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Nível de autoestima em idosas praticantes de ginástica

Nivel de autoestima en mujeres mayores que practican gimnasia

 

*Pós-Graduação em Educação Física Escolar e Treinamento Esportivo, Funorte

**Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, PIBIC

***Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes

****Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro, UTAD/ Portugal

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – PPGCS

(Brasil)

Bráulio Magno Soares Santos*

Ludmila Silva de Alencar*

Juliany Neves da Silva**

André Luiz Gomes Carneiro***

Wellington Danilo Soares*** ****

wdansoa@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do estudo foi identificar o nível de autoestima de idosas de um grupo de ginástica da cidade de Montes Claros – MG. A amostra foi constituída por 30 idosas do gênero feminino assistidas por um grupo de ginástica orientada e sistematizada, com no mínimo 04 meses de participação na atividade e média de idade de 65,83 anos (±4,93). Para coleta dos dados foi aplicada a Escala de Autoestima de Rosemberg (Rosenberg Self-Esteem Scale). Na interpretação dos dados recorreu-se à estatística descritiva, com análise de frequência, média e desvio padrão através do SPSS 17 for Windows. Os resultados mostraram que no perfil dos sujeitos há predomínio de idosas viúvas (46,7%), seguido de casadas (36,7%), solteiras (10,0%) e divorciadas (6,7%). A média de tempo de participação no programa é de 8,13 meses (±1,79), sendo o mínimo de 4 e o máximo de 9 meses. Com relação ao nível de autoestima, 100% da amostra encontram-se dentro da faixa normal nessa variável, com escores variantes entre 17 e 26, sendo, dessa forma o resultado bastante satisfatório. A partir deste estudo, verificou-se que a população estudada possui níveis de autoestima dentro da faixa de escore considerada normal, o que contribui para melhoria de sua qualidade de vida e autoestima. Esse resultado pode estar associado à prática de atividade física no referido grupo de ginástica, onde as participantes vivenciam momentos de socialização e prática regular e planejada de atividade física, sendo estes, fatores e vantagens contribuintes para uma boa autoestima.

          Unitermos: Autoestima. Idosas. Ginástica.

 

Abstract

          The aim of this study was to identify the level of self-esteem of a group of elderly fitness of the city of Montes Claros - MG. The sample consisted of 30 elderly females assisted by a group of fitness-oriented and systematic, with at least 04 months of participation in the activity and mean age of 65.83 years (± 4.93). The data collection was applied to the Rosenberg Self-Esteem Scale (Rosenberg Self-Esteem Scale). When interpreting the data we used descriptive statistics with frequency analysis, mean and standard deviation using the SPSS 17 for Windows. The results showed that the profile of the subjects were mainly elderly widows (46.7%), followed by married (36.7%), unmarried (10.0%) and divorced (6.7%). The average length of participation in the program is 8.13 months (± 1.79), with a minimum of 4 and maximum of nine months. Regarding the level of self-esteem, 100% of the sample is within the normal range on this variable, with scores between 17 and 26 variants, and thus the result very satisfactory. From this study it was found that the population has levels of self-esteem score within the range considered normal, which contributes to improving their quality of life and self-esteem. This result may be associated with physical activity in this group of gymnastics, where the participants experience moments of socialization and regular and planned physical activity, and these factors and advantages contributing to a good self-esteem.

          Keywords: Self-esteem. Elderly. Gymnastics.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O processo de envelhecimento do ser humano tem sido foco de atenção crescente em todo o mundo, uma vez que, tanto os problemas de saúde característicos desse período da vida, quanto os vários aspectos relativos à qualidade de vida dessa população, passam a ser objetivos de preocupação e de investigação de diversos pesquisadores (REBELATTO et. al. 2006 apud BORGES et. al. 2008). O envelhecimento humano é um processo natural e ocorre com todos, caracterizando-se por algumas perdas das capacidades fisiológicas dos órgãos, dos sistemas e de adaptação às situações de estresse. No entanto, segundo Petry e Garces (2009), o envelhecimento não é igual para todos e sofre influência forte das condições de vida de cada pessoa, dessa forma, estes acreditam que quanto mais ativa a pessoa for, em seu cotidiano, menos probabilidade de surgimento de doenças e maior qualidade de vida terá. É na prática de atividade física que se fundamenta a manutenção da saúde e de qualidade de vida.

    A prática de atividades físicas a partir de grupos de ginástica para idosos, busca proporcionar bem-estar, aumento na autoestima e melhoria na qualidade de vida. Segundo Okuma (2004), estudos em gerontologia têm demonstrado que a atividade física junto com hereditariedade, alimentação adequada e hábitos de vida apropriados podem melhorar em muito a qualidade de vida dos idosos. Ainda de acordo com este autor, encontram-se na literatura muitos dados que configuram seu beneficio incontestável para aqueles que a praticam, em relação à saúde física, mental, psicológica e social, embora existam questionamentos em relação ao papel da atividade física no processo de envelhecimento

    Dentre os benefícios associados à prática da atividade física pelos idosos, encontra-se o aumento da autoestima. Define-se autoestima como sendo o sentimento, o apreço e a consideração que uma pessoa sente por se própria, ou seja, o quanto ela gosta de si, como ela se vê e o que pensa sobre ela mesma (DINI, QUARESMA; FERREIRA, 2004). A autoestima é com posta por sentimentos de competência e valor pessoal, acrescida de auto-respeito e auto-confança, refletindo julgamento implícito da nossa capacidade de lidar cm os desafios da vida (CHAIM, IZZO e SERA, 2009). A autoestima descrita por Nascimento et. al. (2008), é uma avaliação que o indivíduo efetua e mantém em relação a si mesmo, expressando uma atitude de aprovação ou desaprovação. O conceito de autoestima diz respeito, à forma como o individuo elege suas metas; aceita a si mesmo e a sua imagem; valoriza o outro e projeta suas expectativas. O conteúdo das percepções gerais de autoestima e auto-imagem são tudo aquilo que o indivíduo reconhece como fazendo parte de si. É adaptável, reconhecido de forma individual, pelas características da interação social. 

    Segundo Marchand (2001), a autoestima está continuamente sendo ameaçada no idoso e, dentre os fatores que podem promover a autoestima destacam-se, principalmente, a saúde física, que favorece a independência; a saúde psicológica, que permite reagir com mecanismos de enfrentamento e defesa; pessoas que as permitem convivência e não isolamento; e segurança econômica, para suprir suas necessidades básicas, concluindo que, na falência desses fatores o idoso não mantém sua autoestima e tende a ficar depressivo.

    Verifica-se que a prática de atividades física por si só já traz benefícios à saúde de indivíduos idosos e, sendo está realizada em grupos, aumenta-se as possibilidades de melhorias, sobretudo no nível de autoestima. Coutinho et. al. (2009), corroboram com essa ideia evidenciando que, acredita-se que a prática de exercícios em grupos facilita a manutenção da autonomia e independência de idosos, pelo compromisso com os demais membros do grupo, apoio social, investimento em novas relações pessoais e diversão. Nascimento et. al. (2009), ressaltam que a prática da atividade física na terceira idade e em grupo, favorece uma maior socialização e está sendo a cada dia mais aceita como estratégia para melhoria da qualidade de vida e bem estar da população, sua importância é incontestável já que apresenta benefícios a curto, médio e longo prazo.

    Neste contexto, o foco da presente pesquisa foi analisar o nível de autoestima de idosos praticantes de atividade física de um grupo de ginástica da cidade de Montes Claros, Minas Gerais.

Materiais e métodos

    Este estudo caracteriza-se como pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa e de corte transversal (RAMPAZZO, 2005).

    A amostra foi constituída de 30 sujeitos, gênero feminino, distribuídas na faixa etária de 60 a 78 anos, sendo a média de idade de 65,83 anos (±4,93), selecionados de forma aleatória entre os grupos sociais de ginástica da cidade de Montes Claros – Minas Gerais, tendo como critérios de inclusão idade igual ou superior a 60 anos e tempo mínimo de participação de 4 meses no grupo.

    Como instrumento para avaliação da autoestima foi utilizado o questionário Escala de Autoestima de Rosemberg, traduzida e adaptada por Dini, Quaresma e Ferreira (2004), contendo 10 questões relativas aos sentimentos gerais de autoestima ou auto-aceitação que expressa uma atitude de aprovação/desaprovação de si mesma, onde as questões 1, 2, 4, 6 e 7 representam sentimentos positivos e as questões 3, 5, 8, 9 e 10 representam sentimentos negativos em relação à auto-avaliação, com escore de 0 a 30, sendo que a variante entre 15 e 25 o indivíduo encontra-se dentre da faixa normal e pontuações abaixo de 15 indicam baixa autoestima.

    O questionário foi aplicado pelos próprios pesquisadores. Antes da aplicação, explicando-se cada questão, bem como suas alternativas, para que não houvesse dúvidas sobre o mesmo e, para que o questionário não fosse interrompido no momento de sua aplicação. Inicialmente os indivíduos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Participação em Pesquisa, concedendo por escrito, a permissão para utilizar seus dados, em seguida, responderam o questionário Escala de Autoestima de Rosemberg, a coleta de dados ocorreu no mês de novembro de 2011.

    A tabulação, análise e interpretação dos dados coletados deu-se através do software SPSS – 17.0 (Statistical Package for the Social Sciences) for Windows, onde os dados foram distribuídos em freqüência, média e desvio padrão.

    O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética das Faculdades Unidas do Norte de Minas – Funorte, com apreciação através da Plataforma Brasil, sob o protocolo do CAAE número 00771312.5.0000.5141. Foram respeitados todos os preceitos éticos de acordo com a Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, garantindo aos sujeitos envolvidos na amostra preservação e confidencialidade dos dados.

Resultados e discussão

    Verificou-se com relação à amostra que 56,6% tem entre 60 e 65 anos e 43,4% entre 66 e 78 anos, com média de idade de 65,83 anos (±4,93). Em relação ao estado civil das participantes, 14 delas são viúvas, 11 são casadas, 3 solteiras e 2 divorciadas. A maioria da amostra estudada 76,7% (n=23) tem um tempo de participação no programa de 9 meses e 13,3% (n=7) um tempo entre 4 e 8 meses, com tempo médio de 8,13 meses (±1,79).

    Entre os indivíduos pesquisados 100% (n=30) da amostra apresentaram escore igual ou superior a 15, de acordo com a escala de autoestima de Rosemberg, o que representa nível de autoestima normal, entre estes 36,6% (n=11) apresentaram escore entre 15–20 e 74,4% (n=19) escore entre 21–25 (Gráfico 01).

    Moraes e Cardena (2010) observaram, em seu estudo com idosas, que há evidências que mostram relação positiva com a prática de atividades físicas regulares e autoestima, onde na amostra de 20 senhoras praticantes de atividade física e analisando a Escala de Autoestima de Rosemberg, verificou-se que nenhuma das participantes encontra-se abaixo da média. Em outro estudo (LENARDT, 2010), também com 20 idosas, média de idade de 79 anos, praticante de exercício físico quando questionadas sobre sua saúde física, onze idosas declararam-na boa, cinco a consideraram ótima e quatro avaliaram como ruim, mostrando que em sua maior parte, as idosas, na auto-avaliação de sua saúde, referiram-na como ótima ou boa e mostraram elevado grau de satisfação com a vida.

    Andreotti (2003) pesquisou 44 idosos de ambos os sexos, com prevalência do sexo feminino (72,7 %), com média de idade de 69,6 anos, evidenciou que os motivos que levam esta população a procurarem atividade física é a melhora na saúde e busca de convívio social, o que reforça estes achados de que a atividade física contribui na autoestima dos idosos. Borges et. al. (2008) sugere que sujeitos praticantes de atividade física tem percepção positiva em relação aos aspectos analisados sobre a satisfação com a vida e por consequentemente com a autoestima, o que reforça nossos achados onde 100% (n=30) da amostra estudada praticava atividade física e apresentam autoestima normal.

Gráfico 1. Freqüência de autoestima

    Em sua pesquisa Estella (2002) aponta as causas de depressão no idoso como um conjunto amplo de componentes onde atuam fatores genéticos, eventos vitais, como luto e abandono, e doenças incapacitantes, entre outros. Cabe ressaltar que a depressão no idoso frequentemente surge em um contexto de perda da qualidade de vida associada ao isolamento social e ao surgimento de doenças clínicas graves, ainda na mesma pesquisa ressalta que o exercício físico contribui para a minimização do sofrimento psíquico do idoso deprimido, além de oferecer oportunidade de envolvimento psicossocial, elevação da auto-estima, ativação das funções cognitivas, podendo promover a saída do quadro depressivo e menores taxas de recaídas. Em comparação com essa pesquisa, pode-se apontar que mesmo apresentando um quadro de 14 idosas viúvas, 3 solteiras e 2 divorciadas, o que poderia sugerir estado de autoestima baixo, não encontrou-se escore menor que 15, segundo a escala de autoestima de Rosemberg, o que pode indicar que a participação em grupos sociais de exercício pode contribuir pra manutenção e até melhora da baixa autoestima.

Considerações finais

    Após os dados serem analisados, pode-se observar com grandes evidências que a prática de atividade física tem uma relação positiva com a melhora no nível de autoestima de idosos. Dessa forma, a vivência e participação em grupos de ginástica, voltados para atividade física, contribuem de forma efetiva para o desenvolvimento integral do indivíduo, tanto no âmbito afetivo e social, quanto no motor e psicológico. Agregados a todos os demais benefícios inerentes ao processo de inserção do indivíduo em atividades físicas, está a melhoria da qualidade de vida e autoestima, estando esta relacionada à socialização e prática de atividades físicas diversificadas.

    No entanto, o aumento da autoestima não pode ser associada somente a prática ou não de atividades físicas, esta poderá relacionar-se, também, como as experiências de vida que o indivíduo possui, tendo em vista que perdas de parentes, doenças crônicas, limitações financeiras e dependência física são fatores que podem influenciar nestes níveis.

    Assim recomendamos a realização de novas pesquisas, neste contexto, para avaliar o nível de autoestima relacionado a estes itens, podendo desta forma, confirmar ou não os resultados ora apresentados.

Referências

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