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Eficácia da órtese estática para posicionamento de membros 

superiores com espasticidade decorrentes do acidente vascular encefálico

Eficacia de la órtesis estática para el posicionamiento de miembros superiores espásticos producidos por accidente cerebrovascular

Effectiveness of static orthosis to positioning of spastic upper limb resulting by stroke

 

*Graduada em Terapia Ocupacional

Centro Universitário Claretiano de Batatais, CEUCLAR

**Graduado em Educação Física

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, EERP/USP

***Graduado em Odontologia e Fisioterapia

Docente da Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP

Esp. Thaís Ginatto Ramminger*

Msc. Wlaldemir Roberto dos Santos**

Ms. Edson Donizetti Verri***

thaisginatto@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O acidente vascular encefálico é uma doença vascular que acomete o sistema nervoso central tendo como uma das seqüelas a espasticidade, que acarreta diversos inconvenientes para os pacientes. Entre os inconvenientes podemos destacar a espasticidade de membros superiores, o qual atrapalha diretamente na função e nas atividades de vida diária. Como auxiliar no tratamento é indicado o uso de órtese estática para posicionamento do membro afetado, assim, evitando deformidades, melhorando a função e consequentemente o desempenho nas atividades de vida diária. Através de uma revisão da literatura, esse estudo teve como finalidade avaliar a eficácia da órtese para posicionamento de membros superiores espásticos decorrentes do acidente vascular encefálico. A pesquisa foi feita na biblioteca do Centro Universitário Claretiano de Batatais e nas bases eletrônicas Medline, Lilacs, Pubmed e Bireme, seguindo como estratégia de busca de descritores na língua portuguesa e inglesa. A partir dos dados obtidos, observou os benefícios da órtese estática impedindo deformidades, adequando tônus, melhorando função e facilitando as atividades de vida diária. Porém, pouco tem descrito na literatura, sendo assim sugere-se mais estudos para evidenciar a eficácia do uso da órtese estática como tratamento auxiliar na espasticidade em membros superiores decorrentes do acidente vascular encefálico.

          Unitermos: Acidente vascular encefálico. Espasticidade. Órteses estática.

 

Abstract

          The stroke is a vascular disease which affects the central nervous system causing as sequel spasticity, leading several inconvenients to the patients. Between the inconvenients we can highlight the upper limb spasticity, which directly interferes in functions and activities of daily living. As an aid in the treatment it is indicated the use of static orthosis to the right positioning of the affected member, avoiding deformities, improving the function and consequently the performance in the activities of daily living. Through a review of the literature the objective of this study is to evaluatthe effectiveness of orthosis to the positioning of the spastic upper limb by stroke. It was made a search in the library of University Center Claretiano de Batatais and electronic bases Medline, Lilacs, Pubmed and Bireme, following a strategic search in portuguese and english languages descriptors. From the obtained data, it was noted the benefits of static orthosis to avoiding deformities, adjusting tone, improving function and facilitating activities of daily living. However, it is hard to find about it in literature, so that it is suggested further studies to evidence the effectiveness of the static orthosis as an auxiliary treatment of upper limb spasticity by stroke.

          Keywords: Stroke. Spasticity. Static orthosis.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é o termo designado para “infarto” cerebral, devido uma hemorragia ou isquemia, ou seja, perda de função cerebral na região acometida. O AVE isquêmico é o tipo mais comum, cerca de 80%, que resulta em um bloqueio cerebral, levando a isquemia na região, sendo divido em lacunares, ateroscleróticos e embólicos, porém, apresenta um bom prognóstico. Já o hemorrágico é o resultado da ruptura de um vaso sanguíneo cerebral, corresponde a 20% dos acidentes, dividindo em intraparenquimatosos e subaracnóide, tendo as suas sequelas mais graves e muitas vezes levando ao óbito (CHAVES, 2000; COHEN, 2001).

    Segundo dados da World Health Organization (2012) e Lopez et al. (2006), o AVE é a segunda principal causa de morte no mundo, principalmente em adultos de meia idade e idosos. Sendo que o Brasil, atualmente, constitui a principal causa de morte, sendo responsável por mais de 90mil óbitos/ano, considerada a maior taxa da América Latina.

    Além da elevada mortalidade, o AVE, é uma doença altamente incapacitante, devido a alterações motoras que ocorre, como a espasticidade (GARROS et al., 2010). A espasticidade, aumento do tônus muscular, acarreta diversos inconvenientes para o paciente, como dificuldade de movimentos finos, espasmos de flexão, posturas viciosas, dificuldade de higienização, dor e desenvolvimento de contraturas e retração dos segmentos afetados (LEVY et al., 2003). Sendo que a espasticidade de membros superiores (MMSS) uma das maiores sequelas que atrapalham as atividades de vida diária (AVD's), devido ao padrão flexor empregado ao membro (BLECK, 1975; CRAWFORD et al., 1990; GARROS et al., 2010).

    Dentre muitos tratamentos descritos na literatura, para espasticidade em MMSS decorrente do AVE, a órtese estática (OE) é utilizada como tratamento auxiliar, devido ao padrão postural em flexão de punho e dedos com o polegar em adução ou espalmado, no qual a OE vai estabilizar o membro (CORREIA et al., 2010; O'DWYER et al., 1996). Porém, pouco estudos elucidam a eficácia da OE para tratamento da espasticidade.

    Visto que: 1) existe um grande número de pessoas com espasticidade em MMSS decorrentes do AVE; 2) a espasticidade de MMSS interfere diretamente na AVD’s; 3) a OE é um recurso que pode ser utilizado como tratamento complementar na espasticidade em MMSS e; 4) poucos estudos elucidam a eficácia do uso da OE em MMSS, como tratamento complementar da espasticidade. O presente estudo teve como objetivo avaliar, através de uma revisão literária, a eficácia da OE para posicionamento de MMSS com espasticidade decorrentes do AVE.

Metodologia

    A pesquisa foi feita na biblioteca do Centro Universitário Claretiano de Batatais e nas bases eletrônicas Medline, Lilacs, Pubmed e Bireme, seguindo como estratégia de busca de descritores na língua portuguesa e inglesa, utilizando os seguintes termos (individuais e combinados): acidente vascular encefálico (AVE), órtese, órtese estática, órtese de mão, espasticidade, espasticidade de membros superiores, stroke, orthosis, static orthosis, hand orthosis, spasticity, upper limb spasticity. Devido a escassez de artigos com o referido tema, todos os artigos relacionados ao tema foram incluídos no presente estudo, sendo analisados criticamente.

Resultados e discussão

    Na revisão da literatura realizada foi identificado um total de 25 artigos, dos quais 18 foram pré-selecionados pelo conteúdo do título, e desses, 6 foram descartados após a leitura do resumo por não preencherem os critérios de inclusão anteriormente definidos na metodologia.

    Smith (1997) define a recuperação funcional de MMSS após lesão neurológica, como o AVE, em 7 fases: 1) flacidez (arreflexia): não existe atividade reflexa ou voluntária nas extremidades acometidas; 2) espasticidade em desenvolvimento: com presença de alguns componentes de sinergia básica, normalmente a flexão do cotovelo e extensão do joelho são os primeiros a reaparecer. A mão pode apresentar pouca ou nenhuma flexão de dedos; 3) grau máximo a espasticidade: onde o movimento voluntário começa aparecer e em relação a função manual é observada a preensão em massa ou gancho; 4) declínio da espasticidade: onde observa-se preensão lateral e movimentação da mão, permitindo movimento do polegar, e movimento ativo assistido de pequena amplitude de extensão dos dedos; 5) esboço de espasticidade: ocorrência de pelo menos dois movimentos combinados, fora dos padrões sinérgicos. O individuo é capaz de realizar preensão palmar, esférica e cilíndrica desajeitada. Aparece o movimento em amplitudes variadas de extensão dos dedos em massa; 6) espasticidade praticamente ausente: onde há presença de movimentos isolados com coordenação mais próxima do normal. A mão está apta a realizar todas as preensões, com extensão completa dos dedos e; 7) restauração completa da função.

    Tendo por base as fases da recuperação funcional de MMSS, e que pacientes com espasticidade em MMSS apresentam padrão postural em flexão de punho, dedos e polegar aduzido ou espalmado, o estudo de Pardini (2006) apud Assumpção citou que a órtese é considerada um recurso essencial na reabilitação da mão, na qual tem atua impedindo ou corrigindo deformidades já existentes. No mais, o autor define as OE como dispositivos que mantêm os tecidos em uma única posição para o correto alinhamento articular, evitando deformidades e impedindo o desenvolvimento de contraturas pelo posicionamento.

    Segundo Casalis (1990), as OE são utilizadas em lesões derivadas do sistema nervoso central (SNC), tento como intuito melhorar o posicionamento, mantendo as articulações na posição funcional sem permitir a função do segmento.

    Os estudos citados acima mostram que as OE são extremamente importantes no prognóstico de lesões do SNC, que levam a espasticidade, pois as mesmas vão agir evitando deformidades e complicando o quadro de lesão.

    Casalis (1990) trás que existem dois tipos de OE para padrão flexor, com objetivo da manutenção da posição funcional e na prevenção de deformidades. A OE de posicionamento ventral (Figura 1) e a de posicionamento dorsal (Figura 2) (CASALIS, 1990).

Figura 1. Órtese estática com apoio ventral (Hospital das Clinicas da Faculdade

de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo)

 

Figura 2. Órtese estática com apoio dorsal (Hospital das Clinicas da Faculdade

de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo)

    Garros et al. (2010) cita que a espasticidade é a complicação mais incapacitante após AVE, devido à restrição motora que ela causa. Sendo a OE um dispositivo externo aplicado à mão, é indicado para prevenir deformidades, além disso, melhorar o posicionamento e aumentar o conforto.

    Já O’Dwyer et al. (1996) conseguiu verificar, em seu estudo, que o estiramento prolongado através do uso da OE é para que os músculos hipertônicos (espástico) fiquem estirados durante várias horas, de preferência no período noturno, permitindo o crescimento de sarcômeros adicionais e deixando o músculo menos sensível ao estiramento durante o movimento.

    Com base no referencial teórico acima, podemos dizer que a OE promove adequação do tônus, melhora da função, prevenção de contraturas e, consequentemente, alivio da dor. Fazendo da OE um instrumento importante como tratamento auxiliar de espasticidade de MMSS decorrente do AVE.

Conclusão

    A partir dos dados obtidos, é possível concluir que os benefícios do uso da OE em espasticidade de MMSS decorrentes do AVE. Sendo a OE um dispositivo externo que tem como função impedir deformidades, adequar tônus, melhorar função, controlar a dor e facilitar as AVD's. É pertinente ressaltar que mesmo que não haja função do MMSS espástico a OE pode ser um grande aliado no tratamento, pois a mesma vai proporcionar um melhor posicionamento e conforto do paciente, além de evitar deformidades. Com isso, torna-se evidente o beneficio da OE para pacientes com espasticidade de MMSS decorrentes do AVE, porém, é grande a escassez de estudos sobre o assunto, sendo importante a busca de novas técnicas e estratégias para melhor conhecimento da sua aplicação.

Referências

  • Pardini PF. Reabilitação da Mão. 1ed. São Paulo: Atheneu, 2006.

  • Bleck EE. Locomotor prognosis in cerebral palsy. Rev Med Child Neurol. v.17, p.18-21. 1975.

  • Casalis MEP. Reabilitação espasticidade. 1ed. Rio de Janeiro-RJ: Atheneu, 1990.

  • Chaves MLF. Acidente vascular encefálico: conceituação e fatores de risco. Rev Bras Hipertensão. v.4, p.372-382. 2000.

  • Cohen H. Neurociências para fisioterapeutas. 2ed, São Paulo-SP: Manole, 2001.

  • Crawford AH et al. Subtalar stabilization of the planovalgus foot by staple arthrodesis in young children who have neuromuscular problems. J Bone Joint Surg. v.72, p.840-845. 1990.

  • Correia ACS et al. Crioterapia e cinesioterapia no membro superior espástico no acidente vascular cerebral. Fisioter. Mov. v.23(4), p.555-563. 2010.

  • Garros DSC et al. Evaluation of performance and personal satisfaction of the patient with spastic hand after using a volar dorsal orthosis. Arq. neuropsiquiatr. v.68(3), p.385-389. 2010.

  • Levy JÁ, Oliveira ASB. Reabilitação em doenças Neurológicas-Guia Terapêutico Prático. Rio de Janeiro-RJ: Atheneu, 2003.

  • Lopez AD et al. Global and regional burden of disease and risk factors, 2001: systematic analysis of population health data. Lancet. v.367, p.1747-1757. 2006.

  • Noordhoek J, Loschiavo FQ. Órtese de repouso para fase aguda de artrite reumatoide. Rev bras reumatol. v.47 (2) p.121-122. 2007.

  • O'Dwyer NJ, Ada1 L, Neilson PD. Spasticity and muscle contracture following stroke. Oxford University Press. v.119, p.1737-1749. 1996.

  • Smith LK, Weiss EL, Lehmkuhl DL. Cinesiologia Clínica de Brunnstrom. 5ª ed. Molene, 1997.

  • World Health Organization. Epidemiological data. Disponível em: http://www.who.int/en/index.html. Acessado em: 15/03/2012.

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