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Equilíbrio energético dos universitários 

de Educação Física de ambos os sexos

Equilibrio energético de estudiantes universitarios de Educación Física de ambos sexos

Energetic balance of Physical Education university students of both genders

 

Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão (LEPE)

Escola Superior de Educação Física (ESEF)

Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Volmar Geraldo da Silva Nunes

volmar@ufpel.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O alimento é fonte energética do homem e cada indivíduo possui necessidades energéticas distintas. Baseando-se nesta consideração o estudo teve como objetivo diagnosticar nos acadêmicos do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física da UFPel, estes se encontravam em equilíbrio energético. O equilíbrio energético é obtido através das diferenças entre as mensurações da ingestão calórica e do gasto energético. A amostra foi composta por 70 universitários de ambos os sexos sendo coletados os dados de ingestão calórica, através de um questionário de registro alimentar, do gasto energético utilizando-se o questionário de MONTOYE, CHRISTIAN, NAGLE & LEVIN (1988). Ainda verificou-se a composição corporal constando de estatura, peso e dobras cutâneas conforme o protocolo GUEDES. Conclui-se que os acadêmicos do sexo masculino apresentaram-se na faixa de normalidade de gordura corporal (15 a 18%), enquanto que os do sexo feminino, estão na faixa de tendência à obesidade (23 a 33%); estando com uma ingestão calórica superior ao gasto energético, situando-se em equilíbrio energético positivo.

          Unitermos: Equilíbrio energético. Universitários. Educação Física.

 

Abstract

          Food is man’s source of energy and each individual has different energy needs. Based on this consideration, the objective of the study was to carry out a diagnosis on the students of the UFPel Degree Course in Physical Education, if they were found to be in an energetic balance. The energetic balance is reached through differences between the measurements of calorie intake and of spent energy. The sample was made up of 70 university students of both genders where the calorie intake data was collected through a food register spent energy questionnaire, using the MONTOYE, CHRISTIAN, NAGLE & LEVIN (1988) questionnaire. In addition the body composition was checked, which involves structure, weight and cutaneous folds according to the GUEDES protocol. It was concluded that the male gender students placed themselves in the area of normal body fat (15 to 18%), while the female gender students were placed in the area of obese tendency (23 to 33%); having a calorie intake higher than the spent energy, placing them in a positive energetic balance.

          Keywords: Energetic balance. Physical Education. University students.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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I.     Introdução

    Durante o desenvolvimento, o homem preocupou-se com as mudanças físicas da anatomia humana, com as doenças que surgiam e com o envelhecimento, para contribuir efetivamente no uso do corpo, na eficácia do trabalho e das atividades.

    Com o avanço tecnológico e científico da sociedade o homem tornou-se menos ativo e modificou seus hábitos alimentares o que é de extrema importância para a manutenção do seu equilíbrio energético (McARDLE, KATCH & KATCH, 2001 e 2003).

    Para TUBINO (1984), o alimento é considerado a fonte energética do homem, e é através de uma ingestão adequada que se obtêm a base para o desempenho físico, proporcionando tanto o combustível para o trabalho biológico, quanto às substâncias químicas para extrair e utilizar a energia potencial contida neste combustível.

    O alimento é composto por vários nutrientes: carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, minerais e água, os quais suprem as necessidades do organismo nos diferentes processos vitais, entretanto cada indivíduo possui necessidades energéticas diferentes (COUTINHO, 1981). É através de mensurações sobre a ingestão calórica e o gasto calórico que se observa no indivíduo, se este, está ou não em equilíbrio energético.

    Sugere-se, a partir do conhecimento a respeito do equilíbrio energético e dos fatores que influenciam o mesmo, ao indivíduo que busque uma melhor qualidade de vida, caso seja necessário, alterando seus hábitos alimentares e sua prática de atividade física e também como futuro educador físico, proporcionar a conscientização de seus alunos sobre a importância destes hábitos para a obtenção de uma vida saudável.

    O problema que estimou a realização deste estudo foi assim configurado: Os universitários do curso de Licenciatura Plena em Educação Física, da Universidade Federal de Pelotas encontra-se em equilíbrio energético?

    Para auxiliar na resposta do problema de pesquisa, elaboraram-se os seguintes objetivos:

  • Determinar a ingestão calórica e gasto energético dos universitários, de ambos os sexos, do curso de Licenciatura Plena em Educação Física, da Universidade Federal de Pelotas; e

  • Determinar a composição corporal dos universitários do curso de Licenciatura Plena em Educação Física, da Universidade Federal de Pelotas.

    Considerando que :

  • O alimento é a principal fonte de energia do homem. A quantidade necessária é individual, variando de acordo com o peso corporal, idade, clima e nível de atividade física, é preciso que se façam maiores estudos, no sentido de se obter uma alimentação balanceada e exercícios físicos em intensidade adequada à ingestão calórica, satisfazendo as necessidades do organismo;

  • Na literatura especializada não são encontradas tabelas ou informações que possam informar, com precisão, a quantidade calórica que deve ser ingerida por cada indivíduo, baseando-se no gasto calórico também individual;

  • A atividade física do ser humano está diretamente relacionada com a ingestão calórica e consequentemente com o seu equilíbrio energético;

    Justifica-se, assim, a realização desta pesquisa.

II.     Material e método

    Este estudo caracterizou-se por ser descritivo, pois procurou descrever a variável independente (KOCHE, 1982).

    A população era de 260 universitários de ambos os sexos do curso da Licenciatura Plena em Educação Física da Universidade Federal de Pelotas. A amostra foi composta por 70 universitários, de ambos os sexos, selecionada de forma aleatória.

    Para determinação do peso corporal foi utilizado uma balança de alavanca marca Filizola, com precisão de 0,1 Kg, verificando-se cuidadosamente o nivelamento da balança a cada pesagem, sendo realizado no turno da manhã. O indivíduo foi pesado com o mínimo de vestimenta e descalço, considerando-se uma variação de 0,1 Kg.

    Na estatura, utilizou um estadiômetro, onde se mediu o indivíduo com a mesma vestimenta da pesagem, colocando-o na posição anatômica, com o dorso e a cabeça, ambos encostados no aparelho. O avaliado foi instruído a tomar uma inspiração forçada, enquanto procura estender ao máximo seu corpo para cima, então se anotou a estatura.

    Usou-se plicômetro científico para medir as espessuras das dobras do tecido subcutâneo, que através dos procedimentos matemáticos de Guedes (NUNES, 1999), obteve-se a densidade corporal (DC).

    Para os universitários do sexo masculino as dobras cutâneas foram: tricipital (TR), suprailíaca (SI) e abdominal (AB), pela seguinte fórmula:

DC = 1,714 – 0,0671 x log10 (TR + SI + AB)

    Para os universitários do sexo feminino as dobras cutâneas foram: subescapular (SB), suprailíaca e coxa (CX), pela seguinte fórmula:

DC = 1,1665 - 0,0706 x log 10 (CX +SI+SB)

    Através da aplicação do procedimento matemático de SIRI (NUNES, 1999; HEYWARD & STOLARCZYK, 2000) foi determinado o percentual de gordura (%GC):

% GC = [(4,95 / DC) – 4,5] x 100

    A partir dos valores de percentual de gordura foi possível calcular a massa corporal gorda (MCG) em função do Peso Corporal (PC) obtido na balança, através de uma regra de três:

MCG = % gordura x PC / 100

    A massa corporal magra (MCM), que é o Peso Corporal sem a massa de gordura gorda, é:

MCM = PC - MCG

    Para que seja finalizada a determinação da composição corporal foi calculado ainda o peso ósseo (PO) através da fórmula de Von Döblen modificada por Rocha, o peso residual (PR) calculado pela relação proposta por Würcle, e finalmente o peso muscular pelo cálculo de Matiegka (NUNES, 1999). O diâmetro biepicondiliano do úmero e o diâmetro bicondiliano do fêmur foram medidos pelo paquímetro e utilizados no cálculo do peso ósseo.

    Para avaliação da ingestão calórica e do gasto energético dos universitários foram utilizados dois questionários:

  • o de ingestão calórica para a determinação da quantidade de alimento e sua descrição, para café da manhã, almoço, janta e lanches. A partir dos dados coletados foi possível obter a média de ingestão calórica diária, o percentual diário de glicídeos protídeos e lipídeos da alimentação de cada universitário. O universitário preencheu três questionários, sendo o primeiro no sábado ou domingo, o segundo foi preenchido dois dias depois e o terceiro dois dias após o segundo. De posse dos questionários foi feito o cálculo da ingestão calórica, aproximada por dia, através do uso de tabelas.

  • o de gasto energético foi o questionário de MONTOYE, CHRISTIAN, NAGLE & LEVIN (1988), que foi preenchido pelos universitários com o objetivo de considerar todas às 168 horas de uma semana típica, determinando quantas horas são gastas para cada atividade. O nível de atividade foi determinado em valores de MET’s. O tempo gasto em cada atividade foi multiplicado pelo valor da tabela de forma que se obtenha um total para as 168 horas da semana, após multiplicando-se por 3,5 ml x Kg x min, obtendo-se o gasto de oxigênio total predito, sabendo-se que para cada litro de oxigênio consumido há o equivalente de 5 Kcal, chega-se então, ao consumo calórico da semana. Ao dividir-se este valor por sete se teve o gasto calórico diário.

IV.     Resultados e discussão

    Com a finalidade de caracterizar a amostra utilizada no estudo, coletaram-se dados referentes a peso corporal (PC) e estatura (EST) dos acadêmicos do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas, de ambos os sexos, da faixa etária 18 a 30 anos. Estes dados foram analisados quanto à média aritmética, desvio padrão e o teste "t" para amostras independentes, para comparar os valores médios destas variáveis entre sexos.

Tabela 01. Valores médios, desvios padrões e teste "t" de Student do PC e EST, dos acadêmicos de ambos os sexos, com idade entre 18 a 30 anos

    Analisando a Tabela 01, verificou-se que os acadêmicos do sexo masculino apresentaram valores médios de PC e EST superiores aos do sexo feminino; podendo afirmar que os estes são 32,72% mais pesados e 0,86% mais altos do que os do sexo feminino Quando se comparou os valores médios entre os sexos, observou-se que ocorreram diferenças estatisticamente significativas, ao nível de 0,1%, sendo esta favorável aos acadêmicos do sexo masculino.

    Procurando analisar a composição corporal dos acadêmicos, verificou-se a média aritmética, desvio padrão e teste “t” do percentual de gordura corporal (%GC), massa corporal gorda (MGC) e magra (MCM), conforme Tabela 02.

Tabela 02. Valores médios, desvios padrões e teste “t” da variável %GC,MGC e MGM dos acadêmicos de ambos os sexos

    Analisando a Tabela 02, com referência aos valores médios das variáveis %GC e MGC entre os sexos, teve-se que os acadêmicos do sexo feminino apresentaram valores superiores aos do sexo masculino, registrando-se um excesso do %GC em 48,73% e um sobrepeso de gordura de 12,07% acima dos valores médios dos acadêmicos do sexo masculino. Quando se comparou valores médios entre os sexos, observou-se que ocorreram diferenças estatisticamente significativas, ao nível de 0,1%, sendo esta favorável aos acadêmicos do sexo feminino.

    Com relação a variável MCM, teve-se que os acadêmicos do sexo masculino tiveram valores médios superiores aos do sexo feminino, observando-se que estes possuem 48,37% mais massa magra (peso muscular, ósseo e residual) do que os do sexo feminino. Quando se comparou os valores médios entre os sexos, observou-se que ocorreram diferenças estatisticamente significativas, ao nível de 0,1%, sendo esta favorável aos acadêmicos do sexo masculino.

    Classificando os acadêmicos deste estudo com os padrões de adiposidade (WEINECK, 1991: McARDLE, KATCH & KATCH, 2001, 2002 e 2003), tem-se que os do sexo masculino, apresentam-se dentro de faixa de normalidade (15 a 18%), enquanto que os do sexo feminino estão fora (18 a 22%), situando-se na faixa de tendência à obesidade (23 a 33%).

    Na Tabela 03 têm-se os valores médios, desvio padrão e o teste "t" de Student para amostras independentes das variáveis ingestão calórica (IC), gasto energético (GE) e equilíbrio energético (EE) dos acadêmicos estudados.

Tabela 03. Valores médios, desvios padrões e teste “t” das variáveis Ingestão Calórica (IC), Gasto Energético (GE) 

e Equilíbrio Energético (EE) dos acadêmicos de ambos os sexos, com idade entre 18 e 30 anos

    Analisando a Tabela 03, com referência aos valores médios das variáveis IC e GE entre os sexos, teve-se que os acadêmicos do sexo masculino apresentaram valores superiores aos do sexo feminino. Quando se comparou valores médios entre os sexos, observou-se que ocorreram diferenças estatisticamente significativas, ao nível de 0,1%, sendo esta favorável aos acadêmicos do sexo masculino.

    Com relação a variável EE, teve-se que os acadêmicos do sexo feminino tiveram valores médios superiores aos do sexo feminino, observando-se que os acadêmicos de ambos os sexos tiveram um EE positivo, ou seja, apresentaram um IC maior do que GE. Quando se comparou os valores médios entre os sexos, observou-se que não ocorreram diferenças estatisticamente significativas, ao nível de 5%, embora esta diferença tenha sido favorável aos acadêmicos do sexo feminino.

    Ainda nesta Tabela, comparando a IC e GE dentro do sexo, através do teste "t" Student para amostras independentes, obtiveram-se os valores de 8,643 e 13,532, respectivamente, para acadêmicos do sexo masculino e feminino, notando-se que ocorreram diferenças estatisticamente significativas, ao nível de 0,001%, sendo estas favoráveis a IC.

Considerações finais

    Pela análise e discussão dos resultados considera-se que os acadêmicos de ambos os sexos do curso de licenciatura plena em educação física da ESEF/UFPel apresentaram-se:

  • na faixa de normalidade de gordura corporal (15 a 18%), os acadêmicos do sexo masculino, e na faixa de tendência a obesidade (23 a 33%) os do sexo feminino;

  • com uma ingestão calórica superior ao gasto energético, estando em equilíbrio energético positivo.

    Desta forma conclui-se que os acadêmicos, de uma forma geral, realizam pouco exercício físico, tanto curricular como extracurricular, justificando assim o equilíbrio energético positivo. Este quadro com o passar dos tempos poderá levar estes acadêmicos a aumentar o seu percentual de gordura corporal, podendo desenvolver problemas metabólicos, tais como doenças crônico-degenerativas (obesidade, diabetes melitus e hipertensão).

Referências bibliográficas

  • COUTINHO, R.. Noções de fisiologia da nutrição. 2ª ed., Rio de Janeiro: Editora Cultura Médica, 1981.

  • HEYWARD, V.H. & STOLARCZYK, L.M. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo, Manole, 2000.

  • KOCHE, J.C. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed., Caxias do Sul, Universidade de Caxias do Sul, 1982.

  • McARDLE, W.D. KATCH, F.I. & KATCH, V. L. Nutrição para o Desporto e o Exercício. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,. 2001

  • ____. Fundamentos de Fisiologia do Exercício. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,. 2002

  • ____ Fisiologia do Exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,. 2003

  • MONTOYE, H.J.; CHRISTIAN, J.L.; NAGLE, F.J. & LEVIN, S.M. Living fit. California, The Benjamin/Cummings Publishing Company, 1988

  • NUNES, V.G.S. Prescrição de atividades físicas para pessoas normais e com problemas especiais. Pelotas. Editora Universitária, 1999.

  • ROCHA P.E.C. Medidas e Avaliação em Ciências do Esporte. 3 edição. Rio de Janeiro. Sprint, 1988.

  • TUBINO, M.J.G. Metodologia científica do treinamento desportivo, 5 ed., São Paulo, Ibrasa, 1984

  • WEINECK, J. Biologia do Esporte. São Paulo, Manole, 1991

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