efdeportes.com

A Educação Física escolar e o desenvolvimento humano

La Educación Física escolar y el desarrollo humano

School Physical Education and human development

 

*Mestre em Educação. Licenciado, Bacharel

e Especialista em Educação Física

Professor do Instituto Federal do Norte

de Minas Gerais, IFNMG Campus Januária, MG

**Especialista em Leitura e Produção de Textos

Licenciada em Letras/Português

Tutora Presencial da Universidade Federal

dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, UFVJM

Wilney Fernando Silva*

Gersiane Franciere Freitas Ribeiro**

wilney.silva@ifnmg.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho busca descrever a influência da abordagem Desenvolvimentista nas práticas atuais da Educação Física Escolar, bem como sua importância para o desenvolvimento humano, enfocando, neste contexto os jogos na infância. Para o levantamento de dados, foi realizada uma pesquisa bibliográfica em livros e artigos científicos especializados na área da Educação Física Escolar e Desenvolvimento Humano. Na primeira parte do trabalho, discutiremos alguns aspectos históricos da Educação Física, especialmente sobre as mudanças que ocorreram na área a partir da década de 1980. Na seqüência, apresentaremos conceitos e princípios acerca da abordagem desenvolvimentista da Educação Física. Na segunda parte do trabalho, discutiremos a contribuição da Educação Física Escolar e dos jogos para o desenvolvimento motor de crianças e adolescentes.

          Unitermos: Desenvolvimento Humano. Educação Física. Criança.

 

Resumen
         
Este estudio tiene como objetivo describir la influencia del enfoque desarrollista en la práctica actual de la Educación Física y su importancia para el desarrollo humano, centrándose, en este contexto, en los juegos en la infancia. Para obtener los datos de la encuesta, se realizó una búsqueda bibliográfica en libros y artículos científicos especializados en Educación Física y Desarrollo Humano. En la primera parte, se discuten algunos aspectos históricos de la Educación Física, sobre todo los cambios que se han producido en el área desde la década de 1980. A continuación se presentan los conceptos y principios sobre el enfoque del desarrollo de la Educación Física. En la segunda parte, se analiza la contribución de la Educación Física escolar y los juegos para el desarrollo motor de niños y adolescentes.

          Palabras clave: Desarrollo Humano. Educación Física. Infancia.

 

Abstract

          This study aims to describe the influence of developmentalist approach in current practice of physical education and its importance to human development, focusing in this context games in childhood. For the survey data, we conducted a literature search in books and scientific articles specialized in Physical Education and Human Development. In the first part, we discuss some historical aspects of physical education, especially about the changes that have occurred in the area from the 1980s. Following, we present concepts and principles about the developmental approach of Physical Education. In the second part, we discuss the contribution of physical education and games for the motor development of children and adolescents.

          Keywords: Human Development. Physical Education. Child.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A partir da década de 1980 a área da Educação Física passa por profundas modificações sócio-político-metodológicas. Os antigos pressupostos – rendimento padronizado, tecnicismo, seletividade, competitividade etc. – começaram a serem sentidos e contestados. Conforme afirma os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Educação Física, o Brasil não se tornou uma nação olímpica e a competição esportiva da elite não aumentou significativamente o número de praticantes de atividades físicas. Iniciou-se então uma profunda crise de identidade nos pressupostos e no próprio discurso da Educação Física, que originou uma mudança expressiva nas políticas educacionais: a Educação Física Escolar, que estava voltada principalmente para a escolaridade de quinta a oitava séries do primeiro grau, passou a dar prioridade ao segmento de primeira a quarta séries e também a pré-escola (BRASIL, 1997).

    Em oposição à vertente mais tecnicista, esportivista e biologicista surgem novas abordagens na Educação Física Escolar, inspiradas no momento histórico social pelo qual passou o país, nas novas tendências da Educação de uma maneira geral. Essas abordagens são denominadas por Soares et al (1992, p. 38), de “Movimento Renovador da Educação Física”. Este movimento entendia a instrumentalização do Movimento humano como meio de formação e a secundarização da transmissão de conhecimentos, que é uma das tarefas primordiais do processo educativo em geral e da escola em particular (SOARES et al, 1992).

    Atualmente coexistem na área várias concepções, todas elas tendo em comum a tentativa de romper com o modelo anterior, fruto de uma etapa recente da Educação Física. Essas abordagens resultam da articulação de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções filosóficas. Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação e reflexão para a área, o que a aproxima das ciências humanas. Embora contenham enfoques diferenciados entre si, com pontos muitas vezes divergentes, têm em comum a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano. Conforme Castellani Filho (2006), constituem as principais tendências da Educação Física: abordagem Psicomotora, Construtivista, Crítica e Desenvolvimentista.

    Em especial, a abordagem Desenvolvimentista, segundo Manoel (2008, p. 474), a “Educação Desenvolvimentista entende que a escola tem a responsabilidade de criar um ambiente sintonizado com as necessidades da criança definidas a partir do reconhecimento do processo de desenvolvimento pelo qual ela passa”. Esse processo é visto como regular e universal, cabendo ao educador traduzir os padrões desenvolvimentistas em atividades que o nutram.

    Ainda de acordo com o autor, numa abordagem Desenvolvimentista, o desenvolvimento curricular dever traduzir princípios e conceitos desenvolvimentistas como seqüência de desenvolvimento, estágios, e comportamentos típicos em metas e conteúdos de aula (MANOEL, 2008). Outro ponto a destacar é que a abordagem enfoca a universalidade do desenvolvimento. Nesse sentido, ela remete a um tratamento homogêneo para toda a população, respeitadas as etapas de desenvolvimento, mas ao mesmo tempo enfoca o indivíduo no que concerne ao seu potencial de realização pessoal. Assim, conforme Manoel (2008, p. 475), “o modelo desenvolvimentista prepara o indivíduo para se acomodar à sociedade”.

    O presente trabalho não se propõe a enveredar pelos conteúdos e tempos deste período, tarefa já realizada com tanta maestria por tantos autores. A nossa intenção aqui é discorrer sobre a influência que a abordagem Desenvolvimentista tem nas práticas atuais da Educação Física Escolar, bem como sua importância para o desenvolvimento humano, sobretudo nas crianças.

    Tani (2008), afirma que “o desenvolvimento do ser humano se dá a partir da integração entre a motricidade, a emoção e o pensamento”. Percebe-se que o desenvolvimento humano é resultado de um conjunto de elementos, dentre eles a motricidade. E, conforme a argumentação do referido autor, a Educação Física tem como objeto principal o movimento, denominador presente em vários campos sensoriais.

    Concordando com a linha de pensamento estabelecida até o presente momento, Voser e Giusti (2007), acrescentam que devido às possibilidades apresentadas pela Educação Física em desenvolver no sujeito, em especial, na criança e no adolescente, a dimensão psicomotora conjuntamente com os domínios cognitivos e sociais, ela deve ser uma disciplina obrigatória nas escolas. Argumentação que vai de encontro ao pensamento de Quintão et al (2004, p. 25), quando dizem:

    Dessa forma, percebe-se que a escola, e neste caso especifico a Educação Física, tem um papel fundamental no aprendizado e consequentemente no desenvolvimento dos indivíduos, desde que estabeleça situações desafiadoras para seus alunos.

    Os autores Voser e Giusti (2007), também comungam das idéias expostas por Quintão et al (2004), e ressaltam ainda que para que a escola possa promover aulas com qualidades, primeiro a instituição assim como seus atores educacionais devem compreender que a Educação Física possui a mesma importância que as outras disciplinas que compõem o currículo. Ou seja, ela também se faz necessária, na medida em que contribui para a formação do indivíduo. Neste sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais conceberam a Educação Física como componente curricular responsável por introduzir os indivíduos no universo da cultura corporal que contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde (BRASIL, 1997). Daí sua importância no seio escolar enquanto disciplina curricular que proporciona o desenvolvimento integral do ser humano.

    Uma outra questão, é a escola contratar profissionais que além de atender ao perfil solicitado por ela, desenvolva uma Educação Física na qual o movimento humano seja abordado como uma forma de crescimento e não como um ato mecânico em si mesmo. Para Quintão et al (2004), a Educação Física propicia a seus profissionais excelentes ferramentas que possam estimular o desenvolvimento da criança ou do adolescente de forma descontraída e prazerosa. Entre elas podem ser citadas: a brincadeira, o jogo e o esporte. Conforme Rego apud Quintão et al (2004, p. 16), através da brincadeira e do jogo, a criança usa a imaginação que “é um modo de funcionamento psicológico especificamente humano, que não está presente nos animais nem na criança pequena”.

    Ainda com respaldo em Quintão et al (2004), pode-se inferir que o desenvolvimento humano se dá mediante a interferência de outras pessoas, como o professor e os outros alunos. Dessa forma, o professor deve se posicionar como interventor intencional, estimulando o aluno a se desenvolver por meio das propostas desafiadoras, buscando soluções a partir de suas próprias experiências e de suas relações sociais. Enfim, que o professor proporcione ao aluno uma educação através da qual ele possa construir seu conhecimento, com o objetivo de reelaborar os conceitos e/ou significados recebidos no meio social no qual esteja inserido.

    Bee (2003), expõe que diante das conclusões inferidas por meio da literatura analisada, bem como de suas observações maternas, entendeu que compreender o desenvolvimento físico constitui no primeiro e mais importante passo do caminho através do qual constantemente se busca entender o desenvolvimento humano, mais especificamente, da criança. Para a autora, existem quatro razões para se estudar o desenvolvimento físico, são elas: o fato do crescimento da criança tornar possível novos comportamentos, o crescimento da criança determinar a experiência, o crescimento da criança afetar as respostas dos outros e o crescimento da criança afetar o autoconceito.

    Em seu trabalho, Bee (2003) descreve detalhadamente sobre cada uma das razões anteriormente mencionadas. Esclarecendo ainda mais a autora supracitada explica que para que o crescimento promova novos comportamentos, é preciso que ocorram mudanças físicas. Na visão de Bee (2003), esta fase configura-se como um momento de suma importância, visto que a ausência de um desenvolvimento físico pode acabar limitando os comportamentos que a criança teria condições de demonstrar. Quanto ao fato do crescimento determinar a experiência, a referida autora salienta que as capacidades e habilidades físicas provocam ainda que indiretamente efeitos no desenvolvimento cognitivo e social, influenciando desse modo, as diversas experiências que a criança pode vivenciar. No tocante a afirmativa sobre o crescimento interferir na visão dos outros sobre a criança, Bee (2003), evidencia que as novas habilidades físicas além de modificar as experiências da criança também influenciam no modo como as pessoas em sua volta lhe respondem. E por fim, os efeitos do crescimento no autoconceito, as características e habilidades físicas possuem forte influência sobre o senso de auto-eficiência interna da criança, ou seja, sobre suas condições de realizar ou não uma atividade.

    No dizer da autora que ora fundamenta a discussão, um outro momento de mudanças significativas é durante a infância e a adolescência, no qual ocorre uma série de transformações decorrentes da evolução hormonal. Bee (2003, p. 450), observou que “os hormônios governam o crescimento e as mudanças físicas de várias maneiras”. Fundamentados ainda pela perspectiva teórica da autora, pode-se inferir que apesar de todas as crianças e adolescentes percorrerem as mesmas etapas do desenvolvimento físico, há um diferencial entre elas, o ritmo. Como exemplo a autora cita o fato de algumas crianças caminharem com sete ou oito meses e, outras após os dezoito meses.

A contribuição da Educação Física Escolar e dos jogos para o desenvolvimento motor das crianças das séries iniciais do Ensino Fundamental

    Segundo Caetano et al (2005), o desenvolvimento motor constitui-se em um processo de mudanças no nível de funcionamento de um indivíduo, tais alterações possibilitam ao sujeito a aquisição de uma maior capacidade de controlar seus movimentos durante seu desenvolvimento. Completando este pensamento, Bee (2003) entende que as mudanças físicas acometem aos indivíduos em seus primeiros quinze anos de vida, dentre elas: alterações nos músculos, na gordura, nos órgãos internos e no sistema nervoso. Todavia na visão da autora, tal descrição não informa sobre as conseqüências de todas essas mudanças na capacidade que a criança tem de usar o seu corpo para se deslocar no mundo, ação que segundo Bee (2003), os psicólogos denominam de desenvolvimento motor.

    De acordo com a autora supracitada essa constante alteração no comportamento é resultante de uma interação entre uma série de elementos, dentre eles:

    As exigências da tarefa (físicas e mecânicas), a biologia do indivíduo (hereditariedade, natureza e fatores intrínsecos, restrições estruturais e funcionais do indivíduo) e o ambiente (físico e sócio-cultural, fatores de aprendizagem ou de experiência). Caracterizando-se como um processo dinâmico no qual o comportamento motor surge das diversas restrições rodeiam o comportamento (BEE, 2003, p. 462).

    Neste sentido, Filgueiras (2002) ressalta que o desenvolvimento motor acontece especificamente através de dois tipos de processos. Eles são o aumento da diversidade e da complexidade. O primeiro se constitui na possibilidade de a criança vivenciar uma situação em diferentes contextos. Já o segundo é composto pela aprendizagem de outros movimentos a partir daqueles que a criança já sabe.

    Embebidos ainda pelas premissas teóricas de Bee (2003), compreende-se que o conceito acima descrito abarca também as habilidades de movimento, conhecidas como habilidades motoras amplas, como caminhar, andar de bicicleta; as habilidades de manipulação, denominadas de habilidades motoras finas, como segurar um lápis ou usar uma agulha. De acordo com Magill (2000), tanto as habilidade motoras amplas quanto as habilidades motoras finas permeiam de alguma forma todas as idades de uma criança.

    Os jogos constituem-se um excelente meio para desenvolver as habilidades motoras básicas na criança e, consequentemente, o desenvolvimento humano. A disciplina Educação Física Escolar tem, neste sentido, uma grande parcela de contribuição no aumento das experiências sensório motoras.

    Para iniciar nossas explanações sobre o jogo, componente da cultura corporal de movimento da Educação Física, veremos o conceito de jogo por meio do filósofo Huizinga (2003, p. 22):

    O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de primeira consciência de ser diferente da vida cotidiana.

    É através do jogo que o indivíduo se diverte, se adapta ou disfarça a sua inadaptação ao mundo habitual. De acordo com Guirra e Prodócimo (2009, p. 4), constitui, fundamentalmente, o objetivo do jogo no desenvolvimento humano.

    O jogo é uma atividade que se realiza no prazer de ser feito, com a atenção posta no prazer de fazer a coisa, pelo fazer mesmo, não na conseqüência. A importância disso é que o jogo permite a colaboração. Permite a seriedade do fazer pelo próprio fazer, pelo respeito àquilo que se está fazendo, pelo prazer de fazê-lo e não pelas conseqüências que poderá ter. A criança, ao jogar, aprende um modo de viver cuja atenção não está nas conseqüências, mas sim na responsabilidade do que faz. Claro que vão ter conseqüências, mas o central não serão as conseqüências, mas aquilo que a criança está fazendo ao jogar. Se alguém aprende isso, pode colaborar, pode estudar, pode fazer qualquer coisa com satisfação e com prazer. Porque o central não será o resultado, uma nota, não é o que vai ganhar com aquilo, mas o processo mesmo de fazê-lo. Isso dá liberdade de ação.

    Ainda de acordo com Guirra e Prodócimo (2009), mais importante que o resultado é a seriedade de respeitar o processo. Esse pensamento nos remete à seguinte reflexão: a satisfação do jogo não está na vitória, ou na competição, mas simplesmente no prazer da realização, da forma de interação, da satisfação do fazer naquele momento e do que se está sentindo. Ao observarmos crianças na rua, brincando, veremos que qualquer que seja a brincadeira, o envolvimento é total, a satisfação está impressa nos olhares, rostos, movimentos, sem que haja cobrança, e sem se objetivar nada, futuramente, mesmo sabendo que algo se constrói.

    Na escola, muitas vezes, esse processo se dá de forma decepcionante e frustrante, porque os momentos nos quais as crianças deveriam jogar se tornam momentos de cobrança, de disciplina e de adestramento por parte dos professores de Educação Física, que não se cansam de suas aulas monótonas e estressantes (GUIRRA; PRODÓCIMO, 2009).

    Para Cortez (1996), na sociedade capitalista em que vivemos, o jogo e o brincar são considerados como simples distração, distanciados do mundo real, que afasta da tensão, da opressão material e espiritual. O lúdico é considerado apenas um passatempo, uma atividade sem valor e isto se reflete na nossa escola. O lúdico, embora rotulado como perda de tempo, é extremamente importante, pois a criança é naturalmente lúdica.

    Comentando sobre a importância do lúdico, Cortez (1996) diz que o ato lúdico é uma forma de ensinar a criança, onde ela se coloca na perspectiva do outro (sujeito). No brinquedo e nos jogos interagem uma ou mais crianças, passo a passo, o que ajuda a orientar seu espaço físico, cognitivo e simbólico.

    Em estudos realizados no Brasil é apontado que para as crianças só é jogo a atividade iniciada e mantida por elas (KISHIMOTO, 1997). Se, por exemplo, os brinquedos, que são objetos lúdicos de livre exploração e que não visam resultados, forem utilizados para auxiliar a ação docente buscando-se resultados em relação à aprendizagem de conceitos, esse brinquedo deixa de cumprir sua função lúdica deixando de ser brinquedo para tornar-se material pedagógico (KISHIMOTO, 1997).

    Os jogos têm grande valor educativo e como diria Froebel a espontaneidade não deve ser sacrificada em nome da aquisição de conhecimentos pois o grande valor do jogo está na capacidade de a criança expressar suas próprias decisões (FROEBEL apud KISHIMOTO, 1997).

    Passaremos agora a comentar a grande importância dos jogos cooperativos na formação e desenvolvimento do educando. Os jogos cooperativos desempenham um importante papel no processo educacional dos alunos. É importante e necessário no desenvolvimento intelectual do educando, nos aspectos físico, emocional e na formação de uma consciência social, crítica, criativa, solidária e democrática, afirma Cortez (1996).

    As atividades desenvolvidas devem ser orientadas, planejadas e contar com espaço e tempo para sua práxis na escola pois os jogos cooperativos podem reforçar o desenvolvimento e formação do aluno. Conforme Cortez (1996), as atividades lúdicas escolhidas, orientadas ou propostas aos educandos e praticadas por eles no âmbito escolar podem vir a:

  • Garantir um ambiente livre, alegre e prazeroso, para que os alunos possam se encontrar, brincar, descansar, contar, conversar, aprender, descobrir e conviver alegremente.

  • Proporcionar oportunidades interessantes, variadas, desafiadoras e ricas opções de jogos, onde os educandos possam atuar sobre estes jogos, com inúmeros movimentos, integrando-se, entretendo-se, estabelecendo relações e intercambiando vivências.

  • Favorecer e estimular o ensino/aprendizagem das diferentes áreas do saber, integrando-se dinamicamente e evitando a simples justaposição e acumulação com as atividades lúdicas.

  • Estimular atividades fora da escola possibilitando a descoberta do meio físico e social, garantindo liberdade de ação e reflexão, manipulação, experimentação e modificação.

  • Valorizar a iniciativa, desenvolvendo nos educandos um autoconceito positivo, fortalecendo seu caráter e personalidade.

  • Despertar a consciência crítica e criativa ludicamente e conquistar a sua autonomia (liberdade de refletir, falar e fazer).

  • Levar os educandos à cooperação e solidariedade, respeitando-se e compreendendo-se. Participando e integrando-se à escola e à comunidade. Trocando e compartilhando experiências. Buscando e fortalecendo o coletivo para sua sociabilização.

Considerações finais

    Pode-se concluir que a abordam desenvolvimentista da Educação Física vê o espaço escolar enquanto espaço responsável de proporcionar um ambiente sintonizado com as necessidades da criança definidas a partir do reconhecimento do processo de desenvolvimento pelo qual ela passa. Por outro lado, o desenvolvimento do ser humano se dá a partir da integração entre a motricidade, a emoção e o pensamento. Pode-se dizer que os jogos cooperativos são importantes na escola para a educação integral dos educandos, para o desenvolvimento da autoestima, do sentimento de aceitação e para proporcionar oportunidades das crianças confiarem em si mesmas. Dessa forma, os jogos cooperativos na escola podem colaborar na formação de seres pensantes, criativos e críticos, não perdendo de vista a sua principal característica que consiste em eliminar qualquer forma de competição. São as inúmeras possibilidades que a Educação Física Escolar possui em desenvolver nos sujeitos, em especial, na criança e no adolescente, a dimensão motora conjuntamente com os domínios cognitivos e sociais.

Referências

  • BEE, Helen. A criança em Desenvolvimento. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

  • BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacional de Educação Física (5ª a 8ª séries). Brasília: MEC/SEB, 1997.

  • CAETANO, Maria Joana Duarte et al. Desenvolvimento motor de pré-escolares no intervalo de 13 meses. Revista Brasileira de Cineatropometria e Desempenho Humano. 2005.

  • CASTELLANI FILHO, Lino. A Educação Física no Brasil: a história que não se conta. 12. ed. Campinas: Papirus, 2006.

  • CORTEZ, Renata do Nascimento Chagua. Sonhando com a magia dos Jogos Cooperativos na escola. Motriz. V. 2, N. 1, Junho/1996.

  • ETCHEPARE, Luciane Sanchotene et al. Projetos pedagógicos e educação física nas séries iniciais do Ensino Fundamental. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 9. n. 60, mai. 2003. http://www.efdeportes.com/efd60/ensino.htm

  • FILGUEIRAS, Isabel Porto. A criança e o movimento: questões para pensar a prática pedagógica na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Revista Avisa lá, n. 11, jun. 2002.

  • GUIRRA, Frederico Jorge Saad; PRODÓCIMO, Elaine, A criança e o jogo: um olhar sobre formas de negociação. Revista Iberoamericana de Educación. N. 49/1, março de 2009.

  • HUIZINGA, John. Homo Ludens. São Paulo: Almedina, 2003.

  • KISHIMOTO, Tizuko. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1997.

  • MAGILL, Richard A. Aprendizagem motora: conceito e aplicações. 5. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2000.

  • MANOEL, Edison de Jesus. A abordagem desenvolvimentista da educação física escolar – 20 anos: uma visão pessoal. Revista da Educação Física. UEM Maringá. V. 19, n. 4, p. 473-488, 4. trim. 2008.

  • PETIT, Pierre Villela. Motricidade. 2007. Disponível em: http://www.facilitaja.com.br. Acesso em 23 abr. 2012.

  • QUINTÃO, Dalila et al. A Educação Física e o desenvolvimento infantil. Revista Humanidades, v. 1, n. 2, nov. 2004.

  • SOARES et al (COLETIVO DE AUTORES). Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

  • TANI, Go. Processo adaptativo em Aprendizagem Motora: O Papel da Variabilidade. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, suplemento 3, p. 55-61, 2000.

  • VOSER, Rogério da Cunha; GIUSTI, João Gilberto. A Educação Física escolar: a base de tudo. 2007. Disponível em: http://www.sintero.org.br. Acesso em 26 mai. 2012.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 174 | Buenos Aires, Noviembre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados