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Fatores motivacionais que influenciam a prática de atividades físicas

Factores motivacionales que influyen en la práctica de las actividades física

Motivational factors that influence in practice of physical activity

 

*Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, UNICENTRO, Guarapuava

**Universidade Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR, Ponta Grossa

(Brasil)

Marlon Rodrigo Naiverth Faix*

marlonaiverth@hotmail.com

Jorge William Pedroso Silveira**

jorge_basquete@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A presente pesquisa teve como objetivo identificar os fatores motivacionais que influenciam na prática de atividade física. Para tanto, participaram 52 praticantes de atividades físicas da cidade do Imbituva/PR, com idades entre 18 e 61 anos, de ambos os sexo. Os participantes responderam a versão adaptada da MPAM-R. Os resultados identificaram que o principal motivo dos praticantes buscarem a atividade física é o fator saúde, e ambas as motivações extrínsecas como intrínsecas exercem influencia na prática e devem ser trabalhadas juntamente para realização do melhor trabalho possível da motivação sob o praticante.

          Palavras-chave: Motivação, Atividade física, Saúde.

 

Abstract

          This research aimed to identify the motivational factors that influence physical activity. For this, 52 practitioners participated in physical activities in the city of Imbituva/PR, aged between 18 and 61 years old, of both genders. The participants answered a modified version of MPAM-R. The results indicated that the main reason practitioners seek physical activity is the factor and both intrinsic and extrinsic motivations exert influence in practice and should be worked together to perform the best job possible under the motivation of the practitioner.

          Keywords: Motivation. Physical activity. Health.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A população atualmente está se habituando a um estilo de vida adaptado ao sedentarismo, pela facilidade que a ciência e tecnologia proporcionada para as pessoas associarem ao comodismo. Não é mais preciso levantar para trocar de canal na televisão, as luzes possuem sensores, os portões são eletrônicos, dentre muitos outros objetos que facilitam a vida das pessoas, como descreve Golçalves (2008) com o uso de tecnologias modernas que reduzem a AF no trabalho, em casa e até mesmo no lazer, um estilo de vida sedentário parece ser o comum em muitos países.

    Dentro desta sociedade, a atividade física acaba sendo deixada de lado, por simples fato do exercício não transmitir a mesma sensação de satisfação e motivação em que é encontrada nesses prazeres do sedentarismo. O sedentarismo caracterizado pela falta de prática de atividade física efetuada em um processo continuo, atualmente é considerado tão prejudicial a saúde quanto qualquer outro tipo de doença, (OMS, 2006).

    Segundo Saba (2001), a atividade física é benéfica tanto no aspecto corpo e mente, ou seja, biológico e mental. Esse autor aponta melhorias na capacidade cardiorrespiratória, aumento na expectativa de vida, entre outras, como exemplos de benefícios que a prática do exercício proporciona às pessoas. No nível psicológico, os aspectos positivos relacionam-se ao aumento dos níveis de auto-estima, da auto-imagem, diminuição dos níveis de estresse e tantos outros.

    Os efeitos benéficos sobre os aspectos psicológicos originam-se do prazer obtido na atividade realizada, assim resultando no bem-estar, da satisfação das necessidades ou do sucesso no desempenho das habilidades em desafio (WANKEL, 1993).

    Quanto ao bem-estar mental proporcionado pela atividade física, está ligado aos fatores motivacionais em que a atividade leva as pessoas a buscar a prática, é uma moeda de troca, sentimento de prazer. Existem vários fatores motivacionais que levam as pessoas a busca pela adesão e a manutenção de programas de atividade física como: social, aparência, prazer, competência, dentre outros.

    Acredita-se que uma das formas para ajudar a combater o sedentarismo seria identificar o que motiva as pessoas a se engajarem em atividades físicas regularmente. Para tal, estudos sobre motivação à prática de atividades físicas centram-se na compreensão dos fatores e processos associados à adesão, persistência e abandono da atividade física regular (DISHMAN, 1994; GOUVEIA, 2001).

    A motivação intrínseca é o fenômeno que melhor representa o potencial positivo da natureza humana, sendo vista como a base para o crescimento, integridade psicológica e coesão social (DECI & RYAN, 2000). Por outro lado, a motivação extrínseca apresenta-se como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para a obtenção de recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências e habilidades (AMABILE, HILL, HENNESSEY & TIGH, 1994). Por essa razão investigações acerca da motivação das pessoas à pratica da AF são necessárias.

    A prática de atividade física é muito procurada para manter a saúde física e mental. Os índices de adesão a programas de atividade física são muito grandes, o abandono da prática também se torna muito freqüente, pela própria desmotivação das pessoas para com a atividade em que vem sendo realizada, porém pessoas que mantém em projetos de atividade física sentem-se motivadas a continuar a prática.

    De acordo com Amabile et al (1994), buscar o entendimento sobre os vários aspectos motivacionais seja intrínsecos e extrínsecos, é de muita importância para dar continuidade as pesquisas e chegar ao melhor entendimento sobre a adesão em programas de atividade física. Na mesma pesquisa Duarte (2002) relata que esta adesão em programas de atividade física seria em busca de melhor qualidade de vida em um curto prazo. Visando ampliar os recursos de discussão sobre o assunto, este estudo visou identificar os fatores motivacionais que influenciam a prática de atividade física no município de Imbituva – PR.

2.     Revisão literatura

2.1.     Motivação

    A motivação em geral pode ser descrita como algo que indica como o comportamento se inicia, prossegue e mantido. Deci & Ryan (1985), ao relacionar o homem como ser ativo, afirma que o mesmo age sobre o ambiente para satisfazer a extensão ou amplitude de suas necessidades mentais e corporais.

    “A motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a um objetivo proposto, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos)” (SAMULSKI, 1995).

    Para Magill (1984) à motivação refere como causa de um comportamento. O mesmo define motivação como alguma força que vem de dentro, impulso ou uma intenção, que leva uma pessoa a fazer algo ou agir de certa forma.

    O sentimento de eficácia em relação às ações exigidas para o desempenho, o desejo de realizar aquela atividade particular e, finalmente, a combinação de todas as variáveis apontadas (DECI & RYAN, 1985; RYAN & DECI, 2000). A motivação intrínseca é o fenômeno que melhor representa o potencial positivo da natureza humana, sendo vista como a base para o crescimento, integridade psicológica e coesão social. (DECI & RYAN, 2000).

    A motivação intrínseca é determinada pela satisfação das necessidades psicológicas básicas de autodeterminação ou autonomia, de competência e de pertencer ou de estar vinculado a outras pessoas. Situações que nutrem as três necessidades psicológicas promovem a motivação intrínseca, enquanto que falhas no atendimento de tais necessidades acarretam decréscimo ou até impedem seu surgimento. (DECY & RYAN apud GUIMARÃES & BZUNECK 2002).

    Já a motivação extrínseca apresenta-se como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para a obtenção de recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências e habilidades (MARTINELLI, 2007). O reconhecimento do potencial apresentado na prática, caracterizando aspecto competência, atividades desafiadoras para que através dela possa nutrir o desejo da pratica, o reconhecimento pelas outras pessoas em que você é realmente bom no que esta fazendo, é um estimulo perfeito para aderir a novos programas, conhecer novas atividades, buscar satisfação em novos horizontes, tentando não deixar a prática monótona, podendo ser um fator desmotivacional ao praticante.

    A visão da motivação pode mudar de pessoa para outra, de acordo com o seu interesse e objetivo a qual quer buscar pela prática da atividade. Algumas pessoas podem mudar esses objetivos de acordo com os estímulos e necessidades de sua vida.

    Todos possuem os motivos intrínsecos, motivos que não estão subordinados a recompensas intervindas do ambiente. A recompensa está na resolução de um desafio mental, em enriquecer a seus próprios limites ou descobrir algo que se considere útil. As recompensas extrínsecas podem iniciar e manter algumas atividades, porém não são suficientes para explicar a maior parte da motivação humana, principalmente a relacionada à aprendizagem. (CORIA-SABINI, 1986).

    De acordo com Amabile et al (1994) investigar as possíveis diferenças entre os vários componentes dessas duas orientações motivacionais é um objetivo importante para o desenvolvimento de novas pesquisas.

2.2.     Atividade física

    Para entendermos um pouco mais sobre atividade física, “é definida como: todo movimento corporal produzido pela musculatura esquelética, que resulte em um gasto energético maior do que nos níveis de repouso” (CASPERSEN, POWELL & CHRISTENSON, 1985).

    A prática de atividade física está presente na vida da maior parte das pessoas, sejam elas mais, ou menos ativas. Pela procura de melhorar sua saúde física e mental. Muitas pesquisas são destinadas a identificar os inúmeros benefícios que a atividade física pode proporcionar. As oportunidades para indivíduos adultos serem fisicamente ativos podem ser classificadas em quatro domínios: no lazer, no trabalho, no deslocamento para o trabalho e nos afazeres domésticos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

    O interesse ou a simples curiosidade por uma atividade física está normalmente associado à ocupação do tempo livre (atividades recreativas) ou à saúde e bem-estar físico, psíquico e social, respondendo assim às necessidades individuais e sociais dos alunos (PEREIRA,1997).

    Mazo et al (2006) comenta que a prática de atividade física regular pelos idosos deve levar-se em consideração os seus fatores de influência, ou seja, os fatores que podem influenciar mais expressivamente a opção por dado comportamento. Estes podem ser classificados, de uma maneira geral, em facilitadores que favorecem a modificação ou a manutenção do comportamento, e em barreiras, que dificultam a adoção ou a manutenção do comportamento adequado.

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (2006) a Atividade regular reduz o risco de mortes prematuras, doenças do coração, acidente vascular cerebral, câncer de collon e mama e diabetes tipo II, atua na redução ou prevenção da hipertensão arterial, previne o ganho de peso (reduzindo o risco de obesidade) auxilia na prevenção ou diminuição da osteoporose, promove bem-estar, reduz estresse, a ansiedade e a depressão.

2.3.     Motivação a prática de atividade física

    Com o intuito de melhor conhecer diversos aspectos sobre os fatores motivacionais, Balbinotti & Capozzoli, (2008) tentam relacionar a motivação à prática de atividades físicas ao gênero e a idade, aspectos que poderiam interferir na motivação do sujeito em praticar atividades físicas.Um estudo realizado por Chagas e Samulski (1992), destaca os principais aspectos motivacionais para a adesão a prática da atividade física, são eles: Manter-se em boa forma; Melhorar o condicionamento físico; Aumenta o bem-estar físico e psicológico; Melhorar o estado de saúde e Prazer em realizar a atividade física. Esses objetivos variam de acordo com o publico, sendo em crianças, adolescentes, adultos ou idosos, como também pelo gênero.

    Balbinotti & Capozzoli (2008) relatam quanto às comparações relacionadas à idade, os resultados indicaram que a motivação à prática de atividade física relacionada à competitividade e superação de limites diminui significativamente com a idade, em contraposição a motivação relacionada à saúde e ao abandono do sedentarismo que aumenta significativamente com o passar dos anos.

    Brito apud Marzinek (2004), explica que grande papel do estudo da motivação deriva da necessidade de explicar e analisar os motivos que conduzem determinadas ações, porque variam e porque se perpetuam ou não. Marzinek (2004) cita HORN (1992) que considera que os motivos não são imutáveis, podendo alterar-se com o tempo, com novas experiências vividas, com determinados acontecimentos, com o contexto sociocultural e outros fatores diversos. Essas mudanças podem ocorrer na escola de acordo com as atividades que são ministradas; se existe adesão dos adolescentes é interessante que os conteúdos continuem sendo os mesmos para não causar desmotivação dos praticantes, é preciso respeitar a faixa etária dos alunos, e é preciso estimular cada fase de desenvolvimento com atividades variadas e motivadoras.

    Segundo Freitas et al (2007) a busca pela prática de exercícios físicos em programas para promoção de saúde vem crescendo na atualidade, porém a procura pelos indivíduos idosos ainda é menor quando comparada com indivíduos mais jovens.Marzinek (2004) verifica diferenças entre o atleta e o adolescente: o primeiro visa a performance e o rendimento a todo e qualquer custo, já o adolescente nas aulas de Educação Física tem o interesse de brincar, mesmo assim impulsionado no sentido de demonstrar competência se sobressaindo nas aulas. Dos estudos realizados sobre essa temática, ressalta-se que os adolescentes possuem motivos que os fazem se dedicar à prática regular de atividade física. Fletcher apud Araújo (2000) relata como normalmente na vida adulta o exercício físico é afastado do estilo de vida das pessoas, idealmente, a escola deve preparar o adulto para ser independente no futuro.

    Os resultados obtidos na pesquisa de Duarte et al (2002) identificaram motivos que conduzem pessoas com mais de quatro décadas de vida a participarem de atividades físicas. Esses motivos relatam aumento da expectativa de vida por um padrão de vida ativo. As pessoas crêem na dissociação entre corpo e mente, sendo que a maioria não se imagina idosa, associando o medo de envelhecer a doenças que podem vir com a idade.O processo de envelhecimento é acompanhado, muitas vezes, por um estilo de vida inativo, que favorece a incapacidade física e a dependência. Pesquisa recente nas capitais brasileiras mostrou que a inatividade física atinge grande parte da população idosa, totalizando, 50,3% das mulheres, 65,4% dos homens, acima dos 65 anos de idade. King apud Gomes (2009) relata que somente uma reduzida parcela de indivíduos idosos realiza atividade física regular e em um nível recomendado, confirmando que esta situação não é exclusiva do Brasil.

    Chrisler apud Mazo (2006) outro aspecto psicológico que influencia na prática de AF pelos idosos é a auto-estima e auto-imagem dos idosos. Na velhice, há uma tendência para a modificação da auto-imagem, tornando-a menos positiva, cujo motivo é ainda ignorado. Para Mazo (2006) o conhecimento dos motivos de ingresso e permanência nos programas, bem como a avaliação da auto-estima e auto-imagem dos idosos participantes, é uma informação essencial para que o profissional de Educação Física compreenda as expectativas dos idosos, planejando suas aulas de forma que motive os alunos a darem continuidade a esta prática de modo prazeroso, com melhoria da auto-estima e auto-imagem.

3.     Metodologia

    Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva-exploratória, pois procura determinar as práticas (ou aptidões) presentes em uma população específica, Thomas, Nelson e Silverman (2007). Sendo a amostra constituída por um total de 52 indivíduos residentes em Imbituva - Paraná, sendo eles: adultos com idades entre 18 a 61 anos (média=34,69 anos), de ambos os sexos, 30 homens e 22 mulheres. Praticantes de atividade física regular há mais de um ano.

    Para a coleta de dados foi utilizado o questionário validado por Gonçalves (2008): Medida de motivação para atividade física – revisada (MPAM-R) e realizada uma adaptação para a verificação dos resultados. O questionário Medida de motivação para atividade física – revisada (MPAM-R) conta com 30 questões que medem cinco motivos referentes aos exemplos que podem ser vistos a seguir: 1) Diversão: “porque acho essa atividade estimulante”; “Porque essa atividade me faz feliz”; 2) Competência: “Porque gosto do desafio”; “Para adquirir novas habilidades físicas”; 3) Aparência: “Para definir meus músculos e ter uma boa aparência”; “Porque quero ser atraente para os outros”; 4) Saúde “Porque quero ser fisicamente saudável”; “Para ter mais energia” e 5) Social: “Para estar com os amigos”; “Porque quero conhecer novas pessoas”. Sendo que das cinco razões do questionário, duas delas (Diversão e competência) tem sido orientadas para verificar a motivação intrínseca e as outras três (Aparência, saúde e social) refletem vários níveis de motivação extrínseca (GONÇALVES, 2008).

    As perguntas foram avaliadas em uma escala de 1 a 7, sendo 1 para discordo totalmente, 2 discordo em partes, 3 discordo, 4 nem discordo nem concordo, 5 concordo, 6 concordo em partes e 7 concordo totalmente. Dentro desta escala foram considerados apenas os escala 5, 6 e 7, que são os determinantes de concordância com o fator motivacional, foram somados e retirado a média final de cada fator.

    Ao dar início a aplicação dos instrumentos, os participantes foram separados em 3 grupos, sendo 14 praticantes de esportes, musculação com 26 praticantes e caminhada com 12 praticantes. Somente após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE anexo III) foi aplicado o questionário pelo pesquisador. Foram mantidas em sigilo todas as informações dos participantes. Somente os pesquisadores e os envolvidos na pesquisa tiveram acesso às informações que foram utilizadas.

    Os dados foram organizados em tabelas e gráficos do Microsoft Excel® 2007 e Microsoft Word® 2007. Os procedimentos de análises dos dados foram feitos por meio de freqüência absoluta (FA) e relativa (FR), medidas de tendência central (média aritmética) e medidas de dispersão (desvio padrão).

4.     Resultados e discussão

    O gráfico 1 reflete os resultados obtidos pela pesquisa, sendo relacionados os cinco fatores motivacionais em relação à atividade física praticada. Os valores relacionados nos resultados são referentes às escalas em que os participantes concordaram com os fatores procurados na atividade (escalas, 5 concordo, 6 concordo em partes e 7 concordo plenamente). Os valores estão representados em porcentagem pela média final. Os três primeiros aspectos correspondem à motivação extrínseca e os outros dois a motivação intrínseca.

Gráfico 01. Atividade física relacionada aos fatores motivacionais

    O fator saúde predomina as intenções da prática nas três atividades física, com valor 25,79% na musculação, 26,06% nos esportes e 23,39% na caminhada, sendo que os praticantes quando objetivo é saúde, a preferência da prática é a busca nas academias. O aspecto extrínseco é o destaque na academia, sociedade exige um modelo de beleza, do exemplo de corpo com saúde é o corpo magro. Duarte et al (2002) relata que a adesão das pessoas a programas de atividade física é muitos grande por motivo saúde, as doenças associadas ao estado sedentário, e inatividade, doenças advindas com o passar do tempo faz com que as pessoas comecem a prática.

    Diversão objetivo importante na caminhada 22,57%, seguido da musculação 22,04% e esportes 23,26%. Diversão está relacionada à motivação intrínseca, aonde a atividade deve ser mais prazerosa e satisfazer os desejos dos praticantes. Situações que nutrem necessidades psicológicas promovem a motivação intrínseca. (DECY & RYAN apud GUIMARÃES & BZUNECK 2002). Se tratando do fator aparência, na caminhada 13,90% e musculação 19,81%, praticamente não houve diferença, aonde aparência não se mostra muito influente nos esportes 13,90%.

    Nas atividades musculação 20,86% e esportes 20,06%, foi identificado o aspecto competência, com grande influencia aos praticantes para se engajar neste tipo de atividade para melhorar o seu rendimento na atividade, em contrapartida caminhada 17,30% se apresenta menos influente quando relacionado ao desempenho físico. O fator social teve mais importância na caminhada 16,88% e no esporte 16,69%, são praticas aonde os participantes da pesquisa relatam atuar acompanhadas, pesando o caráter de socialização, diferente da musculação 11,48%, aonde os participantes relatam praticar individualmente.

    Configura-se como uma tendência natural para buscar novidade, desafio para obter e exercitar as próprias capacidades em determinada atividade por sua própria causa, por esta ser interessante, envolvente ou, de alguma forma, geradora de satisfação. Assim fica configurado a motivação intrínseca partindo de um desejo ou beneficio procurado na atividade, à adesão de acordo com os aspectos ligados a competência e diversão (GUIMARÃES, 2002).

    Quanto a prática e adesão esportiva, a pesquisa de Freitas et.al (2004) relatam que 26,39%, alegam diversão o motivo pela prática esportiva foi o principal fator para a manutenção na atividade esportiva; seguido por 22,22% das pessoas que afirmaram praticar esportes para a manutenção da saúde; 15,28% optaram pela opção da diminuição do nível de stress. Já 11,11%acreditam que a socialização e a convivência entre as pessoas são os fatores principais; 9,72% entretanto, justificam a prática de esportes para melhora da estética corporal.

    Saúde apresentou o principal motivo a aderir à atividade na academia, questão que se referia à perda de peso teve valor muito alto e o aspecto social em contrapartida se mostrou muito insignificante quando se trata de um motivo para as pessoas aderirem a programas de atividade física em academia. A preocupação com a aparência é o aspecto que podemos deixar em destaque. Outro estudo que pode corroborar a estes resultados, Balbinotti & Capozzoli (2008) descrevem que para os indivíduos de 21 a 40 anos, os motivos mais impor­tantes para a prática de atividade física foram saúde, prazer, controle do estresse e estética. Os autores verificaram ainda que o motivo saúde apresentasse com maior número de relatos com o aumento da idade, enquanto o aspecto competitividade diminuiu.

    Então, as pessoas entram nas academias buscando esta recompensa externa e tentando ganhar algo que venha de fora, aquela recompensa citada na motivação extrínseca. O interesse ou a simples curiosidade por uma atividade física está normalmente associado à ocupação das horas relativas ao ócio (atividades recreativas) ou à saúde e bem-estar físico, psíquico e social, respondendo assim às necessidades individuais e sociais. (PEREIRA, 1997).

    De acordo com os praticantes das atividades esportivas como basquete, vôlei e futebol, os praticantes procuram manter a prática para obter melhor saúde e os benefícios em que a atividade física proporciona para o corpo. Segundo Duarte (2002) principal motivo de adesão à atividade física (caminhada ou ginástica em academias) é a saúde do físico e da mente, enquanto as causas da continuidade são o bem-estar e a disposição.

    A busca pela atividade e a manutenção a principio, são estímulos relacionados à vontade da pessoa em praticar a atividade e saciar os desejos vinculados a situações que nutrem o bem-estar físico e mental. Deci & Ryan (2000) propõem que os estudos da motivação extrínseca não podem ficar restritos apenas a comparação com a motivação intrínseca, a motivação. Assim analisamos que as motivações trabalham em um conjunto, e ambas estão presentes nos objetivos de cada praticante da atividade física, todos os aspectos relacionados na pesquisa contribuem para a manutenção e adesão de programas de atividade física.

5.     Conclusão

    Os resultados apontaram Saúde sendo o principal fator ligado a adesão das pessoas aos programas de atividade física, sendo, modalidades esportivas, caminhada e musculação. A preocupação com esta foi evidentemente, motor principal para se relacionar em um programa de atividade, melhora da qualidade de vida, o medo de envelhecer e de doenças ligadas ao sedentarismo pode ser o grande aliado dos profissionais da saúde para aumentar o numero de pessoas a atividades físicas.

    Nas modalidades esportivas e caminhada o fator competência em procurar atividades desafiadoras, buscar o melhor rendimento se mostra com evidente preocupação para quem realiza estas atividades, já na musculação o aspecto aparência sai em evidência, preocupação para atingir o corpo saudável, e aceito pela sociedade, aumentar a auto-estima através do corpo malhado é um objetivo dos praticantes de musculação.

    Os aspectos não mostraram diferença quanto a divisão intrínseco e extrínseco, mas percebe-se que são aliados e devem ser trabalhados ambos, para que os praticantes se sintam verdadeiramente motivados a manterem-se ativos. Indiscutívelmente o termo saudável deixou de ser apenas a ausencia de doenças tanto no ambito físico quanto no caráter psicológico, este último cada vez mais bombardeado pela mídia com a necessidade de se ter um corpo esbelto para responder aos padrões impostos pela sociedade moderna. A prática da atividade física torna-se importante ferramenta aliada aos bons hábitos para que prevalece a saúde de seu praticante.

    Como pode-se observar, todos os aspectos são importantes para manter o praticante na atividade física, sendo motivos intrínsecos e extrínsecos, atuando em certas dosagens de acordo com a necessidade e desejos buscados pelo praticante. Não adianta ter apenas o desejo pela prática se não receber o estímulo positivo, ou recompensa esperada. Seja recompensa da própria satisfação em realizar a atividade, se de fato ela foi agradável e prazerosa ou atingir o corpo desejado.

    Após expor os dados e debate-los pode-se concluir que a saúde ainda se sobressai perante os fatores estéticos como principal motivo para a busca pela atividade física tanto aberta quanto fechada, e esta saúde não permeia apenas os aparatos físicos, mas toda a evolução biopsicossocial do praticante.

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