efdeportes.com

A abordagem do conteúdo dança nas aulas de 

Educação Física infantil: benefícios e contribuições

El abordaje del contenido danza en las clases de Educación Física infantil: benefícios y contribuciones

 

Acadêmica do Curso de Educação Física – CEAP, AP

(Brasil)

Luinne Raiza de Barros Nascimento

luinne_ad@hotmail.com

Alcemy José Serrão dos Santos Junior

alcemyjunior@hotmail.com

Camile Luiza de Oliveira Almeida

camileluiza@hotmail.com

Ronédia Monteiro Bosque

ronediab@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Introdução. O corpo em movimento, sempre ocupou lugares com grande importância nas manifestações casuais e elaboradas do homem, com o passar dos anos a Educação Física tem se mostrado um componente curricular em constante transformação assumindo uma identidade mais crítica e consciente das mudanças sociais, que por intermédio da dança vem se mostrando cada vez mais eficiente como prática educacional. O trabalho tem por objetivo verificar os benefícios que o conteúdo dança proporciona as crianças do ensino infantil. Procedimentos Metodológicos. A pesquisa fundamentou-se em um estudo de caráter descritivo, com uma abordagem qualitativa. A qual teve como amostragem 12 alunas de 3 a 6 anos, 1 professora de dança e 6 professoras regentes de classe, para a coleta de dados utilizou-se questionários semiestruturados. Os sujeitos foram analisados em duas dimensões; da professora de dança e da professora regente de classe. Resultados. A partir dos resultados obtidos foi evidenciado que a dança possui um papel fundamental no desenvolvimento integral das crianças analisadas, reforçando assim sua inserção nas aulas de educação física para que futuramente auxilie na autonomia e criticidade. Discussão. Deve-se ressaltar que o seguinte estudo analisou apenas crianças do sexo feminino, logo se supõe que se, as aulas de dança acontecessem atreladas aos conteúdos da educação física infantil, favoreceria não somente aprendizagem e o convívio sócio-afetivo das meninas e sim das crianças em geral, diminuído as lacunas deixadas em relação à formação integral das crianças, preparando-as assim para a continuidade da vida escolar.

          Unitermos: Educação infantil. Dança. Educação Física.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    Com o passar dos anos a Educação Física tem se mostrado um componente curricular em constante transformação, libertando-se de alguns conceitos pré-estabelecidos, que a minimizarão por muito tempo a uma área que não fugia dos padrões práticos de atividade física de ordem unida, já na atualidade a educação física vem assumindo uma identidade mais crítica e consciente das transformações sociais. Pois o ensino escolar necessita se basear em uma concepção libertadora para compreender a estrutura na qual nossa sociedade se organiza (DARIDO, 2008).

    Deste modo a partir das propostas sugeridas pelos PCN’s – Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), a Educação Física sofreu mudanças, adotando o sentido epistemológico, usando a cultura corporal do movimento visando à educação formação/cidadão do aluno, através dos conteúdos abordados durante as aulas; os jogos, as lutas, as ginásticas, as atividades rítmicas expressivas e o próprio esporte passaram a ser uma grande ferramenta dentro uma nova perspectiva educacional que valorizava o aluno como produto do meio em que vive (VYGOSTSKY, 1979).

    Dentro desta perspectiva sabemos que desde os primórdios a sociedade possui uma organização baseada por meio de uma educação formal e não-formal, onde essa prática surgiu com o intuito para se organizar e delinear as ações do ser humano (SAVIANI, 2003).

    A educação formal é uma prática que ocorre em espaços institucionalizados, obedecendo a um conjunto de leis especificas para a educação como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases). Logo a educação não-formal acontece em locais que podem ser ou não institucionalizados, pois este é um fenômeno que ocorre de maneira direta ou indireta, onde todos os seus integrantes aprendem uns com os outros.

    É sobre esta ótica, que por intermédio da sistematização existente (educação formal e não-formal) a dança vem se mostrando cada vez mais eficiente como prática educacional, e a Educação Física possui subsídios amplos para abordá-la como um de seus conteúdos, compreendendo que se faz necessário uma visão ampla e um trato pedagógico acerca das atividades propostas pelo professor, nas quais o mesmo deverá contextualizar os movimentos e não impor apenas uma reprodução de movimentos soltos e sem significado, estimulando assim movimentos e um maior desenvolvimento dos aspectos cognitivo, motor, afetivo-social dos alunos, tornando por sua vez o processo de ensino-aprendizagem mais atraente e prazeroso.

    Para que a pratica da dança seja utilizada como um conteúdo relevante na da Educação Física Escolar é importante que sua inclusão ocorra desde as séries iniciais, pois o desenvolvimento acontecerá de forma global ajudando na socialização das crianças bem como na construção e resolução de problemas, de forma diferenciada na qual o sujeito se perceberá por completo como agente de resolução.

2.     Desenvolvimento infantil

    Ao longo da vida o homem perpassa fases distintas de maturação, experimentando uma série de situações únicas e marcantes com influência direta em toda sua existência, essas fases vão bem além de uma simples mudança de faixa etária, podem ser caracterizadas por alterações psicológicas enquanto a percepção de si e sua participação na sociedade.

    As alterações supracitadas possuem uma relação estreita com as mudanças de comportamento, tanto no caráter sócio-afetivo quanto cognitivo, por isso à infância é tratada como período crucial na formação da personalidade.

    A respeito disto La Taille (2003), ressalta que para Piaget a infância se subdivide em cinco fases que se diferem respeitando características peculiares de acordo com a faixa etária que a criança está que muda de acordo com a individualidade, são elas:

  • Sensório-motor (0 a 2 anos aproximadamente)

  • Pré-operatório (2 a 7 anos aproximadamente)

  • Operações-concretas (7 a 12 anos aproximadamente)

  • Operações-formais (12 anos em diante)

    Durante a infância as crianças se desenvolvem integralmente diferentemente uma das outras, pois dentro de sua formação sócio cultural são fortalecidos conceitos e valores em torno desta maturação (CONNOLLY, 2000), por isso dentro da escola se faz necessário um ambiente acolhedor e que respeite as características dos indivíduos, com práticas dotadas de ludicidade estimulando assim a continuidade do desenvolvimento, projetando um cidadão criativo e critico.

    Se considerarmos, então, que o corpo fala, cria e aprende com os movimentos através de gestos, que por sua vez são ricos de sentidos e de intencionalidades, percebemos o quão importante à ferramenta dança se faz para a educação de um modo em geral, pois as exigências sociais do mundo contemporâneo são cada vez mais complexas, ordenando que a educação aconteça de maneira progressiva, levando em consideração o meio social e o grau de desenvolvimento que a criança se encontra.

3.     Escola, Educação Física e dança contribuindo para a formação cidadã

    Sendo a escola, a família e a sociedade a sustentação e agentes decisivos na aquisição de valores, que permitem a construção integral do conhecimento é necessário que haja uma associação da educação formal com a não-formal, partindo de uma iniciativa não particular, mas coletiva dentro e/ou fora da escola.

    Portanto a escola exerce um papel importante no processo de ensino-aprendizagem de nossa sociedade, e para que esse processo não seja quebrado ou iniciado tardiamente, faz-se necessário que as intervenções pedagógicas sejam intencionais em todos os períodos da vida, desde as séries iniciais para que assim ocorra o processo de ensino por completo respeitando as fases que o indivíduo se encontra. É essencial que o professor leve em consideração aquilo que a criança já traz consigo, ou seja, as experiências individuais (FRANCISCO, 2008). Logo, é fundamental que o professor instigue o avanço nos alunos através de suas interferências.

    O corpo em movimento, sempre ocupou lugares com grande importância nas manifestações casuais e elaboradas do homem. Como ressalta Gariba (2005) ao afirmar que, “a participação da dança nas mais diversas práticas do homem, permeia as vertentes mundanas e religiosas, com fins terapêuticos e educacionais no cotidiano da sociedade”.

    Sendo assim mesmo autor em outra reflexão enfatiza que o movimento através da dança pode estar associado ao universo pedagógico da Educação Física, pois a dança além de atividade física é “educação", sendo indispensável para que o indivíduo entenda o que é, porque fazer o movimento, pois o movimento expressivo antes de tudo deve ser consciente (GARIBA 2005).

    Desta forma a prática da dança contribui muito para uma educação consciente e global, pois não se limita apenas às práticas pedagógicas, também psicológicas e sociais que surgem como conseqüência, das aulas bem direcionadas com variâncias e perspicácia necessária para que haja tal contribuição.

    É necessário esclarecer que a educação através do movimento, é uma prática que realmente surti efeitos se trabalhada de forma ordenada e sistematizada através de atividades criticamente construídas, que possam ampliar o discernimento do aluno e suas concepções a respeito do mundo em que ele esta inserido.

    Marques (2003) ressalta que, “a escola tem o papel não de reproduzir, mas de instrumentalizar e de construir conhecimento sobre/através da dança com seus alunos.” Pois ela é uma forma de conhecimento, elemento essencial para a educação do ser social.

    Deste modo como todos os componentes curriculares existentes na escola, a educação física possui um papel eminentemente impar nas transformações sociais que podem ocorrer a partir do indivíduo.

    Nessa perspectiva que a Educação Física enquanto componente curricular da Educação básica deve assumir a tarefa de introduzir e integrar o aluno à cultura corporal de movimento (BETTI, 2002). Assim voltada para Formação de um cidadão, que o mesmo deverá produzi-la, reproduzi-la e transformá-la instrumentalizando-o para usufruir da dança, das atividades rítmicas, do jogo, das ginásticas entre outras expressões corporais.

    O professor exercendo o seu papel como real educador e utilizando os conteúdos e a prática pedagógica da educação física de maneira emancipatória amplia a visão dos seus alunos dando maior liberdade em observar e agir no meio social. Logo se torna necessário desconsiderar esse conceito de educação física como repetição, vendo que tratamos do homem e suas manifestações culturais relacionadas ao corpo, movimento e intelecto (esportes, jogos, danças, lutas, entre outras) ficando difícil desvincular o homem e sua produção do meio social em que vive (EHRENBERG, 2005).

    Com a dança se encaixando no quadro de conteúdos possuímos as possibilidades da educação física ampliada, porém ainda existem professores com uma visão tecnicista e limitada dentro das escolas, que ao invés de terem a dança em prol da construção de um cidadão crítico e consciente de seu papel dentro da sociedade, acabam destruindo toda uma geração, impondo um modelo mecânico e reprodutivo de dança escolar.

    Na atualidade a formação educacional pela dança acontece de forma superficial e oprimida, realidade esta que se torna evidente nas datas comemorativas, quando o professor de educação física é solicitado para montagem coreográfica com um tema estabelecido, o aluno por sua vez reproduz sem ao menos discutir o grau de importância que a manifestação corporal representa e em que contexto histórico que foi criado. A partir do problema explicitado busca-se investigar tal questão. De que forma o conteúdo dança beneficia seus praticantes?

    Desta forma esta pesquisa de cunho qualitativo tem por objetivo verificar os benefícios que a dança proporciona as crianças do ensino infantil nos aspectos afetivos e cognitivos como forma de justificar a inserção da dança nas aulas de educação física infantil.

4.     Procedimentos metodológicos

    Para este estudo optou-se por desenvolver uma pesquisa de campo com característica descritiva e qualitativa sem desprezar os aspectos quantitativos, pois para Trivinos (1987), “a pesquisa qualitativa não admite visões isoladas, parceladas, estanques. Ela se desenvolve em interação dinâmica retroalimentando-se, reformulando-se constantemente.” Os sujeitos foram analisados em duas dimensões; da professora de dança e da professora regente de classe, buscando explicitar as possíveis alterações comportamentais adquiridas através da prática da dança.

    A população do estudo foi constituída por 117 meninas de doze turmas do ensino infantil da Escola Conexão Aquarela. A escolha da amostra foi intencional sendo selecionada pela professora de dança uma amostra de 10% das alunas que mais obtiveram mudanças comportamentais, totalizando 12 sujeitos exclusivamente do sexo feminino com idade entre 3 e 6 anos. Adotou-se como critério de inclusão; o mínimo de 75% de freqüência nas aulas de dança, o tempo da prática de dança (no mínimo 5 meses) e a assinatura do termo de consentimento. Como critério de exclusão adotou-se que nenhuma menina possuísse qualquer tipo de necessidade especial.

    A Escola Conexão Aquarela está situada na zona sul do estado do Amapá, município de Macapá mais precisamente no bairro do buritizal, número 911 sendo assim uma instituição de iniciativa privada, que abrange do ensino infantil ao médio, possuidora de espaços direcionados a cada faixa etária e munidas de atividades que auxiliam, o desenvolvimento integral através de múltiplas experiências vivenciadas pelo aluno.

    O instrumento utilizado para a coleta de dados foram questionários contendo perguntas abertas e fechadas, direcionadas a professora de dança e a professora regente de classe, a fim de verificar as possíveis mudanças ocorridas com a prática da dança.

5.     Apresentação e discussões dos resultados

    A seguir serão descritos qualitativamente através de figuras os resultados adquiridos por meio dos questionários respondidos pela professora de dança e professora regente de classe, relacionados a:

5.1.     Percepção enquanto a criação de movimentos durante as aulas de dança

    Entre três e seis anos as crianças agem muito pelo instinto da imitação e do experimento, por isso dentro do estudo buscamos verificar como é o comportamento desta população relacionado à criação a partir do uso corporal. Conforme exposto no gráfico a seguir:

Gráfico 1. Resposta da dimensão professora de dança referente à criação de movimento

Fonte: Própria Pesquisa

    Ao observarmos a figura I, nota-se que as crianças concentraram-se em muito bom obtendo um total de 50%, enquanto que não se adquiriu expressividade alguma na classificação ruim, totalizando assim bom em 34% e excelente em 16%.

    Segundo a teoria Piagetiana a criança nesta faixa etária encontra-se na fase pré-operatório, na qual ela já é capaz de realizar movimentos mentalmente planejados e sequenciados. Culminando com a entrada na escola e a prática da dança, facilita-se por consequência o autoconhecimento principalmente no que se trata de esquema corporal, causando o estímulo para novas tentativas e apropriação das possibilidades corporais (FRANCISCO, 2008).

    Ao entrar na escola a criança passa pelo período de adaptação enfrentando medos, pois está exposta a novas situações inter-relacionais que interferem diretamente em qualquer tipo de manifestação verbal ou corporal, porém nota-se que o quantitativo relacionado à excelente corresponde às crianças do maternal, pois durante as aulas de dança elas provavelmente sintam-se a vontade em criar e experimentar movimentos.

    Percebe se cronologicamente durante o primeiro e segundo período, a ocorrência da ambientação escolar e a sensação de segurança que por consequência gera expressão de movimentos representativos através do corpo por parte da criança, mesmo recebendo influências diretas do meio social em que vivem as alunas ainda guardam consigo características puras² da infância o que as permite agir de tal maneira, sem preocupar-se com as opiniões em relação a suas atitudes.

    Após a interferência da escola, por intermédio da imitação como defende Strazzacappa (2001), percebe-se algumas “mudanças relacionadas às esferas conceituais e atitudinais no terceiro período e primeiro ano, a partir destes ficam bem mais fortalecidos conceitos em torno de certo/errado referentes às ações em determinados espaços”. O que consequentemente inibirá a curiosidade criativa da criança, por medo ou vergonha de errar, totalizando ao quantitativo correspondente a bom resultado que expressa a classificação ainda positiva.

5.2.     Percepção da professora regente de classe enquanto as atividades de classe e extraclasse

    Como é característica da faixa etária estudada, a falta de concentração foi um ponto ao qual nos prendemos buscando verificar em qual classificação as crianças se encontravam dentro e fora da sala de aula, de acordo com o gráfico abaixo:

Gráfico 2. Resposta da dimensão regente de classe referente às atividades realizadas

Fonte: Própria pequisa

    Os resultados são expressivamente positivos, levando em consideração que as crianças estão em sua totalidade acima de muito bom, obtendo um quantitativo 59% muito bom e 41% em excelente. Nas séries iniciais as atividades escolares são feitas com muita freqüência tendo o acompanhamento direto das professoras regentes, bem como recebendo uma atenção especial dos pais e/ou responsáveis pelas crianças quando levam dever para ser feito em casa, por isso denotasse a semelhança entre os dois resultados obtidos.

    Sabe-se que nos primeiros anos escolares a criança possui grande dificuldade se for executar uma tarefa isolada, pois seu poder de concentração é pequeno e a vontade de movimentar-se é dominante, no entanto o conteúdo dança por trabalhar com diversos artifícios como os movimentos e sons produzidos pelo corpo findam fascinando a criança a interessar-se pela prática.

    A dança sendo trabalhada nas séries iniciais além de proporcionar o processo de interação social, é um fator chave na preparação para a alfabetização, pois estimula conceitos de responsabilidade e disciplina favorecendo não somente a leitura convencional, mas a observação do contexto ao qual está inserido (SANTOS 2005).

    As escolas de ensino infantil em sua maioria estão investindo fortemente em ambientes diferenciados, caso este que atribuído à escola a qual foi efetuada a pesquisa, possuidora de um vasto espaço físico com ambientes diferenciados proporciona um amplo número de vivências para seus alunos favorecendo na aprendizagem.

5.3 .     Classificação enquanto integração

    No período simbólico ou pré-operacional, a criança possui grande dificuldade em integrar-se umas com as outras, pois o egocentrismo é característico desta fase da vida, a partir dos resultados buscamos descrever como elas se comportam dentro dos dois espaços referindo-nos diretamente a esta característica, conforme pode-se notar no gráfico a seguir:

Gráfico 3. Resposta das professoras regente de classe e de dança referente as classificação integração.

Fonte: Própria Pesquisa

    Os dados demonstram que dentro das aulas de dança, as crianças estão em sua totalidade concentradas na classificação acima de muito bom resultando no número de 84% e excelente em 16%, enquanto que dentro da sala de aula obtivemos resultados mais distribuídos na classificação bom em 34%, muito bom 42% e excelente em 24%, quantidade que expressa o quanto a criança está sensível a aprendizagem.

    O professor possui a responsabilidade de proporcionar ao aluno princípios da dança que estimulem, motivem a comunicação e interação entre as crianças, facilitando o relacionamento interpessoal e a exploração ambiental (SILVA, 2001).

    Pela aparente liberdade demonstrada nas aulas de dança às meninas tendem a aumentar sua interação com o restante das colegas, troca de experiências, aprendizagem mantendo conversas paralelas com temas variados diversos fora do contexto das aulas, e aí que começam a perceber a interdependência existente nas atividades sugeridas pela professora de dança fortalecendo os laços de amizade. Enquanto que na realidade dentro da sala de aula as atividades são feitas de maneira mais isolada, sem permitir o trabalho em equipe, fortalecendo assim o individualismo que neste período é natural devido à fase do desenvolvimento a qual estão passando, juntamente com a competitividade exacerbada, características essas que devem ser amenizadas para uma melhor convivência.

    Através da dança – educação é possível fortalecer as possibilidades de criação e expressão gerando o aprendizado por meio dos princípios da socialização e cooperação, formando assim integralmente o cidadão (CINTRA 2007). Entretanto sabemos que tornasse cada vez mais difícil trabalhar de forma isolada dentro da escola, os professores devem agir em prol do beneficio do aprendizado da criança, buscando um mesmo fim sua formação crítico reflexiva.

    Por meio do faz-de-conta as crianças aprendem a compreender o ponto de vista uma das outras, aprimorando assim sua parte biopsicossocial (SANTOS & LUCAREVSKI, 2005). Desenvolvendo a capacidade de solucionar problemas para que assim de forma gradativa, venham a ter sucesso conjuntamente nas séries adiante.

5.4.     Classificação enquanto a exposição de idéias

    A criança na faixa etária estudada possui características como a inquietação corporal e verbal, bem como uma série de dúvidas e uma fértil imaginação em relação às respostas, buscamos através deste analisar como os sujeitos estão fazendo um paralelo entre o comportamento em classe e nas aulas de dança.

Gráfico 4. Resposta das professoras regente de classe e de dança referente as classificação integração. 

Fonte: Própria pequisa

    Fazendo a observação qualitativa do comportamento das meninas nas aulas de dança enquanto a exposição de idéias, os resultados obtidos foram de 50% em bom, 42% em muito bom e 8% em excelente. Na sala de aula os resultados foram de 17% em bom, 58% em muito bom e 25% em excelente, a partir dos números demonstrados notamos nas aulas de dança a maior concentração foi na classificação bom e na sala de aula foi em muito bom.

    Deve-se admitir que a prática pedagógica interfere diretamente nesta manifestação, pois como Silva (2010) salienta, a dança vivida na prática poderá ampliar nosso vocabulário corporal através do nosso olhar sensível, entretanto se as aulas forem conduzidas como meio de reprodução invés de ampliar, este “vocabulário” tornasse limitado aos movimentos expostos pela professora, e este grau expositivo das idéias podem estar diretamente ligado a pratica das aulas de dança.

    No entanto dependo da forma que a aula é conduzida as crianças se sentem sensibilizadas a expor suas idéias, porém se a professora tiver qualquer tipo de atitude que faça com que a criança sinta-se desprestigiada, automaticamente ocorre à inibição das manifestações e idéias por parte da aluna, isso vale tanto para as aulas de dança quanto para as aulas em sala, bem como para o convívio familiar ambiente determinante no comportamento infantil.

5.5.     Atribuições da dança para mudanças comportamentais

    A infância é dotada de diversas manifestações que oscilam de criança para criança dependendo da base educacional que ela possui ao seu redor, por meio deste verificamos qual o grau de contribuição que as professoras atribuem a pratica da dança. De acordo com gráfico seguinte:

Gráfico 5. Resposta das professoras regente de classe e de dança referente às atribuições comportamentais sobre a dança. Fonte: Própria Pesquisa

    A participação da dança nas mudanças comportamentais demonstra-se através deste estudo como positiva, pois notasse que teve um total negativo de não atribuiçao relacionada as alterações comportamentais, 42% como participação parcial e 58% com principal agente nas mudanças comportamentais, características estas que são reforçadas por autores que dizem que o prazer em ir a escola notasse pelo número de frequência aumentado, bem como o interesse em atividades desenvolvidas tanto fora quanto dentra da sala de aula (STRAZZACAPPA 2001).

    Usando do corpo e de suas diversas formas de expressão a criança na educação infantil está sensível ao aprendizado, sendo chegada muitas vezes a ser comparada com uma espoja, em relação às atitudes que a rodam, passando a fazer parte de sua prática se não bem direcionadas.

    Nota-se de acordo com a observação das professoras de dança e da regente de classe que os gráficos apontam uma atribuição significativa a dança a respeitos dos comportamentos adotados pelas crianças tanto dentro de classe quanto nas aulas de dança.

    Por meio das aulas de dança, o aluno se sente parte integrante do ambiente, percebendo as possibilidades e criando outras através das relações estabelecidas com os colegas, contextualizando a realidade e buscando conseqüentemente a resolução dos problemas e produzindo assim o conhecimento (SILVA 2003), partindo disto e com evidência dos resultados encontramos na dança ferramentas que fortalecem o caráter crítico/reflexivo.

5.6.     Principais adjetivos apontados

    O questionário aplicado para verificação dos benefícios que a dança atribui para as crianças do ensino infantil, possuia uma pergunta aberta que buscava elencar três adjetivos que caracterizassem as alunas enquanto ao comportamento, os quais foram destacados com maior frequência.

Quadro 1. Respostas das professoras regente de classe e dança relativas aos adjetivos comportamentais

    Por intermédio dos resultados obtidos, podemos constatar o alto grau de incidências enquanto as características de concentração, carinho e criatividade expressada bem a frete das outras, também destacasse a característica disciplina sendo elencada em segundo lugar juntamente com esperteza, sem desmerecer os outros adjetivos de suma importância na construção da personalidade, porem os que foram elencados possuem um grau de importância aumentado em relação às crianças do ensino infantil, estas que necessitam de uma atenção impar em sua formação humana para que assim desde cedo se habituem em conviver em meio social.

6.     Considerações finais

    O objetivo deste estudo foi verificar a dança como fonte de benefícios proporcionados a educação infantil, sendo abordada como conteúdo da educação física nas aulas das séries iniciais. Foi evidenciado por meio dos resultados, que a dança possui um papel fundamental no desenvolvimento integral das crianças analisadas, reforçando assim sua inserção nas aulas de educação física para que futuramente auxilie na autonomia e criticidade.

    Deve-se ressaltar que o seguinte estudo analisou apenas crianças do sexo feminino, logo se supõe que se, as aulas de dança acontecessem atreladas aos conteúdos da educação física infantil, favoreceria não somente aprendizagem e o convívio sócio-afetivo das meninas e sim das crianças em geral, diminuído as lacunas deixadas em relação à formação integral das crianças, preparando-as assim para a continuidade da vida escolar.

    Recomenda-se futuros estudos relacionados à dança e ao ensino infantil, uma vez que a maioria dos estudos encontrados estão relacionados com as crianças do ensino fundamental e adolescentes do ensino médio. Sugere-se que as próximas pesquisas analisem também a percepção dos pais, pois a convivência deles com seus filhos é maior do que a dos professores, consequentemente terão uma percepção mais apurada enquanto aos resultados.

    Espera-se que este estudo sirva de base para futuras pesquisas, bem como auxilie quem pretenda trabalhar com esta etapa da vida, sabendo que é nesta fase que ocorrem importantes transformações, que acarretarão consequências positivas e/ou negativas no decorrer de sua existência.

Referências bibliográficas

  • BARBOSA, A. M.. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: Editora c/arte, 1988.

  • BETTI, Mauro, Luiz Roberto Zuliani. Educação Física Escolar: Uma Proposta de diretrizes Pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Ano 1, Número 1. São Paulo: 2002.

  • BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s): Educação Física. Brasília: 1997.

  • CINTRA, Dulce Maria Rosa. A Inserção da Dança Escolar como Possibilidade de Educação Integral – Unoeste: universidade do Oeste Paulista – presidente Prudente São Paulo 2007 Pró reitoria de pós-graduação mestrado em educação.

  • CONNOLLY, K. Desenvolvimento motor: passado, presente e futuro. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, supl.3, p.6-15, 2000.

  • DARIDO, Suraya Cristina. Os conteúdos da Educação Física na Escolar: Influências, Tendências, Dificuldades e Possibilidades. Perspectivas em Educação Física Escolar. Volume 2, nº 1. Niterói: 2001.

  • DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física na Escola: Questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

  • EHRENBER, Mônica Caldas. Dança: conhecimento a ser tratado nas aulas de Educação Física escolar. Motriz, Rio Claro - nº. 121-126 maio/ago., 2005.

  • FRANCISCO, Camila da silva. A importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento infantil e para o processo de ensino-aprendizagem. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências. São Paulo: Bauru, 2008.

  • GARIBA, Chames Maria S. Dança escolar: uma linguagem possível na Educação Física. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 10 - N° 85 - Junho de 2005. http://www.efdeportes.com/efd85/danca.htm

  • MANFIO, Juliane B. A importância da dança na Educação Física escolar. 2008.

  • MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003.

  • NANNI, D. Dança Educação: Pré-escola a Universidade. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

  • OLIVEIRA Vitor Marinho de. O que é Educação Física. São Paulo: Brasiliense. 1983.

  • LIMA, Adriana Flávia Santos de Oliveira. Pré-escola e Alfabetização: uma proposta baseada em P. Freire e J. Piaget. 2ª edição , Rio de Janeiro - Vozes 1987.

  • ROSA, Sanny S. da. Brincar, conhecer e ensinar. 3ª edição. São Paulo: Cortez, 2002.

  • SANTOS, Josiane Tavares dos; LUCAREVSKI, Juliana Araújo; SILVA, Renata Moreira da. Dança na Escola: Benefícios e contribuições na fase pré-escolar. Londrina, PR: UNIFIL (Brasil), 2005.

  • SAVIANI, Dermeval. A Nova Lei da Educação: trajetória, limites e perspectivas. 8ª Ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.

  • SILVA, Elaine Maria da. Panorama do conteúdo dança nas aulas de Educação Física escolar. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 15 - N° 144 - Maio de 2010. http://www.efdeportes.com/efd144/conteudo-danca-nas-aulas-de-educacao-fisica.htm

  • STRAZZACAPPA, Márcia. A Educação e a Fábrica de Corpos: a Dança na Escola - Caderno Cedes, ano XXI, no 53, abril/2001.

  • TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

  • VYGOSTSKY, L. S. A formação Social da mente. São Paulo: Martins Fontes,1979.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 168 | Buenos Aires, Mayo de 2012  
© 1997-2012 Derechos reservados