efdeportes.com

Traumatismo articular: formas de apresentação e regiões acometidas

Traumatismo articulas: las formas de presentación de las zonas comprometidas

Articular trauma: forms of presentation and regions involved

 

*Fisioterapeutas.

**Orientadora da pesquisa e professora do colegiado

de Fisioterapia do Centro Universitário São Camilo, ES

(Brasil)

Dennys Soares de Castro*

Gilliane Hortega Morais Ipólito*

Maikon Mendes Miranda*

Milena dos Santo Lívio**

dennyssc@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Os tipos de traumatismos articulares podem ser caracterizados em contusão, entorse, luxação, subluxação, fratura articular, distensão ou torção e desgarro articular ou luxação irregular. A seguinte pesquisa tem como objetivo explicitar as diversas formas de traumatismos articulares tais como as regiões acometidas. Este estudo de revisão bibliográfica foi realizado a partir da base de dados Bireme (Medline e Lilacs), SciELO, Google Acadêmico e acervo da Biblioteca do Centro Universitário São Camilo-ES. Os traumatismos articulares de membros superiores podem ser apresentados em diversas formas e regiões como: a luxação da articulação acromioclavicular; as luxações da articulação do ombro, que podem ter três formas de apresentação, a traumática, a atraumática e a recidivante; a fratura do colo e da cabeça do rádio; a luxação de cotovelo; e a luxação perissemilunar dorsal. Nos membros inferiores os traumatismos articulares podem se apresentar em variáveis formas e regiões como: a disjunção da sínfise púbica; a luxação traumática do quadril, frequentemente associado à politraumatismo; a instabilidade anterior ao nível de joelho; e as entorses da articulação talocrural. As lesões medulares são normalmente associadas a fraturas ou luxações da coluna vertebral e agrupam-se em dois tipos de traumas: os traumatismos diretos e indiretos. O mecanismo de trauma na coluna cervical está diretamente relacionado à localização anatômica da lesão e o segmento cervical é o mais acometido.

          Unitermos: Traumatismo. Articulação. Lesão. Fratura.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

1 / 1

Introdução

    Os tipos de traumatismos articulares podem ser caracterizados em contusão, entorse, luxação, subluxação, fratura articular, distensão ou torção e desgarro articular ou luxação irregular (LASMAR, 1988; HEBERT et al, 2003; BÖHLER apud DE BORTOLI; DE BORTOLI, 2001).

    Segundo Böhler apud De Bortoli e De Bortoli (2001) e Tomezak (2005), algumas formas de lesões articulares compreendem:

  • Contusão: lesão articular produzida por um trauma direto, onde não há fratura, luxação nem grave lesão ligamentar. A articulação fica edemaciada, apresentando dor à digitopressão no local contundido e hematoma. Existe sempre limitação de movimentos, porém pouco perceptível.

  • Distensão ou Torção: lesão articular produzida por trauma indireto que conduz a um movimento além do limite articular. Pode produzir um estiramento dos ligamentos e da cápsula articular, podendo causar ruptura dessas estruturas em um dos lados da articulação. Se os ligamentos sofrem apenas estiramento, a articulação conserva sua estabilidade. Caso os ligamentos se rompem de um lado da articulação, essa fica com certa instabilidade, caracterizando uma subluxação. Nas distensões sem ruptura de ligamentos, a mobilidade esta mais limitada que nas distensões com ruptura.

  • Luxação: compreende um deslocamento repentino e duradouro dos extremos articulares, parcial ou completo, produzido por um trauma externo. Ocorre quando se rompe um lado da cápsula articular e uma parte dos ligamentos.

  • Desgarro Articular ou Luxação Irregular: grave lesão articular com ruptura da maior parte dos ligamentos, sendo que a parte distal do membro pode ser levada em todas as direções e não encontra resistência elástica, que é o sinal mais característico das luxações.

  • Entorse: lesão dos ligamentos articulares, a qual estira ou lacera as fibras ligamentares, sendo causados por forças que alongam essas fibras além de seu limite elástico.

    A seguinte pesquisa tenciona explicitar as diversas formas de traumatismos articulares tais como as regiões acometidas.

Material e métodos 

    Esta pesquisa consiste de revisão bibliográfica realizada a partir da base de dados Bireme (Medline e Lilacs), SciELO, Google Acadêmico e acervo da Biblioteca do Centro Universitário São Camilo-ES, durante os meses de abril a junho de 2010. Os materiais buscados foram publicados nos últimos 12 anos (1996 a 2008), utilizando os seguintes descritores em português: traumatismo, articulação, lesão, fratura. A pesquisa foi realizada utilizando-se estratégia de busca primária e secundária, limitada aos artigos publicados em inglês e português. A revisão foi ampliada através de outras fontes, como referências citadas nos artigos obtidos, revisões, pesquisas e livros e/ou de referência sobre o tema. Foram selecionados artigos sobre traumatismo, articulação, lesão, fratura.

Resultados e discussão

Traumatismos articulares do membro superior

    A luxação da articulação acromioclavicular é uma patologia de origem traumática que representa cerca de 10% das luxações no complexo do ombro, sendo mais comum em homens na segunda década de vida (HEBERT et al, 2003).

    As luxações da articulação do ombro podem ter três formas de apresentação, segundo Hebert et al (2003): 1) Traumática: causada por trauma violento, sem lesão prévia, ocorrendo geralmente ruptura e desinserção do lábio glenoidal, dos ligamentos glenoumerais e da cápsula articular, originando a Lesão de Bankart; 2) Atraumática: subluxações sem qualquer relação com fator traumático determinante, sendo que não há ruptura das estruturas anatômicas, mas somente hipermobilidade; 3) Recidivante: caracteriza-se por novas luxações por traumatismos menos intensos, sendo comuns após luxação primária traumática. As luxações traumáticas do ombro são as mais frequentes entre todas as articulações, devido às características dessa articulação, ocorrendo em cerca de 2% da população em geral.

    Segundo Hebert et al (2003) a fratura do colo e da cabeça do rádio costuma incidir em pacientes de todas as idades, sendo o mecanismo de produção mais comum o trauma em valgo, onde há queda sobre o membro superior com cotovelo em extensão, onde a força deformante atua em valgo.

    A luxação de cotovelo é a segunda mais frequente, seguida pela do ombro, com maior incidência em jovens ao redor dos 30 anos (HEBERT et al, 2003).

    A luxação perissemilunar dorsal é a lesão articular mais comum na mão, ocorrendo por queda violenta sobre a articulação radiocarpal em hiperextensão, onde todos os ossos do carpo são lançados para trás do semilunar (HEBERT et al, 2003).

Traumatismos articulares dos membros inferiores

    A disjunção da sínfise púbica é uma forma de luxação no cíngulo do membro inferior, sendo causada normalmente por acidente automobilístico em colisão frontal ou em atletas (HEBERT et al, 2003).

    A luxação traumática do quadril provém de alto impacto frequentemente associado a politraumatismo. Considera-se tal lesão uma emergência devido ao risco de complicações com necrose avascular e artrose pós-traumática (HEBERT et al, 2003).

    Hebert et al (2003) relata que a instabilidade anterior ao nível de joelho é mais comum em jovens, sendo normalmente por lesão ligamentar crônica do joelho, decorrentes de ruptura do ligamento cruzado anterior. É mais comum ocorrer por mecanismo indireto por trauma em torção. A incidência de lesão do ligamento cruzado anterior é de 1/3.000 habitantes, sendo 70% delas ocorrendo na prática esportiva, em especial no futebol.

    Ainda de acordo com os autores as entorses da articulação talocrural são as lesões ligamentares mais frequentes, compreendendo aproximadamente a 15% de todas as lesões esportivas, 31% das lesões no futebol e 45% no basquete, sendo mais comum a entorse em inversão do pé.

    Um entorse da articulação talocrural envolve uma lesão em um ou mais ligamentos localizados nesta articulação. Estas lesões estão associadas aos músculos que controlam as articulações, a qual está instantaneamente desprotegida, fazendo com que o ligamento fique sujeito à força total do movimento quando há sobrecarga sobre essa articulação.

    No entorse em inversão da articulação talocrural o mecanismo de lesão ocorre com o pé em posição de flexão plantar e inversão. O ligamento talofibular anterior é o mais comum a ser lesado, porém lesões concomitantes deste ligamento e do calcaneofibular podem resultar em instabilidade. O ligamento talofibular é o mais forte do complexo lateral do tornozelo e é dificilmente lesado nos entorses em inversão. Os entorses de articulações talocrural podem ser classificados em três graus de lesão, apresentando sintomatologia variando conforme o número de fibras lesadas e a presença de instabilidade na articulação envolvida. Quando ocorre um entorse da articulação talocrural em inversão há uma série de alterações na biomecânica normal da estrutura óssea da articulação talocrural e pé (TOMEZAK, 2005).

Traumatismos articulares na coluna vertebral

    De acordo com Graells et al (2007) a coluna vertebral é uma estrutura óssea articulada, mantida estável por meio de ligamentos e músculos e que suporta forças em vários eixos, mas é também uma região muito suscetível e exposta a agressões externas. Uma possível lesão traumática da coluna vertebral, com ou sem déficit neurológico, deve ser sempre procurada e excluída em pacientes politraumatizados.

    Segundo Silveira (2000) as lesões medulares são normalmente associadas a fraturas ou luxações da coluna vertebral e agrupam-se em dois tipos de traumas: os traumatismos diretos, que podem ser ocasionados a partir de ferimentos provenientes de projeteis de arma de fogo, arma branca, estilhaços ou outros projeteis penetrantes, além de fratura ou luxação de corpos vertebrais; e os traumatismos indiretos, que são os mais frequentes, que ocorrem devido a lesões que resultam na violenta flexão ou extensão de coluna decorrentes de quedas, mergulhos, acidentes automobilísticos, podendo a coluna ser lesada em partes com apresentação em nádegas.

    Defino (1999) diz que o mecanismo de trauma está diretamente relacionado à localização anatômica da lesão e cerca de 2/3 das lesões medulares estão localizadas no segmento cervical.

    O trauma raquimedular atinge mais frequentemente jovens e adultos com idade entre 15 e 35 anos tendo como principal fator de causa os acidentes de trânsito, seguido por acidentes no trabalho e as atividades esportivas. Traumas relacionados à coluna geralmente são decorrentes de um mecanismo de grande energia, portanto outras lesões podem ser associadas como, por exemplo, as lesões torácicas, que podem resultar em risco imediato de vida e evoluir com altos índices de morbidade e de mortalidade. (GRAELLS et al, 2007).

    Segundo Bocchi, Meneguin e Santi (1996) um traumatismo sobre a medula varia desde a concussão transitória, do qual o prognóstico é caracterizado pela total recuperação, à contusão, laceração e compressão tanto isolada quanto associada a um seccionamento completo da medula, paralisando a região abaixo da lesão. Quando ocorre hemorragia na região da medula o sangue pode invadir os espaços extradural, subdural ou subaracnóideo do canal medular, resultando em alterações neurológicas. Após o processo traumático, as fibras nervosas começam a se edemaciar e desintegram-se. Uma cadeia secundária de eventos produz isquemia, hipóxia, edema e hemorragias, que por sua vez resultam em destruição da mielina e dos axônios.

    Caso o traumatismo medular não seja irreparável, torna-se necessário um método de tratamento precoce para evitar que uma lesão parcial se torne total e, consequentemente, permanente. A ação adequada no ato do salvamento, durante o transporte e quando recebendo cuidados e tratamentos hospitalares é fundamental para prevenir complicações neurológicas sérias decorrentes do trauma esquelético cervical (BOCCHI; MENEGUIN; SANTI, 1996).

Conclusão

    É de suma importância para o profissional Fisioterapeuta conhecer os diferentes tipos de traumatismos articulares e sua fisiopatologia, para assim fomentar um adequado plano de tratamento visando uma melhor e mais rápida recuperação por parte do paciente, em especial o atleta, que está mais suscetível a tais lesões e necessitam de uma rápida recuperação.

Referências bibliográficas

  • BOCCHI, Silvia Cristina Mangini; MENEGUIN, Silmara; SANTI, Regina Célia de. Sistematização da Assistência de Enfermagem a Paciente com Luxação de Coluna Cervical: Estudo de Caso. Vol 4. n 2. Ribeirão Preto: Revista Latino Americana de Enfermagem, 1996

  • DE BORTOLI, Ângela Luciana; DE BORTOLI, Robélius. Lesões desportivas no futsal – comparação entre diferentes níveis de equipe. São Paulo: XXIV Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, 2001.

  • DEFINO, Helton L. A. Trauma Raquimedular. Vol 32. n 4. Ribeirão Preto: Medicina, 1999

  • GRAELLS, Xavier Soler I. Lesões torácicas e traumatismo da coluna: uma complexa associação. Vol 7. n. 1. São Paulo: Coluna/Columna, 2008.

  • HEBERT, Sizínio et al. Ortopedia e Traumatologia: Princípios e Prática. 3 ed. Porto Alegre: Atheneu, 2003.

  • LASMAR, Neulor Pace. Traumatismos articulares e osteomusculares agudos em atletas analgesia com associação paracetamol-codeína. Vol. 97. n 4. Rio de Janeiro: A Folha Médica, 1988.

  • SILVEIRA, Paulo Roberto. Trauma raquimedular: diagnóstico e tratamento nas emergências. Vol. 78. n 6. Rio de Janeiro: Jornal Brasileiro de Medicina, 2000.

  • TOMEZAK, Diego Franco. Protocolo de Intervenção Fisiotêrapeutico em Entorse de Tornozelo por Inversão: Estudo de Caso. Cascavel: Faculdade Assis Gurgacz, 2005.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 171 | Buenos Aires, Agosto de 2012  
© 1997-2012 Derechos reservados