efdeportes.com

Aspectos sociais na Educação Física escolar

Aspectos sociales de la Educación Física escolar

 

Cursando 6º semestre em Educação Física (Licenciatura)

Centro Universitário Metodista do IPA, Porto Alegre

(Brasil)

Wilian Gonçalves Dutra

wiliandutra.g@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente escrito tem por finalidade ilustrar temas que abordam a importância da Educação Física no que tange a vida social do aluno. O artigo propõe uma forma de ensinar Educação Física que coloque o aluno como sujeito do seu próprio processo de aprendizagem, no sentido de que este traz a própria vivência de mundo e sua relação com ele. O texto ainda focaliza em fatores relevantes no que diz respeito à importância da atuação do educador com uma visão contemporânea de Educação Física, salienta a gama de aspectos sociais que é possível se alcançar nas atividades propostas do mesmo, é possível constatar neste estudo o verdadeiro sentido da Educação Física escolar, pois trabalhamos com crianças das mais variadas dificuldades, e é papel do docente envolver o discente com fatores que visam acrescentar ao longo de sua vida.

          Palabras clave: Educação Física. Escola. Aspectos sociais.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

    Quando falamos em educação nos vem em mente o sentido de valores, onde começa e quando começa. Partindo do que vemos hoje em dia, é possível constatar que não existe educação que não seja política, aliás, o ensino em si é um ato político. Tudo que envolve a escola a maneira de organizar o currículo a proposta político pedagógica, os métodos de ensino e os programas estão justificados também pelas expectativas e idéias políticas que as pessoas têm em relação à educação.

    É importante dizer que a educação esta inserida numa sociedade que se diz democrática, em que cada cidadão tem o direito de exercer o seu poder de decisão, assim a educação, antes de mais nada, é democrática, corroborando para um modelo escolar democrático em que as pessoas envolvidas participam do ato de mão dupla de ensinar e aprender (FREIRE, 2010, p. 125).

    O mesmo autor traz a ideia que a escola é formada por pessoas e toda pessoa possui sentimentos, opiniões, ideologias, sonhos e idéias em que acreditam e em que apostam. Se for uma escola mais tradicional, tudo o que a envolve terá um caráter conservador, porém, se a escola for mais progressista, o seu caráter de ensino abrangerá idéias na direção da construção do conhecimento.

    Na escola, além das tarefas meramente educacionais, fazem-se amizades, aprende-se o funcionamento do poder, conhece-se o que significa a competência, pratica-se esporte, desenvolvem-se habilidades manuais; em resumo, aprende-se viver em comunidade (COLL, POZZO, e SARABIA, 1997, p. 134).

    Mas como podemos fazer com que a educação física, inserida nesse contexto seja trabalhada de forma integral no ser humano? Somente através da criatividade podemos fazer com que as crianças se encontrem consigo mesma e desenvolvam relações com o meio ambiente.

    Nas aulas de educação física os professores ensinam de que forma os alunos aprendam a chutar, saltar, e quicar a bola. Mas qual é o seu verdadeiro significado da escola? A escola é um local de culturas onde os protagonistas, as crianças, adultos e adolescentes são responsáveis por produzir a cultura.

    De acordo com Vago (2009, p. 26), “a cultura é essencial para a sobrevivência do ser humano, pois é através da cultura que nos vestimos e comemos”. A escola deve ser pensada como um lugar que através da cultura pode-se produzir o conhecimento.

    As aulas de educação física constituem um dos mais importantes espaços, talvez até o mais importante, para o desenvolvimento de aspectos sociais, ética e moral dentro da escola.

    O autor mostra que a convivência, a proximidade, a necessidade do contato físico, conflitos e disputas que ocorrem em todas as aulas são elementos que incentivam e demandam o desenvolvimento da inteligência social do sujeito. Essa inteligência social precisa ser desenvolvida de forma orientada, com a presença do professor evitando desvios éticos ou morais que possam prejudicar a construção do caráter dos educandos.

    Quanto à importância da educação física Barros (1970) afirma que:

    A educação física tem papel importante na formação global da personalidade da criança e do adolescente, assegurando-lhes autonomia individual e sua integração no meio social. Utiliza como meio no processo educacional várias possibilidades como os exercícios físicos, os jogos e os desportos, cuja finalidade é de contribuir para adaptação biológica e social do individuo (p. 09).

    O autor também salienta que para que esse trabalho seja significativo é preciso que o professor acredite na possibilidade da mudança através do seu trabalho e busque atuar de forma a propiciar vivência saudáveis que possam construir boas relações sociais e bons conceitos. Para ocorrer êxito nas propostas do educador um fator crucial, vale mencionar, a motivação, é dever do docente motivar os alunos através de suas propostas pedagógicas.

    Paim (2001, p. 73-79), diz que, “a motivação é uma variável importantíssima para que se produza um clima adequado a uma aprendizagem eficaz”. adolescente, assegurando-lhes autonomia individual e sua integraç comunidade.pets

    O educador tem um papel fundamental na construção das relações em aula, pois é ele que tem autoridade dentro do espaço e do tempo da execução das atividades, é ele quem decide como os alunos interagirão ao escolher as tarefas, conteúdos e exercícios da aula. Se o professor não estiver focado para atuar no aspecto social do momento de aula, ele pode acabar criando transtornos comportamentais sérios, que afetarão o educando em diversas dimensões do ser humano (BRACHT, 1992, p. 74).

    Teoricamente diz o autor que, a responsabilidade do educador deveria ser menor do que a dos pais, pois estes deveriam ser a maior referência para seus filhos, porém na prática, vivemos em uma sociedade com valores invertidos, onde o professor recebe uma responsabilidade que, em alguns casos, é maior que a dos pais, que se demonstram ausentes e omissos.

    E que essa responsabilidade, somada à responsabilidade naturalmente inerente ao cargo, exigem cuidados e preparos redobrados para um bom desempenho da função, protegendo e desenvolvendo o educando de forma global.

    Ele também focaliza na importância em falar sobre os aspectos sociais que permeiam as aulas de educação física, pela natureza das atividades que exigem contato físico, convivência, trabalho coletivo e união do grupo. Estes aspectos são de extrema importância para o desenvolvimento da inteligência social do sujeito.

    Bracht (1992) mostra que:

    A socialização do individuo ou da criança se dá exatamente através da internalização de valores e normas de conduta. A escola é uma das instituições que promove tal socialização. Portanto, o fenômeno da socialização ou a aprendizagem do social também ocorre nas aulas de educação física (p. 74).

    O autor reitera que temos ainda a questão dos jogos e dos esportes, que constituem uma parte importante da socialização, pois desenvolvem noções de regras, de papéis e funções, uma noção básica de classes sociais e da divisão de papéis, característica da nossa sociedade.

    Ainda segundo Bracht (1992):

    A socialização para o desempenho de determinado papel social envolve a aquisição de capacidades (habilidades) físicas e sociais, valores conhecimentos, atitudes normas e disposições que podem ser aprendidas em uma ou mais instituições sociais, como por exemplo, a família, a escola, o esporte, e ainda através dos meios de comunicação, (p. 72).

    Sendo assim, ele transpõe a ideia que as aulas de educação física, principalmente aquelas em que trabalhamos com jogos e esportes, como as aulas de voleibol e basquetebol, são momentos apropriados e privilegiados para o desenvolvimento da socialização.

    Os alunos já vêm com uma vivência sobre cultura corporal, movimentos, vindos da experiência do seu grupo social, ao ingressarem na escola tendo ou não experiências em jogos e brincadeiras, visam à escola como um lugar diferenciado que terão que aprimorar seus movimentos e acrescentar sentindo a eles. (BETTI, 1998, p. 13).

    Na citação do autor acima, fica claro que o educador deve atuar como mediador do conhecimento, de forma que os alunos aprendam os saberes escolares em interação com o outro, e não apenas receba-nos passivamente. É dessa forma, que o docente contribuirá para que o aluno desenvolva o senso critico e possa cada vez mais participar ativamente de sua “prática social” atuando como sujeito em meio à sociedade. Desse modo, cabe ao professor colocar-se como ponte entre o aluno e conhecimento e cabe ao aluno participar ativamente desse processo.

    A importância do enfoque social na aprendizagem da criança. Através da problematização desse “social” que o conhecimento começa a ser construído individualmente e socializado através da mediação do professor. A aprendizagem escolar tem um vínculo direto com o meio social que circunscreve não só as condições de vida das crianças, mas também a sua relação com a escola e estudo, sua percepção e compreensão das matérias. A consolidação dos conhecimentos depende do significado que eles carregam em relação à experiência social das crianças e jovens na família, no meio social, no trabalho. (LIBÂNEO, 1994, p.87).

    Nessa linha de pensamento o autor mostra que nessa faixa etária a importância das brincadeiras e jogos cooperativos é muito significativa, porém, não deixemos de lado os desportos propriamente ditos, que se bem orientado é de extrema importância para o adolescente. O professor mediante a isso deve ser aquele educador observador, não deixando os educandos tomarem conta das atividades propostas, impondo regras simples, para que aqueles mais aptos não acabem por inibir os de menor habilidade, o professor problematizando as tarefas, instigando os alunos a procurar soluções mais acessíveis para resolver tal dificuldade, acaba por ter total controle de seus praticantes, fazer reflexões em grupo é muito válido, pois dessa maneira os alunos interagem e se tornam mais independentes e responsáveis, quebrando o sentido de gênero que nessa idade ainda é forte.

    A respeito Kunz (1993) conclui que:

    O peso dos fundamentos de uma coeducativa e a medida das dificuldades que aí serão encontradas deixam claro e desejável o aprendizado de ações desportivas e de movimentos. Isso significa que a aula de Educação Física em separado para meninos e meninas deveria ser evitada. Porque somente em conjunto poderão ser buscadas a igualdade de chances, a desconstrução da relação de dominação e a quebra de preconceitos entre os sexos, fatores estes necessários para a construção de relações entre iguais, que julga-se, podem impulsionar a transformação social (p.158).

    Sobre esse conceito que ainda permeia a área de Educação Física, o gênero o autor fala também que, por razões socioculturais normalmente meninos tem mais habilidades com bolas, força, e rapidez, enquanto as meninas têm vantagem em situações expressivas, ritmos, e coordenação.

    Ele segue discorrendo que a escola, o docente deve abordar conteúdos que promovam uma troca, uma mescla de atividades, fazendo com que ambos os sexos aumentem sua gama de conhecimento. Visivelmente o objetivo da educação física em avaliar os discentes é como eles interagem, reagem a pequenas frustrações, que participem das aulas com motivação, isso é o mais significativo para essa área.

    Para Gallardo (1998):

    Cabe à Educação Física compreender e explicar o corpo, buscando despertar nos educandos uma consciência corporal que lhes permita perceberem-se no mundo em que vivem e, de posse dessa consciência, interferir criticamente no processo de construção da sociedade brasileira, pois não se pode esquecer, também, que a Educação Física, ao desenvolver o movimento através dos exercícios físicos, orienta-se para atividades recreativas, esportivas e de ginástica. Aqui talvez esteja o ponto mais polêmico das atividades educativas da Educação Física. Isso porque se pode perder o significado humano do movimento e, além disso, o esporte pode ser dominado pelos princípios de alto rendimento, perdendo as perspectivas da atividade lúdica e da compreensão da corporeidade humana. (p. 28).

    Percebe-se na citação do autor que, no primeiro momento o fator lúdico é essencial para uma eficiência nas aulas de Educação Física, dando liberdade para eles aprenderem a ter autonomia, criticar, acrescentar, criar, isso é o que qualquer professor não importando a disciplina deseja.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 172 | Buenos Aires, Septiembre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados