efdeportes.com

Avaliação dos arcos plantares em escolares
da cidade de Campina Grande, PB

Evaluación de los arcos plantares en escolares de la ciudad de Campina Grande, PB

 

*Coautor. Graduado em Educação Física, UEPB

Especialista em Educação Física Escolar, Gama Filho, RJ

**Coautor. Graduado em Educação Física, UEPB

Especializando em Educação Física Escolar, UEPB

***Orientador:, Gama Filho, RJ

Hertz Colombo Barbosa Xavier*

Allan Kardec Alves da Mota**

Prof. Ms. Eduardo Augusto Carreiro***

ak_mota21@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O pé é um elemento importante para a estrutura corporal, principalmente para o sistema postural além de ser a região que mais sofre variações anatômicas em todo o corpo humano, sendo uma das características mais importantes e de maior variabilidade o arco longitudinal medial, que devido à complexidade de sua anatomia, pode se deformar de múltiplas maneiras. Este trabalho objetivou avaliar as alterações nos arcos plantares entre alunos do 6º ano da rede municipal de ensino da cidade de Campina Grande - PB, através da análise da pressão plantar obtida pelo plantigrama, descrevendo-as e observando a incidência de desvios posturais nos arcos plantares dos escolares e a prevalência referente ao tipo de alteração podal predominante na amostra, para elaboração de propostas de reeducação motora dos padrões posturais através de exercícios terapêuticos. Os resultados mostraram que indivíduos na idade escolar entre 10 a 15 anos apresentaram alterações plantares em 20%. Dentre os tipos de pés encontrados na amostra, houve prevalência de 76% de pés normais e, analisando as alterações plantares encontradas, 19% foram para pés planos e 5% para pés cavos. Para cada faixa etária, foi constatada a prevalência de pés normais e, dentre as alterações existentes, 5% dos pés planos se encontram na menor faixa etária (10 – 11 anos). Na classificação plantar normal bilateral, os valores para ambos os sexos são semelhantes, com 67% para o sexo masculino e 66% para o sexo feminino. Os resultados do presente estudo permitem concluir que a criança na sua fase escolar necessita de um acompanhamento especial com relação ao desenvolvimento motor e que o Educador Físico deve estar preparado para detectar possíveis alterações posturais e orientar seus alunos quanto aos padrões músculo-esqueléticos adequados através de informações e exercícios terapêuticos específicos.

          Unitermos: Avaliação. Arcos plantares. Escolares.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Através da evolução, os seres humanos assumiram uma postura bípede, afetando principalmente a coluna e membros inferiores (MAGEE, 2002). O pé é a região que mais sofre variações anatômicas em todo o corpo humano e uma das características mais importantes e de maior variabilidade é o arco longitudinal medial (CAVANAGH e RODGERS, 1987).

    No ambiente escolar encontramos crianças e adolescentes, desenvolvendo hábitos posturais incorretos e praticando atividades físicas não compatíveis com o seu desenvolvimento. Por isso é importante a avaliação postural para detectar desequilíbrios posturais e encaminhar os alunos às atividades de maior benefício sem riscos. Sendo assim, a escola seria o local ideal para atuação do profissional de Educação Física não só, para jogos, esportes, dança e recreação. Mas também, atuando na educação postural dos alunos, de modo a prevenir e combater o surgimento e desenvolvimento de alterações posturais (VERDERI, 2003).

    Sendo, o pé, uma região tão passiva a variações anatômicas, é importante que seja atribuído um cuidado específico desde as primeiras fases do desenvolvimento humano e a fase escolar torna-se fundamental, visto que nessa fase várias novas atividades lúdicas podem ser experimentadas, promovendo também um maior equilíbrio postural.

    Cada atividade trabalhada na escola deve ser bastante diversificada, atingindo os membros inferiores uniformemente, com estímulos satisfatórios de modo a evitar que o estilo de vida atual, onde se passa muito tempo na posição sentado (seja assistindo televisão, no computador ou até mesmo em sala de aula), comprometa o desempenho motor da criança.

    Identificando as possíveis alterações podais, através deste estudo, será possível informar pais e alunos da importância de melhores posicionamentos posturais, prevenir desequilíbrios e orientar com eficiência, desenvolvendo exercícios físicos específicos para cada tipo de alteração no arco plantar, visando à reeducação motora dos padrões posturais, além de alertar a direção escolar para a implantação de setores de acompanhamento motor da criança na própria escola.

    Nesse contexto, a Educação Física passa a ser evidenciada não só em nível de execução de movimentos realizados aleatoriamente (como de costume), mas principalmente no direcionamento das atividades adequadas e orientação (propostas de instrução) na profilaxia dos desequilíbrios posturais e reeducação motora dos padrões posturais.

    A relevância para o meio científico será pautada através da contribuição para planejamentos de exercícios físicos específicos e profiláticos para cada tipo de alteração no arco plantar.

    Esse estudo teve como objetivo avaliar as alterações nos arcos plantares dos alunos do 6º ano, através da análise da pressão plantar obtida pelo plantigrama, descrevendo as alterações posturais relativas aos arcos plantares, verificando a incidência nos escolares em questão. Através dessa avaliação, foi possível determinar a prevalência referente ao tipo de alteração podal predominante na amostra, sendo possível desenvolver propostas de reeducação motora dos padrões posturais através de exercícios físicos específicos para cada tipo de alteração no arco plantar.

Revisão de literatura

    Segundo Lopes (2005) postura seria posição ou atitude do corpo; arranjo relativo das partes do corpo para uma atividade especifica, ou uma maneira característica de alguém sustentar o corpo; alinhamento das partes do corpo em relação recíproca e com o ambiente. Para Palmer e Epler (2000) A postura correta consiste no alinhamento do corpo com eficiências fisiológicas e biomecânicas máximas, minimizando os estresses e as sobrecargas sofridas ao sistema de apoio pelos efeitos da gravidade.

    A compreensão da postura e sua estabilidade abordam o conceito de controle postural. O alinhamento dos segmentos corporais e as alterações posturais afetam a localização do centro de gravidade, o que repercute em alteração na estabilidade do corpo (DANIS et al, 1998). A posição na qual um mínimo estresse é aplicado em cada articulação pode ser considerada como postura correta, pois qualquer posição que aumente o estresse sobre as articulações pode ser denominada postura defeituosa (MAGEE, 2002).

    Uma má postura propicia muitos desequilíbrios posturais, pois quando um indivíduo permanece muito tempo numa postura inadequada, o seu corpo estará submetido a uma sobrecarga mecânica e com isso ela ocasionará síndromes dolorosas devido a alterações dos padrões músculo-esqueléticos (VERDERI. 2005).

    Carvalho (2002) afirma que na posição em pé, estática, mantida por muito tempo, pode-se observar que o indivíduo faz uma alternância na distribuição dos pesos entre os pés para diminuir a fadiga que causa nos membros inferiores.

    O pé é o segmento corporal que serve de base a todo o edifício humano e é encarregado de suportar todo o peso corporal na posição bípede e durante a marcha, tendo grande importância não só na estática como na dinâmica do corpo. Os pés são o suporte final do sistema postural e o meio de união com o solo; tem com isso que se adaptar às irregularidades vindas do próprio corpo ou do meio externo (BRICOT, 2001; STARKEY, 2001). É um suporte essencial para a posição bípede humana, estrutura tridimensional variável, base do mecanismo antigravitacional e estrutura fundamental para a marcha humana (VILADOT, 1986).

    Segundo Rasch e Burke (1986) o pé é formado por sete ossos do tarso (tálus, calcâneo, navicular, cubóide e três cuneiformes); cinco ossos metatársicos e quatorze falanges. A planta dos pés é rica em receptores cutâneos, exteroceptivos e proprioceptivos, que os torna um captor ou adaptador podal; com isso, no nível dos pés, diferentes informações podem intervir (BRICOT, 2001).

    Devido a toda essa complexidade de sua anatomia, o pé pode se deformar de múltiplas maneiras (JORDÃO e BERTOLINI, 1997). Os pés se ajustam aos desequilíbrios vindos de estruturas suprajacentes a eles, sendo eles então vítimas; ou podem ao mesmo tempo apresentar uma vertente causativa e outra adaptativa. Todas essas alterações podais podem ser responsáveis por causar desequilíbrios posturais (BRICOT, 2001; STARKEY, 2001).

    O arco é mais proeminente em uma posição na qual o pé não suporte peso; eventualmente, ele poderá ser anormalmente alto (pé cavo) ou ausente (pé plano). (HOPPENFELD, 1997).

    Manfio (1995) mapeou a pressão plantar e estabeleceu três principais regiões do pé: retropé, que determina a pressão exercida no calcâneo; antepé, que determina a pressão nas cabeças dos metatarsos e dedos e mediopé, que representa a pressão, normalmente no arco longitudinal externo do pé.

Pé Normal

    Possui o arco plantar longitudinal medial não acentuado ou baixo (VILADOT, 1986; HURWITZ, ERNST e HY, 2001).

Pé Cavo

    Apresenta, em situação estática ou dinâmica, um aumento anormal do Arco Plantar Longitudinal Medial. Este aumento, quando muito acentuado, faz com que a parte média da planta do pé perca totalmente o contato com o solo, transformando o arco em um verdadeiro túnel (MANFIO, 2001).

Pé Plano

    De acordo com Dangelo e Fattini (2000), a expressão pé plano indica a perda do arco longitudinal medial, que por si só não pode ser considerado como anormal.

    Segundo Snider (2000), no pé plano há uma diminuição ou ausência do arco longitudinal medial, podendo ser também chamado de pé valgo, pé pronado, pé chato ou pé plano valgo. As diferentes formas de pé plano estão caracterizadas por um apagamento do arco plantar. O arco plantar só se constitui, realmente, em torno dos 2 a 3 anos e, ainda que se constate freqüentemente um apagamento das arcadas, é prematuro falar em pé plano verdadeiro antes dos 9 ou 10 anos de idade (LAPIERRE, 1982).

    Através de instrumentos de avaliação da superfície plantar, como as impressões a tinta (imprints), podem-se verificar regiões com maior ou menor apoio ou sobrecarga. Os imprints consistem em métodos de impressão a tinta da superfície plantar onde as regiões de maior sobrecarga apresentam maior depósito de tinta. Nesse exame, a avaliação é subjetiva, com precisão limitada, não sendo possível quantificar os valores da pressão (ORLIN e McPOIL, 2000; RANDOLPH et al., 2000).

    De acordo com Manfio et al. (2001), dentre os diversos métodos de análise do desenvolvimento plantar, um dos mais comuns é o índice do arco plantar instituído por Staheli, que utiliza impressões plantares expostas em folhas de papel. Essa é uma técnica indireta, relativamente simples e facilmente realizável, utilizada como um método de avaliação quantitativa devido às suas vantagens e efetividade na aplicação clínica, como baixo custo no sistema de obtenção de imagens. O plantigrama se trata de um gráfico obtido da planta dos pés em um polígono, para avaliação do arco plantar.

    Esse método de avaliação permite identificar os vários formatos na curvatura do arco longitudinal medial com seus respectivos desvios anatômicos e alterações estático-posturais, o que torna fundamental na prevenção de futuros problemas articulares e posturais principalmente na infância.

    Na classificação dos tipos de arco plantar descrita por Staheli et al. (1987) é traçada uma reta L no sentido ântero-posterior da impressão plantar e em seguida duas retas horizontais A e B (a reta A na metade da reta L e a reta B com 1/6 da mesma). Dividia-se, então, a reta A pela B, e para as razões entre 0,3 e 1 cm, classificou-se o arco como normal; quando as razões foram superiores a 1 cm, os arcos foram classificados como planos. Para os valores inferiores a 0,3 cm, os arcos foram classificados como cavos.

    A idade escolar compreende a fase ideal para recuperação dessas disfunções de maneira eficaz; após esse período, o prognóstico torna-se mais difícil e o tratamento mais prolongado (BRUSCHINI, 1998). Hábitos posturais incorretos, que são adotados desde o ensino fundamental, são motivos de grandes preocupações, pois são crianças, e não adultos, o seu corpo está em fase de desenvolvimento e formação, onde se tomam mais susceptíveis às deformações nas estruturas músculo-esqueléticas, apresentando menor suportabilidade à carga (KNOPLICH, 1986).

    Para Oliver (1999) o problema do desvio postural usualmente começa na infância e é causado pelo fato de a pessoa sentar-se em posturas erradas, inclinados com os ombros caídos para frente, em cadeiras com altura inadequada, com assento que se inclina para trás ou escrevendo sobre mesas que são muito baixas e planas em vez de inclinadas. Tanto na escola quanto em casa. Segundo estudos realizados por Santos et al. (1998) a maioria dos escolares possui hábitos de vida propensos à aquisição de desvios posturais.

    A má postura é então um hábito adquirido na infância. Portanto é fundamental zelar pela saúde dos alunos nesse período. É neste contexto que o educador físico tem por atuação ser instrutor na profilaxia dos desequilíbrios posturais e mediador na reeducação motora dos padrões posturais, onde possibilitam atividades educativas, globalizantes e auto construtivas de maneira a atingir todas as necessidades que o aluno precise para adquirir uma harmonia corporal e uma boa qualidade física (VERDERI. 2005).

    Para CALVETE (2004, p. 67-72) “A postura adequada assume importância na infância e adolescência, uma vez que o alinhamento incorreto dos segmentos corporais constitui-se fator de risco para lesões abrutas ou eventuais nas práticas esportivas”.

    Mello (1983) enfatiza a importância da Educação Física Escolar atribuindo ao profissional de Educação Física o papel de instruir seus alunos sobre a posição correta que o corpo deve assumir perante diferentes atividades, além de alertá-los para que sejam fiscais de si mesmos, em relação à postura. Durante as aulas dessa disciplina e, principalmente no aquecimento, que são sugeridos exercícios tanto corretivos como preventivos, necessários e imprescindíveis, uma vez que a criança em idade escolar está mais suscetível às deformidades ósseas, porque a sua estrutura corporal esta em crescimento (ADAMS et al., 1985).

    Segundo as Leis de Diretrizes e Bases da Educação (VITTA, 2004), toda criança deverá completar o ensino fundamental. E dessa forma, todo o aluno ficará na postura sentada por muitos anos, ou seja, no mínimo oito anos, e muitas horas por dia nesta postura de maneira na maioria das vezes inadequadas, o que já e um fator de risco para sua saúde, pois segundo a literatura, e desaconselhável permanecer sentado por mais de 45 a 50 minutos sem interrupções.

    Quando se desenvolve desconforto por se manter uma postura constante ou por contrações musculares mantidas por certo período de tempo, o exercício de amplitude de movimento ativo, na direção oposta, ajuda a tirar a sobrecarga das estruturas de suporte, promover a circulação e manter a flexibilidade. Todos os movimentos são realizados lentamente, em toda amplitude com o paciente procurando sentir os músculos. As metas do exercício terapêutico aplicado à postura são: aliviar a dor e tensão muscular; restaurar a amplitude de movimento; restaurar o equilíbrio muscular; recuperar a percepção cinestésica; e controle do alinhamento normal (KISNER; COLBY, 2005).

    Achour (1996) considera que o educador pode propor exercícios de alongamento no próprio banco escolar para poder ser compensada as posturas inadequadas. O mesmo autor propõe a interrupção de determinada atividade ao se experimentar tensão e incômodo muscular, o autor aponta ainda a importância de encorajar já no ambiente escolar um estilo de vida mais ativo.

    As deficiências dos pés baseiam-se principalmente na carência de força da musculatura de pernas e pés e em defeitos da estruturação postural. Os exercícios abrangem a compensação de todas as deficiências e têm como pontos principais: agarrar e separar os artelhos, mobilizar e alongar, apoiar e molejar, saltitar e saltar.

Resultados e discussão

    A pesquisa foi realizada com alunos na faixa etária entre 10 a 15 anos que estavam devidamente matriculados no período letivo referente ao 6º ano do Ensino Fundamental, somando 40 participantes, sendo realizado o teste de plantigrama.

Gráfico 1. Dados referentes à incidência de alteração plantar nos indivíduos

    Após a obtenção dos dados visualizados no gráfico 1, foi possível constatar que 80% da amostra não possuía qualquer alteração e que 20% dos indivíduos apresentavam alguma alteração postural a nível de arcos plantares, podendo ser caracterizada como pé plano ou pé cavo. No gráfico que segue, foram observados os tipos de pés:

Gráfico 2. Dados referentes ao tipo de alteração predominante na amostra

    Dentre os tipos de pés encontrados na amostra, houve prevalência de 76% em pés normais e, analisando as alterações plantares encontradas, 19% foram para pés planos e 5% para pés cavos. Comparando esses últimos resultados, percebe-se um aumento no percentual de alterações plantares em 4%, considerando que um mesmo indivíduo pode apresentar diferentes classificações plantares para pé esquerdo e direito.

    No estudo realizado em Málaga (Espanha) por Márquez (1999), com escolares na faixa etária de 6 a 14 anos, com objetivo de analisar as alterações plantares em indivíduos na fase escolar, foi observado a maior incidência de pés normais em 65%, pés planos em 9,1% e pés cavos em 25,9%. Na tabela abaixo foi observada as classificações plantares de acordo com a faixa etária da amostra:

Tabela 1. Dados referentes às classificações dos tipos de pés de acordo com a faixa etária

    Observando a incidência plantar por faixa etária, percebe-se a prevalência de pés normais e, dentre as alterações existentes, 5% dos pés planos se encontram na menor faixa etária (10-11 anos), diminuindo essa alteração com o aumento da idade dos indivíduos, dessa forma, afirmando o estudo realizado no Brasil por Volpon (1989), onde foi avaliada a impressão plantar de 637 indivíduos de zero a 15 anos, mostrando que o pé plano diminui com a idade.

    Segundo Nobre et al. (2009) é durante a transição da infância até o fim da adolescência onde ocorrem as maiores modificações no processo de equilíbrio. Desta forma, o pé muda não somente suas dimensões físicas, mas também seu aspecto e sua forma, podendo haver grandes variações, devido os hábitos de vida adotados, entre faixas etárias e/ou dentro de uma mesma faixa etária, entre gêneros e assim por diante.

    As alterações plantares podem apresentar diferentes classificações de acordo com o membro (direito e esquerdo), caso um dos membros inferiores esteja sobrecarregado e o outro aliviado, o pé que suporta mais peso pode afundar em um pé chato, e o outro pé se colocar, às vezes, em pé cavo (LAPIERRE, 1982).

    Dentre as classificações plantares unilaterais encontradas, o sexo masculino apresenta 33% de alterações e o sexo feminino 34%, ressaltando que, não houve nenhuma incidência de pé cavo unilateral no sexo feminino. Para classificação plantar normal bilateral, os valores para ambos os sexos são semelhantes, com 67% masculino e 66% feminino.

Tabela 2. Dados referentes ao percentual de classificação dos pés de acordo com gênero

    Analisando os dados referentes às alterações plantares unilaterais os valores em percentuais por gênero foram divididos e quantificados conforme a tabela 2, onde os indivíduos do sexo masculino apresentaram maior incidência de alterações plantares no pé direito e o sexo feminino apresentou apenas alterações no pé esquerdo.

    Foi observado no estudo de Nobre et al. (2009), que o sexo feminino apresentou valores de alterações plantares semelhantes ao sexo masculino. Os pés esquerdos e direitos do sexo masculino encontraram-se classificados como planos em maior escala, dados que corroboram com o estudo em questão onde a prevalência de alterações plantares no sexo masculino também se encontra em pés planos.

Considerações finais

    Os achados do presente estudo evidenciaram através do Plantigrama que indivíduos na idade escolar entre 10 a 15 anos apresentaram alterações plantares com percentual de 20%. Dentre os tipos de pés encontrados na amostra, houve prevalência de 76% em pés normais e, analisando as alterações plantares encontradas, 19% foram para pés planos e 5% para pés cavos, percebendo-se um aumento no percentual de alterações plantares em 4%, considerando que um mesmo indivíduo pode apresentar diferentes classificações plantares para pés esquerdo e direito.

    Observando a incidência plantar por faixa etária, percebe-se a prevalência de pés normais e, dentre as alterações existentes, 5% dos pés planos se encontram na menor faixa etária (10-11 anos), diminuindo essa alteração com o aumento da idade dos indivíduos, dado este também comprovado por outros estudos.

    Outro dado bastante importante foi com relação à incidência de alterações bilaterais e unilaterais, que dentre as classificações plantares unilaterais foram encontrados, no sexo masculino prevalência em 33% de alterações plantares e no sexo feminino 34%, não havendo nenhuma incidência de pé cavo unilateral no sexo feminino. Na classificação plantar normal bilateral, os valores para ambos os sexos são semelhantes, com 67% para o sexo masculino e 66% para o sexo feminino.

    A importância da Educação Física Escolar atribui ao profissional de Educação Física o papel de instruir pais e alunos sobre a posição correta que o corpo deve assumir perante diferentes atividades, assim como desenvolver exercícios físicos específicos para cada tipo de alteração postural, visando também a reeducação motora, além de alertar a direção escolar para a implantação de setores de acompanhamento motor da criança na própria escola.

    Durante as aulas dessa disciplina é importante que sejam sugeridos exercícios tanto corretivos como preventivos, necessários e imprescindíveis, uma vez que a criança em idade escolar está mais suscetível às deformidades ósseas, porque a sua estrutura corporal esta em crescimento, além disso, a postura adequada na infância ou a correção precoce de desvios posturais nessa fase possibilitam padrões posturais corretos na vida adulta.

Referências bibliográficas

  • ACHOUR JUNIOR, A. Bases para exercícios de alongamento: relacionado com a saúde e desempenho atlético. Landline: Ideograph, 1996.

  • ADAMS, R. C.; DANIEL, A. N.; McCUBBIN, J. A.; RULLMAN, L. Jogos, esportes e exercícios para o deficiente físico. 3. ed. São Paulo: Manole, 1985.

  • BRICOT, B. Posturologia. 2. ed. São Paulo: Ícone, 2001.

  • BRUSCHINI S. Ortopedia pediátrica. 2ª ed., São Paulo: Atheneu; 1998

  • CALVETE, S. A. A relação entre alteração postural e lesões esportivas em crianças e adolescentes obesos. Motriz. Rio Claro, v.10, n.2, p.67-72, Maio./Agosto. 2004

  • CARVALHO, M. C. T. A postura de trabalho em pé: um estudo com trabalhadores lojistas. Tese de mestrado – Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2002.

  • CAVANAGH, P. R.; RODGERS, M. M. The arch index: an useful measure from footprints. J Biomech. 20:547-51; 1987.

  • DANGELO J.G.; FATTINI C. A. Esqueleto do pé. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar. 2.ed. São Paulo: Atheneu. p. 189-190, 2000.

  • DANIS, C. G.; KREBS, D. E.; GILL-BODY, K. M.; SAHRMANN, S. Relationship between standing posture and stability. Phys Ther 1998; 78(5): 502-46. Weber P. Resistence to nasal airflow related to changes in head posture. Am J Orthod; 80(5):536-545. 1981

  • HOPPENFELD, S. Propedêutica Ortopédica. Coluna e Extremidades. Atheneu. São Paulo, 1997.

  • HURWITZ, S.; ERNST, G. P.; HY, S. O pé e o tornozelo. In: CAVANAGH, P. K. (org). Reabilitação em medicina esportiva. São Paulo. Manole. p.329-353, 2001.

  • JORDÃO, M. T; BERTOLINI, S. M. M. G. Incidência de pé plano em crianças na faixa etária de 7 a 9 anos da rede escolar de maringá. Revista UNIMAR 19(2):639-647, 1997.

  • KISNER, C. & COLBY, L. A. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. 4. ed. São Paulo: Manole. p. 592, 597-8, 600-02, 2005.

  • KNOPLICH, J. Enfermidades da coluna vertebral. 2. ed. São Paulo. Panamed, 1986.

  • LAPIERRE, A. A reeducação física. 6. ed. São Paulo: Manole. v.2, 1982.

  • LOPES, A. Dicionário de fisioterapia, Rio de Janeiro, Guanabara, 2005.

  • MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 3. ed. Manole, 2002.

  • MANFIO, E. F. Estudo de parâmetros antropométricos e biomecânicos do pé humano para a fabricação de calçados segundo critérios de conforto, saúde e segurança. 1995. 112 p [Dissertação] (Mestrado em ciência do movimento humano). Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 1995.

  • MANFIO, E. F. Estudo de parâmetros antropométricos do pé. [Tese] (Doutorado em ciências do movimento humano). Universidade Federal de Santa Maria, 2001.

  • MELLO, P. R. B. Deficiência dos pés. Revista Educação Física. v. 4. n.7, p. 17-25, 1983.

  • MÁRQUEZ, R. C. Epidemiología del pie cavo en la población escolar de Málaga. [Tese] (Doutorado). Universidade de Málaga, 1999.

  • NOBRE G. C. et al. Análise do índice do arco plantar em escolares da zona rural. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 7, n. 2, p.1-12, maio/ago. 2009.

  • OLIVER, J. Cuidados com as costas: um guia para fisioterapeutas. 1 ed. São Paulo: Manole, 1999.

  • ORLIN, M. N.; MCPOIL, N.M. Plantar Pressure Assessment. Phys Ther 80(4):339-409, 2000.

  • PALMER, L. M.; EPLER, M. E. Postura. In: Palmer, LM; Epler, ME. Fundamentos das Técnicas de Avaliação Musculoesquelética. 2 edição, São Paulo: Guanabara Koogan, p.42-62. pp.195-212, 2000.

  • RASCH, P. J.; BURKE, R. K. Cinesiologia e anatomia Aplicada. 5. ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 1986.

  • SANTOS, S. G. et al. Educação postural mediante um trabalho teórico. Atividade Física & Saúde. Londrina. v.3. n 2. 1998.

  • SNIDER, R. K.; Tratamento das doenças do sistema musculoesquelético. São Paulo: Manole. 686p, 2000.

  • STAHELI, I. T.; CHEW, D. E.; CORBERT, M. The longitudinal arch. J Bone Joint Surg [Am] 69:426-428, 1987.

  • STARKEY, C.; RYAN, J. Avaliação de lesões ortopédicas e esportivas. Barueri, São Paulo: Manole, 2001.

  • VERDERI, E. Programa de educação postural. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2005.

  • VILADOT, A. P. Dez lições de patologia do pé. Livraria Roca LTDA. São Paulo, 1986.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 174 | Buenos Aires, Noviembre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados