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Influência do estilo de vida e hábitos alimentares no
desenvolvimento do sobrepeso e obesidade em escolares
do município de São Miguel do Oeste, Santa Catarina

La influencia del estilo de vida y de los hábitos alimenticios en el desarrollo del sobrepreso
y la obesidad en escolares del municipio de Sao Miguel do Oeste, Santa Catarina

 

*Mestre em Ciência do Movimento Humano pela UFSM. Professora do curso

de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste, SC

**Especialista em Bases Fisiológicas do Treinamento de Força pela Gama Filho

Especialista em Treinamento Desportivo pela UNOESC

Professora do curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC

***Acadêmico/a de Educação Física da Unoesc, SC

(Brasil)

Andréa Jaqueline Prates Ribeiro*

andrea.ribeiro@unoesc.edu.br

Elis Regina Frigeri**

elis.frigeri@unoesc.edu.br

Everson Élio Rospide***

elinhorospide@hotmail.com

Maura Rohr***

maurarohr@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente estudo foi verificar se o estilo de vida e os hábitos alimentares são fatores que influenciam no desenvolvimento de sobrepeso e obesidade em escolares do município de São Miguel do Oeste, Santa Catarina para a partir desse diagnóstico implementar uma proposta de intervenção nas escolas. A amostra foi constituída por 257 adolescentes de ambos os gêneros regularmente matriculados nas escolas. Para avaliar o estilo de vida dos adolescentes foi utilizado o questionário Estilo de vida individual-adolescentes. Para os hábitos alimentares utilizou-se recordatório alimentar e a avaliação da composição corporal foi realizada a partir das medidas de dobras cutâneas, estatura e massa corporal. A análise estatística foi realizada por intermédio dos procedimentos contidos no programa SPSS 13.0. e para tabulação do percentual de gordura e do consumo alimentar foi utilizado o programa SAPAF JOVEM 4.0 e SAPAF ADULTO 4.0. Através dos resultados foi elaborada uma proposta de intervenção, sendo desenvolvidas palestras com nutricionista e profissional de Educação Física.

          Unitermos: Adolescente. Estilo de vida. Hábitos alimentares

 

Abstract

          The aim of this study was to determine whether the lifestyle and eating habits are factors that influence the development of overweight and obesity in schoolchildren in São Miguel do Oeste, Santa Catarina for this diagnosis to implement a proposal for intervention in schools . The sample consisted of 257 adolescents of both genders enrolled in schools. To assess the lifestyle of teenagers used the questionnaire Lifestyle individual-teens. For the dietary food recall was used and the assessment of body composition was performed from measurements of skinfold thickness, height and weight. Statistical analysis was conducted through the procedures contained in SPSS 13.0. and tabulation of the percentage of fat and dietary program was used SAPAF YOUNG ADULT SAPAF 4.0 and 4.0. Through the results was made an intervention proposal, being developed talks with nutritionist and physical education professional.

          Keywords: Adolescents. Lifestyle. Eating habits.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    No Brasil, jovens com idade entre 15 a 19 anos correspondem a 15,6% da população (IBGE, 2006). A infância e a adolescência são períodos do ciclo de vida marcados por grande vulnerabilidade, por representarem fases em que o ser humano está crescendo e se desenvolvendo, tanto física como intelectualmente, e merece atenção redobrada. Por isso, é estratégica e necessária uma educação voltada para a saúde com impacto, que resultará em maior autonomia das pessoas em relação ao cuidado consigo mesmas, com o outro e com o meio em que vivem, para a conquista de melhor qualidade de vida (GUIMARÃES, 2003).

    Sendo assim, o processo de alimentação e nutrição, é importante em todo ciclo vital a alimentação deve garantir aos indivíduos a ingestão de energia e nutrientes necessários à manutenção da saúde e à prevenção de enfermidades para garantir o crescimento e desenvolvimento, pois a alimentação e nutrição na adolescência exigem cuidados especiais, em virtude das múltiplas características e singularidades nessa fase da vida. (Costa e Souza, 2002)

    Muito se tem discutido em relação ao sobrepeso e obesidade, e especialistas acreditam que esse crescimento deve-se à diminuição da prática de atividades físicas, juntamente com o aumento na ingestão de alimentos ricos em calorias (FISBERG, 2006).

    A falta de exercícios físicos regulares associados com a exposição a níveis elevados de estresse, adoção de dietas inadequadas e de posturas corporais estáticas, na maior parte do tempo, muitas vezes incorretas, levam o corpo dos estudantes a se tornar uma fonte de tensões, e os músculos mais enrijecidos ficam vulneráveis às lesões, assim como as demais estruturas, criando dessa forma uma reação em cadeia indesejada, ou seja, um transtorno de saúde. (VARGAS et al, 2011).

    As brincadeiras das crianças limitam-se, na atualidade, a jogos frente às máquinas. Junto com isso, vem a diminuição dos espaços disponíveis para a prática de atividades ou brincadeiras ao ar livre. Além disso, a alimentação ingerida pelas crianças e adolescentes apresenta níveis calóricos elevados, acima do necessário, o que contribui para acelerar o processo de obesidade, acompanhado de uma série de complicações patológicas.

    A obesidade, conforme já apontava Fisberg (2006), vem aumentando na população infantil e em adolescentes nos países desenvolvidos. Mas, não é somente em países desenvolvidos que ocorrem essas mudanças, pois no Brasil, embora com menor abrangência em termos populacionais, ocorrem mudanças marcantes nos hábitos de lazer e alimentação, aumentando conseqüentemente a proporção de adultos obesos.

    Em virtude do tema ser preocupante e ser pauta de várias discussões, foi promulgada a LEI Nº 15.265, de 18 de agosto de 2010, que autoriza o Poder Executivo a instituir o Programa de Prevenção e Tratamento da Obesidade Infantil nas instituições de ensino públicas e privadas do Estado de Santa Catarina (Santa Catarina, 2010).

    A partir disso, verifica-se que é preciso atenção especial com esse problema que está cada vez mais presente em nosso meio, para se poder pensar em formas de prevenção ou, se for o caso, tratamento da obesidade. Portanto, a Educação Física escolar assim como a inclusão de Programas de Prevenção e Tratamento da Obesidade Infantil, objetivando a promoção de hábitos de vida saudável entre os alunos, tem um papel educativo relevante e podem representar uma oportunidade ímpar para vivências positivas e enriquecedoras centradas na promoção de um estilo de vida ativo. A prática de esportes pode representar uma alternativa culturalmente significante e saudável, buscando o jovem experimentar seus limites e enfrentar desafios.

    O comportamento alimentar do adolescente reflete as mudanças físicas e o desenvolvimento psicossocial que o caracterizam, bem como as influencias do ambiente no qual está inserido. (COSTA; SOUZA, 2002)

    O presente estudo mostra-se relevante uma vez que irá estudar além da obesidade, que já foi identificada por outros 2 estudos (RIBEIRO et al, 2006 e 2008), e que precisa ser revista para que se tenham dados mais atualizados, o estilo de vida dos adolescentes, e posteriormente implementar uma intervenção junto às escolas do município.

Metodologia

    Esta pesquisa caracteriza-se, segundo Cervo (1996, p. 49), como pesquisa descritiva, por objetivar, registrar, analisar e correlacionar fatos e fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Quando a pressão desejada tiver sido alcançada, libere a bomba de enchimento

Comitê de Ética

    Os procedimentos da pesquisa foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, campus de Joaçaba, sob parecer 144/2011 (CAAE 0145.0.151.000-11).

População

    A população foi composta por adolescentes escolares de ambos os gêneros com idade de 14 á 17 anos, regularmente matriculados nas escolas de São Miguel do Oeste-Santa Catarina.

Amostra

    A amostra foi constituída de alunos de 14 a 17 anos, regularmente matriculados nas escolas, sendo no total de 257 alunos. O critério utilizado para seleção da amostra foi a idade (14 a 17 anos), e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - assinado pelos pais ou responsáveis.

Protocolo de coleta de dados

    O avaliado preencheu uma ficha de coleta de dados, com identificação, sendo posteriormente submetido a responder os questionários de estilo de vida e de hábitos alimentares, em seguida as avaliações que incluíram verificação de peso, estatura e medidas de dobras cutâneas. Juntamente com a avaliação de composição corporal, e responderam os questionários de estilo de vida e de hábitos alimentares.

Resultados e discussão

Estilo de vida

Gráfico 1. Resultados da amostra segundo o Estilo de Vida

    O gráfico 1 apresenta a distribuição dos valores a cada componente, sendo possível observar que, no componente nutrição, a maioria dos alunos se encontra com índice positivo, seguido de índice regular. Uma minoria apresentou índice negativo.

    Um estudo realizado por Gerhardt e Dassoler (2009), observou que a maioria dos alunos (51%), encontrava-se com um índice positivo, e nenhum com índice negativo. Em nosso estudo também encontramos a maioria dos adolescentes em estado positivo, somente no quesito nutrição predominou o índice regular, e isso é preocupante, já que os hábitos de alimentação influenciam diretamente no desenvolvimento de sobrepeso e obesidade.

    Segundo Costa e Souza (2002), o estado de ânimo do adolescente afeta fortemente o seu comportamento alimentar, sentimentos de depressão, frustração, aborrecimento, ansiedade, culpa, tristeza ou raiva estão quase sempre ligados a períodos de consumo alimentar excessivo.

    Outro estudo realizado por Paganini e Livinalli (2011), observa-se que também, houve maior prevalência de índice positivo nos componentes, sendo que somente os componentes nutrição e estresse apresentaram índices regulares, o que praticamente equivalente aos resultados de nosso estudo.

    É reconhecida que a reação de estresse prepara o corpo para a ação física, conseqüentemente, a forma mais eficaz para neutralizar a reação de estresse é pela atividade física. Os problemas de estresse são, freqüentemente, o resultado da ausência de equilíbrio entre a atividade física e mental, devido ao sedentarismo combinado com níveis elevados de estresse acumulado. (PIRES et al., 2008).

    No estudo realizado por Farias e Lopes (2004), o baixo consumo de frutas e verduras representou o aspecto mais preocupante em relação aos hábitos alimentares dos jovens estudados, principalmente entre os rapazes.

    Acontece que, de acordo com Lezonier e Ribeiro (2010, p.18) “nem sempre as atitudes, sejam elas benéficas ou não, se refletirão na vida dos sujeitos em um curto espaço de tempo. Portanto hábitos que modificados hoje podem levar algum tempo para serem refletidos em nossas vidas, dessa forma devemos começar desde a faze da adolescência a tomar consciência de nossa alimentação.

Registro dietético

Tabela 01. Resultados do Registro Dietético

Fonte: os autores (2012)

    A tabela 01 apresenta os valores dos hábitos alimentares dos adolescentes. Percebeu-se que o consumo alimentar, em sua maioria, apresentam-se em índice abaixo do normal. Nos aspectos como consumo energético (66,8%), carboidratos (46,7%), gorduras totais (62,8%), gorduras saturadas (93%), gorduras monosaturadas (98%), e fibras (100%), encontram-se abaixo dos valores normais. O consumo que apresenta maior percentual de índice normal foi o consumo de colesterol (53,8%). Os valores acima do índice normal foram nos consumo de proteínas (56,6%) e gorduras polisaturadas (56,8%).

    Um estudo semelhante a esse foi realizado em São Paulo-SP, e o consumo de energia total, também foi abaixo do recomendado para 66% dos adolescentes, quase equivalendo-se ao presente estudo. (LEAL et al., 2010).

    Os alimentos ricos em carboidratos são a principal fonte de energia na dieta humana, eles atuam como combustíveis em nosso organismo, pois fornecem a energia que é utilizada nos movimentos, na execução de trabalhos e na manutenção de nosso corpo em funcionamento. O ideal é consumir cerca de 50% a 60% de carboidratos, sendo que nosso estudo apresentou somente 29,2 % dentro do norma (BARBOSA, 2009).

    Para Leal et al. (2010), quanto aos lipídios, também se observou um consumo acima do limite superior da recomendação para 47% dos indivíduos. O consumo de proteínas também foi superior ao recomendado para 40% da amostra. Em contrapartida, o consumo de carboidratos foi abaixo do limite inferior da recomendação para 46% dos adolescentes.

    Segundo Costa e Souza (2002) com relação a gorduras na dieta, deve limitar-se de 25 à 30% do valor calórico diário. Esses valores divergem com os resultados do presente estudo pois os adolescentes apresentaram índice abaixo do ideal. Já as proteínas devem ser adquiridas de 20% à 25% ao dia, sendo que no presente estudo apresentaram-se acima dos níveis desejados.

    Corroborando, as gorduras ingeridas em grandes quantidades, podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares, por meio do aumento de concentração de colesterol (BARBOSA, 2009). Os resultados apontam significativamente nesse aspecto, pois apresentaram valores abaixo do normal e adequados.

    Conforme Lima; Fonseca, (2010) as fibras desenvolvem importantes papéis no trato gastrintestinal humano, diminuem a absorção de gorduras, aumentarem o peristaltismo intestinal e produzirem ácidos graxos de cadeia curta, atuantes no combate ao colesterol, as fibras promovem a regulação no tempo de trânsito intestinal e apresentam um alto poder de saciedade. Estas características fisiológicas são essenciais para o tratamento e prevenção das complicações originárias da obesidade.

    Observa-se nesse estudo que o estilo de vida negativo no aspecto nutrição está diretamente ligado com a inadequada alimentação, o que contribui para a diminuição da percepção da qualidade de vida.

    Pode-se perceber que todas as questões relacionadas à nutrição, deixam a desejar de alguma maneira, e todos são itens primordiais para se ter uma boa alimentação e assim o sujeito se manter saudável. Por isso a importância de se sentar a mesa e comer com calma, ingerir frutas e verduras diariamente, evitar refeições em restaurantes e fast foods. Acrescentar nas refeições legumes, verduras e frutas aceleram o raciocínio, melhora o rendimento no esporte e aumenta a força para correr. (LIMA; FONSECA, 2010).

Índice de massa corporal

Gráfico 2. Resultados da amostra segundo o IMC

    De acordo com o gráfico 2 pode-se observar que tanto meninos quanto meninas estão em sua grande maioria de acordo com o peso ideal recomendado, sendo que o índice normal atingiu resultados mais expressivos. No entanto, não pode-se deixar de observar os valores expressos no excesso de peso (18,7%) e obesidade (2,8%) para o gênero masculino, sendo que estes alcançaram valores significativos.

    Como se pode notar, os meninos possuem classificações de IMC mais elevados em relação às meninas, os mesmos possuem os itens excesso de peso (18,7 % masculino e 7,5 % feminino) e obesidade (2,8 % masculino e 0% feminino) superiores ao das adolescentes do presente estudo. Em virtude disto, o nível normal (72,8 % masculino e 76,9 % feminino) encontra-se com maior significância sobre as meninas avaliadas. Já na classificação de baixo peso não foi encontrado nenhum adolescente.

    Um estudo similar a este, analisou o índice de massa corporal para avaliação nutricional em adolescentes segundo sexo e idade. Foram avaliados 635 adolescentes, de 10 a 19 anos. As características do grupo revelaram que o sexo masculino apresentou valores significativamente mais elevados para os indicadores de obesidade central, não diferindo quanto ao IMC (CHIARA et al., 2009).

    Corroborando Pedrosa et al. (2011), investigaram o IMC de alunos de uma escola da rede pública da cidade de Porto Velho-RO, de 9 a 15 anos. Os autores concluíram que a classificação do IMC dos escolares investigados esteve dentro dos padrões de normalidade. Ainda, 11% dos meninos e 7% das meninas apresentaram sobrepeso; 67% dos meninos e 60% das meninas estiveram dentro de seu peso ideal. Isso significa dizer que ambos os gêneros estão em condições consideradas satisfatórias na correlação peso altura.

    Em um estudo Guedes et al. (2006) concluíram que rapazes com mais idade apresentaram significativamente maior vulnerabilidade para acumular quantidades excessivas de massa corporal que as moças. Enquanto os rapazes com idades entre 15 e 18 anos apresentaram risco de se tornarem obesos 90% maior que seus pares com idades entre 7 e 10 anos, as moças demonstraram proporções de prevalência bastante similares em ambos os grupos etários extremos.

    De acordo com Araújo (2000) a causa dos indivíduos do sexo masculino apresentarem prevalência maior a obesidade, pode ser pelo fato da maturação, pois enfatiza as mudanças normais de dimensão durante o desenvolvimento e pode resultar em aumento ou diminuição de tamanho e também pode modificar em forma e proporção.

    O aumento no índice de massa corporal é um fator de risco que fica em segunda mão quando o nível de atividade física encontra-se elevado. Um estudo que teve como objetivo determinar a associação do IMC com os níveis de atividade física e comportamentos sedentários, concluiu que os rapazes classificados como pouco ativos apresentaram 74% de chances a mais de terem excesso de peso corporal em comparação aos ativos e nas moças, não foram observadas associações significativas entre o excesso de peso e a atividade física. (SILVA et al., 2008).

    Nas últimas três décadas, a prevalência de excesso de peso corporal entre os jovens cresceu significativamente em diversos países, inclusive no Brasil, e mudanças nos padrões de atividade física acompanharam essa tendência. Estudos com crianças e adolescentes observaram que a diminuição da prática de atividades físicas nas escolas e nas comunidades pode ser, em parte, decorrente do aumento do tempo despendido diante da TV ou do computador. Levantamentos nacionais e internacionais também encontraram forte associação entre baixos níveis de atividade física e aumento na prevalência de sobrepeso em adolescentes (SILVA et al., 2008).

Percentual de gordura (%)

Gráfico 3. Percentual de Gordura (%G) encontrados entre os adolescentes de ambos os gêneros

    De acordo com o gráfico acima, pode-se observar que a maioria dos adolescentes apresenta-se na categoria adequada. O gênero masculino apresenta-se em todas as classificações e com valores bem diversos, porém nota-se que quanto à classificação baixa, adequada e excessivamente alta superam os valores femininos. Grande parte das adolescentes, seguido de adequada, apresenta-se moderadamente adequadas quanto a seu percentual de gordura.

    Um estudo com as atletas de handebol notou que esse percentual de gordura, provavelmente estaria melhor se a alimentação das atletas fosse mais balanceada. Isso pode ser comprovado ao se analisar o Pentáculo do Estilo de Vida, o qual apresenta tendência à negatividade no componente nutrição, o que, provavelmente, indica que a alimentação das adolescentes precisa ser readequada. Principalmente por se tratar de adolescentes atletas, cujo gasto calórico, normalmente, é elevado em virtude dos treinamentos que realizam. (MATTOS, RIBEIRO, 2011).

    Farias e Salvador (2005), quando comparam o Percentual de Gordura (%G) por idade e entre gêneros, as meninas apresentaram valores absolutos maiores que os meninos, com diferença estatisticamente significativa aos 14 e 15 anos de idade. Já no presente estudo isso se contrapõe, apresentando o gênero masculino com percentual excessivamente alto, maior que o gênero feminino, equivalendo aos resultados do IMC também apresentaram valores mais expressivos nesse gênero.

Intervenção

    A partir dos resultados do estudo foi realizada a intervenção, sendo realizada direcionada aos aspectos de estilo de vida: nutrição e atividade física.

    A intervenção contou com palestras que foram organizadas por dois profissionais (nutricionista e um professor de Educação Física).

    A palestra foi realizada através de multimídia, com textos e imagens bem compreensíveis, e contou-se também com vídeos breves. Foram repassadas orientações e recomendações para uma alimentação saudável; conscientização de um estilo de vida mais equilibrado; conscientização para evitar uma vida de risco optando por uma vida saudável e sem o uso de drogas e álcool. Ainda contou com atividades de descontração e alongamentos. Durante as palestras foram realizadas verificação de Pressão Arterial e Glicose sanguínea aleatoriamente, pela acadêmica pesquisadora do Curso de Enfermagem da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste.

    Além das palestras, foram realizadas intervenções práticas e teórica nas aulas de Educação Física das escolas envolvidas no presente estudo. Para tanto, organizou-se o planejamento de 03 atividades , com orientações e recomendações, as quais foram ministradas pelo acadêmico pesquisador do Curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste, com acompanhamento de um Professor titular das escolas. As aulas aconteceram durante o horário de Educação Física da escola, em comum acordo com o Professor titular das turmas participantes.

    Através dos programas de Educação para a Saúde deve-se preparar o aluno para cuidar de si, para que, ao deixar a escola, seja capaz de cuidar da sua própria saúde e da dos seus semelhantes e sobretudo, adotar um estilo de vida que comporte o objetivo do que hoje em dia chamamos de saúde positiva e que não é senão, o desenvolvimento de todas as suas possibilidades físicas, mentais e sociais (GOMES, 2009).

    O decreto 6.12.2007 Art. 1º aponta: ‘’Fica instituído, no âmbito dos Ministérios da Educação e da Saúde, o Programa Saúde na Escola - PSE, com finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde’’. Na intervenção percebeu-se que os alunos não tem essa atenção voltada à saúde no ambiente escolar, pois muitos deles tinham dúvidas ou desconheciam vários benefícios da alimentação e atividade física a respeito de vários itens abordados nas palestras.

    Semelhante ao presente estudo, Lezonier e Ribeiro (2010), realizaram uma pesquisa que objetivou analisar o estilo de vida, o estado nutricional e o nível de atividade física de adolescentes do 1° ano do ensino médio de uma escola profissionalizante de São Miguel do Oeste, SC, com vistas à posterior intervenção junto às turmas, com foco nos componentes atividade física e nutrição. O resultado foi uma melhora em ambos os componentes. Sendo assim, o estudo demonstrou como trabalhos de conscientização sobre o estilo de vida, voltados para o público adolescente, podem ser representativos para os mesmos, e que as aulas de Educação Física podem ser um ótimo espaço para isso.

    Nesse sentido, salienta-se que levar informações ao público infantil e adolescente nas escolas é fundamental, pois de acordo com Lazolli et al. (1998), um estilo de vida ativo em adultos está relacionado a uma redução da incidência de algumas doenças crônico-degenerativas assim como a uma redução da mortalidade cardiovascular e geral.

    Os autores supracitados salientam que em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para melhorar o perfil lipídico e metabólico além de reduzir a prevalência de obesidade. E que é mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo.

Considerações finais

    Foi possível avaliar o estilo de vida dos escolares, verificando que em sua maioria apresentam índices positivos, exceto no componente nutrição que se prevaleceu em regular. Dessa maneira foi possível compreender que o estilo de vida está diretamente ligado a aspectos alimentares, favorecendo o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade.

    Este estudo serve de referência para programas de prevenção e manutenção da saúde dos adolescentes mediante a criação de políticas públicas que incentivem mudanças no estilo de vida. Tais mudanças devem ocorrer principalmente no controle do estresse, e a alimentação dos adolescentes.

    São necessárias medidas de intervenção em conjunto com a escola e a comunidade para a obtenção de uma qualidade de vida saudável na adolescência e sua manutenção na vida adulta.

Referências

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