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Poluição do ar atmosférico e exercício físico

Polución del aire atmosférico y ejercicio físico

 

*Instituto de Ciências da Saúde, Grupo de Pesquisa em Bioanálise

Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS

**Departamento de Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Otto Henrique Nienov*

Luciane Rosa Feksa* **

lucianef@feevale.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A exposição ambiental à poluição do ar tem sido associado à riscos aumentados de morbidade e mortalidade por doenças respiratórias inflamatórias, câncer de pulmão e doenças cardiovasculares. Objetivo: objetivo deste estudo foi analisar os efeitos da poluição do ar no desempenho físico. Metodologia: Para tanto nos baseamos na revisão bibliográfica da literatura científica especializada. Conclusão: A poluição do ar atmosférico é nocivo à saúde, bem como ao desempenho físico.

          Unitermos: Saúde. Meio ambiente. Poluição do ar. Monóxido de carbono. Fisiologia. Desempenho físico.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

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    A exposição ambiental à poluição do ar tem sido associado à riscos aumentados de morbidade e mortalidade por doenças respiratórias inflamatórias, câncer de pulmão e doenças cardiovasculares (Dockery et al., 1993;. Saldiva et al., 1994, 1995;. Pope et al., 2002). Os países em desenvolvimento estão enfrentando aumentos no ar de fontes de poluição, um processo que não é seguido por uma correspondente melhoria da estrutura das redes de monitoramento da poluição do ar, tornando-se extremamente difícil a avaliação dos impactos da poluição do ar sobre a saúde humana e o ambiente.

    Atualmente, um aspecto que vem merecendo atenção considerável da comunidade científica, bem como do poder público em geral, refere-se à questão ambiental relacionada à saúde. A grande consideração deste assunto justifica-se na medida em que se procura entender a influência, a interrelação e a interdependência do ser humano com o meio, assim como, a relevância deste na sua qualidade de vida. No caso específico desta pesquisa, merece atenção a poluição do ar por se tornar um problema comum à vida humana, especialmente, no que diz respeito aos grandes centros urbanos e áreas industriais. No entanto, este tipo de poluição ambiental tem sido abordado insuficientemente ou sem a devida importância no âmbito da Educação Física. Quando muito, é tratada de forma simplificada e genérica (apud Peres, 2005).

    Em geral, os principais poluentes do ar que exercem influências nocivas ao homem são: dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3), materiais particulados (PMs), monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HCs), óxidos de nitrogênio (NOx), compostos orgânicos voláteis e outros mais tóxicos como mercúrio, chumbo, benzeno, níquel, acetaldeído, hidocarbonetos policíclico aromáticos (HPAs), cromo hexavalente, amianto entre outros (Seinfeld e Pandis, 1998; Lora, 2000; apud Peres, 2005).

    Após a constatação da gravidade do impacto ambiental da emissão sem controle de gases poluentes, no dia 16 de fevereiro de 2005 entrou em vigor o protocolo de Kyoto (FEEMA), onde neste acordo preconiza que a emissão de gases poluentes tais como: metano (CH4), dióxido de nitrogênio (N2O2), dióxido de carbono (CO2) e três gases de flúor (HFC, PFC e SF6), devem ser reduzidos pelos países industrializados no período de 2008 até 2012 (Lei Federal nº 9605; apud Azevedo et al, 2008).

    Dentre os poluentes prejudiciais à saúde e que estão presentes no ar atmosférico, destacamos o CO que é emitido na combustão incompleta de materiais que contenham carbono, como derivados do petróleo e carvão. As fontes de emissão deste poluente são os veículos (gasolina, diesel, álcool), aviões, motocicletas, barcos e locomotivas (Bonates e Fernandes, 2005; apud Azevedo et al, 2008). Os efeitos prejudiciais do CO no organismo é devido este gás ter maior afinidade com a hemoglobina do que o oxigênio (O2), prejudicando o transporte do O2 nos tecidos. A diminuição do transporte do O2 para os tecidos limita a capacidade funcional do organismo, restringindo o desempenho físico (Foss e Keteyian, 2000; Dubbert, 2002).

    Atualmente observa-se uma grande adesão à prática de exercícios físicos, expressando a busca de melhor qualidade de vida (Dalla, 2005; Azevedo et al, 2008). Na cidade do Rio de Janeiro (Azevedo et al, 2008), assim como no mundo todo (Cakamak et al, 2011; Peres, 2005; Johan de Hartog et al, 2010) está tornando-se comum a realização de atividades físicas em ruas de lazer, orla marítima e lagos, calçadas, praças e parques. Estes locais, em sua maioria, estão localizados próximos às vias em que o movimento de veículos automores é elevado. Desta forma, estas pessoas estão expostas a uma taxa mais elevada de CO eliminada pelos veículos e que são os principais contribuintes para a elevação de CO no ar atmosférico (Azevedo et al, 2008).

    O exercício físico proporciona inúmeros benefícios, porém estes podem ser prejudiciais quando associados à ambientes poluídos. Exercitar-se em locais com poluição pode causar muitos sintomas tais como: cansaço, tontura, garganta seca, irritação dos olhos e vias respiratórias e diminuição da performance física, com risco para a saúde a longo prazo, tais como: doenças respiratórias inflamatórias, câncer de pulmão e doenças cardiovasculares (Dockery et al., 1993; Saldiva et al., 1994, 1995; Pope et al., 2002; Azevedo et al, 2008).

    Grabo et al, 2012 demonstra que as viagens de carro reduzida e o uso da bicicleta em áreas urbanas pode melhorar a saúde dentro áreas urbanas, suburbanas e mesmo em áreas rurais a favor do vento e demonstram que a redução das viagens de carro pode beneficiar a qualidade do ar, a saúde humana e a economia.

    Cakmak et al (2011) verificou que a exposição a altas concentrações de poluição do ar está associada com aumento da pressão arterial de repouso, doenças cardiovasculares e menor função ventilatória, assim como níveis de ozônio está associado com a capacidade de exercício reduzida (Grabo et al, 2012).

    Johan de Hartog et al (2010) em um estudo Holandês, sugeriu que a mudança de viagens curtas de carro para passeios de bicicleta iria reduzir a mortalidade, devido ao aumento da atividade física, porém foi estimado que aumenta nove vezes mais a mortalidade quando associado ao aumento da inalação da poluição do ar relacionado ao tráfego de veículos nos Países Baixos.

    Portanto, podemos concluir que a poluição do ar atmosférico é nocivo à saúde, bem como ao desempenho físico, assim como propricia doenças. Existe a necessidade de mais estudos nesta área.

Referências

  • Azevedo CNS, Imbiriba LA, Oliveira FP (2008) Exercício Físico e Poluição Atmosférica: o caso do monoxido de carbono. Fit. Perf. 7(3): 175-179.

  • Bonates L, Fernandes L (2005) Desenvolvimento verde. Journal da UFRJ.

  • Cakmak S, Dales R, Leech J, Liu L (2011) The influence of air pollution on cardiovascular and pulmonary function and exercise capacity: Canadian Health Measures Survey (CHMS). Environ Res. 111(8):1309-12.

  • Dalla IWJr (2005) Combustível adulterado e seu corpo. Revista O2. 64-67.

  • Dockery DW, Pope III CA, Xu X, Spengler JD, Ware JH, Fay ME, Ferris BG, Speizer FA (1993) An association between air pollution and mortality in six U.S. cities. N. Engl. J. Med. 329: 1753–1759.

  • Dubbert P (2002) Physical activity and exercise: recent advances and current challengs. J Consul Clin Psych. 70(3): 526-536.

  • FEEMA [home page internet]. Relatório annual da Qualidade do ar 2003 [atualizado em 2005]. Disponível em: http://www.feema.rj.gov.br.

  • Foss ML, Keteyian SJ (2000) Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6a Ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan.

  • Grabo ML, Spak SN, Holloway T, Jr BS, Mednick AC and Patz JA (2012) Air Quality and Exercise-Related Health Benefits from Reduced Car Travel in the Midwestern United States. Environmental Health Perspectives. 120(1): 68-76.

  • Johan de Hartog J, Boogaard H, Nijland H, Hoek G (2010) Do the health benefits of cycling outweigh the risks? Environ Health Perspect. 118(8):1109-16.

  • Lei Federal nº 9605, cap. V, art. 54, seção III (12 de fevereiro de 1998).

  • Lora ES (2000) Prevenção e controle da poluição nos setores energético, industrial e de transporte. Brasília: ANEEL.

  • Peres FF (2005) Meio Ambiente e Saúde: os efeitos fisiológicos da poluição do ar no desempenho físico - o caso do monóxido de carbono (CO). Arquivos em Movimento, Rio de Janeiro v1: 55-63.

  • Pope 3rd CA, Burnett RT, Thun MJ, Calle EE, Krewski D, Ito K, Thurston GD (2002) Lung cancer, cardiopulmonary mortality, and long-term exposure to fine particulate air pollution. JAMA 287: 1132–1141.

  • Saldiva PH, Lichtenfels AJ, Paiva PS, Barone IA, Martins MA, Massad E, Pereira JC, Xavier VP, Singer JM, Bohm GM (1994) Association between air pollution and mortality due to respiratory diseases in children in Sao Paulo, Brazil: a preliminary report. Environ. Res. 65 (2): 218–225.

  • Saldiva PH, Pope 3rd CA, Schwartz J, Dockery DW, Lichtenfels AJ, Salge JM, Barone I, Bohm GM (1995) Air pollution and mortality in elderly people: a time-series study in Sao Paulo, Brazil. Arch. Environ. Health. 50 (2): 159–163.

  • Seinfeld JH, Pandis SN (1998) Atmospheric Chemistry and Physics: from air pollution to climate change. Toronto: Wiley-Interscience.

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