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Deficiência e inclusão no ambiente escolar e nas aulas de Educação Física no Colégio Estadual João Vilas boas do município de Livramento de Nossa Senhora, Bahia. Relato de experiência

Discapacidad e inclusión en el ámbito escolar y en las clases de Educación Física en el Colegio Estatal 

Joao Vilas Boas del Municipio de Livramento de Nossa Senhora, Bahía. Informe de la experiencia

 

*Graduação em Licenciatura Plena em Educação Física pela UEFS/BA

Pós-graduado (Lato Sensu) em Educação para atividade física e reabilitação

na terceira idade pela FVC/FETRAB-BA e Discente da pós-graduação (lato sensu)

em Metodologia da Educação Física e Esporte Escolar pela Universidade Estadual

de Santa Cruz UESC/BA. Professor da Secretaria de Educação da Bahia

**Graduação Licenciatura Plena em Educação Física pela UNEB/BA, Pós-graduado

em Educação Física Escolar pela Faculdade de Guanambi, BA e Discente da pós-graduação

lato sensu em Metodologia da Educação Física e Esporte Escolar pela Universidade Estadual

de Santa Cruz UESC/BA. Professor da Secretaria de Educação da Bahia

***Discente do Curso de Bacharelado em Educação Física

da Faculdade de Ciências e Tecnologia FTC/BA

Thiago Amaral Martins*

thiagomartin_personal@hotmail.com

Gilvan Moreira da Silva**

gilvanmoreira.gil@bol.com.br

Karla Silva Santos***

karla_silva123@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho apresenta o relato de experiência que versa sobre como a Educação Física na escola pode abordar a temática sobre a inclusão da Pessoa com Deficiência nas aulas de Educação Física, no Colégio Estadual João Vilas Boas, da cidade de Livramento de Nossa Senhora – Bahia, buscado uma melhor reflexão diante a necessidade de inclusão desses sujeitos na sociedade. A proposta deste relato é ofertar e despertar novos programas de atividades para as pessoas com deficiência, além de modificar a maneira de abordagem desse tema na escola, buscando através dos alunos uma reflexão sobre os direitos, as possibilidades e limitações da Pessoa com Deficiência, além de demonstrar de maneira prática, como pode ser trabalhada a inclusão nas aulas de Educação Física, na rede básica de ensino do Estado da Bahia.

          Unitermos: Inclusão. Pessoa com deficiência. Educação Física Escolar.

 

Resumen

          Este trabajo presenta el informe de la experiencia que se refiere a como la Educación Física en la escuela puede abordar la cuestión de la inclusión de personas con discapacidad. En las clases de Educación Física en el Colegio Estatal Joao Vilas Boas, de la ciudad de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, se buscó una mayor reflexión frente a la necesidad de incluir a estas personas en la sociedad. El propósito de este informe es ofrecer y despertar nuevos programas de actividades para personas con discapacidad, así como modificar la forma de abordar este tema en la escuela, buscando con los alumnos una reflexión sobre los derechos de los estudiantes, las posibilidades y limitaciones de las personas con discapacidad, y para demostrar de manera práctica, como se puede trabajar la inclusión en clases de Educación Física, en la educación básica del Estado de Bahía.

          Palabras clave: Inclusión. Personas con discapacidad. Educación Física.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As escolas são o maior espaço destinado à aprendizagem, onde a criança se descobre e se desenvolve, mas, segundo Macêdo (2010), estas se mostram despreparadas para receber a Pessoa com Deficiência, entretanto esperar que elas se preparem voluntariamente, esta inclusão demorará ainda mais para ocorrer.

    Um fator primordial para possibilitar a inclusão é a diminuição das diferenças, e a aula de Educação Física é uma das disciplinas que pode contribuir com os jogos e as brincadeiras buscando a inclusão de todos, como na época da segunda guerra, em que a reabilitação social dos lesionados de guerra se fez pelo esporte (MARTINS, 2006), o que pode ocorrer na escola com alterações de suas regras.

    Segundo Kunz (2011), todo Ser Humano tem uma necessidade de se-movimentar. A criança sabe muito bem disso e busca incessantemente atender a essa necessidade básica a qual realiza de melhor forma no brincar. O brincar é o ato mais espontâneo, livre e criativo e por isto é para ela uma realização plena para o desenvolvimento integral do seu Ser. Essa realização, que tem no se-movimentar de alunos com deficiência a busca pela sua autoafirmação, o que não pode ser podado pela falta de estrutura das escolas (barreiras arquitetônicas) como também pela falta de conhecimento na abordagem desses alunos tendo como reflexo o (pre)conceito estabelecido socialmente (barreira social).

    O ato de se-movimentar deveria ser entendido pelos adultos como algo sagrado para a criança. Impedir esta possibilidade é uma “Lebensentzug” (ZurLippe), extração da vida sem morrer, diz Kunz (2011), isso nos reportaria a épocas antigas de segregação que, de acordo com Carmo (1991), no decorrer da história aqueles que se afastavam dos padrões desejáveis, aceitos e ditos normais para a sociedade da época eram tratados com tolerância, apoio, ou mesmo menosprezo e até eliminação.

    Fazendo uma análise desses dois autores vemos que o movimento e as brincadeiras para as crianças normais ou com deficiência, podem ser interpretados como a vida delas, neles são interpretados fatos que as cercam e afastá-las dessas práticas pode ser como uma extração de suas vidas.

    As aulas do professor de Educação Física podem funcionar como o fio condutor para o despertar de um novo paradigma, a saber, a inclusão de crianças deficientes, bem como a conscientização dos outros alunos acerca da necessidade dessa inclusão para a melhoria da sociedade como também o desenvolvimento daquele aluno com deficiência.

    Com o crescimento da população deficiente, a sociedade começa a reconhecer indivíduos com potencial e, a partir de década de 90, começou incluir essas pessoas nos seus meios; crescendo a possibilidade desses indivíduos estarem nas escolas básicas, aumentando a responsabilidade do professor na condução das aulas e na quebra das barreiras para maior recepção deles pelos outros alunos, tanto nas aulas de Educação Física como em todos os ambientes na sociedade.

    Segundo Montoan, citada por Macêdo (2010), esta sociedade possui barreiras para separar as escolas regulares dos alunos com deficiência. A primeira, e mais difícil, é o preconceito; a segunda é a estrutura física, que embora não seja tão difícil de ser superada, pois o poder público disponibiliza verbas suficientes para que estas barreiras sejam superadas. Outra barreira é a barreira social, que através da falta de conhecimento a respeito dos direitos dos deficientes por parte dos seus familiares e da sociedade, acaba dificultando suas vidas.

    Desta forma, torna-se necessário o início de um trabalho de divulgação das maneiras de abordagem do deficiente nas aulas de Educação Física e dos direitos que estes possuem, para que assim, as pessoas de fato comecem a lutar e cobrar tais direitos nas escolas e na sociedade.

    O objetivo do trabalho é contribuir na abordagem metodológica da temática sobre a inclusão da Pessoa com Deficiência nas aulas de Educação Física, no Colégio Estadual João Vilas Boas, da cidade de Livramento de Nossa Senhora – Bahia, buscado uma melhor reflexão diante a necessidade de inclusão desses sujeitos na sociedade.

Histórico da deficiência

    Apesar dos poucos registros, em toda a história encontramos relatos de rejeição e isolamento às Pessoas com Deficiência. Ao longo do tempo, essa população vem sofrendo pressões psicológicas, físicas e sociais, o que não permitia enaltecer em nada possíveis qualidades por essas adquiridas e desenvolvidas em detrimento a suas limitações.

    As participações sociais dessa população existem desde os tempos mais remotos, variam de uma civilização para outra; segundo Carmo (1994, p.21), encontramos registros referentes à pessoa deficiente que vão desde a idade da pedra lascada, passando pelas culturas antigas (egípcia, hebraica, grega e romana), pela Idade Média, renascimento até o século XX.

    Segundo Alves (2005), algumas tribos nômades abandonavam seus doentes, idosos e deficientes, considerados dependentes, em lugares inabitáveis, expondo-os a riscos de confronto com animais ferozes e/ou com tribos inimigas, tendo em vista as dificuldades de transporte, além de por em risco todo o grupo, face aos perigos da época, segundo ainda o mesmo autor, para os esquimós (habitantes da região Ártica da América do Norte) os deficientes e os idosos eram deixados em lugares de passagem dos ursos brancos, animais considerados sagrados, para serem devorados, pois eles acreditavam que assim estariam oferecendo uma alimentação saudável, cuja recompensa seria uma melhor qualidade de sua pele, que, após a morte, seria utilizada pela própria população na confecção de roupas, botas ou revestimento interno de iglus.

    A tribo indígena Afore que habitava as regiões pantanosas entre os rios Otunques e Paraguai, na Bolívia, eliminavam recém-natos com deficiência, e também enterravam vivos os idosos e as pessoas que devido alguma circunstância ficavam deficientes, por solicitação própria deles ou contra suas vontades, por considerar esse tipo de morte altamente desejável, pois a terra os protegeria contra tudo e contra todos (ALVES, 2005).

    O misticismo, as superstições, e as crenças religiosas e não religiosas, estavam muito relacionadas à rejeição e ao tratamento a essas populações. Segundo Rosadas (1986), antes do nascimento de Cristo, no tocante à relação social a Pessoa com Deficiência, os fundamentos éticos religiosos desse poço, não permitia uma valorização semelhante, pois os portadores de moléstias, sobretudo os deficientes físico-mentais congênitos, eram considerados amaldiçoados pelos deuses, sendo segregados, ou mesmo eliminados, mostrando uma relação hostil entre os ditos “normais” e os estigmatizados chamados de “anormais”, mostrando a conceituação social relacionada a esta população. Outros relatos ligados ao misticismo, superstições e crenças religiosas e não religiosas são encontrados no trabalho de Carmo (1994), relacionando o nascimento de uma Pessoa com Deficiência a presença de espíritos ruins, ou carma de vidas passadas a serem pagos pelas famílias desses, outras evidências da ligação com o demoníaco, do satânico nas deformidades físicas, podendo ser percebido nos quadros pintados durante está época.

    Silva, citado por Alves (2005), relata esse tipo de relação entre as tribos africanas, a tribo dos Xanggas, que vivia ao norte da Tanzânia, ao leste do continente africano, apesar de viver de forma primitiva, não prejudicavam ou matavam essas pessoas, nelas arquitetavam e se deliciavam para tornar possível a todos os demais membros a paz; no mesmo continente, uma tribo muito primitiva denominada Azande, situada nas florestas entre o sul do Sudão e Congo, acreditava em feitiçaria, mas não relacionavam defeitos físicos com intervenções sobrenaturais. As crianças anormais dessa tribo, nunca eram abandonadas ou mortas. Para eles, dedos adicionais nas mãos ou nos pés eram bastante comuns e se orgulhavam de possuí-los.

    Essas passagens evidenciam a diversidade entre o tratamento relacionado às Pessoas com Deficiência, que se modificava de acordo com as crenças e mitos de uma cultura ou época.

    Em sociedades melhores estabelecidas historicamente, surgiam maiores preocupações com a Pessoa com Deficiência, mas essas eram de caráter segregatório. Rosadas (1986) cita relatos de acontecimentos desse tipo, eles datam de quatro séculos após o nascimento de Cristo, e mostram uma maior preocupação da igreja para com essa população.

    Com o nascimento de Jesus de Nazaré, o Cristo, sua pregação, cerca de quatro séculos mais tarde, com a cristianização dos países mediterrâneos começa a igreja a cuidar mais intensamente desse elementos, surgindo mesmo as primeiras instituições [...] dedicadas ao seu tratamento. Entretanto, se não mais eram eliminados, não houve uma preocupação maior em encontrar-se uma real solução para esses problemas (p.3).

    Mesmo com o surgimento dessas instituições, dedicados ao tratamento da Pessoa com Deficiência, a segregação ainda continuava, agora disfarçada pela igreja como possível local onde elas seriam tratadas, em confinamento, ficando assim fora do convívio em sociedade.

    De acordo com Alves (2005), na Idade Média, ainda prevalecia à relação entre deficiência e poderes místicos, oriundos de demônios, bruxas, e/ou doentes malignos, ocasionando na morte uma segregação de quem a possuía, essa relação devia-se a falta de conhecimentos mais profundos da Medicina no que se refere às doenças e suas causas, naquela época.

    Foi a partir do período renascentista, transcorrido aproximadamente no final do século XIV, que os assuntos relacionados à Pessoa com Deficiência começou a ganhar ares de solução, mesmo a passos curtos, é a partir dessa época que surgem pesquisas relacionadas a esse público, além também do surgimento de algumas instituições para atendimento a esse público.

    De acordo com Alves (2005)

    Na Europa, por volta do ano de 1500, tem-se conhecimentos dos primeiros estudos com crianças surdas, que começou a ser feito por alguns educadores interessados [...] eles eram professores particulares delas. Antes disso, os deficientes ficavam nos asilos para que pudessem ser protegidos, pois acreditavam que pudessem se desenvolver, em função da sua “anormalidade” (p.20).

    O fragmento acima evidencia dois pontos a serem discutidos. Primeiramente, o interesse em integrar as pessoas deficientes na sociedade, vendo nelas cidadãos capazes, deixando-os de lado da maioria da população por ser esse serviço de caráter particular, oferecido por poucas instituições. Certifica também a visão de segregação da igreja, que a partir de Cristo isolava a Pessoa com Deficiência por acharem-nas incapazes.

    Com o passar dos séculos, outras instituições começaram a surgir nos vários continentes em variadas épocas; na França, no ano de 1760, surgia o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, e no ano de 1784, foi criado o Instituto de Jovens Cegos. Na Alemanha, no ano de 1832, surgiam instituições idênticas às francesas. Nos Estados Unidos, no ano de 1817, surgia uma paróquia que tinha fins de instituto educacional para surdos, e em 1850 surgia neste país escolas para cegos, surdos e deficientes mentais (ALVES, 2005). Todas essas instituições tinham o propósito de oferecer instrução e uma melhor educação a essa população específica, aumentando o progresso no tratamento, por decorrência dos maiores esforços e dedicação relacionada aos estudos com deficientes. Mas faltava apoio maior da sociedade que ainda não aprovava as instituições, por não verem nelas nenhum valor, pois atendia a uma população estigmatizada.

    Foi a partir das Guerras Mundiais, ocorridas no século XX, que essa visão começou a mudar, o impacto social foi muito grande no pós-guerra, soldados e oficiais, antes vistos como heróis que lutavam por sua pátria e pelos ideais defendidos por ela, estavam de volta mutilados, esses heróis de guerra eram agora deficientes, figuras subjugadas pela sociedade (MARTINS, 2006).

    Diante desta nova realidade, muda-se um pouco a atenção dada a essa população, obtendo assim maior notoriedade social, ampliando investimento em pesquisas e também desenvolvimento de instrumentos que facilitariam a vida dessas pessoas na sociedade.

    A inclusão e reabilitação dessas pessoas, num âmbito mais global destas palavras, torna-se para a sociedade foco principal, e o desporto surgia como um elemento propiciador de educação nos diversos significados dessa palavra para os lesionados de guerra.

    Só após a segunda guerra mundial que a prática desportiva teve maior incremento no contexto da prevenção de distúrbios secundários e na reabilitação social, física e psíquica. (SOUZA, 1994 p.25)

    A inserção das práticas desportivas servia como ferramenta de reabilitação física e social, pois nelas a sociedade começava a notar o potencial de capacidades dessas pessoas, visto o poder de integração do desporto em toda a sociedade. Essas práticas também tinham caráter de reabilitação psíquica, por estarem associadas a fatores que influenciam no comportamento, fatores esses como integração, relacionamento inter e intrapessoal, dentre outros, influenciando nos valores de autoestima dessa população (MARTINS, 2006).

    A maior notoriedade do mundo ao desporto relacionado à Pessoa com Deficiência ocorreu com o surgimento dos Jogos Paraolímpicos, que traziam modalidades adaptadas ou próprias para serem praticadas.

    Essa notoriedade começou a despertar a tentativa de reconhecer a Pessoa com Deficiência como sujeito com potencial, tentando incluí-la no meio social, rendendo-lhes como reconhecimento dessa tentativa a condecoração da Organização das Nações Unidas (ONU), que decretou no ano de 1983, aquela como “Década da Pessoa Portadora de Deficiência” (ALVES, 2005 p.22).

    O conceito de Pessoa com Deficiência adotado pela Organização das Nações Unidas em 13 de dezembro de 2006, de acordo com a Resolução 61/106 da Assembléia Geral, somente entrou em vigor em 03 de maio de 2008, que no Brasil foi aprovada com quorum qualificado tendo sido publicado o Decreto 186/2008 em Diário Oficial da União em 10/07/2008, seria segundo a Convenção das Pessoas com Deficiência no seu artigo 1º (BRASIL, 2007).

    “Pessoas com Deficiência são aquelas que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (BRASIL, 2007).

    Segundo esse artigo, não estaria então na limitação à caracterização da deficiência em si, mas nas barreiras impostas pela sociedade que impedem o pleno desenvolvimento dos seres humanos e dos alunos com os atributos a estes inerentes.

    A falta ou o baixo número de alunos com deficiência nas escolas básicas nos remete a possibilidade de barreiras impostas a eles ou por eles. Desta forma, torna-se necessário o início de um trabalho de divulgação das maneiras de abordagem do deficiente nas aulas de Educação Física e dos direitos que este possui, para que assim as pessoas de fato comecem a lutar e cobrar tais direitos nas escolas e na sociedade.

Caminho metodológico

Abordagem metodológica

    A metodologia utilizada foi qualitativa fenomenológica, que, segundo Gil (1994), preocupa?se com a descrição direta da experiência como ela é, ou seja, a realidade é construída socialmente e entendida da forma que é interpretada, a realidade não é única, existem tantas quantas forem suas interpretações, pois a partir do fenômeno da inclusão da Pessoa com Deficiência o professor trabalhará novas perspectivas de práticas pedagógicas nas aulas de Educação Física, que, também, poderão ser traduzidas em maior tolerância à essas pessoas no convívio do dia a dia em sociedade e respeito aos seus direitos.

Metodologia das aulas

    Durante as aulas foram trabalhados slides sobre os temas que cercam a deficiência; seguindo o roteiro, foi trabalhada a história do Deficiente, passando por suas concepções, como a segregação, integração até a inclusão dessas pessoas na sociedade, enraizando o debate da inclusão com a união dos Jogos Olímpicos com os Jogos Paraolímpicos, promulgação de Lei da Acessibilidade (Lei nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000), além da perspectiva de inclusão do aluno com Deficiência no meio escolar normal e na sociedade.

    Nas aulas, os debates foram utilizados a partir das vivências realizadas por eles nas experiências propostas e dirigidas pelo professor, analisando as barreiras arquitetônicas e sociais da escola como principais entraves para a recepção do aluno com Deficiência no ambiente escolar.

    No decorrer das aulas, começaram as experimentações práticas, utilizando diversos recursos para constatar as barreiras arquitetônicas e sociais na escola. O primeiro recurso foi a venda, para experimentação de condução de uma pessoa cega nas dependências da escola, além de saber da importância e dos aspectos relevantes de quem guia e de como é ser cego. O segundo recurso foi a tentativa de comunicação quando tirado o sentido da fala, durante 10 minutos os alunos tentavam realizar tarefas pré-estabelecidas sem utilizar a fala, pois estavam amordaçados. O terceiro recurso foi a utilização de uma cadeira de rodas, em que alguns alunos como voluntários tentavam realizar tarefas normais do seu dia-a-dia na escola, podendo constatar as dificuldades encontradas para suas concretizações sem depender de ajuda.

    Para elucidar a participação da aula de Educação Física com a inclusão da Pessoa com Deficiência, foram propostas atividades como o Goalball e jogos pré-desportivos para sua inicialização, jogos pré-desportivos de futebol para cegos e o frisbee (utilizado como desporto para deficientes auditivos).

    Após a experiência foi debatida a proposta de inclusão e de como ela poderia ocorrer, frente à análise de que linha histórica, no trato com deficiência, encontra-se o Colégio João Vilas Boas de Livramento, além de documentos propondo a direção da unidade escolar mudanças para adequações do espaço escolar para inclusão de possíveis alunos com Deficiência.

Caracterização dos sujeitos da pesquisa

    Foram utilizados como sujeitos desta pesquisa, alunos do 3º ano do ensino médio, do Colégio Estadual João Vilas Boas, localizado na cidade de Livramento de Nossa Senhora, no estado da Bahia, órgão administrado pelo Governo do Estado da Bahia, através de sua Secretaria de Educação e Cultura (SEC) e da Diretoria Regional de Educação (DIREC) regional 19, com sede na cidade de Brumado.

Recursos materiais

    Como materiais para desenvolvimento das aulas foram utilizados: um (01) televisor com entrada para pendrive (modelo do governo do estado da Bahia), duas (02) bolas com guizos (futsal e futebol), vinte (20) vendas para bloquear a visão, um (01) disco de frisbee, uma (01) cadeira de rodas, trinta (30) metros de cordas de náilon, seis (06) colchonetes, quatro (04) fitas adesivas, todos em seus determinados momentos.

Resultado e discussão

    Durante a abordagem, foi observado que os alunos não conheciam nem compreendiam muito como uma Pessoa com Deficiência poderia participar das práxis das aulas, pois esta tinha que enfrentar barreiras arquitetônicas encontradas na escola como também, as sociais, pois para a comunidade escolar aquela não possuía as qualidades necessárias para exercer tais jogos e atividades práticas.

    Com a abordagem do tema, fora compreendido como a Pessoa com Deficiência evoluiu durante os anos e como os jogos poderiam propiciar a participação dela no ambiente, e em atividades físicas e esportes adaptados, visto que as pessoas deficientes também tinham a necessidade do movimento, tanto no âmbito escolar, como fora da escola, assim seriam compreendidos a partir da inserção deles nos mais variados ambientes sociais, buscando adequação de espaços e conhecimento das leis para tais fundamentações possibilitando assim sua inclusão.

Conclusão

    A partir desta experimentação pedagógica, pretende-se modificar a maneira de abordagem desse tema no Colégio Estadual João Vilas Boas, buscando através dos alunos uma reflexão sobre os direitos, as possibilidades e limitações da Pessoa com Deficiência, além de demonstrar de maneira prática, como pode ser trabalhada a inclusão nas aulas de Educação Física, na rede básica de ensino do Estado da Bahia.

    Apesar de toda dificuldade para fazer acontecê-la, a inclusão deve estar presente nas escolas, uma vez que é prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9394/1996), no Plano Nacional de Educação (Lei n.10.172/2001) e na Lei de Acessibilidade (Lei n.10.098/2000), isto faz dela um direito, tornando-se dever também do professor desenvolver sua práxis com vistas a inclusão de todos, cumprindo seu papel de modificação social.

Referências

Outros artigos em Portugués

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