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A incidência de LER e DORT dos colaboradores
do Banco do Estado do Rio Grande do Sul no Município de
Torres, RS: uma proposta de um programa de ginástica laboral

La incidencia de trastornos músculo-esqueléticos de los empleados del Banco de Río Grande 

do Sul en la Ciudad de Torres, RS: propuesta de un programa de actividad física laboral

 

*Graduado em Educação Física

Universidade Luterana do Brasil, Torres, RS

**Graduada em Educação Física

Mestre em Ciências do Movimentos Humano. UDESC, SC

Roberto Schardosim Vargas*

Marinei Lopes Pedralli**

marinei.lopespedralli@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O estudo propôs avaliar a incidência de LER e DORT nos colaboradores de uma agência do Banco do Estado do Rio Grande do Sul no município de Torres. Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória, composto por 32 sujeitos, sendo 19 do gênero masculino e 13 do gênero feminino, na faixa etária de 18 a 57 anos de idade. Utilizou-se durante o trabalho um questionário formulado, adequando-se à necessidade da amostra, com adaptações de outros questionários, contendo um diagrama com a descrição das regiões corporais. Foram observados em nossa pesquisa alguns casos de LER e DORT, assim como foi possível constatar que algumas dores são bem relevantes e dificultam o processo de trabalho dos colaboradores elevando em alguns casos o nível de estresse, tornando-se indispensável à implantação de um programa de Ginástica Laboral (GL), para diminuirmos o absenteísmo e melhorar a qualidade de vida dos colaboradores do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, no Município de Torres.

          Unitermos: LER. DORT. Ginástica laboral.

 

Resumen

          Este estudio propone evaluar la incidencia de LER y DORT en los empleados de una sucursal del Banco do Estado do Rio Grande do Sul, en el municipio de Torres. Se trata de un estudio descriptivo, exploratorio, realizado con 32 sujetos, 19 hombres y 13 mujeres, con edades entre 18-57 años de edad. Fue utilizado durante el estudio un cuestionario formulado por adaptarse a la necesidad de la muestra, con algunas adaptaciones de otros cuestionarios, que contiene un diagrama que describe las partes del cuerpo. Fueron observados en nuestro estudio de algunos casos de LER y trastornos músculo esqueléticos, ya que se descubrió que algunos dolores son muy importantes e impiden el proceso de realizar el trabajo de los empleados, en algunos casos elevando el nivel de estrés, por lo que es esencial implementar un programa de Actividad Física Laboral, para disminuir el ausentismo y mejorar la calidad de vida de los empleados del Banco do Estado do Rio Grande do Sul, en el municipio de Torres.

          Palabras clave: LER. DORT. Actividad física laboral.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Em um país como o Brasil, infelizmente as questões relacionadas com adequação ergonômica dos ambientes de trabalho ainda estão longe de ser realidade. Poucas empresas e instituições estão preocupadas em oferecer aos seus colaboradores condições ideais, não se preocupando em investir na melhora da qualidade de vida, mas apenas com o que seus trabalhadores poderão produzir (OLIVEIRA, 2004).

    Com o grande avanço tecnológico, o processo de trabalho evoluiu em busca de maior produtividade num esquema de automatização e especialização. Tal situação obriga o trabalhador a intensos e inadequados movimentos da coluna, membros superiores, região escapular e pescoço, levando freqüentemente a desordens neuro músculo-tendinosas. (BRANDÃO, 2005).

    As afecções músculo-esquelético relacionadas com trabalho, que no Brasil tornaram-se conhecidas como Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e/ou Distúrbios Osteomusculares Relacionada ao Trabalho (DORT) representam o principal grupo de agravos à saúde, entre as doenças ocupacionais em nosso país. (O'NEILL, 2000).

    Segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT), os países arcam com custos médios equivalentes a 4% de seu Produto Interno Bruto (PIB), a cada ano, em decorrência de acidentes de trabalho, de tratamento de doenças, de lesões e de incapacidades relacionadas ao trabalho (ANDRADE, 2000).

    Partindo da mesma idéia, Teixeira (2001) confirma que entre trabalhadores brasileiros, 80 a 90% das doenças ocupacionais, desde 1993, estão relacionadas aos distúrbios Osteomusculares decorrentes de problemas de trabalho. O mesmo autor relata os valores da perda econômica decorrente de acidentes de trabalho calculado em 20 bilhões de reais, ou seja, 2% do PIB nacional, e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho têm uma ocorrência de 70% entre as doenças ocupacionais.

    Em outro estudo, desenvolvido pela Folha de São Paulo (2001), verificou-se que, dos 310.000 trabalhadores paulistanos diagnosticados pelos médicos, 14% eram portadores de LER/DORT, sendo 6% dos trabalhadores da cidade de São Paulo, ou seja, 4% da população. Dessa forma, fica evidente que se as entidades que envolvam governo, empresários, médicos, entre outros, não tomarem providências com relação a esse problema, em um futuro próximo, teremos um grande número de pessoas afastadas do trabalho, gerando cifras milionárias em custos com aposentadorias, com tratamentos de problemas, entre outros.

    Devido a grande importância de se diagnosticar as LER e DORT o mais cedo possível, para poder diminuir os gastos clínicos e de absenteísmo, o presente estudo objetivou avaliar a incidência de LER e DORT dos colaboradores do Banco do Estado do Rio Grande do Sul no Município de Torres/RS, propondo um programa de Ginástica Laboral (GL) como uma solução mais rápida e efetiva, tendo em vista que ela é uma atividade desenvolvida por meio de exercícios específicos de alongamento, de fortalecimento muscular, de coordenação motora e de relaxamento, realizados nos diferentes setores ou departamentos da empresa, tendo como objetivo principal prevenir e diminuir os casos de LER/DORT (OLIVEIRA, 2006).

2.     Método

    Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, composto por 32 colaboradores, sendo 19 (59,4%) do sexo masculino e 13 (40,6 %) do sexo feminino, na faixa etária de 18 a 57 anos de idade, que compões o quadro de funcionários do Banco do Estado do Rio Grande do Sul no Município de Torres/RS. Os colaboradores assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido à entrada do estudo. Foram incluídos todos os colaboradores que estavam presentes durante o período de pesquisa.

    O instrumento utilizado na pesquisa foi um questionário formulado, adequando-se à necessidade da amostra, com adaptações de outros questionários, entre eles, o questionário utilizado por JORGE (2003), o questionário de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (OMS), traduzido por FLEK, o questionário aplicado por MOREIRA (2002) e o mapa de desconforto postural, propostos pelos autores CORLETT & BISHOP (1976), contendo um diagrama com a descrição das regiões corporais, sua aplicação foi realizada na forma de entrevista estruturada.

    Os dados foram organizados em tabelas utilizando os recursos do SPSS® versão 18.0, sendo estimados os intervalos de confiança de 95% para as variáveis descritivas.

3.     Resultados e discussões

    Os fatores contributivos mais importantes para a apresentação de LER e DORT são: força, repetição, velocidade e movimentos, como cálculos, digitação, escrita, atendimento ao telefone, entre outros (FORNASARI et al., 2000).

    Com relação ao tempo que estão executando o mesmo tipo de atividade dentro da empresa, 15 (46,9%) responderam que estão na mesma atividade a mais de 20 anos, 12 (37,5%) responderam que estão a menos de 2 anos e 4 (12,5%) responderam que estão a mais de 30 anos.

    Ao que se refere a dor, percebe-se que ela esta mais presente no dia a dia do colaborador do que se imagina. 93,7% dos colaboradores do Banco do Estado do Rio Grande do Sul entendem que a dor se presente, interfere no rendimento de seu trabalho, assim como 68,7% apresentam dores após o seu expediente. Foram evidenciadas em nossa pesquisa que algumas dores apresentam maior relevância entre os colaboradores do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, como à dor na nuca que segundo Viljanen et al. (2003), a dor no pescoço é particularmente prevalente em determinadas profissões, como os trabalhadores de escritório (Tabela 1). Outra dor que aparece em grande parte dos entrevistados é a dor nas costas.

    Souza (1998) enfatiza ainda, que queixas significativas entre os usuários de computador caracterizam-se por impotências de preensão manual, dores no antebraço e desânimo, podemos acompanhar durante este trabalho que 24 (75%) apresentam dores nos ombros, assim como 19 (59,4%) apresentam dores no antebraço e 21 (65,6%) apresentam dores nos pulsos e mãos (Tabela1).

    Podemos analisar ainda em nossa pesquisa que 9,4% dos colaboradores acreditam que possuem hiperlordose, 9,4% acreditam que possuam escoliose e 21,9% acreditam que possuam hipercifose. Concluímos também que 2 colaboradores que já sofreram problemas devidos a LER/DORT e a media de afastamento foi de 55 dias.

Tabela 1. Distribuição de dor/desconforto pela região anatômica referida

    As causas das LER/DORT são apontadas por diversos pesquisadores como um conjunto de fatores físicos e organizacionais do trabalho que, combinados, possibilitam o surgimento da síndrome. Dentre esses fatores, são citados: posturas inadequadas, natureza e repetitividade de movimentos e aplicação de forças, que podem influenciar diretamente o sistema músculo esquelético do trabalhador. Os fatores causais indiretos relacionam-se ao conteúdo das atividades à qualidade da comunicação, períodos prolongados de trabalho, ausência de pausas, não rotatividade de tarefas, fatores psicológicos, tais como o estresse, pressão pela produção e o relacionamento entre as chefias e funcionários (MACIEL, 1998; CODO, 1998; RANNEY, 2000).

    Observou-se durante o estudo que o estresse se apresenta relacionado a diversos fatores sendo que 24 (75%) sofrem com esse problema, dos entrevistados 3 (9,4%) responderam que o estresse estava relacionado com os colegas de trabalho, 9 (28,1%) com os clientes, 3 (9,4%) com os superiores, 4 (12,4%) com o atendimento ao telefone e 5 (15,5%) com o acumulo de trabalho (Tabela 2).

Tabela 2. Classificação do estresse relatado pelos colaboradores do Banco do Estado do Rio Grande do Sul

    Outra variável observada foi em relação ao cansaço durante o trabalho, 9(28,1%) reconhecem que não sentem nenhum tipo de cansaço já 9(28,1%) admitem sentir um pouco e 14(43,8%) sentem muito cansaço. Também perguntamos aos colaboradores sobre o cansaço após o expediente, 8(25%) sentem pouco, 7(21,9%) sentem um cansaço médio, 14(43,8%) sentem muito e 3(9,4%) sentem-se completamente esgotados.

    Esse cansaço normalmente ocorre devido a falta de preparação para a execução dos exercícios da jornada de trabalho.

    “Nem sempre a um equilíbrio entre as exigências e as possibilidades do trabalhador em respondê-las, seja porque as condições de trabalho não favorecem, seja porque as características do trabalhador são incompatíveis com tais exigências.” (DIAS & ALMEIDA, 2001, p. 430)

    Ao que se refere a freqüência de atividade física realizada semanalmente pelos colaboradores do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, podemos observar que 18(56,3%), ou seja, mais da metade, realiza no máximo uma atividade semanalmente. (Tabela 3).

Tabela 3. Freqüência de atividade física dos colaboradores do Banco Banrisul

    Segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT), os países arcam com custos médios equivalentes a 4% de seu Produto Interno Bruto (PIB), a cada ano, em decorrência de acidentes de trabalho, de tratamento de doenças, de lesões e de incapacidades relacionadas ao trabalho (ANDRADE, 2000). Sabendo que a GL proporciona benefícios, tanto para o trabalhador, quanto para a empresa. Além de prevenir as LER/DORT, ela tem apresentado resultados mais rápidos e diretos com melhora do relacionamento interpessoal e o alívio das dores corporais (OLIVEIRA, 2006; GUERRA, 995; MENDES, 2000).

    Propormos um programa bem elaborado de GL para a diminuição das dores e o aumento de vitalidade dos Colaboradores do Banco do Estado do Rio Grande do Sul.

    A Ginástica Laboral adaptada para as necessidades impostas pelo tipo de trabalho, realizada sem sair do posto, em breves períodos de tempo, ao longo de todo o dia de trabalho, pode produzir resultados positivos para os funcionários e para a empresa (PINTO & SOUZA, 2004).

    Seguindo a mesma idéia, Ferreira (1998) exemplifica: na DuPont do Brasil, para cada dólar investido no programa, a empresa economiza US$ 4,00 com a redução do número de licenças e despesas médicas, além de relatar um aumento da produtividade.

4.     Considerações finais

    O presente estudo procurou analisar os hábitos de vida e verificar a incidência de LER e DORT nos colaboradores do Banco do Estado do Rio Grande do Sul com idades entre 18 e 57 anos do Município de Torres/RS, propondo um programa de GL.

    Considerando os resultados encontrados pode-se concluir que pelas características de seus hábitos de vida, são indivíduos, em sua maioria, sedentários, que praticam pouca ou nenhuma atividade física ou atividade de lazer semanalmente.

    Encontramos também alguns casos de LER e DORT já em nível avançado, mas o mais preocupante é saber que quase a totalidade dos colaboradores identificou que a dor interfere pelo menos um pouco no seu rendimento dentro do expediente de trabalho.

    Em um ambiente como esse fica evidente, que a GL pode ser considerada a principal alternativa para o problema e pela diminuição do absenteísmo, pois é um exercício físico eficaz para prevenir doenças relacionadas ao trabalho e, assim, melhorar a qualidade de vida do trabalhador. É importante salientar que a ginástica, por si só, não terá resultados significativos, se não houver uma elaborada política de benefícios sociais, além de estudos ergonômicos.

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