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Avaliação corporal em atletas pré-púberes da modalidade de voleibol

Evaluación corporal en deportistas prepúberes de voleibol

 

Centro Universitário Toledo de Araçatuba

Curso de Educação Física

(Brasil)

Gladys Becari Anchieta

Jaqueline Coelho

Sérgio Tumelero

Elias Paes de Souza

tumelero.prof@toledo.br

 

 

 

 

Resumo

          Quando se trabalha com atletas, a sempre uma busca de resultados no desempenho durante competições, e para que se consiga o resultado almejado o atleta deve estar em boas condições físicas. O trabalho buscou avaliar a composição corporal de atletas adolescentes masculinos (pré-púberes) da modalidade voleibol. Analisamos em um intervalo de 5 meses os atletas individualmente e em grupo. Esse trabalho vem como um diferencial, quando se está em competição, onde nessa idade o nível técnico é muito parecido entre as equipes adversárias. Em relação aos resultados obtidos na pesquisa se esperava o ganho de massa magra durante o período preparatório e competitivo, porém, além do ganho em geral da massa magra houve um aumento de massa gorda.

          Unitermos: Composição corporal. Avaliação corporal. Atletas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Quando um profissional se permite trabalhar com atletas jovens independente da modalidade escolhida, deve ter a preocupação de trabalhar com o máximo de cuidado com os variáveis níveis de treinamento, respeitando a sua fase de maturação, sempre em constantes mudanças hormonais, especificamente da somatotrofina, ou hormônio do crescimento (GH), que “provoca o desenvolvimento de todos os tecidos do corpo, através do aumento em números e em dimensões das suas células”... “a) o aumento de transporte de aminoácidos pelas membranas celulares; b) aumento na quantidade de RNA para maior formação de moléculas de proteínas; c) aumento na quantidade de ribossomos para acelerar a sínteses protéica e d) diminuição das proteínas como substrato energético” (Pompeu 2004, pag. 56), além do estado de vida psicossocial respeitando sua individualidade. Assim deve haver uma preocupação com critérios de seleção para uma elaboração de um planejamento adequado de treinamento, ter conhecimento necessário a exigência especifica da modalidade de cada desenvolvimento, e cada categoria.

    O voleibol é uma modalidade onde cada situação exige uma resposta diferente, sendo que os competidores devem ser extremamente dinâmicos devido à movimentação do jogo, é um esporte que tem como características básicas, deslocamentos rápidos, interação dos atletas, saltos (bloqueio, ataque, saques), domínio de bola (ataque, defesa, recepção, levantamento) exigindo coordenação motora para realizar todos os fundamentos citados, além de agilidade, resistência velocidade e força. Para um melhor rendimento na modalidade, o atleta deve estar em boas condições físicas, sendo componente importante para o rendimento o aspecto da composição corporal, ou seja, a quantidade de massa magra e massa gorda, no sentido de melhorar individualmente o desempenho físico, conseqüentemente suas principais habilidades, seu ritmo de jogo e força muscular. De acordo com (Shalmanov, 1997) “a principal função do músculo é transformar a energia química em trabalho mecânico e força. As características biomecânicas mais importantes do trabalho muscular são a força, a velocidade e a profundidade de contração”.

    Como estamos falando de atletas, o vôlei como qualquer outra modalidade esportiva, procura talentos que se encaixem nos padrões da modalidade exigida, para a formação de atletas em nível de competição deve-se considerar a estatura (a altura do atleta), envergadura (comprimento dos membros, exemplo disso, o comprimento de um braço a outro), e composição corporal que seria a porcentagem de massa magra, ”A massa livre de gordura (MLG), geralmente conhecida como tecido magro ou massa corporal magra (MCM) inclui músculos, ossos, órgãos, líquidos e quaisquer outros tecidos excluindo lipídios e tecido adiposo” (Robergs e Robergs 2002), e a porcentagem de massa gorda, que seria gordura no corpo.

    A massa gorda (MG) inclui tanto a gordura essenciais quanto a gordura armazenada. A gordura “essencial” é encontrada na medula óssea, no cérebro, na medula espinhal, nos músculos e em outros órgãos internos, e é essencial para o funcionamento fisiológico e biológico normal. O nível essencial nunca deverá estar abaixo de aproximadamente 3% da massa corporal total para homens.” “Quando a gordura corporal cai abaixo desses valores críticos, as funções fisiológicas e biológicas normais ficam prejudicadas. (Robergs e Robergs 2002).

    Ao contrário da gordura essencial existe a gordura armazenada, que inclui dois tipos de gordura:

  • Gordura Amarela: 99% do estoque de gordura servem como isolante térmico, substrato energético e proteção contra traumas.

  • Tecido Adiposo Marrom: rico em mitocôndrias encontra- se diretamente sobre a pele.

    O foco da Pesquisa foi, à avaliação da composição corporal, a fim de avaliar a evolução de desenvolvimento de sua musculatura e perda de gordura corporal sem necessariamente a perda de peso corporal total (PCT). A composição corporal adequada esta diretamente relacionada à saúde e desempenho dos atletas, influenciando diretamente no rendimento desde.

    De acordo com Guedes 1997 pag. 163

    “Maiores mudanças na quantidade de gordura corporal estão associadas a programas de exercícios físicos que predominam na utilização de energia proveniente do metabolismo aeróbico, ao passo que, quando existe predomínio de atividades envolvendo força e resistência muscular, deverão ocorrer modificações mais acentuadas no componente de massa magra.”

    A composição corporal refere se compostos corporais como, água, proteínas, minerais, gorduras, e etc. Por isso os profissionais de condicionamento físico precisam compreender a importância de uma boa avaliação da composição corporal, assim realizar e monitorar a saúde e o estado e condicionamento físico do individuo ou de um atleta. No caso do atleta essa avaliação ajudará na elaboração e prescrição do treinamento, além de ser um ponto de partida para referencias atuais e futuras do atleta, em busca de conseguir um equilíbrio em sua composição corporal, assim melhorando o desempenho e estado de saúde relacionado com a aptidão física, controlando mudanças nos componentes adiposos e magro durante o período de treinamento permitindo ao grupo de profissionais de saúde (nutricionista, fisioterapeutas, treinadores) assim proporcionar uma melhor qualidade em sua saúde, conseqüentemente o controle de peso, exercícios e também a nutrição de acordo com a necessidade do atleta.

    De acordo com Pitanga 2004 pag. 86:

    “Sobre esta ótica, pode se dizer que apesar do peso corporal receber influencia imediata dos programas de atividade física, nem sempre ira proporcionar uma visão mais abrangente sobre os efeitos desses programas pelo organismo, considerando que seus valores dependem de um aglomerado de componentes como: ossos, gordura, músculos e outros tecidos; e que, dependendo da dieta e do tipo de atividade física podem sofrer diferentes modificações em suas constituições (Guedes, 1994).”

    A avaliação corporal além de ser utilizada por profissionais de educação física também abrange diversas áreas no campo da saúde, como na medicina e na fisioterapia.

    Etimologicamente, “Cine” quer dizer “movimento”, “Antropo”, genericamente, caracteriza o ser humano, e “Metria”, refere à medida. Por tanto cineantropometria é a “medida do ser humano em movimento”.

    Hoje já não se considera o conceito estático para o ser humano, pois o homem esta em constante movimento, pois nosso corpo trabalha através de batimentos cardíacos, pressão arterial, etc.

    O homem é o centro do movimento, tanto interno, quanto externo, que chamamos de motricidade, por esse motivo o conceito biometria que é um conceito estático seguido através da antropologia que estuda tamanhos, formas, e proporções, não se admite mais esses termos e sim o conceito de cineantropometria, “apresentado pela primeira vez como especialidade no Congresso de Ciência da Atividade Física, realizado em Montreal, Canadá, em 1976. Willian Ross desenvolveu o conceito como: o uso da medida no estudo do tamanho, da forma, da proporcionalidade, da composição e maturação do corpo humano aplica á atividade física.” (Pitanga 2004).

    Com o termo mudado houve-se a necessidade de padronizar as medidas para fundamentar a prescrição por parte do avaliador, tanto no inicio das atividades quanto durante o processo. Por esse motivo foi criado o ISAK – Sociedade Internacional de Avanço da Cineantropometria.

    A cineantropometria é uma avaliação “morfofuncional”, no aspecto morfológico a medida antropométrica em equações de regressão permite o calculo de percentual de gordura, peso muscular, fracionamento das massas de peso e gordura, peso residual, e peso ósseo. Esses cálculos permitem uma precisão maior do que o IMC (índice de massa corpórea), “Clínicos e pesquisadores utilizam com freqüência o índice de massa corporal (IMC), derivado de massa (peso) corporal e altura, para avaliar “normalidade” do peso corporal. Essa medida exibe associação bem mais alta, porém ainda moderada, com a gordura corporal e o risco de doenças que as estimativas baseadas na estatura e na massa (peso).” (McArdle, Katch, Katch, 2011), onde divide o peso pela altura ao quadrado; pois se o individuo tiver um peso muscular bem alto pelo IMC ele é considerado obeso, acontece muito isso com fisiculturista que tem porcentagem alta de massa magra.

    Para os avaliadores de Educação Física, esses dados são muito importantes para a prescrição de exercícios, pois pode trabalhar diretamente na deficiência de componentes muscular ou no excesso de componente de gordura do individuo. Na parte funcional avalia- se através de testes de esforço, força e flexibilidade.

    Alguns tipos de medidas utilizadas pelos profissionais da saúde;

  • Bioimpedância

  • Dexa

  • Ultrasson

  • Tomografia computadorizada

  • Avaliação da composição corporal

    Em nossas coletas de dados utilizamos o método da Avaliação da Composição Corporal, ou seja, através das medidas primárias que é peso, altura e dobras cutâneas.

    Pitanga 2004, pag.100 diz que:

    “Com relação á antropometria, a técnica de espessura do tecido adiposo subcutâneo parece ser a mais adequada para estudos da composição corporal em nosso meio, considerando principalmente o menor custo dos aparelhos utilizados, a não-invasividade do método, a rapidez a medida e a facilidade para interpretação dos resultados, bem como a boa correlação entre as medidas antropométricas e a densidade corporal.”

    As dobras cutâneas nos dão uma estimativa da composição corporal a partir da espessura em milímetros onde utilizamos o adipômetro. ”O compasso. Por volta de 1930, um compasso (adipômetro) tipo pinça media com exatidão a gordura subcutânea em áreas anatômicas selecionadas.” (McArdle, Katch, Katch 2011), o adipômetro funciona tendo como base um princípio semelhante ao de micrômetro que mede a distancia entre dois pontos. O adipômetro é utilizado para medir a gordura subcutânea no individuo.

    Tipos de compassos

  • Compassos tipo Harpenden: fabricação Inglesa

  • Compassos tipo Lange

  • Compassos tipo Cescorf: fabricação Nacional (estudantil, clinico e científico)

  • Compasso Slim Guedes

  • Compasso Ross

  • Compasso Skyndex (digital)

    Em nossas coletas de dados utilizamos o Adipômetro Cescorf.

    Na literatura são mensuradas mais de 93 possíveis locais anatômicos para medir a as dobras subcutâneas, as mais utilizadas são: tríceps, bíceps, subescapular, peitoral, antebraço, axilar média, supra-ilíaca, abdominal, coxa e panturrilha, as somatórias dessas dobras aplicadas a um protocolo especificam á um caso, que prediz a adequação de gordura corporal em porcentagem. De acordo com as literaturas consultadas se afere duas dobras cutâneas para adolescentes, Pitanga (2004) diz que; “As equações especificas para crianças e adolescentes foram criadas por alguns autores, considerando principalmente os seguintes aspectos:

  • Diferenças na densidade corporal entre crianças e adultos;

  • Relação não – linear entre gordura subcutânea e gordura total;

  • Maturidade músculo – esquelética não consolidada em crianças e adolescentes.”

    Conforme é citado nas literaturas é utilizado duas dobras cutâneas para rapazes na fase de desenvolvimento pre-púbere. A foto logo abaixo demonstrará a aferição dessas dobras.

Objetivos

    O objetivo foi analisar a composição corporal de atletas pre-púbere na modalidade esportiva voleibol, assim comparar o desempenho físico da equipe em geral no inicio do treinamento e já na fase de competição a fim de descobrir se devido ás sessões de treinamentos aumentaria a massa magra juntamente com diminuição de gordura corporal independente do aumento de peso ou não.

Metodologia

    Avaliar a composição corporal de atletas iniciantes no voleibol, da equipe infantil masculino, do município de Araçatuba, estado de São Paulo. A pesquisa foi realizada com 15 atletas com idade de 15 á 16 anos (pre-púbere). Foram coletados dados de peso utilizando balança digital da marca SANNY, a estatura foi medida por uma régua métrica com medidas em centímetros, foram aferidas as dobras cutâneas tricipital (DCT), subescapular (DCSE), pelo adipômetro da marca Cescorf fabricação Nacional. Os Cálculos foram realizados pelo sitio eletrônico Saúde em Movimento, utilizando o protocolo eletrônico de GUEDES e GUEDES (1994) da somatória de duas dobras para meninos de etnia branca menor de 35 mm. O intervalo de uma coleta a outro foi num período de cinco meses, sendo que a primeira coleta foi no dia 11/03/2011 e a segunda no dia 11/08/2011. A pesquisa procurou analisar a porcentagem de avanço no ganho de massa muscular nos atletas.

Dobra Cutânea Tríceps

Dobra Cutânea Subescapular

Resultados

    O gráfico 1 mostra a porcentagem de gordura corporal, sendo a primeira aferição em março esta representada na cor azul e a segunda do mês de agosto na cor verde. De acordo com o gráfico a maioria dos atletas obteve um aumento da % de gordura corporal, sendo que os sujeitos 1, 6, 10 e 12 tiveram uma diminuição considerável na % de gordura.

    No gráfico representamos a média geral da equipe, da primeira e segunda aferição. De acordo com o gráfico a equipe teve um aumento não muito considerável na % de gordura corporal, do mês de março a agosto.

Gráfico 1. Relação do percentual de gordura corporal

 

Gráfico 2. Média do percentual de gordura corporal

    No gráfico 3 estamos registrando a média da porcentagem da massa magra, houve um pequeno aumento da primeira coleta que foi em março destacado em amarelo, em relação à segunda medida em agosto destacado em roxo.

Gráfico 3. Média do percentual de massa magra

Conclusão

    O segundo gráfico mostra uma diferença crescente e insignificante no percentual de gordura por equipe, aumento este deriva de alguns atletas que treinam menos, e com este deriva de alguns atletas que treinam menos dias na semana, e conseqüentemente jogam menos, e com este tempo ocioso, certamente aumentam a ingestão calórica e com isso ganham algumas gramas a mais, porém a massa magra aumentou mesmo que pouco. Concluímos que esta alteração do percentual de gordura e o aumento de massa magra na média da equipe não influenciaram em nada os treinamentos e a desempenho da equipe.

Bibliografias

  • BOJIKIAN, M.C.J. Ensinando voleibol. 3° Ed. São Paulo: Phorte, 2005.

  • BORSARI, R.J. Voleibol: aprendizagem e treinamento, um desafio constante. São Paulo: EPU, 1989.

  • COSTA, D.A. Voleibol – fundamentos e aprimoramento técnico. 2° Ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

  • GUEDES. D.P. GUEDES, P.R.E.J. Crescimento Composição Corporal e Desempenho Motor de Crianças e Adolescentes. São Paulo: CLR Balieiro, 1997.

  • HOWLEY, E. B. Don FRANKS (tradução Sales, R D). Manual de Condicionamento Físico, 5° Ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

  • Mc ARDLE, W.D. KATCH, I.F. KATCH, L.V. (traduzido por Taranto G.) Fisiologia do Exercício; energia, nutrição e desempenho humano. 6e Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

  • POMPEU FERNANDO, A.M.S. Manual de Cineantropometria. 2° Ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.

  • PITANGA, G.J.F. Testes, medidas e avaliação em educação física. 3° Ed. São Paulo: Phorte, 2004.

  • ROBERG, R.A. SCOTT, O.R. Princípios fundamentais de Fisiologia do Exercício: para Aptidão, Desempenho e Saúde. São Paulo: Phorte, 2002.

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