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Gênero e idade influenciando a atividade física no lazer

El género y la edad y su influencia en la actividad física en el tiempo libre

Gender and age influencing physical activity in leisure

 

Pesquisas Interdisciplinares em Sociologia do Esporte (PISE)

Universidade de São Paulo, USP

(Brasil)

Luzia Mêire Ferreira Rall

Prof. Dr. Marco Antonio Bettine de Almeida

marcobettine@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo tem o objetivo de discutir a influência que o gênero e a idade impõem ao indivíduo, frente à prática da atividade física no seu tempo de lazer.

Verificam-se as diferenças inter e intragênero, devido a mudanças sociais que o indivíduo sofre com o decurso da idade e a atribuição esperada de papéis para homens e mulheres. Enfatiza-se a importância de estímulos físicos para o desenvolvimento e ganho de habilidades motoras da criança, que repercutirão de forma positiva nas outras faixas etárias, levando em consideração o ambiente em que ela está inserida. Sugere-se a realização de outras pesquisas, com ênfase na qualitativa e aborda-se sobre a autonomia do sujeito.

          Unitermos: Gênero. Idade. Atividade física. Lazer.

 

Resumen

          Este artículo tiene como objetivo discutir la influencia que el género y la edad de imponer a la persona, contra la práctica de actividad física durante su tiempo de ocio. Hay diferencias entre e intragénero debido a los cambios sociales que el individuo sufre el antiguo curso de la misión y las funciones previstas para los hombres y mujeres. Hacemos hincapié en la importancia de los estímulos físicos para el desarrollo de las habilidades motoras y conseguir que el niño, lo que repercutirá positivamente en otros grupos de edad, teniendo en cuenta el entorno en el que se inserta. Se sugiere llevar a cabo más investigación, con énfasis en los enfoques cualitativos y se trata de la autonomía del sujeto.

          Palabras clave: Género. Edad. Actividad física. Tiempo libre.

 

Abstract

          This article aims to discuss the influence that gender and age impose on the individual, against the practice of physical activity during their leisure time. There are differences between and intra-gender due to social changes that the individual suffers from the old course of the assignment and the expected roles for men and women. We emphasize the importance of physical stimuli to the development of motor skills and gain the child, which reverberate positively in other age groups, taking into account the environment in which it is inserted. It is suggested to carry out further research, with emphasis on qualitative approaches and is about the autonomy of the subject.

          Keywords: Gender. Age. Physical activity. Leisure.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nos últimos anos, os benefícios para a saúde, advindos com a prática de atividade física, têm sido destacados e amplamente divulgados. O poder público há muito associou atividade física e esportes ao lazer - já que este depende necessariamente da escolha do indivíduo - na tentativa de motivar e criar vínculos.

    Entretanto, essas informações parecem ser insuficientes para sensibilizar e provocar uma mudança no comportamento sedentário de muitos, incrementando o número de indivíduos com sobrepeso em todas as faixas etárias. Esse se apresenta como fator desencadeante das doenças crônicas degenerativas, não sendo exclusividade somente dos adultos. Tal constatação gerou a hipótese de que gênero e idade são fatores que podem influenciar a prática à atividade física no tempo livre das pessoas, pois uma gama muito variável de necessidades e expectativas gira em torno desses fatores.

    Uma pesquisa realizada por Florindo e colaboradores (2006), que abrangeu todas as capitais brasileiras e o distrito federal, revelou prevalência de inativos no lazer superior a 60% em dez cidades das analisadas na pesquisa. Este mesmo estudo aponta maior nível de atividade física entre os homens em relação às mulheres.

    Segundo Hoffmann & Harris (2002, p.64), “lazer é um estado de ser e as atividades do tempo livre podem nos ajudar a alcançar este estado”. Ainda segundo os autores, cabe aos profissionais da atividade física - por meio da prática realizada no tempo livre do indivíduo - o desafio de alimentar esta disposição.

    Dentre os domínios da atividade física, o lazer tem sido estudado com maior frequência em inquéritos epidemiológicos, tanto em países de renda alta, como naqueles de renda média ou baixa (FLORINDO et al, 2006).

    A importância dada ao lazer se justifica, pois surge como forma de transmissão e transformação sociocultural, aliado a atividade física como meio de manutenção e promoção da saúde (MARQUES; GUTIERREZ; ALMEIDA, 2011, cap.2, p.19), melhorando assim a noção e a percepção para a qualidade de vida. Com este intuito, não se pode subestimar a colaboração de profissionais de outras áreas com o interesse comum de estimular um estilo de vida mais ativo e saudável.

    Mesmo sugerindo um desapego de lazeres mais “ativos” no tempo livre de adolescentes, é inegável que atividade física associada a valores de grupo, assume importância significativa para os mesmos (DE ROSE, 2009, p. 242). Isto traduz a relevância do fator idade na escolha da prática a ser adotada no tempo de lazer do indivíduo.

    Seabra (2008), por meio de um estudo de revisão, analisou fatores determinantes para a prática de atividade entre adolescentes. Gênero foi apontado como destaque para calibrar o nível de atividade física destes, sendo evidente que o sexo masculino está mais envolvido em atividades físicas que os seus pares do sexo oposto. Resposta esta já encontrada em outro estudo citado acima.

    Ainda, segundo Hoffmann & Harris (2002, p.192), “gênero é um conjunto de normas ou expectativas sobre como nos comportamos e estes são associados com as compreensões sociais de sexualidade e procriação”.

    Na cultura ocidental, geralmente, as diferenças de comportamentos são atribuídas às diferenças corporais, elaborando desta maneira o gênero. Não necessariamente ocorre esta correspondência (CHARLES, 2010, p.90). Cada pessoa é um sujeito ímpar, por vivenciar a sua história e dessa forma construir a sua identidade – um composto dinâmico, contraditório, múltiplo e mutável. Refere-se a um “sentimento de mim”, consciência de um “eu”, único e diferente dos outros. Nem sempre as mesmas experiências garantem as mesmas respostas, posto que o indivíduo se revela pelos papéis que assume dentro da sociedade à qual está inserido.

    Não é difícil verificar que homens e mulheres não ocupam as mesmas posições na nossa sociedade. Tarefas são atribuídas e espera-se que sejam cumpridas, o que pode, por exemplo, tornar a vida da mulher mais ou menos difícil, já que a responsabilidade última pela casa e filhos ainda lhe compete (SAFFIOTI, 1987, p.8-9). A “ajuda” do outro não elimina o compromisso maior que foi delegado à dona de casa e mãe.

    Desta forma, para muitas mulheres, o esporte e mesmo a atividade física servem como meio de conquista de espaços e de controle sobre o próprio corpo e sobre a vida (ADELMAN, 2006).

    Mesmo assim, há pouca produção cientifica que dê enfoque à questão do gênero - um dado que aparece primordialmente em estudos que o associam às questões socioeconômicas e às doenças crônicas, por exemplo – e à da idade, no que tange à atividade física no lazer.

    Diferenças de gênero e de faixas etárias não devem ser esquecidas pelos programas de intervenção, para práticas mais positivas no tempo livre da população (ESCULCAS, 2005).

    Posto isso, o presente artigo tem o objetivo de discutir a influência que o gênero e a idade impõem ao indivíduo, facilitando ou dificultando a prática à atividade física no seu tempo de lazer. Também pretende verificar as possíveis diferenças intra e intergênero nas faixas etárias - posto haver mudanças nos papéis sociais que o indivíduo assume com o decurso da idade - identificando valores e atividades em comum para a melhoria de estratégias que viabilizem a atividade física durante o lazer, colaborando, desta forma, para a promoção da qualidade de vida.

    A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de levantamento de trabalhos existentes na literatura, específicos e temas correlatos, considerando informações de caráter qualitativo e quantitativo.

Apresentação e discussão da literatura

    Fernandes e Elali (2008) observaram dezesseis crianças de três aos sete anos – divididas igualmente nos gêneros - brincando em um pátio escolar de uma instituição infantil ligada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Na análise por gênero, constatou-se que meninos utilizavam maior área do pátio, com maior variedade nas atividades, enquanto as meninas permaneciam mais tempo brincando de casinha e na areia. Os autores perceberam que eles não mantinham sempre o mesmo grupo, explicando desta forma, a diferenciação nas brincadeiras. O fator idade também influenciou as atividades lúdicas, pois as crianças menores exploravam o local, mas sem perder de vista o adulto que as supervisionavam, enquanto as da faixa etária de cinco e seis anos procuravam atividades mais associativas, como jogos.

    Uma pesquisa para analisar o uso do tempo por estudantes de classe média e de classe popular, entre nove e doze anos, em Porto Alegre, foi realizada por Carvalho & Machado (2006). As crianças de classe média levavam uma vida com mais conforto, lazer e atenção e se preparavam para o futuro com atividades extraescolar. Ao contrário, as de classe popular não se ocupavam com essas atividades extras e sim, muitas vezes, com trabalhos domésticos, principalmente as meninas. Como opção de lazer para as crianças de classe popular, foram descritas atividades ao entorno de suas casas, como brincar na rua e andar de bicicleta. Um dado importante da pesquisa é que na classe social mais alta, em relação ao gênero, meninos e meninas tinham uma equiparação nas oportunidades. O mesmo não ocorria na classe popular, com forte diferenciação e distribuição das demandas para meninos e meninas.

    Outro estudo com crianças e adolescentes, sobre indicadores de aptidão física de escolares da região centro-oeste da cidade de São Paulo, com 3145 estudantes (1590 meninos e 1555 meninas) de sete aos dezesseis anos, apontou uma superioridade do sexo masculino em todas as faixas etárias analisadas (LUGUETTI; RÉ; BÖHME, 2010). Isso sugere que meninos foram mais envolvidos com atividades físicas desde a primeira infância, pois até os 10-11 anos as respostas deveriam ser semelhantes, uma vez que a constituição corporal de ambos não apresentam diferenças significativas.

    Para a construção e validação de um instrumento para atividades de hábitos de lazer em jovens brasileiros, Formiga et al (2005), lançaram mão de um questionário respondido por 710 adolescentes (48,9% eram homens e 51,1% mulheres) de onze a vinte e dois anos, do ensino fundamental e médio de escolas públicas e particulares da cidade de João Pessoa. Foram considerados três fatores sobre as atividades de lazer entre os jovens: hábitos hedonistas - enfatizando o prazer individual e imediato - hábitos lúdicos e hábitos instrutivos. Entre os jovens de onze a quinze anos, foram encontradas médias superiores para os hábitos envolvidos com desenvolvimento físico, social e psíquico. Esperava-se também uma média maior para o fator hedonismo nos sujeitos acima de quinze anos, o que não ocorreu. Levando-se em conta o fator gênero, as mulheres obtiveram maior pontuação nos fatores hedonista e instrutivo. Este último foi apontado como atribuição ao gênero, pois as meninas ficam mais em casa e são mais estudiosas. A situação se inverteu no caso do lúdico – onde se incluem atividades físicas e esportes - com os homens pontuando mais alto. Nota-se nas duas últimas frases uma conotação cultural muito forte com diferenciação de atividades entre os gêneros.

    Salles-Costa et al (jul-ago,2003), realizaram uma pesquisa para avaliar fatores sociodemográficos e atividade física de lazer (AFL) de acordo com o gênero, em 3.740 funcionários - sendo 54,8% do sexo feminino – na faixa etária de vinte aos sessenta anos, de uma universidade do Rio de Janeiro. Foi observado que tanto para homens, como para as mulheres, quanto maior a escolaridade e renda familiar, maior era o envolvimento com AFL. Os resultados, porém, apontaram diferenças para a AFL entre os gêneros. Apenas um terço das mulheres praticavam AFL, enquanto os homens representavam quase 40%.Também foi destacado que quando se leva em consideração a idade, existe uma relação inversa desta com a prática, isto é, quanto maior é a faixa etária, menor é a oportunidade do indivíduo se engajar com AFL. Não por acaso dados semelhantes aparecem em outras pesquisas.

    O autor (idem, 2003) realizou outro estudo com os mesmos indivíduos, referiu uma grande prevalência de inatividade física, fato este que vem sendo apontado em outros países. A mesma pesquisa revelou ainda, maior AFL entre os homens. Uma explicação plausível seria a dupla jornada feminina de trabalho, o que acarretaria em menor tempo para o lazer. Uma ressalva se faz para as mulheres de classe mais alta, que contam com outros recursos para o serviço doméstico. Entre os praticantes de AFL, os homens dão preferência aos jogos coletivos e treinamentos de força muscular; já as mulheres, a caminhada, ginástica, dança e hidroginástica.

    Uma pesquisa de opinião, sobre a prática de atividade física no tempo de lazer, foi realizada por um profissional da área da saúde, em sujeitos com sessenta anos ou mais que procuraram a Unidade Básica de Saúde para um atendimento em prevenção, sendo que a demanda foi espontânea. Foram coletadas as opiniões de quarenta e seis homens e oitenta e oito mulheres, moradores em um bairro de classe média de São Paulo. Dentre os homens, vinte e nove – correspondendo a 63% - declararam que faziam alguma atividade física, enquanto nas mulheres, cinquenta e quatro ou 61,3% se diziam fisicamente ativas. Entre os motivos alegados para a não realização de AFL, os homens citaram o trabalho remunerado e comprometimento da saúde. As mulheres relataram o trabalho, serviço doméstico, cuidados com netos e cuidados com o cônjuge acometido por alguma doença. Já os que relataram fazer AFL, a caminhada surgiu como preferência, tanto em homens, como mulheres. Essas também citaram hidroginástica, Tai Chi Chuan e até surf – uma mulher. Novamente o fator gênero apontou como relevante na determinação da prática de atividade física de lazer. Outro fato observado foi o maior número de mulheres à procura da atenção primária, sendo este explicado por Boltanski (1979 apud Salles-Costa, 2003) quando ressalta que o corpo é mais perceptível às mulheres, pela influência do processo de medicalização construído social e historicamente, deixando-as mais atentas às “sensações doentias”.

Considerações finais

    Frente aos estudos apresentados, pode-se aferir que em todas as faixas etárias, a questão do gênero influenciou a prática de atividades físicas no tempo de lazer, com maior presença do sexo masculino. Esse indicador pode responder à dúvida, na relação intergênero, sobre quem realiza mais atividade física no seu tempo de lazer.

    Entre sujeitos do mesmo gênero, mas em faixas etárias diferenciadas – intragênero - a comparação pode ser verificada nos estudos que envolveram adultos, nas idades de vinte e dois a sessenta anos e acima dos sessenta anos. Tanto para o masculino como para o feminino observou-se que as pessoas consideradas pertencentes ao grupo da “melhor idade”, relataram maior envolvimento com AFL do que seus congêneres da faixa etária anterior. Tal resultado, porém, pode não necessariamente expressar uma verdade absoluta, pois devemos considerar a classe social desses indivíduos e as oportunidades ocorridas ao longo da vida.

    Assim, Mori e Silva (2010) realizaram uma pesquisa com idosos menos favorecidos economicamente na cidade de Bauru – SP, sobre a percepção de lazer e seus benefícios e observaram que: O fato de não terem tido acesso a conhecimentos sobre lazer e nem vivenciado o Lazer - Educação na escola ou fora dela, interfere negativamente na história do cidadão, que ao chegar à terceira idade se vê impossibilitado muitas vezes de adquirir novos hábitos.

    A pesquisa quantitativa traça um panorama objetivo a partir de dados numéricos, mas nem sempre contém todas as respostas. Enveredando pela pesquisa qualitativa, buscam-se possíveis explicações para preencher a lacunas deixadas em aberto. Segundo Turato (2005), a pesquisa qualitativa vai olhar para os fatores/questões que interferem na subjetividade dos sujeitos e que a quantitativa não é capaz de apreender.

    Nota-se, por exemplo, que homens e mulheres têm papéis diferenciados na sociedade, desde as faixas etárias menores - com alguma equiparação nas classes sociais mais favorecidas - o que pode tornar a vida da mulher mais atribulada com múltiplas jornadas e cuidadora da família. O trabalho estabelece padrões, organiza pensamentos e invade a vida cotidiana de forma a interferir na cultura. O trabalho disciplina o tempo e o uso do tempo vai para além do mundo do trabalho (ALMEIDA; VITAGLIANO, 2009).

    Outro fator relevante é o estímulo físico proporcionado à criança desde a mais tenra idade. Sabe-se que o desenvolvimento e aquisição de habilidades motoras estão intimamente ligados à biologia e ao ambiente ao qual o indivíduo está inserido. Ré (2011) acrescenta que a infância deve ser vista como a fase primordial desse processo, pois estímulos com qualidade e quantidade poderão garantir um bom desempenho motor e cognitivo em idades posteriores.

    Sob este ponto de vista, a família, a escola e profissionais da atividade física se destacam como responsáveis pela facilitação desse processo, proporcionado assim, maior chance da criança se tornar um adulto com melhor qualidade de vida.

    Ainda, dentro do ambiente, deve-se levar em conta a classe social, os costumes e cultura vivenciados, que podem interferir e inviabilizar a equidade esperada para oportunizar experiências semelhantes entre os gêneros.

    Atividades rotineiras podem construir hábitos, formando costumes de prazer ou aborrecimento. Se bem trabalhados, tais hábitos são capazes de formar o jovem que busca metas, favorecendo comportamentos que repercutirão nos seus relacionamentos (PAIS, 1998, apud FORMIGA et al, 2005). Cabe também dizer, que o ambiente sócio-físico ao qual o sujeito pertence, pode facilitar a prática de atividade física, modificando atitudes e essas como resposta, atuarem de forma positiva no ambiente.

    Feito essas observações, tem-se que a prática de atividade física no momento de lazer possui muitas variáveis, mas o gênero e a idade aparecem como protagonistas dessa escolha. Torna-se importante a realização de outras pesquisas de campo, dando ênfase às qualitativas, já que, de acordo com Turato (2005), o método qualitativo, é um processo que quer entender como e não simplesmente chegar ao produto – resultados finais.

    Dentro dessa perspectiva, não se pode excluir a autonomia das pessoas nas suas tomadas de decisões, uma vez que, segundo Fleury-Teixeira et al (2008), autonomia remete à ideia de liberdade dos indivíduos “sobre suas próprias ações e às possibilidades e capacidades para construírem sua trajetória na vida”.

Referencial bibliográfico

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