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Equações de predição de 1RM para os exercícios puxador frente,
pull down e remada unilateral a partir de 1RM no exercício puxador costas

Ecuaciones de predicción de 1RM para los ejercicios press frontal, pull down
y remada unilateral a partir de 1RM en el ejercicio press de espalda

 

*Curso de Especialização em Fisiologia do Exercício da UFSCar, São Carlos, SP

**Sócio-diretor do Centro de Estudos em Fisiologia do Exercício, Musculação

e Avaliação Física, CEFEMA, Araraquara, SP

(Brasil)

Cristiani Gomes Lagoeiro*

Vanessa Teixeira Castellan*

Natalia Santanielo Silva*

Cassio Mascarenhas Robert-Pires**

Rodrigo Ferro Magosso**

cristianilagoeiro@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho foi verificar a correlação entre os valores de 1RM entre os exercícios Puxador Costas, Puxador Frente, Pull Down e Remada Unilateral e, através do valor de 1RM do Puxador Costas, desenvolver equações de predição para os demais exercícios. Foram selecionados oito indivíduos do sexo masculino, praticantes de treinamento de força, com média de idade de 25,88 ± 3,09 anos, percentual de gordura 8,00 ± 2,44 %, massa magra 74,32 ± 5,68 Kg, estatura 182,00 ± 4,31 cm, massa corporal 84,00 ± 7,62 Kg e índice de massa corporal 25,49 ± 2,13 Kg/cm2. Os voluntários realizaram cinco visitas ao local de teste, sendo a primeira para a determinação da composição corporal e as demais para o teste de 1RM de um dos exercícios por sessão de maneira aleatória, separadas por 72 horas. A análise dos dados foi feita por meio do teste de Shapiro Wilk, regressão linear e correlação de Pearson para relacionar os valores de força do exercício Puxador Costas aos demais exercícios. Através dos resultados obtidos, observou-se consideráveis correlações sendo, moderada para o Puxador Costas/Puxador Frente (R2=0,56); forte para o Puxador Costas/Pull Down (R2=0,84) e forte para o Puxador Costas/Remada Unilateral (R2=0,83). Com isso, podemos concluir que a partir do valor de 1RM do Puxador Costas, equações de predição podem ser desenvolvidas para os demais exercícios com alto grau de aplicabilidade para a prescrição do treinamento de força.

          Unitermos: Equações de predição. Teste de 1RM. Força muscular.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Um dos problemas enfrentados por treinadores e pesquisadores é saber como controlar a intensidade durante o treinamento de força (SINGH et al., 2007). Entretanto, para a prescrição de um treinamento eficiente, existem algumas variáveis que devem ser consideradas como: a intensidade da carga, o número de repetições e séries, o intervalo entre séries e sessões, a ordem dos exercícios, a velocidade de execução, a freqüência semanal (ACSM, 2002), sendo a intensidade normalmente respaldada pela aferição do percentual de força máxima, que ocorre através do teste de força máxima (CHAGAS et al., 2005; FLECK e KRAEMER, 2007; BRZYCKI, 1993).

    O teste de uma repetição máxima (1RM) vem sendo amplamente utilizado, seja como medida diagnóstica de deslocamento de peso, em que apresenta correlação com a força muscular, ou como parâmetro para a prescrição e monitorização de um determinado exercício (MAIOR et al., 2008). De acordo com a literatura, verifica-se que o teste de uma repetição máxima é considerado padrão-ouro na avaliação do deslocamento de peso através da força dinâmica, uma vez que é um método prático, de baixo custo operacional e aparentemente seguro para a sua aplicabilidade (POLLOCK e ABADIE, 2000; MAIOR et al., 2008). Para essa aplicabilidade, Knutzen et al. (1999) apresentaram a importância de se utilizar a previsão na determinação de uma equação para 1RM. Porém, devido à demorada utilização e as limitações impostas por esse tipo de teste, algumas equações foram desenvolvidas visando estimar a carga máxima que um indivíduo pode suportar através da utilização de cargas submáximas (LACIO et al., 2010). Os testes de cargas submáximas encontrados na literatura podem ser de número máximo de repetições com uma carga fixa arbitrariamente determinada (MAYHEW et al., 1999), com uma carga baseada em um percentual da massa corporal (SCHELL et al., 1999), em um percentual de 1RM (KRAVITZ et al., 2003), ou de carga máxima para um número preestabelecido de repetições (PEREIRA E GOMES et al., 2001).

    Para a elaboração das equações de predição de 1RM, Willardson et al. (2004) utilizaram repetições máximas para relacionar diferentes exercícios. Eles analisaram através de 10RM a relação entre o leg press 45º e o agachamento com peso livre em indivíduos destreinados e treinados. Reynolds et al. (2006), investigaram múltiplas repetições máximas (5,10 e 20RM) para o leg press e supino reto. Em contrapartida, outros estudos estabeleceram equações a partir de repetições máximas utilizando apenas um determinado exercício (BRECHUE et al., 2012; DESGORCES, et al., 2010; RONTU et al., 2010).

    Contudo, apesar da literatura obter diversos estudos envolvendo a estimativa de 1RM, poucos focaram a possível predição entre diferentes exercícios utilizando como referência apenas os valores de 1RM. Portanto, o objetivo desse estudo foi verificar a correlação entre os valores de 1RM dos exercícios Puxador Costas, Puxador Frente, Pull Down e Remada Unilateral e, a partir do valor de 1RM do exercício Puxador Costas, desenvolver uma equação de predição de 1RM para os demais exercícios.

Materiais e métodos

Amostra

    A amostra foi constituída de oito voluntários do gênero masculino e praticantes de treinamento de força há pelo menos três anos, não fumantes e não usuários de esteróides anabólicos androgênicos. De acordo com o American College of Sports Medicine (2002) os indivíduos foram considerados como “treinados” em força. Foram excluídos os indivíduos com histórico conhecido de doença cardiovascular, respiratória, diabetes, hipertensão, desordem hormonal, lesão muscular (últimos 12 meses), lesões ortopédicas que limitassem a execução total ou parcial dos movimentos, além daqueles que estavam administrando ou haviam administrado medicação ou suplementos nos seis meses que antecederam o início do estudo. Todos os participantes foram informados dos procedimentos e riscos do estudo.

Protocolo experimental

    Para verificar a relação entre os exercícios, os voluntários realizaram cinco visitas ao local de teste, sendo a primeira delas para a determinação da composição corporal e as demais para o teste de 1RM nos exercícios Puxador Costas, Puxador Frente, Pull Down e Remada Unilateral. As sessões foram realizadas de maneira aleatória, separadas por 72 horas e sempre no mesmo horário do dia para evitar interferências do ritmo circadiano.

    Para a análise da composição corporal foram realizadas as seguintes medidas: massa corporal (Kg), massa magra (Kg), percentual de gordura (%), dobras cutâneas (mm): peitoral, abdominal e coxa e índice de massa corporal (Kg/m2). A medida de massa corporal (Kg) foi realizada numa balança antropométrica da marca Filizola®. A estatura foi medida com os voluntários descalços, em posição ortostática e olhar para o horizonte (plano de Frankfurt) com a utilização de um estadiômetro acoplado na balança antropométrica com precisão de 1 mm. O índice de massa corporal foi calculado a partir da razão da massa corporal, dividida pelo quadrado da altura. Para as medidas de espessura das dobras cutâneas foi utilizado o compasso de dobras cutâneas Cescorf®.

    Para a determinação da densidade corporal utilizou-se a equação de Jackson e Pollock (1978). Após a determinação do valor da densidade corporal foi determinado o percentual de gordura a partir da equação de Siri (1961).

Teste de Uma Repetição Máxima (1RM)

    Após o aquecimento geral (corrida leve de 10 minutos em esteira rolante a 50% da freqüência cardíaca máxima) os indivíduos executaram uma série de aquecimento de oito repetições a 50% de 1RM estimada (de acordo com a experiência de treinamento dos participantes). Após um minuto de descanso, uma série de três repetições a 70% de 1RM estimada foi realizada.

    Os levantamentos seguintes foram repetições simples com cargas progressivamente mais pesadas. O teste foi repetido até a 1RM ser determinada. O intervalo de descanso entre cada tentativa foi de três minutos e para a determinação da carga máxima foram realizadas de três a cinco tentativas.

    Todos os procedimentos para determinação da força máxima dinâmica, inclusive a padronização das angulações de movimentos seguiram as descrições de Brown e Weir (2001).

Execução dos exercícios

    Os exercícios foram executados de acordo com as descrições abaixo:

Análise estatística

    Os dados foram expressos pela estatística descritiva, média ± desvio padrão. A análise estatística foi realizada pelo teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Em seguida, foi feita regressão linear e correlação de Pearson para relacionar os valores de força entre o Puxador Costas e os demais exercícios.

Resultados

    Na tabela 1 estão apresentados os dados que caracterizam a amostra: idade, percentual de gordura, massa magra, estatura, massa corporal, IMC e tempo de treino dos voluntários analisados, com média e desvio padrão.

Tabela 1. Características antropométricas da amostra (n = 8)

    Os valores de 1RM para os exercícios foram: Puxador Costas = 93,00 ± 14,38; Puxador Frente = 90,13 ± 13,17; Pull Down = 78,75 ± 11,35; Remada Unilateral = 54,00 ± 11,01. A tabela 2, abaixo, demonstra as médias e desvio padrão dos valores de 1RM de cada exercício analisado.

Tabela 2. Médias ± Desvio Padrão dos valores de 1 RM dos exercícios estudados

    A regressão linear é descrita considerando os valores de 1RM do Puxador Costas como variável independente (eixo x) e os valores de 1RM dos demais exercícios como variáveis dependentes (eixo y). Com isso, de acordo com a relação entre os exercícios, temos as seguintes equações e os valores de R2: Puxador Costas/Puxador Frente: y=0,6892x+26,027 (R2=0,56); Puxador Costas/Pull Down: y=0,7238x+11,441 (R2=0,84); Puxador Costas/Remada Unilateral: y=0,6989x-10,997 (R2=0,83). Os gráficos são apresentados nas figuras 1, 2 e 3 abaixo.

Figura 1. Gráfico de correlação entre os exercícios Puxador Costas/Puxador Frente, equação de predição de 1RM e valor de R2

 

Figura 2. Gráfico de correlação entre os exercícios Puxador Costas/Pull Down, equação de predição de 1RM e valor de R2

 

Figura 3. Gráfico de correlação entre os exercícios Puxador Costas/Remada Unilateral, equação de predição de 1RM e valor de R2

Discussão

    Existem, na literatura, vários estudos satisfatórios para predição desenvolvidos através da correlação com a força máxima no teste de 1 RM (MATERKO et al., 2007; MAYHEW E HAFERTEFE, 1996; MAYHEW et al., 2004). Por isso, conhecer os valores de 1RM é imprescindível já que sua utilização estabelece o controle da intensidade da carga a ser utilizada na prescrição do treinamento de força. Porém, a aplicação do teste é, na maioria das vezes, muito demorada. Pensando nisso, o presente estudo investigou, através dos valores de 1RM, a correlação entre os exercícios Puxador Costas, Puxador Frente, Pull Down e Remada Unilateral e o desenvolvimento de equações de predição, a partir dos valores de 1RM do exercício Puxador Costas, para os demais exercícios.

    Os resultados apresentaram consideráveis correlações entre os valores de 1 RM no Puxador Costas em relação aos demais exercícios onde: Puxador Costas/Puxador Frente – correlação moderada (R2=0,56); Puxador Costas/Pull Down – correlação forte (R2=0,84); Puxador Costas/Remada Unilateral – correlação forte (R2=0,83). A correlação moderada entre o Puxador Costas e o Puxador Frente pode ser devido à similaridade da musculatura e movimentos envolvidos nestes exercícios pois, apesar dos valores de 1RM serem ligeiramente elevados para o exercício Puxador Costas, não houve diferenças significativas. Essas informações corroboram com as de Carpenter et al. (2006) que referem como diferença básica entre a puxada por trás e a puxada pela frente (no caso de aparelhos de roldana) a posição do tronco (mais estendido para a puxada pela frente) e a cervical (mais flexionada para a puxada por trás). Ainda em seu artigo Carpenter et al. (2007) concluem que a puxada por trás mostrou leve superioridade na ativação elétrica de quase todos os músculos quando comparado com a puxada pela frente, porém apenas o trapézio apresentou diferença significativa de ativação (maior para a puxada por trás).

    Em contrapartida, as fortes correlações dos exercícios Pull Down e Remada Unilateral com o Puxador Costas podem ser explicadas devido à similaridade da musculatura envolvida nos exercícios, porém com distinção dos movimentos. Esta informação corrobora com a descrição de Marchetti et al. (2007), onde, segundo os autores, os exercícios Puxador Costas, Pull Down e Remada Unilateral envolvem diferentes movimentos como adução e extensão de ombros, rotação inferior de escápulas, flexão de cotovelos, adução e depressão de escápulas, porém os músculos envolvidos são basicamente os mesmos. A única diferença significante está nos músculos bíceps braquial, braquial anterior e braquiorradial que não atuam na execução do exercício Pull Down. Essa não atuação se deve ao fato desses músculos participarem na flexão de cotovelos, movimento esse, ausente neste exercício.

    Outro fator importante, que pode ter contribuído para as consideráveis correlações, é a familiarização dos voluntários em relação aos exercícios estudados. Dias et al. (2005) e Gurjão et al. (2005), sugerem a necessidade da utilização do procedimento de familiarização no teste de 1RM para minimizar os possíveis equívocos de interpretação associados a valores iniciais subestimados. Apesar disso, no presente estudo, esse procedimento não foi utilizado devido ao tempo de treinamento dos voluntários e pelo fato de todos os exercícios já fazerem parte do programa de treinamento.

    Devido às consideráveis correlações obtidas, as equações de predição desenvolvidas se mostram eficientes no que diz respeito à sua aplicabilidade. Isso porque, a partir dessas equações, apenas um único teste se torna necessário para a predição de 1RM nos demais exercícios relacionados ao mesmo grupo muscular. Por exemplo: supondo que o valor de 1RM no Puxador Costas seja de 95 Kg onde, x (variável independente) é o valor de 1RM no Puxador Costas e y (variável dependente) será o valor de 1RM encontrado referente ao exercício correlacionado. Sendo assim, substituindo o valor de x nas equações teremos os seguintes resultados: Puxador Frente: y=0,6892x+26027 = 92Kg; Pull Down: y=0,7238x+11,441=80Kg; Remada Unilateral: y=0,6989x-10,997 = 55Kg.

    Estudos anteriores relacionam a precisão de algumas equações de predição de 1RM (ALTORFER, et al., 1997; DOHONEY, et al., 2002; PLOUTZ-SNYDER & GIAMIS, 2001). A eficiência destas equações depende da sua fiabilidade de estimação de 1RM (MAYHEW, et al., 1995). Apesar da grande quantidade de estudos, muitas equações, já com uso generalizado, não apresentam ainda indicadores da sua adequabilidade para praticantes habituais de treino da força (LACIO et al., 2010). Além disso, esses estudos estão voltados, na sua maioria, aos testes submáximos.

Conclusão

    O presente estudo mostra que, a partir do valor de 1RM do Puxador Costas, é possível desenvolver equações de predição para os demais exercícios com correlação moderada para o Puxador Frente, forte para o Pull Down e forte para a Remada Unilateral. Porém, mais estudos são necessários para a predição de 1RM e o desenvolvimento de equações utilizando apenas os valores de 1RM como parâmetro pois, o teste seria mais rápido com menos chances de lesões, seria viável para sua aplicabilidade nos variados grupos de indivíduos, as intensidades ideais para o treinamento seriam obtidas com mais eficácia facilitando assim o trabalho dos profissionais que trabalham com o treinamento de força.

Referências

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