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Futsal feminino universitário no Ceará: análise comparativa
entre o perfil de equipes de universidade pública e privada

El fútbol femenino universitario en Ceará: análisis comparativo entre el perfil de equipos de universidad pública y privada

 

*Autora

**Orientador

NEPEC/UFC

(Brasil)

Nara Romero Montenegro*

Ms. Otávio Nogueira Balzano**

otaviobalzano@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O futsal é um esporte muito popular no Brasil. Mas a modalidade feminina foi bastante desprezada desde seu surgimento. Somente em 1983, foi oficializada pelo Conselho Nacional de Desportos (CND) a prática do Futsal Feminino no Brasil. Dentro do contexto do esporte universitário brasileiro, que surgiu no século retrasado, o futsal pode ser considerado um esporte de prática recente. A modalidade feminina universitária no Ceará, então, é ainda menos explorada. O objetivo deste estudo foi realizar uma análise comparativa entre o perfil de equipes de universidade publica e privada de futsal feminino. O estudo é uma pesquisa descritiva do tipo quantitativa que tem como instrumento um questionário aplicado em 29 atletas para conhecer seus perfis (idade de iniciação no futsal, se jogam em outra equipe não universitária, se recebem incentivo financeiro), sendo 15 da universidade pública e 14 da privada. Treinadores e dirigentes também foram entrevistados acerca da origem, desenvolvimento e conquistas de ambas as equipes. Verificou-se que a equipe da universidade privada participou, no ano passado e corrente, de várias competições estaduais e nacionais, sendo campeã em todas estaduais e obtendo excelentes colocações em nacionais. Enquanto a pública possui uma participação ainda muito tímida em competições fora e dentro do Ceará. Percebeu-se também que 75% das atletas da privada julgaram determinante jogar futsal para o ingresso na universidade. E somente 6,7% da pública responderam o mesmo. Conclui-se que existem muitas diferenças entre essas duas equipes de futsal feminino universitário no Ceará. Uma delas possui peso e relevância nacional, com o estímulo de iniciativas privadas, aproximando-se ao conceito de esporte de rendimento ou de alto nível. Enquanto a outra resiste com recursos provenientes do governo federal, poucos resultados vêm obtendo e está ainda afastada da profissionalização, próxima do desporto amador ou de lazer.

          Unitermos: Futsal feminino. Desporto universitário. Universidade pública e privada.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O futebol de salão, modalidade que só veio surgir no começo do século XX, atualmente, é um esporte muito popular no Brasil (Voser, 2004). O avanço do futsal no país, em menos de um século, é extraordinário e segundo Bello e Alves (2008), acredita-se que a quantidade de praticantes está acima de 20 milhões no país, ou seja, aproximadamente 10% dos habitantes.

    Não obstante a modalidade feminina do esporte foi bastante desprezada desde seu surgimento. Somente em 1983, foi oficializada pelo Conselho Nacional de Desportos (CND) a prática do futsal feminino no Brasil. A primeira competição de grande relevância nacional só ocorreu em 1992: A Taça Brasil de Clubes, contando com a participação de 10 equipes.

    Com relação a modalidade universitária, sabe-se que as equipes de universidades privadas vêm, cada vez mais, na frente do cenário do esporte regional e nacional, evidenciando uma forte divergência quando comparadas com universidades públicas. Nas Olimpíadas Universitárias de 2011, por exemplo, das oito equipes de futsal feminino que participaram da divisão especial, apenas uma era pública. E em 2010, nenhuma delas era pública.

    Dentro do contexto do esporte universitário brasileiro, que surgiu no século retrasado, o futsal pode ser considerado um esporte de prática recente. A modalidade feminina universitária, então, é ainda menos empreendida. Sabe-se, também, que os grandes eventos esportivos universitários nacionais são dominados por equipes de universidades privadas. Por isso, é interessante conhecer a realidade dos atores desse tema pouco investigado. Portanto, a pesquisa objetiva verificar o perfil de duas equipes universitárias de futsal feminino (privada e pública) no Ceará, na perspectiva de seus agentes (atletas, treinadores e dirigentes).

Referencial teórico

1.     Um histórico da prática de futsal feminino e algumas dificuldades

    Algumas modalidades esportivas já eram praticadas por mulheres no começo do século XX no Brasil. Importante marco deste início deu-se em 1932, com a participação de uma primeira atleta mulher brasileira numa Olimpíada, a nadadora Maria Lenk.

    No entanto, o Decreto-lei 3.199 de 1941 limitou essas práticas, proibindo oficialmente o exercício de determinadas modalidades esportivas que julgavam incompatíveis com as condições da natureza feminina. Assim, as lutas, o salto com vara, o futebol, o rúgbi, o pólo aquático e outros esportes considerados não adaptáveis ao sexo feminino foram terminantemente proibidas. (BRASIL, 1941)

    Somente em 1980, as mulheres puderam reiniciar a prática do futebol e do futebol de salão, pois a deliberação nº 7/65 era bastante incisiva com relação à prática dessas modalidades e outras mais durante, principalmente, o período de 1964 a 1979 (KESSLER, 2008).

    O estudo e prática do futsal feminino, portanto, é bastante recente. A primeira Taça Brasil ocorreu há apenas 20 anos e a primeira equipe de seleção brasileira só foi organizada em 2003. Santana (2007) descreve que aconteceu uma expansão sensível do futsal feminino no Brasil, argumentando que na 16ª Taça Brasil de Clubes da categoria principal houve a participação de 25 equipes de 20 estados distintos, além da criação da Liga de futsal, de uma seleção brasileira e de um departamento de futsal feminino na CBFS.

    Todavia, a situação atual da participação feminina em esportes considerados tradicionalmente masculinos está longe da ideal. As meninas praticantes desses esportes ainda passam por diversas dificuldades. Além da visão predominante hoje sobre a “fragilidade da mulher” e sua inadequabilidade para a prática esportiva. As garotas ainda enfrentam o preconceito contra a “masculinização” causada pelos esportes. Assim, para Mary Jo Festle (1996) apud Miriam (2003), as mulheres atletas sempre enfrentaram dois tipos de preconceito: suas diferenças físicas consideradas inferiores quando comparadas aos homens e a idéia da deformação masculinizante do corpo, causadas pelos esportes as tornariam anormais e/ou homossexuais.

    No Brasil, por exemplo, as garotas que jogam futebol ainda sofrem os preconceitos citados acima, principalmente porque o futebol, culturamente, ainda está vinculado ao estereótipo masculino. (REIS, 1990). Dessa forma, a iniciação à prática é bastante prejudicada, pois:

    Os esforços que as meninas precisam ter extra-campo, para convencer seus pais a deixarem que pratiquem a modalidade; o preconceito que sofrem de outras meninas que não jogam e de meninos que não acreditam que mulheres podem jogar bem, fazem com que muitas praticantes se desestimulem e parem de jogar. Além das questões que historicamente limitaram a participação feminina em práticas sócio-esportivas e competitivas, as meninas ainda têm de lidar com preconceitos ainda existentes, e que criam imagens distorcidas e limitadas sobre a modalidade. (KESSLER, 2008)

    Portanto, o estágio em que se encontra o futsal feminino no Brasil, devido a todos as dificuldades citadas anteriormente, ainda é bastante precária e está muito distante de uma realidade onde a formação profissional das atletas aconteça sem muitos obstáculos.

2.     Desporto Universitário no Brasil e sua legislação

    Starepravo et al (2010a) divide em quatro etapas a evolução do esporte universitário brasileiro, destacando sua relação com o Estado. A primeira abrange desde o surgimento das práticas esportivas nas instituições de ensino superior, no final do século XIX, nos estados pioneiros, São Paulo e Rio de Janeiro, até a primeira intervenção organizacional do Estado no esporte universitário através do Decreto-lei nº 3.617/41, ou seja, até o período em que a organização efetiva do esporte universitário deixa de ser feita de forma autônoma pelas instituições de ensino superior e pelas federações estaduais e passa este papel ao Estado. Nessa etapa, as federações universitárias começavam a se organizar e já havia sido realizada duas Olimpíadas Universitárias, uma 1935 e outra em 1940. E a CBDU (Confederação Brasileira do Desporto Universitário), órgão máximo do esporte universitário nacional, já havia sido instituída apesar de sua oficialização só ter-se realizado em 1941. Portanto, essa fase é marcada pelo organização autônoma das organizações esportivas em relação ao Estado. (STAREPRAVO, et al, 2010a)

    O Decreto-lei nº 3.617/41, marco maior do início da segunda fase, oficializa a institucionalidade da CBDU e centraliza a estrutura do esporte universitário, como nota-se no art.3º:

    Os regulamentos dos desportos universitários, e bem assim os estatutos da Confederação dos Desportos Universitários, serão aprovados por decreto do Presidente da República. Os estatutos das associações atléticas acadêmicas deverão ser aprovados pelas federações a que estiverem filiadas, ou, não havendo filiação à federação, pela Confederação dos Desportos Universitários. Os estatutos das federações atléticas acadêmicas deverão ser aprovados pela Confederação dos Desportos Universitários. (BRASIL, 1941)

    O esporte brasileiro, em geral, não sofreu fortes alterações no que diz respeito a sua estrutura entre a década de 1940 e 1980 (STAREPRAVO et al ,2010a). Durante o período militar, a organização do esporte se manteve muito parecido ao período de Getúlio Vargas, ou seja, sob o cuidado do Estado. Houve, entretanto, algumas mudanças na legislação com relação ao esporte em geral. Através da Lei Federal 6.251/75, fundou-se o Sistema Nacional de Esporte e no art.26º, dividiu-se o esporte estudantil em dois: escolar e universitário. E a prioridade de investimento público no esporte passa a ser destinado ao esporte estudantil com o Decreto-lei 80.228 de 1977:

    Art. 7º A ação do Poder Público exercer-se-á, prioritariamente: I - na área da educação física e desporto estudantil, mediante a criação e revigoramento de instrumentos legais e a canalização de recursos dos governos federal, estadual e municipal, para estimular a prática daquelas atividades, bem como a expansão do potencial existente; (BRASIL, 1977)

    O esporte universitário, então, integra a definição legal de esporte estudantil e, por isso, torna-se privilegiado no recebimento de recursos do Estado.

    A segunda transição iniciou-se com o término do período militar. Esta próxima etapa é considerada uma fase de crise para o esporte universitário devido a mudanças na estrutura política e legal do país quando o desporto universitário ainda não estava preparado. Em 1987, através da Portaria n. 236 do Ministério da Educação, o esporte universitário passa a ser considerado como sendo uma manifestação esportiva de performance, ou seja, começa a ser encaminhado para a prática profissional. No entanto, a portaria manteve algumas normas de regulamentação esportiva do período anterior:

    DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

    Art. 1º - A organização e o funcionamento do Desporto Universitário obedecerão o disposto na Lei nº 6.251, de 08 de outubro de 1975, no Decreto nº 80.228, de 25 de agosto de 1977, nesta portaria e nas resoluções expedidas pelo Conselho Nacional de Desportos e na Legislação educacional universitária.

    Parágrafo único – o Desporto Universitário tem seu campo de atuação adstrito a manifestação esporte-performance no âmbito do Sistema Desportivo Nacional, vedada qualquer interferência nas duas outras manifestações (esporte-educação e esporte-participação) definidos na Recomendação 01/86 do CND (BRASIL, 1987)

    Assim, o esporte universitário deixou de ser prioridade de investimento público, pois já não se enquadrava na classificação de desporto estudantil. Agora, era considerado esporte-performance e recebia um tratamento diferenciado ao qual estava habituado. O art. 217 da Constituição Federal consolida esta idéia:

    Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados:

    I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;

    II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;

    III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;

    (BRASIL, 1988)

    De acordo com Starepravo, et al (2010a), o esporte universitário ainda não estava estruturado suficientemente para ser denominado alto rendimento. Por isso, então fazia-se necessário a aproximação com a iniciativa privada fomentada pela política neoliberal que começava a ser aplicada no Brasil.

    A quarta e atual etapa vivida pelo esporte universitário é conhecida pelo seu modelo híbrido devido a junção da atuação privada e da reaproximação do Estado com o esporte universitário através da criação de uma pasta própria para o Ministério do Esporte em 2003, sem vinculação com o MEC ou com o turismo.

    A CBDU, órgão que não vinha possuindo boa credibilidade dentro do cenário esportivo nacional, começa adotar políticas de mudanças e busca alcançar uma aproximação com o COB, como é mostrado no seu próprio estatuto de 2004 no art. 1º:

    Art. 1º - A Confederação Brasileira do Desporto Universitário, designada pela sigla CBDU, filiada à Federação Internacional de Desporto Universitário, designada pela sigla FISU, e vinculada ao Comitê Olímpico Brasileiro, designado pela sigla COB, criada pelo Decreto Lei no. 3.617, de 15 de setembro de 1941, em substituição à Confederação Universitária Brasileira de Desportos, fundada em 09 de agosto de 1939, é uma associação de fins não econômicos, de caráter desportivo, e constituída pelas Entidades filiadas de administração estadual do desporto universitário, todas com direitos iguais, no território brasileiro. (CBDU, 2004)

    Os recursos que financiam o esporte universitário, atualmente, tem origem nos interesses do setor privado, através de empresas de meios de comunicação e patrocinadores de eventos e equipes e, no Estado, principalmente através da Lei Agnelo/Piva (10.264), que estabelece o repasse de 2% da arrecadação das loterias federais para o COB e ao CPB, sendo 85% destinado para o primeiro e 15%, para o segundo. Do total recebido pelo COB, 10% devem ser investidos no esporte escolar e 5%, no universitário. (BRASIL, 2001)

Metodologia

    O estudo realizado é uma pesquisa descritiva de natureza qualitativa e quantitativa que objetiva verificar e comparar o perfil de duas equipes de futsal feminino universitário do Ceará, sendo uma pública e outra privada.

Amostra

    Todas as atletas da universidade pública, totalizando 15 jogadoras, e 14 atletas da universidade privada responderam a um questionário. Verificou-se apenas uma única omissão de uma atleta da privada que não respondeu, pois se encontrava ausente devido a uma contusão.

    Os dois treinadores das respectivas equipes também foram pesquisados. Dois dirigentes esportivos ou responsáveis pela área contribuíram para algumas informações históricas uma vez que a Federação Universitária Cearense de Esporte (FUCE) não possui os dados históricos necessários.

Instrumentos

    Com os dirigentes, treinadores ou responsáveis foi realizado uma entrevista estruturada para conhecer as características gerais das equipes e suas participações e conquistas em campeonatos.

    Com as vinte e quatro atletas universitárias foram utilizados questionários fechados, com perguntas referentes ao perfil das atletas e sua relação com o futsal.

    As universidades não serão identificadas nem as atletas, treinadores, dirigentes ou responsáveis. Todos os dados utilizados terão fins apenas científicos.

Resultados e discussão

    Ao comparar as participações e conquistas das equipes em campeonatos recentes, desde o ano passado até o ano corrente, percebe-se que enquanto a pública participa apenas de campeonatos estaduais e regionais, a equipe da universidade privada compete com muito mais freqüência que a equipe da universidade pública, bem como vem conquistando vários títulos estaduais e regionais e atingindo ótimas colocações em campeonatos nacionais, como o segundo lugar da divisão especial na Liga Universitária e na Olimpíada Universitária de 2011 e a conquista de todos títulos de campeonatos estaduais e regionais do ano de 2011 e 2012. Portanto, através destes resultados, pode-se inferir que há, atualmente, uma evidente diferença neste aspecto em pró da universidade privada no estado do Ceará.

    Quando verificados os resultados sobre a preparação técnico-tática-física e psicológica realizada, notou-se que as principais diferenças são que: a equipe da universidade privada realiza um treino físico de três horas semanais separadamente ao treino realizado com bola e possui acompanhamento psicológico, enquanto a pública não possui um treino físico específico e tampouco acompanhamento psicológico, que segundo Shigunov e Santos (2000) é tão importante quanto a preparação física, técnica e tática, uma vez que influencias psicológicas são suficientemente fortes para reduzir a performance dos atletas. Há ainda outras diferenças como a carga horária de treinamento, evidenciando um caráter mais profissional da equipe da universidade privada.

    Quando investigados aspectos gerais das equipes e suas origens, é incontestável que a equipe da universidade privada possui uma estabilidade superior, apesar das duas equipes possuírem um número de atletas e de membros da comissão técnica similares. A equipe da universidade pública, por exemplo, surgiu somente em 2006, como uma equipe bastante informal formada apenas de corpo discente, e, somente em 2009, teve um primeiro treinador. Os dois últimos treinadores ficaram na equipe por um período aproximado de um ano e o atual treinador está na equipe há aproximadamente quatro meses. Já a equipe da universidade privada, surgiu oficialmente em 2000 e o atual treinador está atuando desde 2001, ou seja, há aproximadamente 11 anos. Desta forma, percebe-se uma maior rotatividade e inconstância na equipe da universidade pública se comparada com a universidade privada.

    Ao examinar as características das atletas, há alguns aspectos bastante similares: a média de idade de ambas as equipes é bastante próxima, a iniciação à prática ocorreu, para as duas, principalmente na rua e na escola e, em média, as atletas de ambas as equipes começaram a praticar sistematicamente o futsal com aproximadamente 14 anos:

    No entanto, em outros aspectos, percebem-se fortes divergências. Por exemplo: na universidade pública, jogar futsal não foi determinante para entrar na universidade para uma grande maioria. Já na privada, 75% entraram para jogar futsal. Assim, é possível perceber que as intenções ao entrar numa universidade foram muito mais voltadas para a prática esportiva na universidade privada do que na pública, ficando ainda mais evidente quando notamos que todas as atletas da universidade privada recebem incentivo financeiro para jogar.

Jogar futsal foi determinante para entrar na universidade?

    Quando questionadas sobre aspectos de suas carreiras acadêmicas e suas intenções profissionais, quase metade das atletas da universidade pública possuem outras ocupações além de jogar futsal e estudar, e somente 8,3% da universidade privada possui outra ocupação:

Tem outra ocupação além de estudante e jogadora?

    O número de créditos também cursados pelas atletas da universidade pública é em média superior aos da privada, mostrando, assim, que há um maior dispêndio de tempo em outras atividades pelas jogadoras da universidade pública que não sejam relacionadas à prática do futsal.

    É possível notar, muitas diferenças entre essas duas equipes de futsal feminino universitário do Ceará. Uma delas possui peso e relevância nacional, com o estímulo de iniciativas privadas, aproximando-se ao conceito de esporte de rendimento ou de alto nível. Enquanto a outra, que não está ligada a iniciativas privadas e seus recursos são provenientes do governo federal, poucos resultados vêm obtendo e está ainda afastada da profissionalização.

Considerações finais

    Desde 1987, através da Portaria n.236 do Ministério da Educação, o esporte universitário deixa de ser classificado como esporte-educação e passa a ser denominado esporte performance. Desde então, como acredita Starepravo, et al (2010a), o esporte universitário teve que juntar-se a iniciativa privada pois não possuía estrutura suficiente para ser considerado esporte de alto rendimento.

    Percebe-se, com os resultados da pesquisa, que a equipe de futsal feminino da universidade privada enquadrou-se bem na nova tendência, pois vinculou sua equipe a uma empresa privada. Suas características indicam a aproximação com o esporte de alto rendimento comprovadas com as ótimas conquistas e a relevância que possui atualmente no cenário esportivo universitário nacional.

    Já a equipe da universidade pública é bastante instável e pouca participação tem fora do seu próprio estado. Através dos resultados obtidos, seu caráter acerca-se do amadorismo, sendo, para grande parte das atletas, uma atividade muito mais próxima do lazer do que da profissionalização.

    Diante disso, ainda é possível notar uma carência conceitual no esporte universitário. Conciliar, de forma saudável, uma vida acadêmica com uma rotina de atleta não parece uma tarefa simples. Por isso, é necessário que haja mais discussões sobre algumas questões fundamentais que envolvem a realidade do esporte universitário, questões essas apresentadas ainda de forma superficiais.

Referências bibliográficas

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 173 | Buenos Aires, Octubre de 2012
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