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Índice de massa corporal e dobras cutâneas 

como indicadores de fatores de risco

Índice de masa corporal y pliegues cutáneos como indicadores de factores de riesgo

 

Graduandos em Educação Física

pela Universidade do Grande Rio

(Brasil)

Giliard Chagas Cussati

marckson2011@ig.com.br

Marckson da Silva Paula

giliard.jkl@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Em busca de uma vida mais saudável, muitas pessoas procuram os exercícios físicos com o objetivo de mudar o estilo de vida, através de mudanças de seus hábitos diários. O presente estudo referenciou-se em uma análise de 20 artigos científicos que relatam da correlação entre dois indicadores de risco para doenças crônico-degenerativas em ambos os sexos, o Índice de Massa Corporal (IMC) e as Dobras Cutâneas (DC). Maneiras preventivas como prescrição de dietas adequadas e exercício físico foram abordados neste estudo, assim como obesidade e suas causas, tratamentos, sedentarismo e o avanço tecnológico.

          Unitermos: Obesidade. IMC. Dobras cutâneas. Exercício físico. Doenças crônico-degenerativas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A gordura corporal está associada com grandes incidências de doenças crônico-degenerativas. Portanto, os altos índices de gordura corporal podem afetar diretamente na saúde do indivíduo e, com isso, pode apresentar complicações sérias nos principais órgãos vitais do corpo humano. Portanto, estimar a gordura com o menor erro possível é fundamental. Como citam alguns autores (BATH AND BAUR, 2005; STEIN and COLDITZ, 2004), a obesidade é entendida como uma doença de origem multifatorial, onde ocorre a interação de aspectos genéticos, ambientais além de influências socioeconômicas e alterações endócrinas e metabólicas. A OMS, também classifica a obesidade como uma doença crônica em que ocorre acúmulo de gordura corporal e que pode levar a pessoa a complicações na sua saúde (WHO, 1998). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), "Saúde não é apenas a ausência de doença, mas uma situação de perfeito bem-estar físico, mental e social".

    Embora cientes de todos esses desconfortos ocasionados pela obesidade, a postura de algumas pessoas em relação a seu estilo de vida é algo alarmante, elas estão acomodadas com sua situação e acham que não devem mudar a fim de cuidar da sua saúde e viver com qualidade.

    Nas últimas décadas, puderam-se perceber claramente grandes transformações no padrão de vida das sociedades. O avanço tecnológico certamente traz consigo um incentivo a uma vida propensa ao sedentarismo. Ao invés de estimular hábitos de vida saudáveis, os chamados mecanismos que poupam esforço físico como escadas rolantes, elevadores, controles remotos e muitos outros objetos têm conduzido a uma diminuição progressiva da atividade física na vida diária, seja no trabalho, no lazer ou em casa. (MACEDO et. al., 2003).

    O objetivo deste artigo é verificar na literatura atual a correlação entre o IMC e o somatório das dobras cutâneas como indicadores de risco para doenças crônico-degenerativas tratando de gordura corporal em ambos os sexos, o Índice de Massa Corporal (IMC) e as Dobras Cutâneas (DC).

    Para o desenvolvimento do presente estudo, recorreu-se à revisão de artigos origi­nais com resultados de pesquisas sobre obesidade e doenças crônicas degenerativas publicadas em periódicos indexados na Scientific Electronic Library Online – SCIELO e na EFDeportes.com, Revista Digital - Buenos Aires.

Sedentarismo e as doenças crônico-degenerativas

    Muitos comportamentos sedentários do cotidiano são estimulados pelo avanço tecnológico, prova disso é poder mudar o canal da televisão sem ao menos sair do lugar, um lançamento de vídeo game praticamente a cada semestre, computadores modernos, jogos, etc. Existe todo este aparato de possibilidades que incentiva cada vez mais o individuo a consumir desenfreadamente sem pensar na sua qualidade de vida. (AMARAL e PIMENTA, 2001).

    Segundo Macedo et. al., (2003), há evidências recentes que apontam o estilo de vida pouco ativo ou sedentário como o maior fator de risco para enfermidades coronarianas e acidente vascular e essas enfermidades são as principais causas de morte em todo o mundo. Sabe-se que 54% dos fatores de risco de morte por problemas cardíacos estão diretamente ligados ao estilo de vida, alimentação, atividade física, pressão arterial, etc. Estudos epidemiológicos do estado de São Paulo apontam que o sedentarismo é o fator de risco com maior prevalência na população brasileira, cerca de 70%, ultrapassando os outros fatores como o tabagismo, hipertensão arterial, obesidade e alcoolismo.

    Alguns estudos do IBGE indicam que há um percentual de 80,8% de adultos que são sedentários. Um estudo realizado na cidade de São Paulo pôde-se encontrar uma prevalência de sedentarismo de 68,7% em adultos. Segundo estudos do National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, os Estados Unidos possuem mais de 60% dos adultos em estágio de sedentarismo e em torno de 50% dos adolescentes são considerados como sedentários (OEHLSCHLAEGER et. al., 2004).

    Há um evidente aumento do sedentarismo por todo mundo e a maioria das pessoas não realizam a quantidade necessária de exercícios físicos diários que trazem benefícios reais à saúde, como comprova o recolhimento de dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2003) que comprovou em seu estudo que 60% das pessoas do mundo inteiro não atingem a recomendação mínima de 30 minutos diários de atividades físicas tanto as moderadas, quanto as intensas.

Obesidade

    A obesidade atualmente está sendo encarada como um problema da saúde pública e seu crescimento vem ocorrendo tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento, tornando-se um fator de grande preocupação para a Organização Mundial de Saúde. Sendo assim, os interesses em controlar, prevenir e tratar a obesidade tornaram-se ainda maiores. (JANUARIO et. al., 2008).

    Sabe- se que o acúmulo de gordura corporal em excesso pode trazer para a saúde do indivíduo inúmeras disfunções metabólicas independente de sua faixa etária, inclusive as mais precoces como infância e adolescência. As alterações de peso corporal quando ultrapassam os limites estipulados e considerados normais pela (OMS), constituem um dos problemas mais sérios e freqüentes do mundo atual (JANUARIO et. al., 2008).

    O acúmulo de gordura no corpo ocorre devido ao excesso de tecido adiposo corporal que se concentra principalmente na região abdominal. Em conseqüência desse excesso de gordura poderão surgir vários comprometimentos relacionados à saúde do indivíduo como doenças cardiovasculares, alteração na pressão arterial, colesterol alto e Diabetes Mellitus tipo II. (OLIVEIRA et. al., 2004). Além desses fatores negativos à saúde, a obesidade também pode afetar diretamente no desempenho físico do indivíduo, isso ocorre pelo fato da obesidade limitar os movimentos e induzirão cansaço de forma prematura devido à sobrecarga que o organismo sofre. A obesidade deve ser tratada por profissionais de forma independente, porque os seus efeitos são exercidos através de outros fatores de risco como a hipertensão, a hiperlipidemias e o diabetes (ACSM, 2000).

    É importante ressaltar que em especial, mulheres, crianças e adolescentes em idade escolar destacam-se no grupo de risco em evidência mais preocupante para a Organização Mundial de Saúde (AMARAL e PIMENTA, 2001).

    Além dos problemas de saúde que podem ser gerados pela obesidade, deve-se refletir no quanto é difícil o controle e tratamento da doença por necessitar de hábitos alimentares cautelosos e específicos. Esta mudança brusca de atitude no comportamento alimentar na maioria das vezes compromete também o psicológico do paciente, refletindo diretamente no convívio em sociedade (RINALDI et. al., 2008).

    Para fins de tratamento é mais difícil acolher uma criança obesa que um adulto, partindo do pressuposto que esta criança não compreende os riscos da obesidade, podendo gerar várias complicações na saúde em sua vida adulta. Normalmente, as crianças adquirem esta enfermidade pelo fato de seguirem os hábitos alimentares inadequados de seus pais, devido à correria da vida diária não conseguem cuidar de seus filhos de forma correta, privam-lhes de uma alimentação saudável e balanceada necessária a todo indivíduo, principalmente àqueles que se encontram em fase de crescimento (MELLO, LUFT e MEYER, 2004).

    Outra mudança expressiva é a ingestão de alimentos que vêm sofrendo transformações constantes devido ao enorme crescimento no setor da indústria alimentícia, acarretando conforto ao consumidor devido sua facilidade no preparo. O forte investimento e apelo sedutor das indústrias alimentícias com propagandas massificantes e tentadoras no intuito de atrair consumidores de todos os tipos e faixas etárias também contribui fortemente para uma alimentação totalmente equivocada, exemplos são os fast-foods, enlatados, instantâneos e muitos outros. (CELESTRINO e COSTA, 2006). A má alimentação ou alimentação desordenada pode gerar um quadro de obesidade, o que não é nada interessante quando se trata de saúde.

    A obesidade está associada ao desenvolvimento ou agravamento de inúmeras disfunções metabólicas, tais como cardiopatias, hipertensão arterial, diabetes, hipercolesterolemia, hiperlipidemia, entre outras. Um adolescente obeso pode ser identificado ainda na infância, uma vez que uma criança obesa na infância pode apresentar de 68% a 77% de probabilidade de permanecer obesa durante a adolescência (RONQUE et. al., 2005). Quanto mais tempo as crianças permanecem acima do seu limite de peso corpóreo considerado normal, provavelmente mais eles continuarão neste estado durante a vida adulta. De acordo com Dietz (1995) apud. Pinho (1999) a partir dos seis anos de idade o excesso de peso corporal não desaparece espontaneamente.

    A pessoa que tem dificuldades no seu controle de peso corporal durante a infância e adolescência também poderá ter complicações no controle do seu peso na sua fase adulta. Segundo Katch e Mcardle (1996) apud. Pinho (1999) a chance de essa pessoa tornar-se um adulto obeso é três vezes maior do que uma criança com peso dentro dos padrões de normalidade. Essas complicações na fase adulta se devem ao fato de a criança que é obesa ter dificuldades em reverter essa situação, deixando, assim, o quadro de obesidade.

    Alguns estudos realizados em várias regiões do Brasil verificam um aumento no quadro de sobrepeso e obesidade, além de Doenças Cardiovasculares, hipertensão arterial e hipercolesterolemia (aumento da taxa de colesterol) acometendo os adolescentes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem alertado atualmente o perigo do aumento exagerado de massa corporal, em especial no final da adolescência, destacando que 20% desses adolescentes com aumento exagerado de massa corporal apresentam fatores de risco para Doenças Cardiovasculares (REGO et. al., 2006).

    Os estudos comprovam o aumento no número de pessoas com sobrepeso e obesidade, como no estudo domiciliar descrito por Neutzling; Taddei; Rodrigues e Sigulem (2000) apud. Luiz et. al. (2005) de cobertura nacional para representar a população de adolescentes brasileiros não institucionalizados, foi realizado com o objetivo de descrever a prevalência de obesidade em 13.715 adolescentes, entre 10 e 19 anos de idade. Os resultados mostraram que ocorreu uma maior prevalência de obesidade no grupo de adolescentes do sexo feminino e em adolescentes de nível socioeconômico mais alto e de regiões industrializadas (LUIZ et. al., 2005). Esses estudos comprovam a idéia de que as pessoas de maior nível socioeconômico tendem a se alimentar de forma mais desordenada, abusando de fast-foods e outras fontes de alimentação rápida.

    Percebe-se claramente que há outros fatores responsáveis pelo grande crescimento da obesidade como: o avanço tecnológico, o aumento expressivo da violência urbana e a falta de espaços adequados para a prática de atividades físicas de jovens e crianças. (CELESTRINO e COSTA, 2006).

    Uma das melhores formas de combate à obesidade tem início através da reeducação alimentar referente ao consumo de alimentos saudáveis para o organismo aliado a prática de atividades físicas. Em especial, tais atitudes proporcionam bem estar físico e, sobretudo mental, elevando a qualidade de vida das crianças e dos adolescentes refletindo em sua fase adulta.

Exercício físico e suas contribuições

    Pelo fato de existir todos esses fatores de risco à saúde, a procura pela prática de exercícios físicos tem sido muito grande em todos os lugares. Sabe-se que o número de praticantes interessados em aderir programas de exercícios físicos tem aumentado, assim como o número de academias que oferecem tais serviços. (COSTA, 2007). Outro fator que merece destaque é a qualidade desses serviços que foi otimizada durante o passar do tempo. Os objetivos são bem variados, há quem queira um condicionamento físico ideal, um aumento de massa muscular, recuperar-se de lesões, cuidar da saúde, perder peso (gordura corporal). Os praticantes de exercícios físicos têm a manutenção da qualidade de vida como um fator essencial, inserindo também a busca pela beleza corporal como objetivos a serem alcançados. Com isso, a adesão a programas de treinamentos regulares é freqüente e faz com que o meio da musculação seja um grande atrativo para profissionais de Educação Física. Alguns autores destacam os fatores motivacionais que levam as pessoas ingressarem em um programa de exercícios físicos, tais como: os exercícios físicos podem trazer benefícios profiláticos, (NAHAS, 2001), Outros apontam que a estética corporal é um dos objetivos principais da procura por academias, (SABA, 2001), (ROCHA e PEREIRA, 1998) apud (KLEIN e SILVA, 2003), baseado em suas pesquisas obtiveram o condicionamento físico como fator motivacional predominante, acompanhado em segundo lugar de questões estéticas, Como (NAHAS, 2001) afirma, os exercícios podem prevenir doenças, influenciando assim na qualidade de vida dos praticantes.

    Enfatizando esse pensamento de qualidade de vida e seus benefícios e a relação inversa entre exercícios físicos e doenças crônico-degenerativas, temos a seguinte afirmação:

    [...] a adoção de um estilo de vida ativo, ou seja, a prática regular de exercícios físicos proporciona inúmeros benefícios para seus praticantes, tanto em relação à saúde como na qualidade de vida, reduzindo a possibilidade de desenvolvimento da maior parte das doenças crônico-degenerativas. (NAHAS, 2003; GUISELINI, 2006)

    O exercício físico tem se mostrado uma ponte entre o indivíduo e a estética. Ele tem o “poder” de mudar a aparência de muitas pessoas, desde que haja uma integração com a boa alimentação e o descanso para que haja o processo de supercompensação, que é algo indispensável em treinamentos, onde o indivíduo treina e espera obter resultados positivos. Segundo (DANTAS, 1995), “O equilíbrio entre carga aplicada e tempo de recuperação é que garantirá a existência da supercompensação de forma permanente.” Este é um dos princípios do treinamento, o princípio da sobrecarga.

    Estudos realizados mostram que a união entre exercício físico e alimentação balanceada no controle do Diabetes Mellitus pode ser benéfica. Um exemplo de estudo dessa natureza está contida no trabalho de Neuhouser et al (2002), demonstrando que os 1728 homens e mulheres diabéticos, que durante um ano tiveram controle alimentar e praticaram exercício físico moderado regular, diminuíram o risco da doença em 42%. Yooet et al (2004) também demonstraram resultados positivos no controle do DM Tipo II, através da mudança drasticamente do estilo de vida de 29 pacientes diabéticos, através de uma dieta balanceada, exercício físico regular e moderado e controle de saúde.

    Outros estudos têm demonstrado que o exercício físico diminui a hipertensão arterial pelo fato de reduzir o acúmulo de placas de gorduras nas paredes dos vasos sanguíneos, contribui na redução do colesterol e triglicerídeos no sangue, portanto colaborando na redução e evolução das doenças cardiovasculares (AMERICAN COLLEGEOF SPORTS MEDICINE &AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2000; CANCELLIÉRI, 1999; FORJAZ et. al., 1998).

    A execução de exercícios físicos de forma regular e orientada em diabéticos pode ocasionar benefícios como: a redução da perda da massa óssea (osteoporose) aumenta o fluxo sanguíneo muscular e a circulação de membros inferiores; contribui na redução de peso, bem como na manutenção do peso normal e da massa muscular, se o exercício for associado a uma dieta com baixa ingestão de calorias (GORDON, 1997; COLBERG e SWAIN, 2000; NEUHOUSER et. al., 2002).

    Antes de qualquer tipo de treinamento, seja ele anaeróbio ou aeróbio, deve haver uma avaliação bem eficiente a fim de identificar os objetivos de uma pessoa, enfoque em uma variável a ser desenvolvida, correção de postura corporal. Segundo (COSTA, 2007) “Avaliar a condição física inicial do aluno é de fundamental importância para a prescrição da atividade mais adequada a atender seus objetivos e necessidades, e é nessa situação que a avaliação física mostra-se um instrumento de trabalho indispensável para o professor”. Costa (2007), afirma que essa avaliação deve ser feita por um profissional gabaritado que esteja ciente dos objetivos de seu cliente e saiba utilizar os métodos avaliativos de forma coerente. Existe uma série de métodos para avaliação da composição corporal, como por exemplo, o IMC (Índice de Massa Corporal) e a mensuração de Dobras Cutâneas (DC), nos quais serão enfocados neste trabalho.

Índice de Massa Corporal (IMC)

    De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o IMC é utilizado para classificar se uma pessoa está dentro de uma faixa considerada ideal, no entanto, não pode ser aplicado com qualquer um, é um índice mais utilizado com uma população que não tem uma relação muito forte com a hipertrofia muscular. Essa forma de avaliação não leva em conta fatores como massa magra, massa óssea, idade, biótipo e sexo do indivíduo. Apresentam apenas valores generalizados para qualquer indivíduo. Em se tratando de medidas antropométricas para avaliar a obesidade o IMC apresenta uma boa aceitação por ser de baixo custo e de fácil aplicação. (SARDINHA et. al., 1999; GIUGLIANO; MELO, 2004).

    De acordo com (VELÁSQUEZ, 2007), este índice é obtido na relação de divisão do peso em (Kg) pela altura ao quadrado, a altura é representada em metros. Baseando-se nesta definição tem-se a seguinte equação abaixo:

IMC = Peso / (Altura)²

Dobras cutâneas (DC)

    A outra forma de avaliação da composição corporal que é tratada neste trabalho é a mensuração das DC. Através do processo de mensuração de DC, pode-se calcular a composição corporal de um indivíduo separando o peso do tecido gorduroso da massa corporal total.(MARINS; GIANNICHI, 2003). Esse método é muito eficiente no que diz respeito à análise da composição corporal de um indivíduo, pode trazer benefícios no que diz respeito à verificação de negatividades interligadas à saúde.

    O conhecimento da composição corporal de um indivíduo pode auxiliar na identificação dos riscos à saúde associados aos níveis elevados de gordura corporal, ao acúmulo de gordura intra-abdominal, a mudanças da composição corporal associadas a doenças, na avaliação da eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos, na estimativa do peso ideal, na formulação e prescrição de dietas ou até mesmo no monitoramento das mudanças corporais associadas ao crescimento, ao desenvolvimento e a maturação por exemplo.(HEYWARD; STOLARCZYK, 2000).

    É extremamente interessante utilizar os indicadores de avaliação da gordura corporal para saber como está a situação de um indivíduo antes de qualquer prática de exercícios físicos. Souza (2009) afirma que há benefícios no uso dos indicadores de gordura corporal como o IMC e DC, para ele, esses indicadores são de fácil aplicabilidade, não exigem um custo elevado em comparação com outros métodos de avaliação da gordura corporal, e, além disso, podem ser aplicados em grandes populações, como as escolas. Por isso, o uso de tais indicadores de gordura corporal tem sido bastante aceito por estudiosos da área. (apud PINTO et al, 2007; CONDE e MONTEIRO, 2006).

Título

Objetivo

Metodologia

Conclusão

Índice de massa corporal como indicador 

de obesidade em crianças de 6 a 8 anos

O objetivo deste estudo foi comparar a concordância entre dois indicadores de obesidade, IMC e percentual de gordura, em escolares de ambos os gêneros, alunos do ensino fundamental I do Colégio Militar do Corpo de Bombeiro da cidade de Fortaleza/CE.

Pesquisa de campo.

Concluiu–se que o IMC e DC apresentaram boa concordância de resultados entre si, mas, o IMC apresentou maior eficiência para indicar a prevalência de obesidade.

Avaliação do índice de sobrepeso e obesidade 

em escolares da rede pública e privada de ensino

Explorou a correlação entre o sedentarismo, maus hábitos alimentares e condições socioeconômicas com a prevalência de sobrepeso e obesidade infantil.

Pesquisa de campo

Concluiu–se que não houve disparidades significativas nos resultados do IMC e DC.

Correlação das variáveis: índice de massa corporal (IMC) 

e percentual de gordura corporal em uma população 

praticante regular de atividade física.

Tem como objetivo apresentar as possíveis inconsistências de resultados em adotar apenas uma ou outra para determinar a saúde de um individuo ou de uma população.

Pesquisa de campo.

O presente estudo mostrou que houve inconsistência do método de IMC na população estudada, onde 57,7 % apresentaram–se acima do peso com avaliação feita através do IMC, mas, apresentaram valores normais através da mensuração de DC.

Índice de massa corporal e indicadores antropométricos de adiposidade em idosos.

Avaliar o estado nutricional dos idosos e comparar o IMC com vários indicadores de adiposidade e de localização de gordura em idosos e adultos de meia idade.

Pesquisa de campo.

Verificou–se que a correlação entre IMC e DC foi moderada, chegando ser negativa com mulheres adultas e idosas de 60 a 69,9 anos.

Índice de massa corporal e Dobras cutâneas como indicadores de obesidade em escolares de 8 a 10 anos.

Comparar a concordância entre dois indicadores de obesidade, IMC e percentual de gordura, em escolares de ambos os sexos.

Pesquisa de campo.

Os dois métodos apresentaram concordância moderada entre si, contudo, as dobras cutâneas se mostraram mais sensíveis em relação à avaliação do excesso de gordura corporal.

Índice de massa corporal como indicativo da gordura corporal comparado às dobras cutâneas.

Verificar se o IMC apresenta consistência perante o somatório das dobras cutâneas do tríceps e da panturrilha para classificar moças e rapazes acima, abaixo e dentro do padrão.

Pesquisa de campo.

A conclusão tomada foi que o IMC não apresenta consistência para classificar moças e rapazes de 10,5 a 17,49 anos.

Discussão

    Os estudos analisados trouxeram questões interessantes a se destacar. As correlações foram feitas nos artigos estudados, em alguns artigos a correlação foi positiva entre IMC e DC, em outros, houve uma sensibilidade maior às DC, mas, esses dois indicadores mostraram ser bons parâmetros para indicar a gordura corporal dos indivíduos.

    Nos artigos analisados, encontrou se algumas conclusões específicas, onde o IMC e as DC mostraram uma correlação moderada, onde os dois indicadores de adiposidade apresentaram resultados fidedignos, sem haver disparidade considerável entre ambos. Segundo Dos Santos, Dos Santos e Rocha (2009), em sua pesquisa, realizada com 100 crianças de ambos os sexos, sendo 50 do ensino privado e 50 do ensino público, realizada nas cidades de Nova Era e João Monlevade, em Minas gerais, não houve disparidades significativas entre os índices de gordura corporal, com os mesmos concordando nos resultados apresentados.

    Também seguindo por essa linha de raciocínio, Souza et. al (2009) afirmaram que não houve diferenças nos resultados obtidos na sua pesquisa referente ao uso dos indicadores de gordura corporal. Essa pesquisa foi realizada com 171 escolares, sendo 82 meninas e 89 meninos do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros da cidade de Fortaleza/CE. Nesse estudo houve uma concordância moderada entre os indicadores (IMC e DC) no que se refere à classificação em referência à obesidade, acima e dentro do padrão de saúde de crianças de 6 a 8 anos de ambos os sexos.

    No estudo apresentado por Lima, Zamai e Bankoff (2010) no programa de atividade física MEXA–SEda UNICAMP com funcionárias e/ou alunas da Universidade, com idade entre 18 a 80 anos, mostrou que houve inconsistência do método de IMC na população estudada, onde 57,7 % apresentaram–se acima do peso com avaliação feita através do IMC, mas, apresentaram valores normais através da mensuração de DC. Os autores mostraram em seu estudo que o IMC não foi consistente e apresentou disparidade quando comparado com o método de DC. Os autores concluíram que, em sua pesquisa, o IMC não teve resultados positivos quando comparado com os resultados das dobras cutâneas.

    Dos Santos e Sichieri (2005) apresentaram uma pesquisa interessante com idosos e adultos, sendo 699 idosos e 1306 adultos que participaram de inquérito realizado no ano de 1996, no município do Rio de Janeiro. Nessa pesquisa foram avaliados quanto ao índice de massa corporal, perímetro braquial, perímetro da cintura, perímetro do quadril, espessuras das dobras cutâneas triciptal e subescapular, área de gordura e área muscular do braço obtidas a partir de procedimentos padronizados. Foram utilizados os pontos de corte propostos pela Organização Mundial de Saúde para relação cintura quadril, perímetro da cintura e índice de massa corporal. As comparações utilizaram o coeficiente de correlação de Spearman e a regressão linear, ajustada para idade. Ao final da pesquisa, constatou–se que cerca de 50% dos idosos apresentaram sobrepeso e os dados coletados através do IMC e das DC apresentaram resultados em concordância, concluindo que o IMC mantém relações positivas com a adiposidade.

    Outro estudo realizado por Januario et. al. (2008) com 200 escolares de ambos os sexos, sendo 100 meninos e 100 meninas de 8 a 10 anos no município de Londrina mostrou que a correlação entre IMC e DC foi positiva, apresentando uma concordância moderada entre si, mas, as Dobras Cutâneas apresentaram uma fidedignidade maior do que o IMC em relação a indicação de gordura corporal. No estudo em questão houve uma relação negativa do IMC com a indicação de gordura corporal, pois o mesmo indicou que 21% dos meninos e 15% das meninas avaliadas apresentaram uma faixa de peso considerada normal, mas, ao serem submetidos ao método das DC apresentaram um quadro de obesidade. Com isso, nesse estudo, a concordância entre os dois indicadores não foi positiva.

    Também da mesma forma que Januario et. al. (2008) concluiu seu estudo, Glaner (2005) realizou uma pesquisa para comparar os dois indicadores de gordura corporal, o IMC e DC. Em seu estudo, Glaner (2005) realizou uma pesquisa com amostra de 1410 pessoas, sendo 694 do sexo feminino e 716 do sexo masculino com idades de 10,50 a 17,49 anos. A autora concluiu que em seu estudo, mediante a coleta de dados e confrontação dos resultados obtidos através do IMC e comparados ao somatório das pregas cutâneas que o IMC não apresentou consistência para classificar moças e rapazes quanto ao percentual de gordura corporal.

Conclusão

    Conclui-se perante os estudos realizados de revisão de literatura sobre a correlação entre IMC e DC, que as analises de pesquisas sobre medidas antropométricas demonstraram que há uma consistência moderada entre IMC e DC em se tratando de gordura corporal dentro e acima do critério de saúde segundo a OMS, entretanto, as pesquisas de DC demonstraram uma maior sensibilidade e fidedignidade nos resultados comparados ao IMC.

    As diferenças encontradas nos estudos do IMC pode ter ocorrido devido há algumas limitações que ocorrem com a aplicação deste método, uma vez que o IMC não é recomendado para avaliação de pessoas com estado de maior massa magra, confundindo essa massa magra com a obesidade, ou seja, com massa gorda exemplo o caso de um atleta com um percentual muito alto de massa magra (hipertrofia muscular).

    Diante dos resultados obtidos percebe-se que há uma concordância maior entre os autores na utilização da mensuração das dobras cutâneas para identificar com mais precisão os fatores de risco para a saúde, como as doenças crônico-degenerativas. Certamente a intervenção nos hábitos diários e na alimentação das crianças e adolescentes surtirá efeitos, uma vez que hábitos saudáveis e a prática de atividades físicas quando ensinados nesta fase podem persistir por toda vida. Portanto, promover a educação física certamente é um dos meios mais eficientes para promoção da saúde e da qualidade de vida, e este habito deve ser trabalhado desde cedo através da educação física escolar, esportiva, alimentação saudável e lazer, evitando o sedentarismo e reduzindo o numero de pessoas obesas no futuro.

Referências bibliográficas

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