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A personalidade e o tipo de esporte nas mudanças
da emoção e do estresse de atletas de atletismo

La personalidad y el tipo de deporte en los cambios de la emoción y del estrés de atletas

The personality and the type of sport in the changes of the emotion and the stress of athletics athletes

 

Mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá – UEM

Professora Assistente do Departamento de Educação Física da Fundação Faculdade

de Filosofia Ciências e Letras de Mandaguari – FAFIMAN

Viviane Aparecida Pereira dos Santos

viviaps@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetivou investigar o tipo de personalidade relacionado com a mudança nas emoções e no estresse no pré e pós-treino de atletas de atletismo da Universidade Estadual de Maringá. O estudo caracteriza-se como pesquisa descritiva exploratória. Os dados foram coletados na Universidade Estadual de Maringá em uma sessão de treino, que teve duração de uma hora e trinta minutos. Foram sujeitos 23 atletas de atletismos, que foram divididos em dois grupos, conforme a modalidade praticada. Sendo assim, a amostra foi dividida em velocistas (n=10) e fundistas (n=13). Foram utilizadas duas escalas, uma para identificar o tipo de personalidade do atleta, Escala de Dominância Telic (TDS), e a outra para identificar as mudanças nas emoções e no estresse dos atletas, Inventário de Tensão e Esforço do Estresse (TESI). Os resultados demonstraram que ocorreram mudanças positivas nas emoções e no estresse após o treino, e que os atletas que combinaram o tipo de esporte com o tipo de personalidade obtiveram resultados mais positivos. Portanto, de acordo com os resultados, conclui-se que o esporte proporciona bem-estar, prazer e diminuição dos níveis de estresse, e que o tipo de personalidade está vinculado com o tipo de esporte praticado.

          Unitermos: Dominância Telic. Estresse. Emoções. Atletismo.

 

Abstract

          This study objectified to investigate the type of personality related with the change in the emotions and in it stress in the daily before and after-trainings of athlete of athletics of the State University of Maringa. The study it is characterized with explored descriptive research. The data had been collected in the State University of Maringa in a session of trainings that had duration of one hour and thirty minutes. Twenty three athletes of athletics had been citizens that had been divided in two groups, as the practiced modality. Being thus, the sample was divided in corridors of small distance (n=10) and corridors of long distance (n=13). Two scales had been used, one to identify the type of personality of the athlete, Telic Dominance Scale (TDS), and to other to identify the changes in the emotions and in it stress it of the athletes, Tension and Effort Stress Inventory (TESI). The results had demonstrated that positive changes in the emotions had occurred and in it stress the trainings after, and that the athletes who had combined the type of sport with the type of personality had gotten resulted more positive. Therefore, in accordance with the results, are concluded that the sport provides well-being, pleasure and reduction of the levels of stress, and that the type of personality is tied with the type of practiced sport.

          Keywords: Dominance Telic. Stress. Emotions. Athletics.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O estresse competitivo tem sido considerado um dos fatores psicológicos mais determinantes para o desempenho esportivo, pois competir significa enfrentar desafios e demandas que podem, de acordo com muitos aspectos individuais e situacionais, representar uma considerável fonte de estresse e pressão para os atletas, dependendo de seus atributos físicos, técnicos e psicológicos (DE ROSE JR, DESCHAMPS; KORSAKAS, 1999; NOCE; SAMULSKI, 2002; SAMULSKY, CHAGAS; NITSCH, 1996).

    Cada modalidade esportiva tem suas particularidades e exige diferentes métodos de preparação e demandas físicas, técnicas, táticas e psicológicas, mas todas têm como referencial a competição. Competir significa não medir esforços para se obter os melhores resultados, no entanto, a tarefa é complexa e exige muito preparo, esforço, dedicação, sacrifício, entrega e predisposição para continuar (DE ROSE JR, 2002).

    Autores como Jones e Hardy (1990), De Rose Jr e Vasconcellos (1993), Gould, Jackson e Finch (1993), Gould, Ecklund e Jackson (1993), Barbosa e Cruz (1997), De Rose Jr, Deschamps e Korsakas (1999, 2001) e Brandão (2000) argumentam que as situações causadoras de estresse estão relacionadas a fatores competitivos e extra-competitivos, e as situações identificadas por esses pesquisadores são: má preparação física, necessidade de manter o padrão de desempenho, derrotas, longos períodos de preparação e rotina de treinamento, intervenções dos técnicos entre outras.

    A competição é o momento no qual o atleta pode demonstrar suas capacidades e habilidades adquiridas no treino, bem como suas deficiências e comparar seu desempenho com algum padrão, seja ele pessoal ou determinado externamente. Em sentido amplo, a competição é muito mais que este único momento, é um processo que envolve múltiplos aspectos que interagem para proporcionar aos atletas as melhores condições de atuar. Esses aspectos estabelecem uma relação entre o indivíduo (atleta) e os diferentes fatores que fazem parte do meio ambiente competitivo (local, adversários, árbitros, técnicos, torcida, preparação, clima, etc.) (DE ROSE JR, 2002).

    Do mesmo modo, Samulski (2002) e Samulski, Chagas e Nitschi (1996) apontam que uma situação de estresse só irá se manifestar quando ocorrer um desequilíbrio entre a condição da ação individual e a condição situacional, ou seja, quando houver uma discrepância entre as capacidades do sujeito e as exigências da situação, ou entre as necessidades e as possibilidades de satisfazê-las, com importantes conseqüências para o indivíduo.

    Deste modo, as respostas dos atletas no treino e nos eventos competitivos parecem depender da avaliação da demanda e da qualidade de recursos que o indivíduo dispõe para lidar com a situação. Assim, situações já vivenciadas, como o treino, poderão influenciar as respostas dos atletas, pois a compreensão do estresse competitivo em um contexto específico torna-se fundamental para que o atleta aprenda a manter o controle e o estado de fluidez e equilíbrio necessários para ser bem sucedido. O conhecimento das situações geradoras de estresse e do modo como os atletas vivenciam estas situações em diferentes contextos são importantes para o ótimo desempenho esportivo (DE ROSE JR, DESCHAMPS; KORSAKAS, 1999; DE ROSE JR, VASCONCELLOS; SIMÕES, 1994; MADDEN, SUMMERS; BROWN, 1990; RAVIZZA, 1991).

    No entanto, autores como Svebak (1990, 1999), Braathen e Svebak (1990), Kerr e Svebak (1989) evidenciam que existe um vínculo entre personalidade e tipo de esporte. Este vínculo introduz a relação entre composição biológica do indivíduo, características motivacionais e possibilidades propostas do esporte. A combinação dessas três propriedades, podem provavelmente aumentar o prazer e o sucesso competitivo no esporte, enquanto que a descombinação dessas propriedades, podem provavelmente produzir frustração, decorrente do estresse e o insucesso no esporte competitivo.

    A combinação e a descombinação dessas propriedades apontam primariamente para o desempenho esportivo de alto rendimento (BRAATHEN; SVEBAK, 1990), mas podem também de acordo com Kerr e Sveback (1989), estar apropriado para o baixo nível de atletas como para o desempenho do esporte recreacional.

    Portanto, quando o tipo de esporte está adequadamente vinculado ao tipo de personalidade o atleta tende a lidar com maior facilidade com os fatores causadores de estresse, tanto individuais como situacionais, quando comparado ao atleta que não esta adequadamente combinando essas propriedades.

    Deste modo, Kerr e Svebak (1989) demonstram que indivíduos com personalidade Telic (dominância telic alta) tendem a preferir esportes de resistência com baixa ativação, caracterizado pela concentração, repetitividade, monotonia e atividade duradoura. Enquanto que indivíduos com personalidade Paratelic (dominância telic baixa) tendem a preferir esportes explosivos com alta ativação, caracterizado por impulsos ou ações explosivas.

    Assim sendo, indivíduos com personalidade Telic experienciariam as emoções e a resposta ao estresse de maneira positiva em um esporte de resistência e negativamente em um esporte explosivo. Inversamente, indivíduos com personalidade Paratelic experienciariam as emoções e o estresse positivamente em um esporte explosivo e negativamente em um esporte de resistência.

    Portanto, o objetivo deste estudo foi analisar o tipo de personalidade relacionado com a mudança nas emoções e no estresse no pré e pós-treino de atletas de atletismo da Universidade Estadual de Maringá.

Metodologia

    A população foi composta por 23 atletas de atletismo voluntários, sendo 10 velocistas (8 homens e 2 mulheres) e 13 fundistas (8 homens e 5 mulheres) com idade entre 16 e 42 anos (22,04±7,78), da Universidade Estadual de Maringá com idade entre 15 e 43 anos.

    Inicialmente, os atletas foram informados sobre o estudo, aceitando participar voluntariamente e assinando o termo de consentimento livre e esclarecido. Os atletas que possuíam idade inferior a 18 anos, tiveram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos pais.

    Como instrumentos de medidas foram utilizados dois protocolos: a Escala de Dominância Telic (TDS; MURGATROYD et al, 1978) que verifica o tipo de personalidade do atleta e o Inventário de Tensão e Esforço do Estresse (TESI; SVEBAK, 1993) que afere o nível de tensão e esforço do estresse dos atletas.

    A Escala de Dominância Telic possui 42 itens com 3 subescalas com 14 itens cada. A primeira subescala mede a seriedade, a segunda subescala mede a orientação planejada e a terceira a evitação da ativação. O resultado das 3 subescalas são somados para obter o resultado da escala, sendo que se o resultado apresentado for acima de M=16,24 DP=4,14 o atleta é considerado com o tipo de personalidade Telic e se for abaixo, o atleta é considerado com o tipo de personalidade Paratelic.

    De acordo com Murgatroyd et al (1978), a escala TDS no teste-reteste apresentado pelo coeficiente alfa de Cronbach nas 3 subescalas e no total do TDS, demonstrou uma ótima integridade e confiabilidade da escala.

    O Inventário de Tensão e Estresse do Esforço possui 20 itens, que variam de 1 (de nenhum jeito) a 7 (muito/demais). Desses 20 itens 4 avaliam a tensão e o esforço do estresse, relacionados com os fatores externos e com seu próprio corpo, e 16 itens avaliam as emoções agradáveis e desagradáveis somáticas e emoções agradáveis e desagradáveis transacionais. O resultado é a soma de cada item, sendo que as emoções somáticas agradáveis e desagradáveis somadas podem apresentar no máximo 56 pontos, as emoções transacionais agradáveis e desagradáveis somadas também podem apresentar no máximo 56 pontos e a tensão e o esforço do estresse somados podem apresentar no máximo 28 pontos.

    Segundo Kerr et al. (2006), o coeficiente Cronbach alfa não pode ser obtido para medidas individuais, contudo, a avaliação da emoção tem aspectos positivos e negativos no prazer. Deste modo, Males e Kerr (1996) reportaram um coeficiente alfa de 0,88 para qualquer emoção positiva e um coeficiente alfa de 0,75 para qualquer emoção negativa.

    Desta forma, os dados foram coletados na pista de atletismo da Universidade Estadual de Maringá em uma única sessão de treino, com duração de 1 hora e 30 minutos a sessão. A Escala de Dominância Telic foi aplicada 15 minutos antes do treinamento e o Inventário de Tensão e Esforço do Estresse foi aplicado 5 minutos antes e após o treino, ambos aplicados pela pesquisadora do estudo em todos os atletas fundistas e velocistas com idade entre 16 e 43 anos.

    Para análise estatística dos dados, verificou-se a normalidade dos dados por meio do Teste Shapiro-Wilks. Após a verificação da não-normalidade dos dados foram utilizados o Teste de Wilcoxon para diferença entre pré e pós-treino e o Teste U de Mann-Whitney para diferença entre grupos (velocistas e fundistas). O nível de significância adotado foi p < 0,05.

Resultados

    Nesse item serão apresentados inicialmente os resultados referentes ao tipo de personalidade dos atletas de atletismos. Posteriormente, serão apresentados os resultados pré e pós-treino dos atletas velocistas e em seguida dos atletas fundistas. E, por último, os resultados da comparação entre os grupos velocistas e fundistas no pré e pós-treino de atletismo.

    Na tabela 1 verificamos que dos 23 atletas de atletismos, 13 pertencem à modalidade fundista e 10 pertencem à modalidade velocistas. No grupo de atletas fundistas, todos os sujeitos apresentaram o tipo de personalidade Telic (esporte de resistência – baixa ativação). No grupo de atletas velocistas, 8 dos atletas apresentaram o tipo de personalidade Telic (esporte de resistência – baixa ativação) e 2 dos atletas apresentaram o tipo de personalidade Paratelic (esporte explosivo – alta ativação).

Tabela 1. Resultado da Escala de Predominância Telic (TDS) para tipo de personalidade.

    Quando realizada a comparação dos escores do pré e pós-treino dos atletas velocistas de atletismo, medido pelo Inventário de Tensão e Esforço do Estresse (TESI), os resultados encontrados apresentaram diferença estatisticamente significativa apenas para o sentimento somático positivo excitação e para o sentimento somático negativo ansiedade. Para excitação a média apresentada no pré-treino foi de 3,20±2,39 para 1,60±0,70 no pós-treino com p=0,042, evidenciando diminuição do sentimento somático positivo; e para ansiedade a média encontrada foi de 3,80±2,20 no pré-treino para 1,60±1,07 no pós-treino com p=0,027, demonstrando aumento do sentimento somático negativo. Em ambos os casos, verifica-se alteração negativa do pré para o pós-treino dos atletas velocistas. Para os outros sentimentos somáticos positivos e negativos, transacionais positivos e negativos e para o estresse tensional e do esforço, não foram apresentadas diferenças estatisticamente significativas. No entanto, verifica-se que os outros sentimentos somáticos positivos, relaxamento, tranqüilidade e provocação também diminuíram, assim como os sentimentos transacionais positivos, orgulho e modéstia. Por outro lado, a gratidão aumentou enquanto que a virtude não alterou, ambos nos sentimentos transacionais positivos. Para os sentimentos somáticos negativos verificou-se que o tédio diminuiu, enquanto que a raiva e a timidez aumentaram; já os sentimentos transacionais negativos humilhação, vergonha, ressentimento e culpa aumentaram no pós-treino em relação ao pré-treino. Para o estresse tensional e do esforço verifica-se diminuição apenas para o esforço externo e somático, enquanto que a tensão somática aumentou e a tensão externa não alterou (Tabela 2).

Tabela 2. Comparação entre pré e pós-treino dos atletas velocistas de atletismo, medida pelo Inventário de Tensão e Esforço do Estresse (TESI)

    As médias na Tabela 3 demonstram os resultados encontrados para a comparação do pré e pós-treino dos atletas fundistas de atletismo, medido pelo Inventário de Tensão e Esforço do Estresse (TESI), os resultados encontrados apresentaram diferença estatisticamente significativa apenas para o sentimento somático positivo excitação e para o sentimento somático negativo ansiedade. Para excitação a média apresentada no pré-treino foi de 5,23±1,88 para 2,69±2,25 no pós-treino com p=0,018, evidenciando diminuição do sentimento somático positivo; e para ansiedade a média encontrada foi de 5,00±1,63 no pré-treino para 1,69±1,49 no pós-treino com p=0,002, demonstrando diminuição do sentimento somático negativo. Deste modo, verifica-se alteração negativa para excitação (somático positivo) e alteração positiva para ansiedade (somático negativo) do pré para o pós-treino dos atletas velocistas. Para os outros sentimentos somáticos positivos e negativos, transacionais positivos e negativos e para o estresse tensional e do esforço, não foram apresentadas diferenças estatisticamente significativas. No entanto, verifica-se que os outros sentimentos somáticos positivos, relaxamento e tranqüilidade aumentaram e a provocação diminuiu; já os sentimentos somáticos negativos diminuíram no pós-treino, evidenciando alteração positiva no decorrer do treino. O mesmo ocorreu com os sentimentos transacionais positivos e negativos, que demonstraram alteração positiva no decorrer do treino, pois as emoções transacionais positivas aumentaram, assim como as emoções transacionais negativas diminuíram, exceto humilhação, que aumentou no pós-treino. Para o estresse tensional e do esforço verifica-se o mesmo, ou seja, ocorreu diminuição para todas as emoções, evidenciando alteração positiva no decorrer do treino.

Tabela 3. Comparação entre pré e pós-treino dos atletas fundistas de atletismo, medida pelo Inventário de Tensão e Esforço do Estresse (TESI)

    Quando realizada a comparação dos escores dos atletas velocistas e fundistas de atletismo no pré-treino, aferidas pelo Inventário de Tensão e Esforço do Estresse (TESI), os resultados encontrados não apresentaram diferença estatisticamente significativa para nenhuma das emoções. No entanto, as médias das emoções somáticas positivas demonstraram para relaxamento e tranqüilidade níveis inferiores de estresse para os atletas fundistas, e para excitação e provocação níveis superiores para os atletas velocistas. Já para as emoções somáticas negativas, as médias apresentadas foram superiores para os atletas fundistas, ou seja, o nível de estresse no pré-treino para os atletas fundistas foi maior quando comparado com os atletas velocistas. Para os sentimentos transacionais positivos e negativos, verificaram-se níveis de estresse elevados com exceção ao orgulho e a culpa para os atletas fundistas em comparação com os atletas velocistas de atletismo. O mesmo ocorreu com o estresse tensional e do esforço, exceto para o esforço somático (esforço que o atleta realiza para lidar com a tensão do seu próprio corpo) (Tabela 4).

Tabela 4. Comparação entre atletas velocistas e fundistas de atletismo no pré-treino, medida pelo Inventário de Tensão e Esforço do Estresse (TESI)

    Quando realizada a comparação dos escores dos atletas velocistas e fundistas de atletismo no pós-treino, aferidas pelo Inventário de Tensão e Esforço do Estresse (TESI), os resultados encontrados apresentaram diferença estatisticamente significativa apenas para as emoções transacionais negativas (modéstia, p=0,006 e gratidão, p=0,027) e para o estresse tensional e do esforço (tensão externa, p=0,007, esforço externo, p=0,030 e esforço somático, p=0,007) demonstrando diminuição dos níveis de estresse dos atletas fundistas em relação aos atletas velocistas de atletismo. Para as outras emoções não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas, no entanto, as emoções somáticas (exceto provocação) e transacionais positivas, assim como o estresse tensional e do esforço foram superiores, ou seja, foram positivas para os atletas fundistas em relação aos atletas velocistas de atletismos. Já as emoções somáticas (ansiedade, tédio e timidez) e transacionais negativas (humilhação e vergonha) foram negativas para os atletas fundistas de atletismos, enquanto que os sentimentos de raiva (somático), ressentimento e culpa (transacionais) foram positivos para os atletas fundistas em relação aos atletas velocistas (Tabela 5).

Tabela 5. Comparação entre atletas velocistas e fundistas de atletismo no pós-treino, medida pelo Inventário de Tensão e Esforço do Estresse (TESI)

Discussão

    O presente estudo demonstrou resultados para o pré e pós-treino de atletas fundistas e velocistas de atletismo previstas por Kerr e Svebak (1989, 1994). De acordo com os autores, estudos têm demonstrado um vínculo importante entre predominância telic da dimensão da personalidade e tipos diferentes de esporte. Desta forma, atletas com predominância telic baixa, teriam preferência por esportes explosivos (baixa ativação), como por exemplo, a modalidade velocista do atletismo, enquanto que atletas com predominância telic alta, teriam preferência por esportes de resistência (baixa ativação), como por exemplo, a modalidade fundista do atletismo (KERR; SVEBAK, 1989).

    Desta forma, os resultados encontrados na escala TESI, para as duas modalidades esportivas do atletismo, confirmam esse vínculo entre o tipo de personalidade e o tipo de esporte, pois o grupo de atletas velocistas apresentou tipo de personalidade Telic, ou seja, estes atletas deveriam estar praticando um esporte de baixa ativação (modalidade fundista) e não um esporte de alta ativação como a modalidade de velocista.

    Nas emoções somáticas positivas, evidenciou-se a diminuição das quatro emoções (relaxamento, excitação, tranqüilidade e provocação) para o grupo de atletas velocistas após o treino, enquanto que nos atletas fundistas apenas a excitação e a provocação diminuíram. A diminuição dessas emoções após o treino, dos atletas fundistas, pode ser justificada devido à ausência de competição, pois de acordo com Kerr et al. (2005) a excitação e a provocação, são emoções que deveriam aumentar após a vitória em uma competição. Nas emoções transacionais positivas, verificamos a diminuição de duas emoções (orgulho e modéstia) para o grupo de velocistas após o treino, enquanto que para o grupo de atletas fundistas as quatro emoções (orgulho, modéstia, gratidão e virtude) aumentaram após o treino, ficando claro também a relação entre o tipo de personalidade e o tipo de esporte.

    Nas emoções somáticas negativas, as quatro emoções (ansiedade, tédio, raiva e timidez) diminuíram após o treinamento para os atletas fundistas, enquanto que para os atletas velocistas apenas as emoções de ansiedade e tédio diminuíram. Nas emoções transacionais negativas as quatro emoções (humilhação, vergonha, ressentimento e culpa) aumentaram após o treinamento em atletas velocistas de atletismo, enquanto que nos atletas fundistas de atletismos apenas a humilhação e a culpa aumentaram. O aumento dessas duas emoções (humilhação e culpa) segundo Kerr et al. (2005) pode ser justificado pelo sentimento de baixo desempenho e derrota do atleta, confirmando também a relação entre o tipo de personalidade e o tipo de esporte.

    Nos estressores, acorreu diminuição da tensão e do esforço externo e somático após o treinamento para os atletas fundistas, enquanto que para os atletas velocistas apenas o esforço externo e somático diminuíram após o treinamento, devido ao tipo de personalidade, pois de acordo com Kerr et al. (2005), os estressores diminuem após o esporte. Deste modo, confirmou-se a hipótese de que os atletas fundistas apresentariam maiores níveis das emoções agradáveis e menores níveis das emoções desagradáveis, assim como os menores níveis de tensão e de esforço do estresse no pós-treino quando comparados com o pré-treino.

Considerações finais

    Pesquisas anteriores indicam a necessidade de levar em consideração diferenças individuais com diferentes tipos de esporte e exercício (KIRKCALD; SHEPHARD, 1990). Desta forma, o presente estudo concluiu que o tipo de esporte associado ao tipo de personalidade oferece aumento das emoções agradáveis e diminuição das emoções desagradáveis, assim como a diminuição da tensão e do esforço do estresse externo e somático. Já a não combinação desses fatores pode proporcionar frustração no esporte, ocasionando a diminuição das emoções agradáveis e o aumento das emoções desagradáveis e dos níveis de estresse no atleta.

    Contudo, os resultados demonstram que mesmo havendo uma descombinação dos fatores personalidade e tipo de esporte, a participação de indivíduos em esportes proporciona bem-estar, prazer e menores níveis de estresse.

Referências

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