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Educação Física no ensino médio: ações e reflexões

La Educación Física en la escuela media: acciones y reflexiones

 

Mestrando em Ensino em Saúde na Amazônia pela Universidade

do Estado do Pará (UEPA). Docente do curso de Licenciatura Plena

em Educação Física da UEPA Campus IX – Altamira

**Acadêmicos do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física

pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus IX – Altamira

(Brasil)

José Robertto Zaffalon Júnior*

Fagner Freitas de Medeiros**

Juliane Rocha Silva**

Luiz Felipe Oliveira dos Santos**

jrzaffalon@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho, de cunho bibliográfico, busca evidenciar a educação física do ensino médio como proposta pedagógica para a concretização da formação do individuo como cidadão, assim como orienta os PCN’s, de modo que no ensino médio evidenciam-se certas teorias, preceitos e práticas que são de suma importância analisar e deixar a soma de reflexões. Portanto, este estudo foi produzido com o intuito de fazermos amostras de como é pensado e feito as aulas de educação física atualmente, suas propostas e as ações que realmente acontecem no ensino médio, bem como as teorizações dos conteúdos, as condições dos alunos que não fazem educação física no período noturno, a escolha e forma de como é trabalhado os conteúdos nas aulas e as propostas pedagógicas a serem traduzidas em ações para o ensino médio. Ressaltando que atualmente as propostas, práticas e teorizações da educação física no ensino médio, encontram-se sob uma certa superficialidade enquanto objetividade concreta na formação integral do sujeito.

          Unitermos: Educação Física. Ensino médio. Práticas pedagógicas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Tal trabalho começou a tomar forma quando passamos a refletir sobre as fragilidades da educação física no ensino médio e as aspirações acerca da sua legitimidade no ensino noturno. Pretende-se com este artigo, fazer uma análise referente às transformações ocorridas na educação física do ensino médio desde a década de 80, em especial a dos cursos noturnos, refletindo o que diz a Lei sobre esta prática. Será analisado também como os legisladores e os profissionais da área vêem esta disciplina dentro da escola no ensino noturno e também as colaborações que esta disciplina pode trazer para os adolescentes e os adultos que freqüentam os cursos do ensino médio que na sua maioria já estão no mercado de trabalho.

    Procurar-se-á analisar sua obrigatoriedade e a questão facultativa perante a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) enquanto prática educativa, bem como sua importância como uma disciplina formadora de cidadãos de bom caráter. O objetivo principal é buscar reflexões e novas metodologias para o ensino desta prática no ensino médio, uma vez que a mesma encontra-se ociosa e desconsiderada pela sociedade.

    Este trabalho desenvolveu-se por meio da realização de pesquisa bibliográfica através de artigos e livros e vem enfatizar primeiramente os aspectos atuais da educação física no ensino médio, fazendo uma análise sucinta sobre o histórico da educação física, ressaltando as leis que regem esta prática e como o profissional deve proceder em suas aulas para que não se tornem rotineiras e corriqueiras. Posteriormente será feito uma análise da educação física no ensino noturno com o objetivo de buscar um possível entendimento sobre o fato desta prática não acontecer no referido turno. Será tratado também sobre as práticas pedagógicas nas aulas de educação física do ensino médio, trazendo orientações dos PCN’s para as aulas e propostas para o ensino desta prática. Em seguida será tratado sobre os processos emancipatórios dos conteúdos através da educação física, bem como a intervenção docente para que ocorra a aquisição destes conteúdos.

Aspectos atuais da Educação Física no ensino médio

    A partir da década de 80 a educação física vem passando por várias transformações. Para Darido (2003) a educação física sofreu muitas influências de abordagens pedagógicas ao longo dos anos. Foram estas abordagens que deram norte para a estruturação das aulas. Nessa perspectiva, pode-se encontrar a abordagem crítico-superadora a qual veio se opor ao modelo tecnicista e mecanicista. No modelo tecnicista o aluno é obrigado a executar movimentos mecânicos e repeti-los através de gestos técnicos, ou seja, não tem autonomia para intervir no seu processo de ensino-aprendizagem. Já o modelo mecanicista, parecido com o modelo supracitado, vem visar a reprodução das técnicas esportivas passados pelo professor.

    Sendo assim, a abordagem crítico-superadora visa primeiramente a relevância social e a contemporaneidade dos conteúdos que deverão ser passados para os alunos. Para tanto, eles devem também ter acesso ao conhecimento científico (teórico) para contrapor ao conhecimento do senso comum. O aluno tem a capacidade de compreender a realidade social que vive, por meio de direcionamentos de seu cotidiano. Como conseqüência, esta abordagem tem caráter político pedagógico, pois vem possibilitar a intervenção do aluno em sua realidade. Santos e Zaffalon Junior (2007, p.37) afirmam que

    A EF nesta concepção é entendida como uma disciplina que trata do jogo, da ginástica, do esporte, da dança, da capoeira, e de outras temáticas como sendo um conhecimento da cultura corporal de movimento, e esta cultura corporal compreendida como o conjunto de atividades culturalmente produzidas pelo homem e historicamente situadas.

    Em se tratando da educação física propriamente dito, ela está inserida na grade curricular das escolas de ensino médio como uma disciplina que trata do aprimoramento da cultura corporal do movimento. Desta forma, existem leis que respaldam a sua legitimidade no âmbito escolar. Atualmente ela é regida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº 9394/96, art. 26, §3) que entrou em vigor a partir do dia vinte de dezembro do corrente ano com a seguinte redação

    A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos” (BRASIL, 1996).

    No entanto, existia uma lacuna nesta lei, a qual foi preenchida pela resolução 10.328/2001, na qual foi acrescentado o termo “obrigatório” em seguida do termo componente curricular. Sendo assim, a educação física se tornou obrigatória no ensino médio, sendo facultada nos cursos noturnos. Devido a resolução 10.793, que foi promulgada em 1º de dezembro de 2003, na qual facultava a educação física para alunos que cumprissem jornada de trabalho igual ou superior à seis horas, pessoas que tivessem mais de trinta anos, estivessem prestando serviço militar ou que tivesse filhos. No entanto esta lei é relevantemente contestada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), o qual menciona que o referido decreto traz consigo um padrão excludente à alunos julgados como incapazes ou privilegiados. Neste sentido a prática da educação física é ofertada para pessoas consideradas privilegiadas, pois dentro do principio de igualdade para todos a lógica é incoerente quando deixa a margem do processo pedagógico, trabalhadores, adultos com mais de trinta anos e mulheres com filhos.

    Percebe-se, que na prática docente, de acordo com Mattos; Neira (2000 apud SANTOS; ZAFFALON JUNIOR, 2007) o professor de educação física não deve usar de comodismo para solução dos problemas da escola, mas sim usar de criatividade e competência para o desempenho das aulas. Isto é, o professor não deve usar recursos rebuscados para ser utilizado em suas aulas, tão pouco usar a mesma metodologia que alguns professores utilizam como não fazer nenhuma intervenção na aula, pois como é evidenciado, as aulas de educação física muitas vezes é vista com desprestígio em função da cultura deturpada acerca de sua importância.

    Neste sentido Correia (1996 apud GALANDO; ZAGO, s/d) relata que a educação física deve ser ministrada de forma participativa onde haja integração dos alunos, para tanto, nota-se um aumento na participação e motivação destes nas aulas, a conseqüente valorização da disciplina por eles, além da união de grupos que não são interessados nas aulas. Assim sendo, observa-se a importância de aulas participativas que visem à cooperação dos alunos, pois a partir daí, os mesmos passam a ter maior interesse na disciplina, melhorando também o seu desempenho.

    Existem outros fatores que vem contribuir para a desvalorização da educação física, Santin (1987) diz que a educação física nem sempre foi considerada com grande relevância, visto que até mesmo os profissionais da área muitas vezes não reconhecem a importância de sua prática, portanto, ela não é tida como um real fator contribuinte para a educação humana, mas sim como um suporte para atividades esportivas, sendo assim ela tornou-se uma disciplina dispensável. Porém, Barni; Schneider (s/d, p.7) vem destacar que

    as atividades físicas vivenciadas na infância e na adolescência se caracterizam como importantes colaboradores no desenvolvimento de atitudes, habilidades e hábitos que podem auxiliar na escolha de um estilo de vida ativo fisicamente na idade adulta.

    Sendo assim, Bento (1991) ainda acrescenta maiores esclarecimentos sobre a importância da educação física e cita que uma educação física ligada aos problemas da atualidade não pode deixar de trabalhar como enfoque a saúde. Os casos cada vez maiores de adolescentes e jovens obesos, com comprometimentos no desenvolvimento motor, possibilidades de doenças cardiovasculares que é fruto do sedentarismo e da globalização que possibilita novas tecnologias e games, onde os jovens optam pela ociosidade de suas tecnologias à uma prática de atividade física. Neste contexto a educação física pode estar inserida, de modo que venha proporcionar vivências lúdicas e atividades físicas empenhadas com a melhoria na qualidade de vida dos indivíduos.

Análise da Educação Física no ensino noturno

    Como mencionado anteriormente, a prática de educação física é obrigatória como qualquer outra disciplina, porém existem alguns casos que a mesma é facultada. Neste contexto verifica-se que principalmente os alunos do ensino noturno são “privilegiados”, ou seja, dispensados das aulas. Portanto, verifica-se um grande descaso com o aluno do ensino noturno, quando a ele é dado a oportunidade de participação facultada em relação a sua participação nas aulas de Educação Física. Desta forma, tornar-se-á distante a Educação Física no ensino noturno em detrimento às vivências dos alunos, visto que, às escolas tem autonomia para decidir oferecer ou não esta prática. Desta forma, o direito às aulas de Educação Física aos alunos do ensino noturno em partes foi negado, pois as escolas não oferecem a prática e mesmo que oferecessem aos alunos caberia a decisão de participar ou não. Legitimamente a lei os respalda, pois geralmente os indivíduos que estudam a noite cumprem carga horária igual ou superior a 6 horas, tem prole, e até mesmo tem mais de 30 anos. Fica nítido o quanto o ensino noturno é alvo de desinteresse por parte das autoridades, e têm-se a necessidade de reflexão mediante a obrigação desta prática de ensino, uma vez que os alunos deste, na maioria das vezes é constituído por alunos trabalhadores que tem a necessidade de momentos lúdicos e prazerosos, sendo assim, a educação física tem papel fundamental para proporcionar estas vivências.

    No entanto, Darido et al. (1999 p. 143) veem discordar do fato de que os alunos do turno da noite sejam dispensados desta prática de ensino, e ela enfatiza que

    Tal conclusão reflete uma concepção ultrapassada de Educação Física, baseada em parâmetros energéticos e fisiológicos, e desconhece a possibilidade da adequação de conteúdos e estratégias às características e necessidades dos alunos dos cursos noturnos que trabalham, bem como a inclusão de conteúdos específicos.

    Ainda nesta mesma lógica, Carneiro (2006) analisa a educação física no período noturno afirmando que ela permanece sendo considerada como uma disciplina que visa somente o desenvolvimento da aptidão física de seus alunos e nada mais. No entanto, Silva (2002) afirma que esta prática promove o bem estar do nosso corpo e principalmente dos músculos, porque se não o usarmos, consequentemente a musculatura fica flácida, sem tonicidade, comprometendo até alguns movimentos podem ser requisitados em maior amplitude. Outrossim, a prática destas atividades são relevantes para o nosso coração ficar mais forte porque ele também é um músculo e obriga os pulmões respirarem profundamente, oxigenando ainda mais o corpo. Assim sendo, através dos exercícios físicos pode-se adquirir melhorias no desenvolvimento de atividades do cotidiano.

    Neste aspecto é importante que o professor de educação física converse com seus alunos, informando-os os benefícios da atividade física, bem como a importância desta prática no âmbito escolar. Portanto, Carneiro (2006) ainda destaca que a Educação Física no ensino noturno deverá realizar um grande esforço na tentativa de fazer com que os alunos deste turno tenham acesso a estas vivências, já que eles são amparados por lei na sua escolha de não participarem. Porém, na perspectiva de enfrentarmos o problema com uma visão reflexiva, é possível que a situação ofereça ao professor a oportunidade de repensar e desenvolver uma reflexão pedagógica em detrimento as suas aulas, quer seja no ensino diurno ou no ensino noturno. Torna-se imprescindível que o professor de Educação Física conscientize-se quanto à importância de suas aulas e seu papel social no sentido de que a Educação Física deve proporcionar para os alunos práticas e vivências relacionadas ao seu cotidiano.

Processo emancipatório através dos conteúdos na Educação Física

    Barni e Schneider (s/d, p.1) afirmam que “a educação é um processo que atua na formação do homem, que está presente em todas as sociedades humanas e é inerente ao homem como ser social e histórico”. Sendo assim, a escola se torna a principal instituição que os diferentes povos atualmente utilizam para transmitir e assimilar a educação e a assim a educação física apresenta-se como conteúdo curricular desta escola, sendo de suma importância neste aspecto de assimilação, pois ela tem como principal função: a formação integral do sujeito.

    Nesta concepção os seus conteúdos sempre estão ou devem estar embasados em recortes da cultura visando à formação do individuo direcionada ao homem social e histórico, no qual “os elementos motrizes e corporais que aparecem na cultura são, para educação física seus conteúdos” (RODRIGUES, 2003 p. 336).

    Com isso, Santos e Zaffalon Junior (2007, p. 25) nos falam que a educação física como disciplina tem como objetivo a ser alcançado o conhecimento através das formas de reproduções de mundo através da corporeidade, e que a educação física dentro da escola tem como objetivo a construção de um indivíduo reflexivo, consciente de seu papel na sociedade e no ensino médio esta assentado na formação de um sujeito autônomo, critico e participativo.

    Dessa forma o aluno quando “chega” neste nível de ensino já tem alguns valores e conhecimentos internalizados sobre a cultura de movimento e a educação física, como os esportes, as danças, a saúde, dentre outros, o qual será papel da escola e principalmente do professor de educação física ampliar a visão desses educandos sobre tais internalizações.

    Segundo Santos e Zaffalon Junior (2007, p. 26)

    Na prática, representa fazer o seguinte: ao constatar que um determinado comportamento já foi internalizado pelo aluno ou grupo, o professor deve interferir, criando um desafio ou uma pequena dificuldade, levando o grupo a um esforço cognitivo para superá-lo, partindo do mais simples para o mais complexo. Constantes desafios aos alunos provocam desequilíbrios que precisam ser resolvidos e é nessa necessidade de voltar ao equilíbrio que ocorre a construção do pensamento. No ensino médio, esses desafios podem ser provocados por meio de inúmeras atividades.

Correlação entre transmissão e elaboração dos conhecimentos, conteúdos e as formas de trabalho do professor

Papel do professor e as condições de trabalho nas escolas de ensino médio

    Atualmente encontramos professores insatisfeitos com seus salários, reclamando de suas condições de trabalho, sem compromisso com o ensino e desiludidos com a profissão, como coloca Mattos e Neira (2000 apud SANTOS; ZAFFALON JUNIOR, 2007, p. 26) “existe uma influência determinante nas condições de trabalho na seleção de conteúdos e na organização da própria tarefa pedagógica”

    O professor tem um papel importante, pois ele é o “instrumento” de associação entre o saber, às intenções da escola através do projeto político pedagógico, a cultura, e claro o aluno. Neste sentido, Santos e Zaffalon Junior (2007, p. 26) enfatizam que “acreditamos que o trabalho do professor de EF ultrapassa o ensinar a jogar, antes de tudo, trata-se do educar para a vida.”

    Neste contexto, o papel do professor é de suma importância para facilitar a adesão dos alunos para com os conteúdos, embora seja de conhecimento de todos que as condições de trabalho desfavorecem as escolhas do conteúdo, os péssimos salários também desfavorece ao estimulo do trabalho do professor, a falta de materiais adequados, ou até do que parece mais lógico, como a quadra e bola.

    Entretanto, o professor do ensino médio tem de ter consciência desta realidade para que ele possa trabalhar seus conteúdos e desenvolver seus trabalhos frente a essa diversidade e que a educação física do ensino médio pode ser trabalhada com objetivos diversos, o que lhe dá maiores opções de interdisciplinaridade desta disciplina.

Transmissão e assimilação dos conteúdos em Educação Física no ensino médio

    Os conteúdos têm de ser escolhidos e selecionados conforme já foi dito, dentro da realidade do educando e da escola, sendo assim “um conteúdo é um recorte da cultura, recorte que produz as instituições do Estado” (RODRIGUES, 2003, p. 336).

    Dentro destes conteúdos selecionados e as metodologias não pode faltar a aula teórica. Como mencionado por Mattos e Neira (2000 apud SANTOS; ZAFFALON JUNIOR, 2007) as aulas de educação física devem ou deveriam ser dividida em duas partes, a teórica e a pratica, sendo assim, na parte teórica o aluno entenderia o porquê do conteúdo e na prática ele vivenciaria.

    Para tanto, sempre será importante que teoria e prática sejam continuamente equalizados em mesma freqüência, pois a importância da teoria é que o educando saiba o porquê está realizando certo movimento, ou tal prática.

    Segundo Brito (1999 apud Santos; Zaffalon Junior, 2007), em suas pesquisas o autor verificou que os alunos não sabem os objetivos da educação, entretanto, tem grande apreço em aulas teóricas. Santos e Zaffalon Junior (2007) ainda enfatizam que não há nada de obstáculos quanto ao professor trabalhar com aulas teóricas e que o objetivo da educação física na escola é o desenvolvimento pessoal do indivíduo.

    Para que este desenvolvimento seja alcançado os conteúdos a serem passando e concretizados nas aulas de educação física devem perpassar as inúmeras possibilidades bem como através dos movimentos a aprendizagem lúdica dos valores que os jogos e os esportes passam e que desenvolver consciência de trabalho em grupo, melhor qualidade de vida e cuidados na manutenção da saúde é de suma importância e legitimidade.

    Santos e Zaffalon Junior (2007) com base em Coll (1996) e Zaballa (1999), os conteúdos em educação física podem ser conceituais, atitudinais e procedimentais, os quais ambos devem atuar sempre em paralelo, mesmo sabendo que os conteúdos são trabalhados de forma superficial (principalmente os mais difíceis) e trabalhados de forma tecnicista, ou só na reprodução mecanicista dos conteúdos e movimentos, por exemplo.

    Ainda dentro deste pensamento sabe-se que na educação física, segundo os PCN’s opera o “corpo que corre mais velocidade, que é capaz de pegar a bola mais vezes sem deixá-la cair no chão”, embora os PCN’s deixem claro que os conteúdos desta prática no ensino médio têm de estar voltado para a formação do individuo num ambiente socialmente determinado desenvolvendo assim, as habilidades com relação aos conteúdos a serem trabalhados, desenvolvendo a compreensão do aluno enquanto o funcionamento do corpo, entender alguns conceitos sobre educação física e as suas práticas, ter posicionamento crítico enquanto a cultura de movimento, a busca da saúde, consciência das atividades físicas como de suma importância nas praticas diárias para a promoção da saúde, dentre outras consciências, que não pode estar reduzido em praticas e metodologias pedagógicas de aulas ultrapassadas, sem dinâmica e interação com a realidade e com os objetivos do aluno segundo os preceitos de uma determinada condição social e histórica.

    A educação física enquanto sua objetividade na construção do individuo cidadão conhecedor das reais noções da prática e a mesma como vasto conteúdo, pode ser inserido dentro de sua própria interdisciplinaridade temas transversais bem como, relevantes para a consciência de um individuo voltado para elucidação do contexto social, econômico, histórico, cultural, sexual, político, dentre outros, que podem sim serem inseridos nos conteúdos.

Práticas pedagógicas nas aulas de Educação Física do ensino médio

    Os PCN’s do ensino médio trazem orientações sob a ótica de uma reflexão docente acerca do significado de educar para a Cidadania. Neste sentido, ele ressalta que a escola não é um local neutro como as pessoas acreditam ser, por isso, cada escola tem particularidades, valores e rituais próprio, portanto trabalhar a educação física neste contexto é sobretudo, a busca da compreensão dessas diferenças percebendo estes sujeitos como tal a partir de um contexto histórico, considerando também suas visões de mundo, valores, sentimentos, emoções e comportamentos.

    Neste aspecto, os PCN’s afirmam que:

    O ensino médio deve ser entendido como uma etapa de formação básica especificamente pensada para alunos cujo perfil não se define tão-somente pelo recorte cronológico da juventude ou da vida adulta, mas também por características socioculturais que possam definir o sentido que esses mesmos dão às experiências vivenciadas na escola (BRASIL 2008, p. 221).

    Ainda segundo os PCN’S é necessário que os alunos tenham vivências nas práticas corporais, pois a educação física possui um distintivo em detrimento as demais disciplinas, isto é, ela contribui para a formação do indivíduo por meio de instrumentos e conhecimentos diferentes dos tradicionais na escola.

    Desta forma, busca-se na prática docente um professor capaz de formar cidadãos de bom caráter, autônomos e capazes de interagir na sociedade, isto é, articulando os conhecimentos das aulas com o seu cotidiano. O professor deve trabalhar com enfoque nas vivências do aluno, bem como o seu contexto histórico, também não se deve deixar de respeitar acima de tudo as limitações de cada um. Igualmente, não se devem excluir os alunos das práticas pelo fato de não terem habilidades, por motivos religiosos e raciais entre outros, tão pouco privilegiar os que possuem afinidades. Para tanto é necessário aulas dinâmicas e participativas sobre as quais os indivíduos tenham possibilidades de intervir e construir as suas vivências, não apenas reproduzindo o que lhes forem repassados. Cabe ao professor inovar as suas aulas, porque trabalhar somente os mesmos conteúdos pode causar desmotivação e evasão escolar.

    Percebe-se que no âmbito escolar a educação física aparece em segundo plano, devido a mesma não ter status dentro da escola. Em muitos casos o professor se quer são chamados para participarem do projeto político pedagógico da escola em que trabalham, além disso, vale lembrar as condições estruturais que se encontram as escolas, a falta de material adequado para as aulas e quadras sem suporte para as práticas. No entanto, os PCN’s citam que esta prática exige ambiente físico amplo, arejado, protegido do excesso de sol e chuva e equipado com materiais apropriados, o que não se vê no contexto atual, que está imbuído de práticas não condizentes com a realidade social dos alunos, outra questão é o fato do professor não proporcionar todas as vivências que os PCN’s citam, mas sim ministrarem aulas com intuito de selecionar de atletas de auto-rendimento e a conseqüente exclusão dos alunos que não se enquadram neste perfil.

    Matta (2001, p.30) reflete sobre possibilidades de uma nova educação física no âmbito escolar:

    A nova forma de ensinar Educação Física dá um “ponta pé no passado” e exige diálogo e planejamento junto aos alunos, em busca de objetivos comuns. As tradicionais aulas sob comando, com exercícios de repetição e ênfase no treinamento físico aplica-se a soldados, não a estudantes em fase de desenvolvimento físico, afetivo e intelectual, sendo assim, no enfoque de ontem o aluno buscava a perfeição através da mera repetição e não atingindo seus objetivos, ficava aborrecido e evadia-se das aulas.

    Em síntese, têm-se a necessidade de novas propostas educacionais que vislumbrem atrair cada vez mais os alunos para as aulas e conscientize-os sobre o real papel e importância da educação física na vida do ser humano, visto que no mundo contemporâneo os jovens encontram-se obcecados por jogos eletrônicos e pela internet e desta forma deixam de praticar atividades físicas se tornando sedentários e pondo sua saúde em riscos.

    Quanto à avaliação, Betti e Zuliani (2002, p. 77) afirmam que “A avaliação em Educação Física tem características e dificuldades comuns aos demais componentes curriculares, mas também apresenta peculiaridades”. Neste sentido, a avaliação deve conter elementos problematizadores da ação pedagógica e não somente para atribuir um julgamento ao aluno. Compreende-se então que a avaliação deve ser contínua, direcionando os alunos para um domínio cognitivo, afetivo/emocional, social e motor, além de tratar sobre as habilidades motoras básicas referentes ao jogo, esporte, dança, entre outros. Deve também levar em consideração os objetivos específicos propostos pelo programa de ensino. Em suma, a avaliação deve estar pautada a correlação entre a cultura corporal do movimento e a capacidade de se expressar através da linguagem escrita e falada.

Conclusão

    Buscou-se entender neste trabalho a prática pedagógica da educação física no ensino médio visto as suas implicações no âmbito escolar. Verificou-se que ela encontra-se muitas vezes desmerecida tanto pelos legisladores quanto pela sociedade e isto é em virtude de inúmeros fatores, que podem ser citados como a falta de conhecimento da importância da atividade física ou até mesmo a cultura que muitos professores têm em ministrar suas aulas somente com conteúdos defasados ou conteúdos esportivos, privilegiando os mais hábeis.

    Em se tratando da educação física no ensino noturno, este fato nos remete a algumas reflexões, pois compreende-se que é uma tarefa árdua mudar a forma de como a educação física é vista neste turno, sabendo que a mesma é obrigatória para o ensino médio, no entanto, a mesma lei que obriga, vem abrir exceções para algumas grupos tidos como “privilegiados”. Grupos estes que geralmente são trabalhadores durante o dia e estudantes durante a noite e subentende-se com esta questão de facultar a prática educativa para eles que os mesmos já possuem um alto gasto energético ao executarem as tarefas diárias. Sabe-se que estes grupos deveriam ter acesso a esta prática porque precisam de vivências lúdicas visto que eles vivem estressados da correria do cotidiano. A educação física não é somente uma atividade que possibilita gasto energético, ela contribui para a formação de um cidadão crítico, pensante e autônomo.

    Quanto aos conteúdos, nota-se que eles devem se adequar ao contexto social do aluno, as limitações que cada um possui e especialmente sua relevância social, econômica, cultural, histórica, que sobre uma ótica emancipatória do individuo aos conteúdos tem de ser pensados e concretizados afim de produção de consciência do aluno sobre a importância de estarem inseridos em uma cultura de movimento. O principal objetivo das aulas é a inclusão dos alunos, por isso, devem ser participativas de forma que possibilitem a socialização entre os indivíduos e a intervenção dos mesmos para que eles possam construir suas vivências, de modo que se dê um “ponta pé” na herança tecnicista e mecanicista, ainda imperante em algumas escolas. A forma de como o professor vai avaliar os alunos é de fundamental importância, pois ela deve ser feita continuamente para que não venha atribuir um julgamento fixo e inacabado ao aluno, mas sim uma ação pedagógica que os possibilite autonomia e reflexão. Deve ser analisado também o desenvolvimento cognitivo, emocional, social e motor, por meio das atividades motoras fundamentais referentes ao jogo, esporte, dança, entre outros.

Referências bibliográficas

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