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A avaliação na Educação Física do ensino fundamental

La evaluación en Educación Física de la escuela primaria

Evaluation in Physical Education of elementary education

 

*Graduada em Educação Física pela Universidade

Vale do Rio Verde (UninCor), Betim, MG

**Orientador. Mestre em Educação, Docente da Universidade

Vale do Rio Verde (UninCor), Betim/MG

***Co-Orientador. Doutor em Engenharia Biomédica, Docente

da Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Betim/MG

Debora dos Santos Leite*

Pedro Carlos Ferreira Santos**

Sérgio Ricardo Magalhães***

sergio.magalhaes@unincor.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo trata da avaliação enquanto parte do processo ensino-aprendizagem. Para o professor é necessário uma formação teórica e prática que viabilize o planejamento de aulas significativas e que consiga realizar uma avaliação coerente com o aluno que deseja formar. Primeiramente analisa-se a Avaliação e sua relação com as leis escolares e depois se considera a Educação Física do Ensino Fundamental.

          Unitermos: Avaliação. Educação Física. Ensino Fundamental.

 

Resumen
          Este artículo se ocupa de la evaluación como parte del proceso de enseñanza-aprendizaje. Para el docente se requiere una formación teórica y práctica que facilita la planificación y las lecciones importantes que pueden realizar una evaluación coherente con el estudiante que desee graduarse. En primer lugar se analiza la evaluación y su relación con la escuela de derecho y después de considerar la Educación Física Escolar Primaria.

          Palabras clave: Evaluación. Educación Física. Escuela Primaria.

 

Abstract

          This article deals with the evaluation as part of the teaching-learning process. For the teacher is required theoretical and practical training which facilitates planning and significant lessons that can perform an assessment consistent with the student who wishes to graduate. First we analyze the assessment and its relationship with the law school and after considering the Elementary School Physical Education.

          Keywords: Assessment. Physical Education. Elementary School.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Muitos professores de Educação Física têm dificuldades de avaliar seus alunos. Isso se dá pelos desafios que enfrentam em determinar critérios avaliativos.

    Diante disso esse trabalho se justifica pela importância do tema em relação à formação do professor que tem uma participação importante no desenvolvimento físico e intelectual das crianças e adolescentes. O objetivo desse trabalho é buscar conhecimento de avaliação no Ensino Fundamental e para isso é necessário conceituar Educação Física enquanto área de conhecimento, compreender o que é uma avaliação e quais são as suas características dentro da disciplina e quais os melhores meios de avaliar os alunos nesse nível escolar.

Avaliação escolar

    Dentro da perspectiva de uma avaliação contínua, a Lei nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB (BRASIL, 1996), recomenda em seu artigo 24:

    “Art. 24______________

    “V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

    a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais.”

    A avaliação escolar é uma tarefa complexa que não se resume à realização de provas e atribuição de notas, LIBÂNEO (1994) afirma que:

    “A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias.” (p. 195)

    Em relação ao processo avaliativo, a LDB coloca como critério a prevalência dos aspectos qualitativos. Sobre esses aspectos LUCKESI citado por LIBÂNEO (1994), afirma que:

    “A avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho.” (p.196)

    GÓMEZ e SACRISTÁN (1998) defendem que a avaliação é uma prática muito difundida no sistema escolar em qualquer nível de ensino e em qualquer de suas modalidade ou especificidades.

    Os autores definem avaliação como:

    “Avaliar se refere a qualquer processo por meio do qual alguma ou várias características de um aluno/a, de um grupo de estudantes, de um ambiente educativo, de objetivos educativos, de materiais, professores/as, programas, etc., recebem a atenção de quem avalia, analisam-se e valorizam-se suas características para emitir um julgamento que seja relevante para a educação.” (GOMÉZ e SACRISTÁN, 1998, p. 298)

    Segundo BRACHT et al (1992), para compreender a avaliação é necessário considerar que a avaliação do processo de ensino-aprendizagem está relacionada ao projeto pedagógico da escola, está determinada também pelo processo de trabalho pedagógico.

    Para SACRISTÁN (2000), o ensino se realiza num clima de avaliação, e esta, atua como uma pressão modeladora da prática curricular, sendo preciso apreciar o único procedimento de controle real do currículo que formal e informalmente os professores realizam, ainda que se justifique a avaliação como fins de diagnóstico do progresso de aprendizagem.

    GÓMEZ e SACRISTÁN (1998) chamam a atenção para as formas de avaliação: Avaliação interna – Os professores avaliam os alunos dentro de suas classes, e as qualificações que atribuem tornarão possível decidir a passagem entre cursos, níveis e titulações finais.

    Avaliação externa – Caracteriza-se por ser realizada por pessoas que não estão diretamente ligadas com o objeto da avaliação, nem com os alunos. Tem o objetivo de servir de diagnóstico de amplas amostras de sujeitos ou para selecioná-los.

    Heteroavaliação – Os alunos se avaliem entre eles, no trabalho em grupos ou em experiências de co-gestão na aula. Certas qualidades sociais, o esforço ou a colaboração prestada a um trabalho conjunto são conhecidos melhor por eles do que pelos professores.

    Auto-avaliação – Em geral, esta opção “democrática” de avaliação costuma ligar-se à apreciação de qualidades pessoais e sociais mais que os rendimentos.

    LIBÂNEO (1994) nos fala sobre as características da avaliação escolar. A avaliação reflete a unidade objetivos-conteúdos-métodos, nesta unidade um aspecto relevante é a clareza dos objetivos, pois os alunos precisam saber para que estão trabalhando e no que estão sendo avaliados. Avaliar também possibilita a revisão do plano de ensino, pois a medida que vai conduzindo o trabalho e observando a reação dos alunos, os objetivos se vão clarificando, o que possibilita tomar novas decisões para atividades subsequentes. A avaliação deve ter caráter objetivo, capaz de comprovar os conhecimentos realmente assimilados pelos alunos, de acordo com os objetivos e os conteúdos trabalhados.

    “Isso não significa excluir a subjetividade do professor e dos alunos, que está sempre presente na relação pedagógica; mas a subjetividade não pode comprometer as exigências objetivas – sociais e didáticas – inerentes ao processo de ensino. Para garantir a exigência da objetividade, aplicam-se instrumentos e técnicas diversificadas de avaliação.” (LIBÂNEO, 1994, p. 202)

A avaliação na Educação Física do Ensino Fundamental

    Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCN (BRASIL, 1998), a atividade de avaliação exige critérios claros que orientem a leitura dos aspectos a serem avaliados.

    “Tradicionalmente, as avaliações dentro desta área se resumem a alguns testes de força, resistência e flexibilidade, medindo apenas a aptidão física do aluno. [...]Embora a aptidão possa ser um dos aspectos a serem avaliados, deve estar contextualizada dentro dos conteúdos e objetivos, deve considerar que cada indivíduo é diferente, que tem motivações e possibilidades pessoais. Não se trata mais daquela avaliação padronizada que espera o mesmo resultado de todos.”

    De acordo com o contexto histórico social e político o qual está inserido, buscando a igualdade entre educador-educando, onde ambos aprendem, trocam experiências e aprendizagens no processo educativo, uma vez que:

    “não há educador tão sábio que nada possa aprender, nem educando tão ignorante que nada possa ensinar”(BECKER, 1997,p.147).

    Esse fato vem comprovar a intenção do aluno no processo de ensino-aprendizagem em que cada tema a ensinar para o outro, sendo que a avaliação é um elo entre a sociedade, as escolas e os estudantes.

    Os critérios explicitados para cada um dos ciclos de escolaridade têm por objetivo auxiliar o professor a avaliar seus alunos dentro desse processo, abarcando suas múltiplas dimensões. (Quadro 1)

Quadro 1. Critérios de Avaliação em Educação Física no Ensino Fundamental

Critérios de Avaliação

1º ciclo

2º ciclo

3º ciclo

Enfrentar desafios corporais em diferentes contextos como circuitos, jogos e brincadeiras.

Enfrentar desafios colocados em situações de jogos e competições, respeitando as regras e adotando uma postura cooperativa.

 

Realizar as práticas da cultura corporal do movimento.

Participar das atividades respeitando as regras e a organização.

Estabelecer algumas relações entre a prática de atividades corporais e a melhora da saúde individual e coletiva.

Valorizar a cultura corporal de movimento.

Interagir com seus colegas sem estigmatizar ou discriminar por razões físicas, sociais, culturais ou de gênero.

Valorizar e apreciar diversas manifestações da cultura corporal, identificando suas possibilidades de lazer e aprendizagem.

 

Relacionar os elementos da cultura corporal com a saúde

e a qualidade de vida.

Fonte: Adaptado a partir de Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998)

    De acordo com BRACHT et al (1992), a avaliação nas aulas de Educação Física geralmente é feita pela consideração da presença em aula, sendo este o único critério de aprovação e reprovação, ou então, reduzindo-se a medidas de ordem biométrica: peso, altura, etc., bem como técnicas: execução de gestos técnicos, destrezas motoras, qualidades físicas, ou simplesmente, não é realizada.

    Ainda para os autores, esse reducionismo das possibilidades pedagógicas da Educação Física traz, como consequência, limitações nas finalidades, forma e conteúdo da avaliação.

    “Cada vez mais, compreende-se que a avaliação é um dos aspectos essenciais do projeto pedagógico, justamente por ser através dela que se cristalizam mecanismos estruturais limitantes no processo ensino-aprendizagem. Em suma, o sentido da avaliação do processo ensino-aprendizagem em Educação Física é o de fazer com que ela sirva de referência para a análise da aproximação ou distanciamento do eixo curricular que norteia o projeto pedagógico da escola.” (BRACHT et al, 1992, p. 103)

    Para SAVIANI (1995) avaliar a disciplina de Educação Física o professor precisa:

    “Ter em mente o desenvolvimento da criança e do adolescente e a partir daí comparar esse desenvolvimento com as necessidades e a realidade em que os alunos estão inseridos. Após isso precisa criar estratégias de avaliação que poderão facilitar o processo educativo. As estratégias de avaliação criadas a partir da realidade dos alunos devem ser comprometidas com um projeto político-pedagógico transformador, com o objetivo de se legitimar esta disciplina no currículo escolar. No próprio projeto devem estar claro quais serão os meios pelos quais os alunos irão ser avaliados na disciplina de Educação Física”.

    Para PESTANA (1998, p. 03) o professor precisa desde o começo usar o diálogo como ferramenta importante. Deve explicar aos alunos o processo avaliativo da escola em sua disciplina, mostrar a importância dos conteúdos curriculares de Educação Física e dar a oportunidades aos mesmos de também se auto-avaliarem.

    ZABALA (1997), citado por MENDES (2005, p. 27), relata que:

    “A função das práticas avaliativas é interagir com os alunos com o intuito de compreender o processo de aprendizagem, identificando a origem das dificuldades, resistências e avanços”.

    Compreende-se assim, que o objetivo ou a função da realização da avaliação em Educação Física é garantir a formação integral do aluno pela mediação da efetiva construção do conhecimento, contribuindo nas decisões de natureza educacional, tanto no que se refere ao ensino, à aprendizagem e ao próprio funcionamento do sistema escolar. Segundo AMARAL e BORELLA (2009), o único critério para aprovação ou reprovação na disciplina de Educação Física é:

    “A assiduidade dos alunos nas aulas. Entretanto, observa-se que a assiduidade nas aulas de Educação Física no ensino fundamental anos iniciais é freqüente. Dificilmente encontram-se alunos faltosos, pois as crianças demonstram gostar das aulas de Educação Física, mostrando-se ativas, desejando conhecer e experimentar tudo, inclusive qualquer movimento”.

    Diante disso, concorda-se fielmente com BARBOSA (1999, p. 21) ao relatar que:

    “o principal objetivo da Educação Física Escolar, incluída num contexto mais amplo, que é a educação, é de formar cidadãos críticos, autônomos e conscientes de seus atos”

    Já VILLAS BOAS (2004, p. 29) ao se reportar sobre os objetivos da avaliação declara que:

    “a avaliação existe para que se conheça o que o aluno já aprendeu e o que ele ainda não aprendeu, para que se providenciem os meios para que ele aprenda o necessário para dar continuidade aos estudos.”

    Assim não podemos ignorar as necessidades e a realidade dos alunos do Ensino Fundamental ao avaliá-los precisamos ter um processo avaliativo permanente e pensado anteriormente, além disso, não é necessário tornar a avaliação um processo penoso, mas criar nos alunos um clima de responsabilidade para com sua saúde e a do meio em que vivemos.

Considerações finais

    A avaliação em Educação Física certamente apresenta desafios, principalmente diante de alunos que a consideram apenas diversão sem importância na sua vida pessoal. Contudo, é preciso refletir na importância da avaliação no decorrer do processo ensino-aprendizagem e as estratégias que podem ser utilizadas pelo professor.

    O que não se pode fazer é desconsiderar a importância da avaliação na disciplina de Educação Física, do contrário ela se torna realmente um momento livre onde o aluno não desenvolve habilidades necessárias para um desenvolvimento saudável.

Referências

  • AMARAL, Eliane Mahl; BORELLA, Douglas Roberto. O processo de avaliação em Educação Física no ensino fundamental, anos iniciais. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 136, 2009. http://www.efdeportes.com/efd126/avaliacao-em-educacao-fisica-no-ensino-fundamental.htm

  • BARBOSA, Cláudio Luís de Alvarenga. Educação Física: da alienação à libertação. Petrópolis: Vozes, 1999.

  • BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n.9.394. Brasilia, DF, 1996.

  • BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais. Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

  • BRATCH, Valter. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez,1992.

  • BECKER, Fernando. O caminho da aprendizagem. 2 ° Ed. Rio de Janeiro 1997.

  • FREIRE, João Batista. Educação de Corpo inteiro: Teoria e prática da Educação física. São Paulo. Scipione, 1997.

  • GÓMEZ, A. I. Pérez., SACRISTÁN, J. Gimeno. Compreender e Transformar o Ensino. Porto Alegre. Artmed, 1998.

  • LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo. Cortez. 1994.

  • MENDES, Evandra Hein. Metamorfoses na avaliação em educação física: da formação inicial à prática pedagógica escolar. Florianópolis, 2005.

  • SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre. Artmed, 2000.

  • SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. Campinas, SP: Autores Associados, 1995.

  • PESTANA, Maria Inês. O sistema de avaliação brasileiro. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Vol. 79, Nº 191, 1998.

  • VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas: Papirus, 2004.

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