efdeportes.com

Análise do nível de força dos músculos flexores e 

extensores do joelho de praticantes de ciclismo indoor

Estudio del nivel de fuerza de los músculos flexores y extensores de la rodilla de practicantes de ciclismo indoor

 

*Graduado em Educação Física. Universidade Católica de Brasília, Brasília, Distrito Federal

**Mestrando em Educação Física. Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal

***Mestre em Educação Física. Universidade Católica de Brasília, Brasília, Distrito Federal

****Centro Universitário de Brasília, Brasília, Distrito Federal

(Brasil)

Thiago Santos da Silva* **

thiaguinho2007@brturbo.com.br

Thaís Santana de Mesquita*

t.mesquita@hotmail.com

Lucas Cezar Vilela Mendes*

lucasvilelamendes@hotmail.com

Michel Santos da Silva* ***

michelsilva@hotmail.com

Márcio Rabelo Mota****

marciormota@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente estudo foi verificar o nível de força e a relação flexores e extensores do joelho de praticantes de Ciclismo Indoor (CI). A amostra foi composta por 16 voluntários de ambos os sexos, idade de 25 ± 2,5 anos, peso de 66,39 ± 7,76 kg e altura 171,24± 4,01. Foi aplicado um teste de 1 (uma) Repetição Máxima de forma randomizada entre os exercícios de Cadeira Extensora e Mesa Flexora, para obtenção da carga máxima. A análise estatística utilizada foi média e desvio padrão e o Teste t de Student, o software utilizado foi o Instat 3.36 para Windows e o nível de significância adotado foi de p < 0,05. Os resultados obtidos na cadeira extensora foram 84,87 ± 22,86 e 42,5 ± 9,66 para cadeira extensora e mesa flexora respectivamente. Foi encontrada a diferença de força em 50,1%. Concluímos que a musculatura posterior da coxa possui um déficit de força quando comparada a musculatura anterior.

          Unitermos: Ciclismo indoor. Quadríceps. Isquiotibiais. Agonistas. Antagonistas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O ciclismo indoor (CI) foi idealizado por Goldberg (conhecido como Johnny G.), um ciclista sul-africano, que devido o inverno rigoroso sentiu a necessidade de um programa de treinamento em ambiente fechado o que o levou a inventar uma bicicleta estacionária especial, que suportasse o estresse dos movimentos do ciclismo real (MELLO, 2004). Outros programas de treinamento, utilizando bicicleta estacionária, foram desenvolvidos, apresentando componentes fisiológicos e biomecânicos próximos ao de Johnny G. (SILVA e OLIVEIRA, 2002), o que aumentou a quantidade de praticantes do CI.

    O CI pode ser praticado por pessoas de ambos os sexos, diferentes idades e níveis de aptidão física (DESCHAMPS e DOMINGUES FILHO, 2005). Além disso, esta modalidade surge nas academias como uma atividade que associa as vantagens do ciclismo estacionário, a motivação das atividades outdoor e os desafios do esporte de aventura, como o tracking (MELLO, 2004).

    À medida que as pessoas iniciam a prática do ciclismo com intenção de manter ou melhorar o condicionamento físico, nota-se um aumento na incidência de dores, lesões, consultas médicas e fisioterapêuticas (DI ALENCAR et al., 2009).

    O movimento de pedalar é composto basicamente de duas fases, a fase descendente, com deslocamento do pedal do ponto superior até o ponto inferior (fase em que ocorre maior potência), e a fase ascendente, na qual os pedais deslocam-se da parte inferior até a superior (FERMINO, 2008).

    Na fase descendente da pedalada são ativados os músculos glúteo máximo, glúteo médio, vasto intermédio, vasto lateral, vasto medial, reto femoral, gastrocnêmico e sóleo, já na fase ascendente o iliopsoas, isquiotibiais e tibial anterior (FERMINO, 2008). O movimento de joelho mais evidenciado é o de extensão, já que durante a flexão de joelho este se dará de forma passiva, não tendo participação significativa dos seus flexores (MELLO, 2004).

    A deficiência de força dos músculos do quadríceps ou ísquios-tibiais, associado a uma prática e ajustes inadequados da bicicleta, podem acarretar lesões musculares, o desequilíbrio muscular é outro fator de risco que contribui com a ocorrência de lesão por overuse (O'Connor, et al., 1997; Caselli, et al., 2005), assim como a diferença na relação de torque (FONSECA, et al., 2007), podem desencadear: restrição, compensação, ganho de mobilidade, patologia e dor. Uma restrição devido a um desequilíbrio muscular pode levar a um mecanismo compensatório para realizar o movimento, gerando um ganho, que por não ser fisiológico, leva à lesão e subseqüentemente dor (Comerford, et al., 2001).

    Existem vários estudos que tratam da relação de força agonista/antagonista da articulação do joelho, porém, existe uma carência desses estudos em praticante de CI. Sendo assim, esse estudo teve como objetivo avaliar o nível de força e a relação de flexores e extensores do joelho de praticantes de ciclismo indoor.

Objetivo

  • Avaliar o nível e a relação de força dos músculos flexores e extensores de joelho de praticantes de Ciclismo Indoor.

Material e métodos

Amostra

    A amostra inicial foi composta por 16 (dezesseis) indivíduos 9 (nove) homens e 7(sete) mulheres, voluntários, saudáveis, que treinavam 3 (três) vezes por semana, praticantes da modalidade de Ciclismo Indoor e Musculação da Academia Fitway. Academia situada em Águas Claras, Distrito Federal.

Procedimentos

    Todos os voluntários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido informando os propósitos bem como os riscos e benefícios para cada participante, respeitando a resolução nº. 196/96, sobre normas e diretrizes regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Os voluntários foram instruídos a não realizarem exercício físico nas 24 horas anteriores aos testes, bem como não ingerirem bebidas alcoólicas ou suplementos alimentares nas 48 horas anteriores. Foram excluídos da amostra voluntários com histórico de doenças cardiovasculares ou osteomioarticulares de qualquer segmento dos membros inferiores que pudessem impedir a realização dos exercícios propostos nesta pesquisa.

Antropometria

    A estatura foi mensurada com o corpo mais alongado possível por um estadiômetro (Filizola) com precisão de 1 mm. As mensurações foram tomadas em triplicata e a média da estatura foi registrada (Lohman et. al,. 1991).

    A balança utilizada para a aferição da massa corporal foi a Filizola eletrônica/digital com resolução de 100 g (modelo “Personal Line”). O avaliado se posicionou em pé, de costas para a escala de balança, com afastamento lateral dos pés, estando á plataforma entre os mesmos. Em seguida, o sujeito foi colocado sobre o centro da plataforma, ereto, com o olhar em um ponto fixo a sua frente.

Avaliação da força máxima

    Os voluntários realizaram uma visita na academia. Os testes iniciaram com um aquecimento em uma Bicicleta Ergométrica Vertical da marca Movement, modelo BM2700, numa potência de 25-50 W durante 5 (cinco) minutos afim de pré-ativar a musculatura extensora e flexora do joelho. Em seguida os voluntários foram conduzidos de forma randomizada aos dois aparelhos que foram utilizados no teste, cadeira extensora e mesa flexora.

    Foi aplicado o teste 1 (uma) repetição máxima, no qual foi possível verificar a carga que o indivíduo conseguia realizar uma contração voluntária máxima, segundo o protocolo com acréscimo progressivo da carga, e respeitando uma pausa de 3 (três) minutos entre as tentativas (NIEMAN, 2003). Os equipamentos utilizados eram de marca Flex Equipament e modelo Top One. Posteriormente a execução do teste, foi respeitado criteriosamente um intervalo de 10 (dez) minutos para execução do outro movimento proposto pela pesquisa.

Análise estatística

    A análise dos dados foi feita de forma descritiva, utilizando o test t de Student para comparação entre os testes, software utilizado foi o Instat 3.36 para Windows O nível de significância adotado foi de p < 0,05.

Resultados

    O objetivo do presente estudo foi verificar os níveis de força e a relação flexores e extensores do joelho de praticantes de ciclismo indoor. A tabela 1 mostra o perfil da amostra estudada (n=16).

Tabela 1. Perfil da amostra. Valor descritivo, média e desvio padrão (±DP) das variáveis antropométricas (n=16)

    Na Figura 1 estão representadas a comparação médias e desvios padrão (± DP) das cargas obtidas no teste de 1 RM realizado na cadeira extensora e mesa flexora em praticantes de ciclismo indoor.

Figura 1. Média e desvios padrão das cargas (kg) dos testes de RM (n=16)

    Na figura 1, estão apresentados os níveis de força da musculatura flexora e extensora do joelho, onde foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre nos níveis de força e na relação agonista/antagonista de 50.1%.

Discussão

    Um estudo com atletas de futebol verificou que na velocidade de 60º/s, a diferença de força ideal entre torque máximo de isquiotibiais e torque máximo de quadríceps é em média de 60%. Alterações nessa relação predispõem jogadores de futebol tanto a lesões no joelho, quanto a distensões nos músculos isquiotibiais (FONSECA, 2007). Os dados corroboram com o estudo de Kellis (1995) que o realizou em cima de treinamento excêntrico e concêntrico em várias modalidades analisando a articulação do joelho em atletas de alto rendimento, constatando que a diferença de força entre agonistas/antagonistas é em média de 60%. O autor ressalta também que qualquer diferença nesse valor, para menos ou mais, aumenta a probabilidade de lesão. Em nosso estudo foi encontrado um déficit de força de 50,1 %, o que mostra que os praticantes de CI possuem um desequilíbrio de força entre a musculatura anterior e posterior, aumentando a probabilidade de lesões. Em indivíduos com déficit de força, a realização de exercícios de reforço muscular é necessária (DI ALENCAR, 2009), um bom condicionamento muscular da estrutura lombo-pélvico é crucial à eficiência funcional e biomecânica para maximizar a produção de força e minimizar as cargas nas articulações em todas as modalidades esportivas (KIBLER, 2006) e uma importante função na prevenção de lesão musculoesquelética (LEETUN, 2004). Concordando com Heidt (2000) que mostra que para a área de reabilitação esportiva, o estabelecimento de dados normativos relativos ao desempenho muscular pode ser útil na prevenção, reabilitação e treinamento de atletas e não atletas.

Conclusão

    Os resultados obtidos neste estudo fornecem valores de referência do desempenho muscular isotônico, relacionando o nível de força da musculatura extensora e flexora do joelho em praticantes de CI. E reforça a necessidade de maiores estudos abordando a metodologia utilizada, tendo em vista que os estudos sobre a relação de força entre músculos agonistas e antagonista são realizados em laboratórios com dinamômetros isocinéticos em ângulos e velocidades controladas. A criação de um teste isotônico e valores de referência na literatura, tornaria possível a avaliação de indivíduos com exercícios isotônicos.

Referências

  • Alonso, A. C., Greve, J. M. D., Macedo, O. G., Pereira, C. A. M., Souza, D. C. M. Avaliação isocinética dos inversores e eversores de tornozelo: Estudo comparativo entre atletas de futebol e sedentários normais. Revista Brasileira de Fisioterapia. 2003; 7(3):195-9.

  • Caselli, M. A., Rzonca, E. C., Rainieri, J. J. Secrets to Treating Bicycling Injuries. Clin Sports Med. 2005; 18(8): 108-12.

  • Comerford, M. J., Mottram, S. L. Functional Stability Re-Training: Principles and Strategies for Managing Mechanical Dysfunction. Manual Therapy 2001; 6(1): 3-14.

  • DESCHAMPS, S. R., DOMINGUES FILHO, L. A. Motivos e benefícios psicológicos que levam os indivíduos dos sexos masculino e feminino a praticarem o ciclismo indoor. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2005; 13(2): 27-32.

  • DI ALENCAR, T. A. M., Matias K. F. S. Importância da avaliação musculoesquelética e biomecânica para o Bike Fit. Revista Movimenta; Vol. 2, N 3 2009.

  • Fermino, F. R. Ciclismo de velocidade: uma proposta de controle da preparação física especial. Campinas, SP: [s.n], 2008.

  • Heidt, R. S., Sweeterman, L. M., Richele, L., Carlonas, M. S., Traub, J. A., Tekulve, F. X. Avoidance of soccer injuries with preseason conditioning. Am J Sports Medicine. 2000; 28(5):659-62.

  • Kannus, P. Isokinetic evaluation of muscular performance: Implications for muscle testing and rehabilitation. International Journal Sports Medicine 1994; 15: S11-S18.

  • Kellis, E., Baltzopoulos, V. Isokinetic eccentric exercise. Sports Medicine 1995; 19:210- 212.

  • Kibler, W. B., Press, J., Sciascia, A. Role of Core Stability in Athletic Function. Sports Medicine. 2006; 36(3): 189-98.

  • Leetun, D. T., Ireland, M. L., Willson, J. D., Ballantyne, B. T., Davis, I. M. Core Stability Measures as Risk Factors For Lower Extremity Injury In Athletes. Medicine and Sciences in Sports and Exercise. 2004; 36(6): 926-34.

  • Lohman, T. G., Roche, A. F., Martorell, R. Anthopometric standardization reference manual. Champaign, IL: Human Kinetics, 1991.

  • MELLO, D. Ciclismo Indoor. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.

  • Nieman, D. C. Exercise testing and prescription. A health related approach, fifth edition, Mc Graw Hill, 2003.

  • O'Connor, F. G., Howard, T. M., Fieseler, C. M., Nirschl, R. P. Managing Overuse Injuries: A Systematic Approach. Physician Sportsmed. 1997; 25(5): 88-113.

  • SILVA, R. A. S.; OLIVEIRA, H. B. Prevenção de lesões no ciclismo indoor- uma proposta metodológica. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília. v 10, nº 4, p. 07-18. Out. 2002.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 167 | Buenos Aires, Abril de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados