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Atividade física, gênero e política na cidade de São Paulo. Uma análise

sócia histórica das mulheres negras na segunda metade do século XIX

Physical activity, gender and politics in the city of São Paulo. An analysis of 

historical partner of black women in the second half of the nineteenth century

 

*Graduando em Ciência da Atividade Física

Pós Graduado em Psicologia Política

Mestrando em Participação Política

**Profº Dr° de Ciências da Atividade Física

da Universidade de São Paulo

***Profº Dr° de Gestão em Políticas Públicas

da Universidade de São Paulo

Eduardo Mosna Xavier*

eduardo.xavier@usp.br

Marco Antonio Bettine de Almeida**

marcobettine@bol.com.br

Alessandro Soares da Silva***

alesoares@usp.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do estudo foi de analisar, histórica e socialmente, as mulheres negras na sociedade paulistana, durante a 2ª metade do Século XIX. Este trabalho foi construído observando os costumes sociais e a prática de atividade física destas mulheres. Além disto, foi avaliado como tais fatores pode ter contribuído para a futura emancipação feminina do início do Século XX.

          Unitermos: Atividade física. Gênero. Política. Mulheres negras. Mulheres italianas. Século XIX.

 

Abstract:

          The aim was this studied analysis, historical and socially, the black women’s in São Paulo society, during the second part of XIX Century. This work was constructed observing the socials costumers and the physical activities practicals of this women. Beyond that, was evaluating how those factors can be contribution to the future female emancipation to the beginning of XX Century.

          Keywords: Physical activity. Gender. Politic. Female Niger’s. Female Italian’s. XIX Century.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A história das mulheres na sociedade brasileira se constitui numa preocupação recente para nossos historiadores, elevando este sexo e sua inserção no processo de evolução de nosso país apenas a partir da década de 1960. Para se estudar a participação da mulher no contexto histórico antes deste período torna-se necessário a consulta de documentação policial e judiciária.

    O período analisado é rico do ponto de vista esportivo, visto que várias modalidades de prática de atividades físicas chegavam ao Brasil pelo eixo Rio de Janeiro – São Paulo. Práticas como a do Remo e Natação, tradicionais até aquele período, forma acrescidas de esporte individuais e coletivos como o futebol, a esgrima, o basquetebol entre outras. A idade de São Paulo abrigou estas novas práticas ao entorno de seu principal Rio: o Tiête. Vários Clubes poliesportivos forma fundados circundado este “braço d´água”, como o Clube Tietê (1890) e o Clube Espéria (1896). Os chamados “Clubes de Colônias” ofertavam as principais oportunidades para os cidadãos paulistanos praticarem alguma modalidade de atividade física. Segundo NICOLINI (2001), “os esporte importantes eram poucos: a ginástica, a natação, o futebol, o ciclismo, o tênis, o remo e o críquete, uma disciplina pioneira, que jamais se popularizou no Brasil por não ter ultrapassado as fronteiras da fechada Colônia Britânica”

Figura 01. Competição Esportiva na Ponte da Bandeira (1896) – Fonte: Clube Tiete

    O Século XIX apresenta poucos avanços no tocante à participação feminina na esfera social. Poucos registros históricos conotam um princípio de organização feminina no mundo, sobretudo no tocante á realização de atividade físicas. Entretanto, os Estados Unidos apresentaram um certo pioneirismo na prática de esporte femininos. Apesar de, segundo VERTINSKY (1994), imperar a “Teoria da Incapacidade Menstrual” (o pensamento da época remontava as mulheres como seres sujeitos a determinação masculina, devido a sua condição sexual), as mulheres de classe média alta, em seu tempo livre, começaram a se organizar para praticar ciclismo. Segundo o mesmo autor, “o ciclismo oferecia o potencial de mobilidade física e os benefícios da saúde, recreação ativa assim como um novo senso de liberdade em face das vestimentas restritivas e das damas de companhia”.

    Apesar da falta de registros históricos, é inquestionável e participação da mulher na evolução histórica da sociedade brasileira, sobretudo no período a ser analisado neste trabalho, abraçando a segunda metade do século XIX, época onde ocorreram profundas transformações como a proclamação da república, a abolição da escravatura, o fortalecimento da burguesia e o espantoso crescimento dos movimentos migratórios internos e externos para os grandes centros Brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro e Olinda).

    Dentro do retrocitado contexto, vamos focar sobre a cidade de São Paulo. Este município, que apresentou um vertiginoso crescimento neste período (passou de uma pequena cidade de aproximadamente 20.000 (vinte mil) habitante para um dos pólos recepiendários de conhecimento e tecnologia na América Latina, atingindo quase 300.000 (trezentos mil) habitantes em 1890), possibilitou a existência de diversas classes sociais, das escravistas e “neo libertas” dos negros até as elites brancas. As mulheres, componentes destas classes, se apresentavam como um elemento desprezado, porém, significativo, sobretudo no enfoque do contexto familiar.

Figura 02 e 03. A imagem da cidade de São Paulo na primeira metade do século XIX (horizontal, ruas espaçosas, pouco movimento) se contrasta com a segunda metade do 

mesmo século (início d verticalização, ruas menores e movimento intenso. Fonte: www.terra.com.br/.../42/imagens/cha82_1.jpg e psiquecienciaevida.uol.com.br/ESLH/Edicoes/6/

As mulheres negras na sociedade paulista

Histórico

    As mulheres, em nossa sociedade brasileira, sempre foram desenhadas e concebidas socialmente como um sexo frágil, com deveres e implicações direcionadas apenas ao matronato. Podemos afirmar que este sexo sempre foi estereotipado, ou seja, “possuíam comportamentos e atitudes pensadas como modelos concebidos socialmente, que antecedem nossa história e nossa experiência individual” (KLEIN, 2003).

    As mulheres negras no Brasil, desde os primórdios de sua chegada, foram alvos de um duplo preconceito social, a saber: o preconceito relativo à cultura africana e o preconceito da cultura européia (notoriamente da portuguesa, sociedade fundamentada em castas sociais, com influência decisiva da Igreja Católica). Podemos acrescer neste rola o importante fator do negro estar sob a condição de escravidão, ou seja, situação de submissão ou sujeição plena de sua vida pública e privada à mercê das determinações emanadas por outros seres humanos.

    A vinda da família real ao Brasil também causou significativo aumento numérico na população negra em nosso Estado. Segundo MARQUESE (2006), a população negra apresentou um crescimento de 40% (chegada de 1,4 milhões de negros ao Brasil) , modificando a distribuição étnica da sociedade brasileira no final da segunda metade do século XIX, a saber: 28% de brancos, 27,8% de negros e mulatos livres, 38,5% de negros e mulatos libertos e 5,7% de índios.

    Os negros, além de privar-se de sua terra natal, tiveram que se sujeitar á um estilo e padrão de vida totalmente divergente daquele estabelecido por seus ancestrais africanos. Além do serviço desumano a que se sujeitavam roupas, padrões de relações e convívios sociais formais típicos das sociedades descritas por Durkheim (1995), como “sociedade mecanizada”, ou seja, refém de estereótipos pré fabricados, decorrentes de anos de sujeição e submissão á uma organização estatal.

Libertação dos escravos e reflexo na sociedade paulistana

    Apesar da libertação dos escravos ter ocorrido apena no final do século XIX, desde os primórdios de 1800 o Estado, de forma paulatina, tomava medidas protetivas e libertativas de forma gradual e paulatina que culminaram com a Lei Áurea em 1889. Em 1850 a Lei Eusébio de Queiroz proibiu o Tráfico Negreiro, em 1871 a Lei do Ventre Livre propiciou a “liberdade”1 para todos os nascituros, em 1885 a Lei dos Sexagenários garantiu a liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade, culminando, em 1888, com a abolição da escravatura.

Figura 04. O perfil da mulher negra e sua evolução social é perceptível no século XIX. Fonte: www.googleimages.com

    Esta mudança gradual do perfil do negro na sociedade paulista foi mais incisiva no Estado de São Paulo, principalmente pelo fato desta raça encontrar-se espalhada tanto em terreno urbano quanto no rural. Os negros exerciam pequenas atividades domésticas e de servidão na cidade, além de funcionar como mão de obra gratuita no campo.

    Independentemente das atividades realizadas, homens e mulheres negras possuía uma certa equidade no tocante a distribuição das funções escravas (exceção feita aos trabalhos que exigiam uma força desproporcional, como os moedores de cana. Tal assertiva é corroborada pelos desenhos e pinturas da início do século XIX, que mostram a população negra com corpos esguios e fortes.

Atividades laborais realizadas pelas mulheres negras

    As mulheres negras realizavam atividades físicas vinculadas a trabalhos domésticos remunerados (sem controle estatal, com base na imposição do “patrão”)2 em casas de padrão aquisitivo médio e alto, localizadas na região central da cidade de São Paulo (Pacaembu, Mooca, Brás e Largo do Anhangabaú). Ademais, exerciam a importante função de líderes familiares, já que seu orçamento era comparativamente maior do que o dos homens em sua classe social, realizando também afazeres domésticos em suas residências.

    As atividades laborais realizadas pelas mulheres negras recém libertas da época consistiam em serviços de manutenção do lar como lavadeiras, engomadeiras, doceiras, bordadeiras entre outras. Além destas atividades, começou a surgir naquela época um pequeno grupo de mulheres que executavam atividades liberais, sem vinculação empregatícia a nenhum “patrão”. Os serviços de floristas, cartomantes e biscateiras foram pioneiros no Brasil, numa época eram que as mulheres eram alvos de preconceitos, principalmente as negras.

    Ocorre que a prática de tais atividades, por não envolverem uma prática sistematizada, englobando segundo NAHAS (2000) a esferas das atividades laborais, não eram atividades que ocasionavam um prazer em sua prática, apesar de consistirem em importantes mecanismos de gastos energéticos, propiciando uma forma física diferençada para as mulheres negras em relação às mulheres brancas (corpos musculosos, esguios, com pouca gordura acumulada e musculatura diferenciada).

    As atividades físicas que não geram prazer ao seu praticante criam uma sensação oposta de tédio e de obrigação, tornando-as “pesados fardos necessários á subsistência” (NAHAS – 2000). O ambiente de trabalho, apesar de oferecer condições de manutenção da atividade física e da saúde, não proporcionava um ambiente de lazer necessário à formação.

Atividades físicas realizadas pelas mulheres negras

    Os rituais africanos foram mantidos e adaptados por seus descendentes, criando uma cultura miscigenada, com diversos elementos, produtos de centenas de anos em contatos com uma Nação em processo de formação, como era e ainda é o caso do Brasil.

    Tais fatores culminaram em atividades culturais que exigiam, em sua maioria de exteriorizações, o movimento de seus participantes. As mulheres negras possuíam danças e rituais que trabalhavam com diversos grupos musculares, contribuindo sobremaneira para a formação de sua imagem externa, de sexo forte, com alta vitalidade e saúde para os padrões daquela época, destacando-se em relação aos demais gêneros no tocante a pequena manifestação de doenças

Figura 05. Obra “Sem titulo” de Wilson Tibério, 1890. Fonte: www.escafandro.blogtv.uol.br

    Cabe salientar que os mulatos no Brasil, tiveram um reconhecimento diferenciado em relação aos demais países da América Latina, que apresentaram uma espécie de colonização espanhola.

    “Houve no Brasil um processo específico que transformou a miscigenação — simples resultado demográfico de uma relação de dominação e de exploração — na mestiçagem,processo social complexo dando lugar a uma sociedade plurirracial. O fato de esse processo ter se estratificado e, eventualmente, ter sido ideologizado, e até sensualizado, não se resolve na ocultação de sua violência intrínseca, parte consubstancial da sociedade brasileira: em última instância, há mulatos no Brasil e não há mulatos em Angola porque aqui havia a opressão sistêmica do escravismo colonial,e lá não”. Alencastro, O trato dos viventes, p. 353.

    A dança é uma modalidade importante de atividade física, por permitir ao usuário a possibilidade de movimentar seu corpo realizando uma atividade agradável e motivadora, garante sua prática constante aos seus participantes, permitindo uma repetição necessária aos padrões de manutenção da saúde e da qualidade de vida.

    Ademais, a dança permite um certo tipo de convívio entre mulheres que enfrentam as mesmas dificuldades e problemas na vida, possibilitando a troca de experiências, além das formação e do estreitamento de laços importantes para um embrião na origem de grupos sociais. Apesar da falta de registros, é indiscutível que os grupos de dança, cultura e tradição das mulheres negras facilitou a formação dos futuros grupos de defesa das mulheres negras.

A miscigenação e o papel da mulher mulata

    A convivência da mulher negra em cortiços acarretou na união entre as raças negra e branca de uma forma mais incisiva, através de uniões não legalizadas e não religiosas, porém, com fortes vínculos de formação familiar. O fruto desta união originava, segundo EXPILY (1935), os “pés de cabra”, conhecidos atualmente como mulatos.

    O final do século XIX colocou na sociedade os mulatos em idade adulta e produtiva do ponto de vista intelectual e laboral, principalmente na Cidade De São Paulo. No tocante as mulheres multas, estas saíram dos cortiços, casa de cômodo e habitações para disputarem empregos de médio porte em situação de igualdade com as mulheres brancas. Aparentemente, o “clareamento” da pele elevou estas mulheres numa condição de superioridade em relação à suas genitoras de “raça pura”.

    Na verdade, tal fato ocorreu devido á forte formação que estas mulheres receberam de suas mães. Além da formação doméstica e dos afazeres oriundos deste tipo de atividade, as “pés de cabra” tiveram a oportunidade de se inscreverem e de freqüentarem as primeiras escolas públicas destinadas às classes menos favorecidas. Estas escolas apresentavam formações mistas (meninos e meninas), iniciando um processo de nivelamento entre homens e mulheres no que tange á formação educacional e, conseqüentemente, na futura formação profissional.

    De forma geral, as mulheres mulatas, apesar de uma evidente formação superior em relação à suas antecessoras, sofriam ainda de forte discriminação. Segundo DEL PRIORE (1997), “as mulheres multas eram discriminadas para a mais poderosa instituição social da época, qual seja, o casamento. Restava a elas contentarem- se em exercer atividades domésticas, de prostituição ou sujeitarem-se ao concubinato”.3

    Assim como suas matriarcas, as mulheres multas da cidade de São Paulo, na segunda metade do século XIX, tinham a oportunidade de trabalharem em serviços braçais, eu exigiam uma grande dedicação física e uma total exclusividade de tempo, realizando funções de doméstica, passadeira, lavadeira e alguns trabalhos autônomos como floristas, vendedoras entre outras. Como já citado anteriormente, tais atividades contribuíam para uma boa manutenção da saúde fisiológica, já que gerava um grande gasto energético. Porém, por tomar grande parcela de seu tempo, funcionava como um inibidor de relações sociais, afastando tais mulheres de estabelecerem relações de convivência, além de impedir um tempo mínimo necessário para o lazer.

    A prostituição ganhou uma grande força na idade de São Paulo naquela época. A multiplicação dos “Bordéis e Meretrícios”4. A necessidade de copiar os grandes centros mundiais (Londres, Paris e Nova York) contribui para a disseminação de tais ambientes. Segundo BITTENCOURT (1954), “as mulheres mulatas eram as preferidas, pois “uniam a sensualidade da mulher negra com os traços singelos das mulheres brancas”.

    As mulheres mulatas não se casavam. Quando constituíam família eram, na verdade, concubinas de homens brancos, em sua maioria já casados. Apesar de se sujeitarem a tal situação, estas mulheres criavam seus filhos com grande apreço e dedicação. Podemos confirmar tal assertiva com o aumento das profissões para negros na primeira metade do século XX, sendo estas pessoas os primeiros filhos das mulatas “chefes de família” na segunda metade do século XIX.

    A mulher mulata demonstrava toda sua força de vontade e energia, buscando, através de sua força de trabalho e de sua dedicação familiar, preencher uma lacuna no espaço temporal evolutivo destinado á mulher, qual seja, o exercício de atividades de responsabilidade com uma competência e vigor inquestionáveis. A ilustração abaixo ratifica tal afirmação.

Análises e conclusões

    A mulher brasileira começou a ser pensada e entendida como um ser humano socialmente representativo a partir das últimas décadas. Segundo KLEIN (2003), “nos últimos vinte anos, ocorreu uma profunda mudança no papel da mulher, principalmente no tocante a prática de atividades física(...), é difícil imaginar que menos de 25 anos atrás as mulheres ainda eram objeto de desprezo e escárnio quando mencionavam seu interesse por praticar atividades física”.

    Reforçando a citada hipótese, o século XX realmente apresentou uma modificação no pensamento de atividade física, gênero e política para mulher.

    A inserção da mulher brasileira na prática de esporte foi tardia em nossa história, principalmente quando comparada ao sexo masculino, conforme ilustra a tabela comparativa abaixo, comparando os primeiros campeonatos masculinos e femininos realizados no Brasil:

Tabela 01. Fonte: PEREIRA, L.E. Mulher e esporte: um estudo sobre a influência dos agentes de socialização em atletas 

universitárias. Dissertação de Mestrado da Escola de Educação Física, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1984, pág. 70

    Não havia apoio midiático no tocante ao estímulo de prática de atividades físicas para mulheres em geral, sobretudo as negras e migrantes italianas no século XIX. O primeiro Periódico Esportivo destinado ao público feminino, editada no Estado de São Paulo, ocorreu apenas em 1932. A Revista de Educação Física, publicada entre 1932 e 1945, fora o embrião de divulgação do esporte feminino em todo Estado. Cabe salientar que a maioria das imagens femininas deste periódico são de Alunas da USP que cursavam o Curso de “Gyminastyca”, ofertado pela Instituição

    A participação feminina nos esporte do século XIX limitava-se a condição de meras espectadoras. Ademais, apenas as mulheres mais ricas (no caso, as italianas) tinham condição de acompanhar seus maridos nas primeiras competições de remo e de regatas, como ilustra a fotografia abaixo, data do ano de 1896.

Figura 06. Rio Tietê, 1896, competição de nado. Fonte: Clube Paulistano

    Infelizmente, a participação da mulher negra na segunda metade do século XIX não recebeu a atenção necessária no tocante aos registros históricos: as falta de elementos escritos e sistematizados nos auxilia a concluir sobre o preconceito que a mulher, de forma geral, sofria naquela época, sobretudo quando, além de pertencer ao sexo feminino, se situava em embriões sociais que naturalmente se encontravam afastados das classes economicamente majoritárias naquele momento.

Notas

  1. Esta liberdade era velada, já que os pais destas crianças eram escravos. Portanto, os filhos ainda se viam indiretamente vinculados ao regime escravocrata.

  2. Segundo Maria Luisa Albiera Vaz, este termo era utilizado pelas mulheres negras que realizavam pequenos serviços domésticos para se referir aos seus antigos senhores, refletindo numa profunda das características sociais, já que a palavra “senhor” fazia referência á escravidão e a palavra “patrão” fazia referência á subordinação.

  3. Espécie de união estável entre o homem e a mulher, formando uma família sem a autorização legal ou religiosa. Tal “espécie” de união era combatida veementemente pela Igreja Católica até os dias de hoje.

  4. Terminologia empregadas pela Igreja Católica para caracterizar as casa de prostituição. Apesar do preconceito, esta Instituição aceitava “veladamente” estas práticas, pois os freqüentadores destes ambientes eram, em sua maioria “bons cristãos”, oriundos de famílias importantes para a cidade e para a Igreja.

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