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O impacto da adiposidade corporal na correlação entre área 

de secção transversa do braço e força de pressão manual

El impacto de la adiposidad corporal en la correlación entre el área de sección transversa del brazo y la fuerza de prensión palmar

The impact of adiposity on the correlation between arm cross-sectional area and hand grip force

 

*Mestrando do Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial

Área de concentração, Engenharia Biomédica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

**Professora/o do Programa de Pós Graduação em Engenharia Biomédica

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

(Brasil)

Wagner Luis Ripka*

Leandra Ulbricht**

Eduardo Borba Neves**

ripka.w@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetivou avaliar a influência da composição corporal na correlação entre os componentes da área de seção transversal do braço (ASTB) com a força de preensão manual (PM). Avaliou-se 60 homens separados em dois grupos conforme seu percentual de gordura: Grupo A – percentual menor do que 10%; Grupo B percentual maior do que 20%. Foram feitos cálculos para áreas: total (ATB), muscular (AMB) gordura (AGB) e %gordura braquial (PGB) além de teste de PM. Como resultados a PM apresentou correlação com áreas somente do Grupo A. Para as variáveis antropométricas a ASTB apresentou correlação forte com ATB em ambos os grupos (A, r = 0,801; B, r = 0,711). Sugere-se a utilização da ASTB para estimação de força máxima apenas em grupos treinados e com baixo percentual de gordura.

          Unitermos: Área braquial. Antropometria. Dinamômetro de força muscular.

 

Abstract

          This study evaluated the influence of body composition in the correlation between components of the arm cross-sectional area (CSAA) with hand grip force (HF). Were evaluated 60 men, divides into two groups, according to their percentage of fat: Group A – percentage less than 10%, Group B – percentage greater than 20%. Calculations were made for areas: total (ATB), muscle (AMB) fat (AFB) and %fat arm (PFA) in addition of PF test. The results correlated with the PF areas only in Group A. Gor the CSAA anthropometric variables correlated strongly with ATB in both groups (A, r = 0.801; B, r = 0.711). It is suggested the use of CSAA for estimation of maximum force only in the trained group and low fat percentage.

          Keywords: Brachial area. Antropometry. Muscle strenght dynamometer.

 

Resumen

          Este estudio evaluó la influencia de la composición corporal en la correlación entre los componentes del área de sección transversal del brazo (ASTB) con la fuerza de prensión palmar (PP). Se evaluaron a 60 hombres divididos en dos grupos de acuerdo a su porcentaje de grasa: Grupo A, porcentaje inferior al 10%; Grupo B, porcentaje superior al 20%. Los cálculos fueron realizados por las superficies: total (ATB), musculares (AMB) % grasa (AGB) y el brazo (PGB), además de la prueba PP. Los resultados coincidieron con el PP sólo las áreas en el Grupo A. Para las variables antropométricas ASTB fue fuertemente correlacionado con ATB en los dos grupos (A, r = 0.801, B, r = 0,711). Se sugiere el uso de la ASTB para la estimación de la máxima fuerza sólo en grupos entrenados y con porcentaje de grasa bajo.

          Palabras clave: Area braquial. Antropometría. Dinamómetro de fuerza muscular.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Testes, medidas e avaliações antropométricas estão entre as variáveis mais importantes para a ciência do desempenho humano. Esses pontos possibilitam identificar, por exemplo, perfis individuais e populacionais quanto a características físicas e morfológicas, que são fundamentais para tomada de decisão de profissionais, por refletir em muitos casos o estilo de vida da pessoa ou população (MORROW et al., 2003; RIPKA et al., 2009).

    Diversas ferramentas são desenvolvidas em virtude da relevância das informações obtidas pelas avaliações antropométricas (TRITCHLER, 2003), contudo, atualmente tem-se utilizado cada vez mais procedimentos que envolvem testes laboratoriais (por vezes complexos e onerosos) e uso de equipamentos sofisticados como o DEXA (POMPEU et al, 2004). Tais recursos tecnológicos, por vezes, não estão ao alcance da grande maioria dos profissionais que trabalham com a educação física. Desta forma a continuidade dos estudos das técnicas mais simples é ainda de grande relevância para o desenvolvimento da ciência do esporte (POMPEU et al, 2004; PASSANI, 2005).

    Conhecida desde os anos 80 (FRISANCHO, 1981) a técnica antropométrica de área de secção transversal do braço mostra-se como uma ferramenta simples útil para avaliações antropométricas. A área de secção transversa do braço auxilia na apresentação de diferentes variáveis, entre eles à área muscular do braço (AMB), área de gordura braquial (AGB), onde todos se baseiam em equações matemáticas que colocam o braço como um círculo. Estudos sugerem o método como ferramenta eficaz para estimar peso absoluto de gordura corporal, adiposidade corporal, força dos membros superiores e do tronco (FRISANCHO, 1981; WITHERS et al., 1998; POMPEU et al, 2004; BASU et al., 2010). Contudo a literatura carece de pesquisas referentes à eficácia do método em população com diferença de composição corporal e diferentes instrumentos de força, uma vez que essas são variáveis de forte impacto morfofisiológico (FELDSTEIN et al., 2005).

    A estimativa da adiposidade corporal, incorporada de longa data em rotinas de avaliações física, é aferida, dentre outros modos, com o uso do plicômetro que já se mostrou uma ferramenta com elevada reprodutibilidade quando utilizado corretamente (LINTSI, KAARMA, KULL, 2004) além de seu custo mais acessível que o torna uma ferramenta amplamente utilizada. Por sua vez, para instrumentos de baixo custo que avaliem integridade muscular e funcional de membros superiores, tem-se o uso de um dinamômetro para pressão manual (MOURA; MOREIRA; CAIXETA, 2008) também corriqueiramente encontrado com profissionais de educação física.

    Assim este estudo teve como objetivos avaliar a influência da composição corporal na correlação entre os componentes da área de seção transversal do braço com a força de preensão manual.

Metodologia

    Trata-se de um estudo transversal, realizado com 60 sujeitos, homens, militares do Exército Brasileiro, locados no município de Curitiba, separados em dois grupos conforme seu percentual de gordura: (1) grupo A – percentual de gordura menor do que 10%; (2) grupo B percentual de gordura maior do que 20%.

    A avaliação antropométrica deu-se com a utilização de uma balança digital (Wiso W801), com capacidade de 0-180 kg e graduação de 100g. Os avaliados vestiam roupa leve (apenas bermuda) e permaneciam imóveis de pé sobre a balança.

    A estatura foi aferida com um estadiômetro (WCS) onde os sujeitos permaneciam descalços, em pé, com as pernas estendidas e juntas, os calcanhares apoiados no solo e a cabeça orientada para o plano de Frankfurt.

    A circunferência de braço foi medida com fita métrica flexível com 0,5 cm de largura, graduada em centímetros e décimos de centímetros, posicionada no ponto médio entre acrômio e olecrano.

    Para as dobras cutâneas recorreu-se a um plicômetro científico (Cescorf), onde foram medidas as dobras: peitoral, axilar média, abdominal, supra-ilíaca, subescapular, coxa, tricipital e bicipital, seguindo o protocolo de Jackson e Pollock (1978). A dobra cutânea bicipital serviu exclusivamente para relações estatísticas, não sendo utilizada para estimativa da adiposidade corporal.

    Com a área de secção transversal do braço foram obtidos quatro componentes (FRISANCHO, 1981; POMPEU et al, 2004):

1)  área total do braço (ATB), sendo “C” a medida de circunferência em centímetros;

2)  área muscular do braço (AMB), onde “Tri” representa a medida em centímetro da dobra cutânea tricipital.

3)  área de gordura do braço (AGB), dada pela diferença entre ATB e AMB;

4)  percentual de gordura do braço (PGB);

    O teste de força de pressão manual foi realizado com o uso de um dinamômetro manual da marca Jammar, com escala variando de 0 a 100kgf, sendo anotada a melhor medida de três testes realizados pelos participantes, que executavam a pressão na posição em pé, com os braços estendidos ao longo do corpo (MARTINS; GIANNICHI, 1996).

    Foi utilizado o aplicativo SPSS versão 17.0 para os cálculos estatísticos onde se empregou análise descritiva com medidas de posição e dispersão (média e desvio padrão) e estatística inferencial com o teste de correlação de Pearson nos valores obtidos e teste t para amostras independentes na comparação intergrupos. Foi adotado nível de significância menor que 0,05 em todos os testes. O pressuposto para a utilização das estatísticas foi o teste de Kolmogorov-Smirnov.

    O estudo seguiu os aspectos éticos recomendados pela Resolução nº 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos, bem como os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki (1964, reformulada em 1975, 1983, 1989, 1996 e 2000).

Resultados

    Os valores médios dos resultados encontrados para as variáveis estudadas estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Estatística descritiva para as variáveis abordadas no estudo

    O teste t para amostras independentes indicou que não existe diferença significativa entre as médias de força de preensão manual e de área muscular de braço (p = 0,580 e p = 0,103), obtidas pelos grupos A e B. A tabela 2 mostra os valores de correlação das variáveis estudadas para os grupos A e B, respectivamente.

Tabela 2. Correlação entre as variáveis antropométricas e áreas braquiais

    A dinamometria apresentou correlação com as variáveis estudadas somente no grupo com baixo percentual de gordura. A melhor correlação obtida foi com a área muscular do braço (AMB, r = 0,786), em seguida uma correlação inversa com o percentual de gordura do braço (PGB, r= - 0,775) e depois com a área total do braço (ATB, r = 0,717).

    A área total do braço (ATB) que envolve medidas representadas pelos tecidos ósseo, muscular e gorduroso do braço, demonstrou boa relação com a composição corporal. Uma vez que apresentou valores significativos para ambos os grupos, com o peso (grupo A, r = 0,801; grupo B, r = 0,711) e com o IMC (grupo A, r = 0,837; grupo B, r = 0,479). Já com relação ao percentual de gordura corporal, esta correlação ocorreu somente para o grupo B (r = 0,525).

    O percentual de gordura do braço (PGB), dada pela diferença das medidas anteriores, apresentou uma correlação com o percentual de gordura corporal apenas para o grupo B (r = 0,435) e apresentou correlação inversa significativa com a força de preensão manual no grupo A (r = -0,775).

Discussão

    Diversas técnicas para verificação morfofisiológica humana são desenvolvidas continuamente, as de baixo custo, por sua vez, facilitam que profissionais da educação física não se distanciem na aplicação da ciência no dia-a-dia na tomada de decisão.

    Neste estudo, ao separar os militares em dois grupos, verificou-se que os sujeitos que apresentavam um maior percentual de gordura eram também mais velhos. Coerente com a evolução fisiológica normal, na qual o homem tende a ganhar massa gorda com o aumento da idade (McARDLE et al., 2000).

    A área total do braço (ATB) demonstrou boa relação com a composição corporal, principalmente no grupo A com o peso e IMC e no grupo B com o peso e percentual de gordura. Como a medida envolve tecidos ósseo, muscular e gorduroso do braço, e no grupo A os sujeitos apresentam baixo percentual de gordura, observa-se uma boa correlação entre ATB e a PMD.

    Pompeu et al., em 2004 realizou um estudo com 40 adultos, também do gênero masculino, para investigar a relação dos componentes da secção transversal do braço com a força máxima dinâmica no exercício de supino e encontrou uma correlação de 0,60 entre força e ATB e de 0,81 entre a força e AMB. Tais resultados se assemelham aos encontrados no grupo A do presente estudo. Estas conclusões apóiam-se na hipótese de que a força muscular é proporcional a sua área de corte transversal.

    Fisiologicamente, a hipertrofia muscular pode ser associada com o incremento da área de seção transversa (AST) de todo músculo ou de suas fibras isoladamente, por isso, a área muscular do braço segundo estudos anteriores (POMPEU et al, 2004; OKANO et. al, 2008), também pode ser utilizada para estimar a força voluntária máxima. Neste estudo, observou-se uma ótima correlação (r= 0,786) com a força de preensão manual no grupo A (com percentual de gordura menor do que 10). Por outro lado, no grupo B (percentual de gordura maior do que 20) não se observou correlação.

    Considerando o plano de carreira dos militares, com o aumento da idade, há uma redução das exigências físicas (ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO, 2002). McArdle et al. (2000) e Guyton e Hall (2006) explicam que a capacidade de gerar força não esta ligada exclusivamente ao tamanho muscular, mas também a capacidade de recrutamento de unidades motoras. Essa capacidade é maximizada com uma adequada relação volume vs intensidade de treinamento. Assim, as correlações significativas encontradas entre a força de preensão manual e as variáveis: peso, altura, IMC, ATB, AMB e PGB no grupo A e a falta de significância das correlações dessas variáveis no grupo B, aliado a diferença etária entre os grupos, sugere que o grupo A desenvolve atividades com maior freqüência e exigência física do que o grupo B.

Conclusão

    Este estudo ressalta a importância de se observar o perfil antropométrico do grupo no qual se pretende utilizar as equações de predição de força, baseadas na área muscular de braço, pois dependendo desse perfil, pode-se minimizar ou ampliar os erros da estimativa. Assim, sugere-se a utilização da área de secção transversa do braço para estimação de força máxima apenas em grupos treinados e com baixo percentual de gordura.

Agradecimentos

    Agradecimento a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) ao por auxílio financeiro na forma de bolsa de estudos.

Referências

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