 10% (n= 4) apresentou valores superiores a 8º. Apenas uma idosa apresentou ângulo de fase menor que 5º (3%).

    Para a interpretação destes resultados, Gupta et al, (2004); Calixto (2005) e Barbosa-Silva, et al, (2005) identificaram que valores inferiores a 5º estão associados à morte celular ou alteração na permeabilidade seletiva da membrana, enquanto valores entre 7º e 8º estão associados à maior massa celular corporal e adequação do estado nutricional. Assim como no presente estudo, Barbosa & Silva (2005) registra menores valores deste índice em mulheres e redução do mesmo com o avançar da idade.

    A tabela abaixo apresenta os valores de média, mediana e desvio padrão das variáveis antropométricas e ângulo de fases consideradas no presente estudo.

Tabela 1. Variáveis de análise da composição corporal em idosas, Viçosa, MG

    Na cidade do Rio de Janeiro, idosas provenientes de um ambulatório de policlínica com faixa etária entre 60 e 77 anos, apresentaram média de IMC de 28,3 Kg/m², de circunferência da cintura, 87,7 cm, da panturrilha, 34,8 cm e para circunferência muscular do braço, 24,6 cm (MACHADO et al, 2006).

    Melo (2009) em estudo desenvolvido no município de Viçosa com idosos eutróficas cadastrados na Estratégia Saúde da Família encontrou os seguintes valores, distintos por grupo etário (60-69 anos e ≥ 70 anos) exceto CC, no sexo feminino para IMC, circunferência da cintura, circunferência muscular do braço, circunferência da panturrilha e ângulo de fase, respectivamente, 23,5 e 24,2 cm; 94,5 cm; 21,0 e 20,5; 33,4 e 32,8; 6,77 e 5,90, respectivamente.

    Este estudo foi composto de 39% de idosas eutróficas e os outros 61% por idosas com excesso de peso, o que difere do estudo de MELO (2009), o que justifica a média de IMC mais próxima dos valores encontrados por Machado (2006) no Rio de Janeiro. Em relação as demais medidas, as idosas deste estudo apresentaram resultados semelhantes aos detectados por Melo (2009).

    A tabela abaixo mostra os resultados da correlação entre o ângulo de fase, decorrente da bioimpedância elétrica, e medidas antropométricas, IMC, ∑ PC, CC, RCQ, CMB e CP.

Tabela 2. Correlação entre ângulo de fase e medidas antropométricas

    Os resultados mostram a existência de correlação entre as variáveis, porém, esta associação manifesta-se de forma fraca, o que pode ter sido influenciado pelo pequeno tamanho amostral. Todavia, expressa coerência entre os dados e indica a necessidade de maiores estudos com esta população. É importante destacar o pequeno número de estudos disponíveis sobre a utilização da antropometria e AF em idosos na literatura científica. O interesse em pesquisas neste grupo populacional com este assunto ainda é recente, o que se reflete na escassez de informações, gerando uma necessidade de estudos para melhor investigar este quadro.

    Sobre a correlação entre o ângulo de fase e as variáveis antropométricas índice de massa corporal e somatório de pregas cutâneas, houve associação positiva (tabela 2). Este fato pode ser explicado pelo fato de a abordagem do AF ser útil para predizer o tamanho celular, isto é, massa celular corporal (BARBOSA e SILVA et al, 2005), e tem-se que as referidas medidas informam sobre o conteúdo de massa corporal total, e conteúdo de tecido subcutâneo, respectivamente (CERVI, 2005; GUEDES, 2006).

    Todavia, é questionável a existência de correlação entre os parâmetros AF e ∑PC, uma vez que a maior proporção de gordura corporal abriga-se neste tecido e o ângulo de fase, por definição, é inversamente proporcional à resistência, medida relacionada ao teor de massa de gordura.

    Melo (2009) em estudo no município de Viçosa com 33 idosas eutróficas, verificou correlação negativa entre AF e percentual de gordura corporal, considerando que o valor médio de ângulo de fase detectado na referida pesquisa foi semelhante ao deste estudo (6,77 ± 1,24), sendo uma faixa etária também semelhante.

    A relação cintura-quadril e a circunferência da cintura, indicadores de adiposidade visceral e complicações metabólicas, apontaram correlação negativa com o ângulo de fase (tabela 2). Ou seja, com o aumento destes índices, ocorre a redução do ângulo de fase. Este dado pode ser explicado pela face de associação entre AF e integridade funcional e de membrana das células (SELBERG e SELBERG, 2002; BARBOSA e SILVA, et al 2005). Fonseca-Alaniz e colaboradores (2006), discutem o envolvimento do tecido adiposo em processos de obesidade, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, arteriosclerose, dislipidemias, processos inflamatórios agudos e crônicos, entre outros, indicando o comprometimento de propriedades funcionais celulares.

    A circunferência muscular do braço e a circunferência da panturrilha são medidas utilizadas para avaliar a reserva proteica corporal (RAUEN et al, 2008; VANNUCCHI, et al, 1996; WHO, 1995). Entende-se os tecidos magros, como bons condutores de corrente elétrica impulsionadas pela bioimpedância, por serem ricos em água. Assim, estão relacionados aos vetores de reatância, parâmetro diretamente proporcional ao ângulo de fase (KYLE et al, 2004; HEYWARD, 2001). No presente estudo verificou-se correlação positiva entre CMB e CP com AF (tabela 2).

    Nos últimos anos a literatura tem apontado a circunferência da panturrilha como indicador de massa muscular corporal em pessoas com idade avançada, pelo fato deste parâmetro apresentar-se mais sensível que a circunferência muscular do braço (RAUEN et al, 2008; BARBOSA et al, 2005, WHO, 1995). No presente estudo, em relação ao ângulo de fase, a circunferência muscular do braço apresentou melhor correlação que a circunferência da panturrilha, ressaltando a importância de mais investigações sobre o potencial preditivo desta medida corporal.

    Destaca-se que na literatura são escassos estudos com ângulo de fase em idosos auto-referidos saudáveis, sendo a maior parte das informações referentes a este instrumento no diagnóstico de pacientes críticos. Assim são necessários mais estudos para que se possa afirmar com segurança sobre as tendências aqui observadas. Contudo, as perspectivas mostram que as medidas antropométricas podem ser apropriadas para obter informações sobre o estado de hidratação e a integridade das membranas celulares do organismo, bem como sobre o tamanho da massa celular corporal, podendo ser consideradas indicadoras do ângulo de fase.

Considerações finais

    O presente estudo verificou que medidas antropométricas mostraram-se coerentes com valores de ângulo de fase, indicando que medidas corporais podem ser boas preditoras do estado de hidratação corpóreo, da integridade das membranas celulares do organismo, e do conteúdo celular corporal.

    Embora não tenha sido encontrado correlação estatisticamente significante entre as variáveis antropométricas e ângulo de fase, este parâmetro tem sido apresentado como um indicador promissor do estado nutricional de idosos, sendo útil na prática clínica e em estudos populacionais. Representa um potencial auxílio tanto na determinação do estado nutricional de idosas, quanto no diagnóstico precoce de alterações celulares decorrentes de alterações metabólicas decorrentes da má nutrição.

    Sendo assim, a investigação cautelosa da correlação entre o ângulo de fase e medidas antropométricas se faz significante para a saúde pública uma vez que a o aparelho bioimpedância é de custo relativamente baixo, entretanto, ainda não acessível aos serviços públicos de saúde no país. Considerando sua eficácia diagnóstica, e sendo as medidas corporais boas preditoras dos resultados de ângulo de fase, tem-se um potencial auxílio tanto na determinação do estado nutricional de idosas, quanto no diagnóstico precoce de alterações celulares decorrentes de alterações metabólicas decorrentes da má nutrição.

    Ainda é importante destacar a necessidade de realização de mais estudos neste âmbito com o intuito de se conhecer melhor o comportamento desta variável em idosas eutróficas e com sobrepeso, esclarecendo assim suas possíveis diferenças. Neste mesmo sentido, efetuar um melhor controle de fatores de confusão como o uso o uso de medicação anti-hipertensiva.

    Diante do exposto verifica-se a importância de se investigar o uso do ângulo de fase de forma a aperfeiçoar a utilização de instrumentos simples na identificação do risco de desenvolvimento de complicações metabólicas causadas por mudanças na composição corporal e balanço fluídico.

Referências bibliográficas

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