efdeportes.com

Prevalência de sobrepeso e obesidade em alunos da escola municipal Alessandra Bastida Mancin do município de Boa Esperança, PR

Predominio del sobrepeso y la obesidad en alumnos de la escuela municipal
Alessandra Bastida Mancin del municipio de Boa Esperanza, PR

 

*Graduada no curso de Licenciatura em Educação Física

pela Faculdade Integrado de Campo Mourão, PR

**Mestre – Docente da Faculdade Integrado de Campo Mourão, PR

(Brasil)

Patrícia Rech de Araújo*

Eberton Alves de Souza**

pati_rech.araujo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Atualmente a obesidade é um dos grandes problemas de saúde pública de todo mundo. Tem-se observado nos últimos anos uma mudança nos aspectos nutricionais da população, caracterizada pela redução dos déficits nutricionais e ocorrência mais expressiva de sobrepeso e obesidade não só na população adulta, mas também em crianças e adolescentes. Este trabalho teve como objetivo identificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em alunos da Escola Municipal Alessandra Bastida Mancin do Município de Boa Esperança – PR. Foi realizado um estudo de caráter descritivo e natureza quantitativa com 90 escolares de ambos e gêneros, com idade entre 8 e 11 anos. Os resultados apontaram para índices pouco sugestivos de sobrepeso e obesidade, verificou-se que 32,21% dos alunos avaliados estão acima do peso, enquanto 37,77% apresentam níveis elevados de gordura corporal. Sendo a obesidade infantil um sério problema que vem aumentando em todas as camadas sociais da população, prevenir, ainda na infância, pode significar diminuir, de forma racional, a incidência de doenças advindas da obesidade.

          Unitermos: Índice de Massa Corporal. Sobrepeso. Obesidade.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Com a transição do estado nutricional da população, a obesidade e em particular a infantil, vem sendo bastante abordada na atualidade, devido à crescente incidência de casos registrados. No Brasil, tem-se observado nos últimos anos uma mudança nos aspectos nutricionais da população, caracterizada de acordo com Rockett e Colditz (2003, apud TRICHES E GIUGLIANI, 2005) pela redução na prevalência dos déficits nutricionais e ocorrência mais expressiva de sobrepeso e obesidade não só na população adulta, mas também em crianças e adolescentes.

    Sampaio e Sabry (2007) destacam que este vem tornando-se um fato bastante preocupante, pois a associação da obesidade com as alterações metabólicas, ou seja, os considerados fatores de risco, que até alguns anos atrás eram mais evidentes em adultos, hoje já podem ser observadas freqüentemente nesta faixa etária.

    Para os autores supracitados, as mudanças de hábitos e costumes como, aumento da ingestão de gorduras saturadas e alimentos industrializados com alto teor de sal, redução da atividade física, incorporação crescente do habito de fumar e da utilização de bebidas, estão relacionados ao aumento do quadro de obesidade ocorridas na população, de forma geral, e onde se enquadra também a brasileira, nas últimas décadas.

    Costa (2001) define o sobrepeso como sendo os valores de massa corporal que estão entre o índice considerado normal e a obesidade, podendo ser resultado do excesso de gordura corporal ou de valores elevados de massa magra. Já a obesidade são os valores excessivos de gordura corporal e esta relacionada ao aumento de risco à saúde.

    Na literatura são encontrados vários conceitos para se definir obesidade, como doença crônica resultante de um balanço positivo de energia por um tempo prolongado, produzindo excesso de gordura corporal ou acúmulo de gordura no tecido adiposo em extensão tal que acarreta prejuízos à saúde. É hoje considerada uma pandemia, prevalente em países desenvolvidos e em desenvolvimento, afetando crianças e adultos, sendo um fator chave no risco de outras doenças crônicas não-transmissíveis (SAMPAIO e SABRY, 2007, p. 67).

    Atividades atraentes como os computadores com internet e os videogames, desde a infância, induzem as crianças a ficarem em frente às telas, em detrimento de atividades físicas ativas. Sampaio e Sabry (2007) ressaltam ainda, que a baixa atividade física tem importante papel na regulação do peso e na estocagem de gordura tanto nas crianças como nos adultos, desta forma, entende-se que alguns quadros de obesidade podem ser provenientes da baixa atividade física. A criança tende a desenvolver a obesidade quando sedentária, e a própria obesidade poderá fazê-la ainda mais sedentária, assim destacam Jebb e Moore (2000, apud MELLO, LUFT E MEYER, 2004).

    Em relação à suscetibilidade do indivíduo ao ganho de peso os fatores genéticos desempenham um papel importante, porém, são os fatores ambientais e de estilo de vida, tais como hábitos alimentares inadequados e sedentarismo, que geralmente levam a um balanço energético positivo, favorecendo o surgimento da obesidade (SAMPAIO E SABRY, 2007).

    Haja vista, a influência de fatores, como os genéticos e ambientais, no desenvolvimento da obesidade, no município de Boa Esperança – PR tem-se observado um crescente número de crianças que apresentam quadros de sobrepeso e obesidade, porém, ainda não foram realizados estudos de caráter diagnóstico com esta população, para confirmar tais afirmações.

    Assim, esta pesquisa teve como objetivo identificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em alunos da Escola Municipal Alessandra Bastida Mancin do município de Boa Esperança - PR.

Métodos

    A partir de uma abordagem quantitativa, com natureza descritiva, foi realizado um estudo no qual avaliou-se o estado nutricional e escala de níveis de gordura corporal de escolares do Ensino Fundamental (séries iniciais), da rede pública de ensino da Escola Municipal Alessandra Bastida Mancin do município de Boa Esperança - PR. A referida escola foi escolhida por ser a única que oferece a modalidade de ensino em questão neste município.

    No estudo foram avaliados escolares, regularmente matriculados no Ensino Fundamental da Escola Municipal Alessandra Bastida Mancin, do município de Boa Esperança - PR. Os quais foram selecionados de forma intencional, sendo escolhidos todos os alunos matriculados nas turmas da 3ª série A, 4ª série A, 4ª série B, 4ª série C e 4º Ano A do ano de 2011, da respectiva Instituição, com exceção daqueles que não obtiveram autorização dos pais ou responsáveis. Sendo avaliados 90 alunos, de ambos os gêneros, dos quais 38 são do gênero feminino e 52 do gênero masculino, com idade entre 08 (oito) e 11 (onze) anos.

    Mediante esclarecimento da proposta de estudo e aprovação da mesma pelos representantes da escola, e responsáveis pelos escolares, foi dado início a coleta de dados para a pesquisa.

    Na avaliação do índice de massa corporal, as medidas antropométricas foram aferidas pelo pesquisador na referida escola no horário das aulas de Educação Física com auxílio dos professores responsáveis pelas aulas. Para a aferição do peso foi realizada apenas uma medida e anotada a massa corporal em Kg. Para se obter a altura a medida foi feita com o escolar em apnéia inspiratória, estando o avaliado em pé e descalço sobre o piso plano, com o corpo ereto mantendo o olhar para o horizonte, braços estendidos ao longo do corpo e pés unidos. Anotou-se a estatura em metros, como sugere Fernandes Filho (2003).

    Para constatação do sobrepeso e da obesidade nas crianças, com relação ao IMC, fora utilizada a Tabela de Percentis (NCHS, 2000) disponível no site www.cdc.gov/growthcharts. (Anexo A e B), esta relaciona o IMC com a idade e gênero para as idades compreendidas entre 2 e 20 anos. A classificação em baixo peso, peso saudável, sobrepeso e obeso deu-se a partir dos seguintes percentis: <5, de 5 a 75, de 75 a 95 e maior que 95, respectivamente, como sugere com Must et al, (2005, apud TANACA, 2008). A escala de níveis de gordura corporal foi obtida através da somatória das dobras cutâneas tricipital e subescapular dos escolares. O protocolo de Lohman (1992, apud HEYWARD E STOLARCZYK, 2000) foi utilizado para a aferição das dobras cutâneas dos avaliados, por ser recomendável para meninos e meninas com idade entre 8 e 20 anos. Esse protocolo propõe a aferição das dobras cutâneas tricipital e subescapular. Sendo estimada a escala de níveis de gordura corporal a partir da equação de DOC ∑triceps + subescapular, e classificada de acordo com o exposto nos Anexos C e D.

    Os dados colhidos na pesquisa foram analisados sendo estimada a prevalência do sobrepeso e da obesidade infantil e expressos em valores médios e porcentagem. Os dados colhidos foram tabulados e processados eletronicamente, em forma de gráficos e tabelas, utilizando-se o programa EXCEL (2007). Obtendo-se, desta forma, IMC através da tabela de percentis por idade por índice de massa corporal, e os níveis de gordura através do protocolo de Lohman (1992) e classificando os alunos conforme as proporções de massa corporal.

Resultados e discussão

    Abaixo serão apresentados gráficos e tabelas que descrevem os valores em percentual e média das variáveis de IMC e somatória de dobras cutâneas (∑DC) de estudantes do ensino fundamental - séries iniciais, da Escola Municipal Alessandra Bastida Mancin, do município de Boa Esperança – PR.

Gráfico 01. Classificação dos alunos de acordo com a tabela de percentis da NCHS 2000

    No gráfico 01 foi apresentada a classificação dos alunos de acordo com a Tabela de Percentis da (NCHS 2000), em relação à esta variável verificou-se que dentre os 90 alunos avaliados 64,44% estão dentro da faixa da normalidade apresentando um percentil (P) entre 05 e 75, já 23,33% apresentam sobrepeso (P75-95), 8,88% apresentam um quadro de obesidade (P>95) e, apenas 3,33% encontram-se com baixo peso (P<05). Em relação às variáveis de (IMC) verificou-se que 32,21% dos alunos estão acima do peso apresentando um percentil >75. De acordo com a NCHS (2000) crianças com percentil (P) entre 5 e 75 estão dentro do padrão de normalidade, já aquelas que estão abaixo ou acima destes índices, encontram-se com baixo peso e acima do peso, respectivamente.

    Dados semelhantes são apontados na pesquisa de Oliveira e Fisberg (2003) quando destacam que em algumas cidades brasileiras o sobrepeso e a obesidade já atingem 30% ou mais das crianças e adolescentes, como em Recife, alcançando 35% dos escolares avaliados. Esses resultados vão de encontro a outro estudo feito por Mello, Luft e Meyer (2004) que lembram-nos de alguns estudos que apontam para o aumento da obesidade infantil nos últimos anos, como é o caso do estudo feito por Souza Leão et al. (2003) que mostrou uma prevalência de 8% de crianças obesas em uma escola pública e, de 30% de crianças obesas em uma escola privada.

    Contudo, Oliveira et al. (2003) destacam que o IMC transforma-se com a idade e apresenta aumento de modo constante, sendo identificados três períodos críticos para o início da obesidade: o primeiro corresponde ao primeiro ano de vida; o segundo ocorre entre os 5 e 7 anos de idade e; o terceiro período é a adolescência. Para ambos os gêneros, quanto mais precoce o início do distúrbio do peso, maior a susceptibilidade a sobrepeso na vida adulta, sendo a faixa entre 4 e 8 anos de idade a de maior ocorrência.

Gráfico 02. Classificação dos alunos de acordo com a escala de níveis de gordura corporal segundo Lohman (1992)

    No gráfico 02 foi apresentada a classificação dos alunos de acordo com a escala de níveis de gordura corporal segundo Lohman (1992, apud HEYWARD E STOLARCZYK, 2000), verificou-se de acordo com a somatória de dobras cutâneas (∑DC) dos estudantes que 38,88% encontram-se com níveis ótimos de gordura, faixa ótima (O), enquanto 39,99% estão acima do peso, se combinada a prevalência de excesso de peso de moderadamente alto (24,44%), alto (11,11%), muito alto (4,44%). E, 21,11% apresentam baixos níveis de gordura. O protocolo de Lohman (1992) relata que crianças e adolescentes meninos com somatórias das dobras cutâneas (TR e SB) entre 13 a 22 mm e meninas com 15 a 27 mm se encontram com níveis normais de gordura corporal.

    Observou-se, contudo a prevalência de níveis elevados de gordura corporal de 24.44%, 11,11%, 4,44% respectivamente para moderadamente alta, alta e muito alta. Se combinada, a prevalência de excesso de peso (moderadamente alta + alta + muito alta) seria de 39,99%. Prevalências superiores foram encontradas por Soar et al (2004) ao avaliar um grupo de escolares da rede pública de ensino de Florianópolis, Santa Catarina, verificando que 49,1% dos avaliados encontram-se acima do peso e, inferiores, por Pelegrini, et al (2009) onde pôde-se observar que 23,2% dos avaliados apresentaram excesso de peso.

    Contudo, a identificação da obesidade infantil através de estudos diagnósticos em escolares tem se tornado uma prática comum tanto em nível internacional quanto nacional. Haja vista uma grande variação nos resultados que pode ser atribuída aos diferentes critérios utilizados para o diagnóstico da obesidade neste grupo (SOUZA LEÃO et al, 2003).

    Na análise da tabela 01 foram comparadas as médias de índice de massa corporal (IMC) e somatória de dobras cutâneas (∑DC) dos estudantes, do sexo masculino e feminino, da Escola Municipal Alessandra Bastida Mancin. Pode-se verificar que com relação às variáveis (IMC) e (∑DC), os meninos se encontram com o IMC de 17,29 kg/m2 enquanto as meninas apresentam IMC de 17,75 kg/m2. Em relação a variável (∑DC), os meninos apresentam média de 21,21mm em relação a 23,42mm das meninas. Em ambas as variáveis tanto meninos, quantos meninas encontram-se dentro do peso. Em relação aos níveis de gordura corporal apresentam níveis ótimos de gordura. Quanto às variáveis de (IMC) os alunos enquadram-se na faixa de peso saudável (P50-75).

    De acordo com os resultados acima, Sampaio e Sabry (2007) destacam que sedentarismo, hábitos alimentares inadequados, alimentação insatisfatória, excesso de carboidrato na dieta, a velocidade da refeição, os lanches desequilibrados e o consumo de doces e guloseimas podem desencadear o aumento do sobrepeso e obesidade. Ressaltam ainda que o sobrepeso e a obesidade têm aumentado de forma significativa nos países mais ricos, bem como nos emergentes, atingindo não apenas as classes mais favorecidas.

    Dados como estes não foram evidenciados aqui, visto a pouca diferença nas variáveis analisadas dos alunos do gênero masculino e feminino. Demonstrando a prevalência de peso saudável para as variáveis de IMC, bem como, de níveis ótimos de gordura corporal (∑DC).

    Por fim, na tabela 02 foram comparadas médias de índice de massa corporal (IMC) e somatória de dobras cutâneas (∑DC) de estudantes do gênero masculino e feminino em relação às idades, de 08 e 09 e 10 e 11 anos. Os resultados não indicaram diferenças entre os gêneros em alunos de 8 e 9 anos, nas variáveis analisadas. Em relação às variáveis de (IMC) ambos os gêneros se encontram dentro da faixa de peso saudável (P50-75) e os resultados para (∑DC) apontam faixa ótima (O) em meninos e meninas. Os resultados dos alunos de 10 e 11 anos, também apontam que meninos e meninas se encontram dentro do padrão de normalidade (P50-75), já em relação às variáveis de (∑DC) os meninos desta faixa etária apresentam um nível mais elevado, se enquadrando na faixa moderadamente alta (MdA). Ao comparar as variáveis dos meninos de 08 e 09 anos e 10 e 11 anos, verificou-se que ambas as idades apresentam (IMC) de dentro do padrão da normalidade (P50-75), já em relação às variáveis de (∑DC) os meninos mais jovens se encontram dentro da faixa ótima (O), enquanto os mais velhos encontram-se acima do peso (MdA). Entre as meninas não foram verificadas diferenças significativas. As meninas com idade entre 08 e 09 anos apresentaram (IMC) de 17,35 kg/m², enquanto as meninas de 10 e 11 anos apresentaram (IMC) de 17,64 kg/m², apontando um padrão de normalidade para ambas as idades. Em relação às variáveis de (∑DC) ambas as idades indicam, em média, para faixa ótima (O), sendo 24,04mm para meninas de 08 e 09 anos e 22,23 para meninas de 10 e 11 anos.

    Observou-se que os índices de gordura corporal e os níveis de gordura dos alunos encontram-se muito próximos para ambos os gêneros, e em alguns momentos mais elevados no gênero masculino, contrariando o que destaca Oliveira et al (2003)¸ quando diz que a maioria das pesquisas demonstra ser a prevalência da obesidade infantil e adulta maior no sexo feminino. A Organização mundial de Saúde (OMS) sugere que a maior prevalência neste sexo se deve ao fato de que o excesso de energia é preferencialmente estocado, sob a forma de gordura e não de proteína, como acontece no sexo masculino. O mesmo autor destaca ainda que essa contrariedade possa ser explicada pelas características hormonais da população estudada, onde os hormônios sexuais ainda não se encontram em faixa de determinar maior acúmulo de tecido adiposo nas meninas, e nos meninos a concentração de massa magra (OLIVEIRA et al, 2003).

    A prevalência de adiposidade no gênero masculino pode ser justificada pelo que expõem Amaral e Palma (2001) quando lembram-nos que embora alguns meninos aumentem sua massa adiposa antes da puberdade, possuindo entre 20 e 25% de gordura, ao atingir a puberdade, eles naturalmente perdem gordura, passando a ser classificados como ótimo.

    Contudo, Viloto (2003) lembra-nos que entre 7 e 10 anos, a criança pode apresentar maior velocidade de ganho de peso como uma forma de guardar energia para ser usada na fase do intenso crescimento pubertário , chamado fenômeno da repleção energética. Dessa forma, se o pré-pubere apresenta sobrepeso e não há evidências de fatores de risco para obesidade (hábitos alimentares, pais obesos, sedentarismo relevante, fatores emocionais), não há necessidade de intervenção, desde que haja segurança de que se está diante de um fenômeno biológico.

    Por último, é relevante esclarecer que o emprego dos resultados deste estudo torna-se limitado, pois foi baseado em amostra de estudantes de uma única escola e, portanto não representativa da população Sendo assim não devem ser extrapolados para a população de crianças em geral e sua comparação com outros estudos deve ser cautelosa.

Considerações finais

    Esta pesquisa objetivou identificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em alunos da Escola Municipal Alessandra Bastida Mancin do município de Boa Esperança - PR. Assim a hipótese inicial apontou para prevalência de sobrepeso e obesidade elevadas no grupo avaliado.

    Os dados apontaram para índices pouco sugestivos de sobrepeso e obesidade na população avaliada. Em relação à variável (IMC) verificou-se que 32,21% dos alunos estão acima do peso, enquanto 37,77% apresentam níveis elevados de gordura de acordo com a escala de níveis de gordura corporal de Lohman (1992, apud HEYWARD E STOLARCZYK, 2000).

    Foi verificado também que os alunos de ambos os gêneros, e idades apresentam-se, em média, dentro da faixa de peso saudável em relação à variável de (IMC). Em relação à somatória de dobras cutâneas (∑DC) verificou-se no gênero feminino níveis ótimos de gordura corporal, já no gênero masculino observou-se uma diferença entre as faixas etárias, meninos com idade entre 8 e 9 anos apresentaram níveis ótimos de gordura corporal, enquanto os mais velhos com idade entre 10 e 11 anos apresentaram um nível moderadamente alto de gordura corporal.

    Refutando a hipótese inicial de que as prevalências de sobrepeso e obesidade mostrar-se-iam mais elevadas neste grupo. Os resultados obtidos mostraram-nos que os níveis de gordura corporal, bem como, os índices de massa corporal dos escolares avaliados encontram-se em média dentro da faixa ótima e peso saudável, respectivamente.

    Sendo a obesidade uma doença crônica que esta relacionada com os hábitos alimentares e à atividade física. Acredita-se que o grupo, ou parte dele, mantenha hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada e atividade física regular. No entanto, a obesidade infantil é um sério problema de saúde pública que vem aumentando em todas as camadas sociais da população brasileira e mundial. Sendo assim, prevenir, ainda na infância, pode significar diminuir, de forma racional, a incidência de doenças crônico-degenerativas que podem ser causadas pela obesidade.

    Deve-se lembrar, entretanto, os vários fatores que podem estar envolvidos no desenvolvimento desta doença, como fatores, hereditários, biológicos, sócio-econômicos. O conjunto destes fatores não pode ser eliminado, mas controlados através da modificação dos hábitos alimentares e de atividade física da criança.

    Tomando como base os resultados desta pesquisa, acredita-se que estes possam ser úteis na tomada de ações preventivas e de manutenção de saúde do grupo avaliado, como a implantação de programas destinados à educação nutricional e a pratica regular de atividade física

    Por último, visto o possível envolvimento da obesidade com os fatores acima citados sugere-se, então, a aplicação de novos estudos com o objetivo de avaliar sua relação com esta doença. Desta forma, a obesidade poderá ser melhor compreendida e intervenções mais específicas poderão ser realizadas neste grupo de risco.

Referências

  • AMARAL A. P. A; PALMA, P. A.. Perfil epidemiológico da obesidade em crianças: relação entre televisão, atividade física e obesidade. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, 2001.

  • COSTA, R. F. Composição corporal teoria e prática da avaliação. 1 ed. Baruerí, SP: Manole, 2001.

  • FERNANDES FILHO, J. A prática da avaliação física: testes, medidas e avaliação física em escolares, atletas e academias de ginástica. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

  • MELLO, E. D; LUFT, V. C; MEYER, F. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes? Jornal de Pediatria. Porto Alegre: 2004.

  • HEYWARD, V. H.; STOLARCZYK, L. M. Avaliação da composição corporal aplicada. 1 ed. São Paulo: Manole, 2000.

  • NATIONAL HEALTH SERVICE CORPS (NHCS). National Centers for Disease Control and Prevention – CDC: 2000. Disponível em: www.cdc.gov/growthcharts. Acesso em 27 de outubro de 2010.

  • OLIVEIRA, A .M. A., et. al. Sobrepeso e obesidade infantil: influência dos fatores biológicos e ambientais em Feira de Santana. BA. Arquivos. Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. São Paulo, 2003.

  • OLIVEIRA, C. L.; FISBERG, M. Obesidade na infância e na adolescência – uma verdadeira epidemia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. São Paulo, 2003.

  • PELEGRINI A., et al. Sobrepeso e obesidade em escolares brasileiros de sete a nove anos: dados do projeto Esporte Brasil. Revista Paulista de Pediatria. Florianópolis, 2009.

  • SAMPAIO, H. A. C.; SABRY, M. O. D. Nutrição em doenças crônicas: prevenção e tratamento. São Paulo: Atheneu, 2007.

  • SOUZA LEÃO, S.C.; et al. Prevalência de obesidade em escolares de Salvador, Bahia. Arquivos. Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, Bahia, 2003.

  • TANACA, A. Prevalência do sobrepeso e da obesidade em escolares da cidade de Duartina, SP. UNESP. Bauru: 2008.

  • TRICHES, R. M.; GIUGLIANI, E. R. J. Obesidade, práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Revista Saúde Pública. Porto Alegre: 2005.

  • VILOTO, M. R. Nutrição: da gestação à adolescência. Rio de Janeiro: Reichmann & Autores Editores, 2003.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 168 | Buenos Aires, Mayo de 2012  
© 1997-2012 Derechos reservados