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A Educação Física escolar no ensino médio nas escolas
de Júlio de Castilhos, RS: a opinião do aluno

The physical education school in teaching middle schools of Julio Castilhos, RS: the opinion of the student

 

*Acadêmica do curso de Educação Física – Licenciatura da UNICRUZ

**Professor M.Sc. do Curso de Educação Física da UNICRUZ – orientador

(Brasil)

Caroline Dalla Nora Siqueira*

Leonardo Germano Krüger**

ca.dns@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi Verificar a opinião dos alunos do Ensino Médio de uma escola da rede de ensino estadual da cidade de Júlio de Castilhos (RS), em relação à importância, obrigatoriedade, gosto, motivação, gênero, aspectos ambientais, físicos e materiais e qualidade das aulas de Educação Física Escolar. A pesquisa foi realizada no Instituto Estadual de Educação Vicente Dutra, no município de Júlio de Castilhos (RS). Participaram do mesmo, 172 alunos, do 1º, 2º e 3º ano, do Ensino Médio, turno manhã, com idade entre 14 e 17 anos, o que correspondeu a 70,5% do total (244) de alunos, que estavam regularmente matriculados no ano de 2011. Os alunos que participaram da pesquisa responderam um questionário contendo perguntas abertas e fechadas e respectivamente retirados indicadores das respostas e tabulados. No presente estudo compreende-se que a educação física tem importância diminuída na opinião dos alunos por vários motivos, um deles sendo a falta de motivação e de interesse do professor em mudar sua metodologia. Portanto, este estudo vai Auxiliar significativamente para a formação de professores e suas metodologias utilizadas, pois poderão compreender como este componente pedagógico curricular se desenvolve na Educação Básica, o que apresentará subsídios para refletir sobre alternativas de superação de problemas da formação de professores de Educação Física.

          Unitermos: Educação Física. Ensino Médio. Aluno.

 

Abstract

          The objective of this study was to verify the opinions of high school students at a school in state education network of the city of Julio de Castilhos (RS), regarding the importance, obligation, love, motivation, gender, environmental, physical and material and quality of school physical education classes. The research was conducted at the State Institute of Education Vicente Dutra, the city of Julio de Castilhos (RS). Participated in the same, 172 students, of the 1st, 2nd and 3rd year of high school, turn morning, aged between 14 and 17 years, which corresponded to 70.5% of total (244) of students who were enrolled in 2011. Students who participated in the study answered a questionnaire containing open and closed questions and indicators of responses respectively removed and tabulated. In the present study it is understood that physical education has diminished importance in the opinion of the students for several reasons, one being the lack of motivation and interest of the teacher to change their methodology. Therefore, this study will assist significantly to the training of teachers and their methodologies; they may understand how this component develops educational curriculum in basic education, which will present grants to reflect on alternatives to overcome problems of training teachers of Physical Education.

          Keywords: Physical Education. High school diploma. Student.

 

Trabalho de Conclusão do Curso de Educação Física. Licenciatura da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O Ensino Médio é um dos níveis da Educação Básica, como cita a Leis de Diretrizes e Base de 1996. Ele é entendido como uma continuidade do Ensino Fundamental, ou seja, para a LDB/96 - Seção IV - Art. 35, o Ensino Médio prevê a finalidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental (BRASIL, 1996).

    De acordo com essa Lei, em relação à Educação Física, essa continuidade do ensino fundamental não ocorre. Embora seja reconhecida como uma área essencial, a Educação Física ainda é tratada como “marginal” que pode, por exemplo, ter seu horário “empurrado” para fora do período que os alunos estão na escola ou alocado em horários convenientes para outras áreas e não de acordo com as necessidades de suas especificidades. Outra situação em que essa “marginalidade” se manifesta é no momento de planejamento, discussão e avaliação do trabalho, no qual raramente a Educação Física e integrada. Muitas vezes o professor acaba por se convencer da pequena importância de seu trabalho, distanciando-se da equipe pedagógica, trabalhando isoladamente (BRASIL, 1997). Levando essas questões em conta e considerando a importância da própria área evidencia-se cada vez mais a necessidade de integração e motivação de professores e alunos (BRASIL, 1997).

    Hildebrandt-Stramann (2001) afirma que durante o Ensino Médio a Educação Física não deve voltar-se apenas para a prática, mas utilizar-se de conhecimentos teóricos sobre o movimento humano e o esporte ou de problemas de ordem social, política, emocional, psíquica e física, criando situações-problema que o próprio aluno deverá resolver. A partir disso, os alunos desenvolveriam a capacidade de criticar e discutir temáticas em aula ao expor seus pontos de vista com autonomia.

    Justifica-se então que a Educação Física atualmente pode ser entendida como uma área que interage com o ser humano em sua totalidade. Segundo Daolio (2004), vários professores afirmam que a Educação Física tem como função auxiliar no desenvolvimento de crianças e adolescentes, dando a elas condições de enfrentar com segurança a vida futura. Assim, percebe-se a grande importância e responsabilidade que o professor de Educação Física tem na formação e na vida de seus alunos.

    Por isso que estas questões necessitam atingir a consciência do professor de Educação Física para haver uma real modificação no contexto da disciplina. Esta que implica na promoção da reflexão através do conhecimento sistematizado com um corpo de conhecimento, um conjunto de práticas corporais e demais componentes, tendo o educador à função de promover discussões sobre as manifestações dessas práticas, como reflexos da sociedade em que vivem. Revendo e pensando criticamente sobre seus valores, proporcionando aos alunos a compreensão das possibilidades e necessidades de transformar ou não esses valores (DARIDO, 1999). Essa é a razão pela qual se fundamenta a preocupação da presente proposta de pesquisa uma Educação Física, preocupada, qualitativamente, com a melhoria da Educação, sendo a ação docente direcionada a sua permanente ressignificação, necessárias às transformações autênticas compatíveis com a nossa realidade.

    Com isso este trabalho teve como objetivo verificar a opinião dos alunos do Ensino Médio de uma escola da rede de ensino estadual da cidade de Júlio de Castilhos (RS), em relação à importância, obrigatoriedade, gosto, motivação, gênero e qualidade das aulas de Educação Física Escolar.

Metodologia

    A presente pesquisa caracterizou-se como um estudo de caso descritivo de opinião. É uma pesquisa do tipo descritiva de opinião porque procura registrar e descrever informações sem manipulá-las. Visa identificar tendências e reconhecer interesses e preferências das pessoas sobre um assunto, ou seja, preocupa-se em utilizar informações que são relevantes para a própria realidade (CERVO; BERVIAN, 1996).

    A pesquisa foi realizada em uma Escola de Ensino Médio no município de Júlio de Castilhos (RS). Participaram do mesmo, 172 alunos do Ensino Médio (54 alunos do 1º, 63 alunos do 2º e 55 alunos do 3º ano), turno manhã, sendo que as aulas de Educação Física são realizadas a tarde, ao contrario das outras disciplinas, com idade entre 14 e 17 anos, o que correspondeu a 72,5% do total (244) de alunos, que estavam regularmente matriculados no ano de 2011.

    Os alunos participantes da pesquisa responderam um questionário somente após terem entregado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos pais ou responsáveis. O questionário utilizado foi com base no estudo de Krug et al. (2004). Para análise dos mesmos foi retirado indicadores das respostas dos informantes relativos ao objetivo do estudo e a consequente utilização da frequência percentual dos mesmos.

    O estudo foi realizado dentro dos padrões éticos conforme propõe a Resolução 196/96, sendo o mesmo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ no dia 14/09/2011 (CAAE 0069.0.417.000-11).

Apresentação e discussão dos resultados

    A apresentação e discussão dos resultados deste estudo foram divididas conforme os objetivos da pesquisa.

1.     A opinião dos alunos em relação à Educação Física no currículo escolar

Tabela 1. Disciplina que mais gosta no currículo escolar

    Na tabela 1 observa-se que a “Biologia” (18.6%) foi à disciplina que os alunos "mais gostam" seguida pela disciplina de “Geografia” (15,3%). A “Educação Física” foi o quinto com (9,6%).

    Segundo Betti e Zulliani (2002) salientam que os adolescentes adquirem uma visão mais crítica, e já não atribuem à Educação Física tanto crédito. No Ensino Médio, caracterizam dois grupos de alunos: os que vão identificar-se com a prática esportiva formal, e os que vão perceber na Educação Física sentidos vinculados ao lazer e bem-estar. Assim a Educação Física deve visar atender a esses interesses.

    Desta forma, pode-se compreender que um dos motivos que os alunos não atribuem tanto credito é a rotina, os alunos começam o Ensino médio e as aulas continuam a mesma que eles realizavam no Ensino fundamental, sem novidade e complexidade dos exercícios e como isso o aluno acaba perdendo o gosto pela disciplina.

Tabela 2. Disciplina mais importante no currículo escolar

    Na tabela 2 constata-se que uma grande parcela dos alunos elegeu "Português" (39,2%) como a disciplina "mais importante" no currículo escolar, seguida de "Matemática" (27,3%). Com isso vale salientar que a opção por pesquisar o ensino médio foi em decorrência de perceber a carência de trabalhos voltados para esse sistema de ensino na educação física, e por notar que nesse período da escolarização, ela tem sido “tratada como facultativa” no que concerne ao status no contexto escolar. Nessa fase da vida acadêmica do aluno, os holofotes estão voltados apenas para o ingresso à faculdade e, nesse discurso, a educação física encontra-se pormenorizada, podendo ser “equiparada” a uma atividade meramente extracurricular, por não possuir conteúdos específicos do seu campo inseridos nesses exames. Ademais, vemos que esse pensamento é reforçado ao analisarmos a disciplina perante o dispositivo legal que legitima as dispensas nas aulas de educação física (DARIDO, S.C. &SOUZA JÚNIOR, O.M., 2009)

2.     A Opinião dos alunos em relação a Obrigatoriedade, adesão. Importância, e gosto da Educação Física Escolar

Tabela 3. Obrigatoriedade, adesão, importância e gosto da Educação Física Escolar

    Na tabela 3 visualiza-se que a grande maioria dos alunos (49,4%) preferiu que a aula de Educação Física na escola “não seja obrigatória”. Desta forma, a disciplina sendo obrigatório, o aluno não tem opção. Devem participar para receber avaliação e conseqüentemente ser aprovado para a próxima série (ANDREAZZA; PETROVICH, 1998). Matos (1993) coloca que para se destacar a importância da Educação Física no projeto político-pedagógico da escola deve-se vislumbrar um argumento distante da simples obrigatoriedade legal. Deve-se vislumbrar um argumento capaz de inseri-la e fazê-la permanecer na escola, que tenha um respaldo metodológico, que se trata de identificar a Educação Física como um conhecimento científico universal que precisa ser transmitido aos alunos pela escola.

    Com relação à adesão na Educação Física Escolar observa-se que a maioria dos alunos (62,2%) “participaria das aulas de Educação Física na escola, caso esta fosse optativa”. Segundo Silva et al. (1996) os alunos mostram uma grande maturidade de compreensão dos benefícios da Educação Física Escolar quando não vinculam sua participação à obrigatoriedade da mesma.

    Ainda na tabela 3, referente à importância da Educação Física no Ensino Médio nota-se que a quase totalidade dos alunos (87,2%) destacaram a “importância da Educação Física no currículo escolar” , mas em relação à tabela 03 que a Educação Física nem apareceu nas disciplinas mais importante, então significa que Educação Física e importante, mas comparado com outras disciplinas não tem tanta importância. De acordo com Barros (1992) a Educação Física vem sendo reconhecida por muitos autores como uma disciplina com relevância educacional. Silva et al. (1996) afirmam que os alunos, nas aulas de Educação Física, não se preocupam com os conhecimentos a serem aprendidos, mas sim com a satisfação que as práticas das atividades físicas proporcionam.

    Em relação ao gosto das aulas de Educação Física no Ensino Médio verificou-se que a maioria dos alunos (58,1%) declarou que “gostam das aulas de Educação Física na escola”. Para Silva et al. (1996), o gosto dos alunos pelas aulas de Educação Física na escola assume um caráter extremamente subjetivo em que o fazer é extremamente importante. Os alunos após uma aula de Educação Física se sentem mais motivados para o restante das atividades do dia e também a convivência com pessoas da mesma faixa etária, se diverti ao mesmo tempo em que aprende.

Tabela 4. A atividade preferida na Educação Física Escolar

    Na tabela 4 constata-se que o “Futsal” (37,4%) é a “atividade preferida” pelos alunos nas aulas de Educação Física na escola, seguido pelo “Voleibol” (20,1%).

    Nota-se uma estreita relação entre a cultura extraescolar e a cultura escolar, principalmente inter-relacionando do futsal com o voleibol, esportes que dispõem de farta divulgação na mídia e tem sua prática como conteúdo escolar. Essas práticas - escolar e extraescolar - são positivas, pois se acredita que a exercitação esportiva escolar pode contribuir para que os estudantes futuramente as mantenham junto com hábitos saudáveis de vida, em concordância com Hirvensalo, Lintunen e Rantamen (2000) e Tammelin et al. (2003), dentre outros.

Tabela 5. Atividade detestada na Educação Física Escolar

    Na tabela 5 nota-se que para 20,3% dos alunos não gosta de “voleibol”, seguida pelo “futebol” com (18,6%). Ao se referir à questão anterior, automaticamente quem respondeu que gosta de voleibol, não gosta de futebol, e faz o mesmo com o voleibol. Paz e Pires (2002) destacam que a prática de esportes nas aulas de Educação Física é uma constante e ocupam uma posição importante na preferência dos alunos e nos conteúdos mais trabalhados pelos professores. Em relação às tabelas 5 e 6 podemos concluir que nos dias de hoje a mídia participa muito na vida dos jovens ainda mais em relação aos esportes agora os que mais parecem é o futebol e o voleibol e isso causa motivação nos jovens em jogar em grandes clubes do Brasil, e faz com que eles participam mais das aulas.

3.     A opinião do aluno em relação à motivação pela Educação Física Escolar

Tabela 6. Causas de motivação pela Educação Física Escolar

    Na tabela 6 visualiza-se que 17,3% “não praticam as aulas” de Educação Física por motivos de morar no interior e trabalhar no turno das aulas. E a principal "causa da motivação" dos alunos pelas aulas de Educação Física Escolar foi a melhora da saúde” (14,7%) e em seguida a “a prática de esportes” (12,6%).

    Guedes e Guedes (1995), por sua vez, afirmam que a prática de exercícios físicos habituais, além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias associadas ao aumento dos índices de morbidade e da mortalidade. Defendem a inter-relação entre a atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam reciprocamente. Segundo eles, a prática da atividade física influencia e é influenciada pelos índices de aptidão física, as quais determinam e são determinados pelo estado de saúde. Cada vez mais os jovens se preocupam com sua qualidade de vida e melhora a saúde e os meios de comunicação influenciam muito nisso.

Tabela 6.1. Causas de desmotivação na Educação Física Escolar

    Na tabela 6.1 observa-se que “nada” (12,0%) "desmotivou" os alunos pelas aulas de Educação Física Escolar, o que mais uma vez nos leva a inferir que estes realmente gostam das mesmas. Os alunos citaram como uma das “causas da desmotivação” pela Educação Física Escolar o “cansaço/preguiça/sono” e “horário das aulas”, ambos com 11,0%.

    Weinberg e Gould (2001) ressaltam que o professor de Educação Física desempenha papel fundamental de influenciar a motivação do aluno. Mesmo não estando muito otimista o professor terá que passar aos alunos que está satisfeito e bem humorado. Se não estiver sentindo-se bem, informa aos alunos que não está legal, o que evita ao aluno interpretar mal seu comportamento. Entretanto, a motivação não pode ser ensinada, nem treinada, como se fosse uma habilidade ou um conhecimento. Ela pode, sim, ser objeto de socialização. Existem estratégias de ensino que tem como efeito incrementar, orientar, consolidar a motivação do aluno, em oposição a outras estratégias que a prejudicam. Assim, a motivação não apenas influencia os resultados de aprendizagem, mas ela própria é o resultado de certos processos de interação social em classe (FIOVARANÇO, 2010).

4.     A Opinião dos alunos em relação ao gêneros na Educação Física Escolar

    De acordo com a preferência por aulas mistas ou separadas por sexo na Educação Física Escolar, a partir da opinião dos alunos verifica-se que praticamente a metade (59,5%) preferiu participar de aulas de Educação Física “separadas por sexo”. Já para a adesão ou não às aulas de Educação Física Escolar de forma mista, constata-se que a maioria dos alunos (43,3%) admitiu em “não experimentar” aulas de Educação Física de forma “mista”. Costa, Silva et al. (2000) afirmam que as aulas de Educação Física reproduzem uma cultura sexista, de acordo com os estudos de gênero, sendo que a escola trabalha com o modelo masculino, contribuindo desta forma para a neutralização das meninas, reafirmando a redistribuição das diferenças, porque impede a re-criação por parte do sexo feminino. Apesar de atuarem como “figurantes”, as meninas aceitam participar das atividades “masculinas” enquanto que os meninos têm forte resistência em envolver-se naquelas atividades “eleitas” como femininas. Costa, Silva et al. (2000) concluem que, a escola mista não assegura a superação do sexismo e o avanço da subjetividade feminina, como tampouco contribui para a reflexão da subjetividade masculina.

    Para Daolio (1994) o problema é que os professores de Educação Física sentem dificuldade em propor uma prática que propicie as mesmas oportunidades a todos os alunos, meninas e meninos, e que respeite as diferenças e interesses de cada um. Essa dificuldade é devida a concepção biológica tanto sobre o corpo quanto sobre a própria área que atuam de forma implícita na sua ação profissional, por se tratar de representações sociais que dão suporte e orientam sua prática, muitas vezes até inconsciente.

5.     A opinião dos alunos em relação à qualidade das aulas da Educação Física Escolar

Tabela 7. Qualidade das aulas de Educação Física Escolar

    Na tabela 7 percebe-se que a maioria dos alunos (40,7%) considera que as aulas de Educação Física Escolar são no mínimo de “boa qualidade”.

    De acordo com Dotti et al. (1992) a qualidade das aulas emerge dos princípios que sustentam e orientam a ação pedagógica do professor. Segundo Darido (2004, p. 62), o papel da Educação Física ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança [...] e inclui também seus valores subjacentes: atitudes que os alunos devem ter [...] e o direito de saber por que está realizando este ou aquele movimento.

Tabela 8. O que mudaria nas aulas de Educação Física Escolar

    Na tabela 8 é possível constatar que 27,1% dos alunos disseram “nada mudariam” nas aulas de Educação Física Escolar. Talvez, o motivo disso é a falta de importância do aluno em relação às aulas de Educação Física, o que para Daolio (2004), a Educação Física no Ensino Médio precisa fazer o adolescente entender e conhecer o seu corpo como um todo, não só como um conjunto de ossos e músculos a serem treinados, mas como a totalidade do indivíduo que se expressa através do movimento, sentimentos e atuação no mundo. Desta forma, a Educação Física no Ensino Médio se apresenta como possibilidade de contribuição para o desenvolvimento físico, social e cultural dos alunos.

    Em seguida, 23,4% os alunos destacam que “mudariam o horário das aulas”. Em muitas escolas, os horários das aulas de Educação Física no Ensino Médio são no turno contrário as outras disciplinas. Isso faz com que os alunos encontrem vários empecilhos para não participar, tais como: as atividades extracurriculares (cursos preparatórios para vestibular e de ensino profissionalizante) trabalho, cuidar dos irmãos, dificuldades financeiras para deslocar-se até a escola duas vezes no mesmo dia, entre outros, ocasionando um elevado número de dispensas (atestados) e de faltas. Em terceiro lugar, 12,3% os alunos destacam que mudariam “o professor” das aulas de Educação Física.

    A partir disso, pode-se afirmar que o bom professor não é aquele que permite que os alunos façam o que bem entendem, mas aquele que tem autoridade para colocar regras de forma aceitável, com mentalidade aberta, agindo democraticamente, compreensivo e companheiro, elevando a dignidade daqueles que estão em busca de um saber, com objetivos claros e definidos. Quando isso acontece “a aula voa, a indisciplina se esconde e o interesse cresce” (ANTUNES, 2002, p.17).

Conclusão

    Nesse trabalho foi possível perceber que com o passar das questões a Educação Física tem, gradativamente, sua importância diminuída na opinião dos alunos do Ensino Médio por diversos motivos, tais como, a disciplina de Educação Física ocupa o quinto lugar na preferência dos alunos, sendo que, um dos fatores que mais influencia essa posição é a falta de motivação profissional do professor; outro fator relevante é que o motivo pelo qual os alunos optam em praticar a Educação Física é a melhora da saúde, esse fator se deve a ênfase que a mídia da em relação às questões de saúde relacionadas com a atividade Física. A preferência de não obrigatoriedade das aulas de Educação Física e isso se da pela falta de motivação dos alunos e professor.

    A partir dessa pesquisa, foi possível refletir sobre vários aspectos da Educação Física, como por exemplo, a formação do professor, que para tal situação encontrada, podemos refletir sobre as práticas pedagógicas, além de planejamentos e metodologias preparados por eles, pois talvez, não apresentam subsídios que influenciem na construção de atitudes favoráveis. Bracht e Caparroz (2007) argumentam que existe uma suspeita de que, nos cursos de formação de professores em Educação Física, esteja existindo uma falta de aprendizado de elementos/conhecimentos da didática que garantam aos futuros professores um conhecimento técnico-pedagógico que subsidie a realização de tarefas, com a elaboração de diferentes planos para a organização do ensino.

    Outro fator que poderá ser pensado é o projeto político-pedagógico e como a disciplina de Educação Física se relaciona com ele e com os demais componentes curriculares. Também, e não menos importante, é o plano de ensino para a Educação Física no Ensino Médio. Existindo um plano de ensino a disciplina de Educação Física pode apresentar uma identidade e para isso acontecer o professor precisa participar e demonstrar interesse em relação às reuniões pedagógicas, por exemplo. Como qualquer outra disciplina da escola, justificar a importância das aulas de Educação Física mudando a qualidade das aulas.

    Acredita-se que muitas mudanças ainda necessitam ser feitas em relação à Educação Física no Ensino Médio. Ainda há um longo e árduo caminho a ser percorrido para que a disciplina seja mais valorizada e o professor reconhecido. Por fim, destaca-se que a intenção dessa pesquisa não foi esgotar o tema, mas expor informações que somem a reflexão para qualificar a organização e o ensino da Educação Física Escolar na Educação Básica, especialmente no Ensino Médio.

Referências

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