efdeportes.com

Evolução da função pulmonar no pré e pós-operatório

de cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea

Evolución de la función pulmonar en el pre y postoperatorio de cirugía cardiaca con circulación extracorpórea

Evolution of the lung function in the pré e post-operative of cardiac surgery

 

*Fisioterapeutas, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

**Mestre e Doutoranda em Medicina e Saúde Humana pela Escola Bahiana

de Medicina e Saúde Pública. Docente da Universidade Federal da Bahia

e da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA

(Brasil)

Genecarlos Boaventura Dias*

genecarlosdias@yahoo.com.br

Manoela Almeida Machado Silva*

manoelafisio@yahoo.com.br

Helena França Correia dos Reis**

lenafrancorreia@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Fundamentos: A cirurgia cardíaca está associada com a remissão dos sintomas e aumento da sobrevida. No entanto, complicações pulmonares são freqüentes e causas importantes de morbidade e mortalidade nos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea. Objetivo: Avaliar a função pulmonar no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea. Métodos: Estudo transversal descritivo com pacientes submetidos à cirurgia eletiva de revascularização do miocárdio ou troca de valva com circulação extracorpórea, realizadas em um hospital de Salvador-BA no período de junho a setembro de 2006. A avaliação pré-operatória constou do preenchimento de um instrumento contendo dados clínicos e mensuração das pressões respiratórias máximas (Pimáx e Pemáx), capacidade vital forçada (CVF), volume minuto e corrente, freqüência respiratória (FR) e saturação de oxigênio. Essas medidas foram repetidas no 2° e 6° dia pós-operatório (DPO). Resultados: A amostra foi constituída de 15 pacientes com idade média de 51,9 (±15,8) anos. Quando comparado os resultados do pós-operatório com o pré observou-se que a Pemáx reduziu no 2°DPO (p=0,012) e no 6°DPO (p=0,011). A CVF também reduziu no 2°DPO (p<0,001), aumentou no 6°DPO em relação ao 2°DPO (p=0,004), todavia, no 6°DPO ainda estavam reduzidos (p<0,001). A FR aumentou no 2°DPO (p<0,001) e no 6°DPO (p=0,008). Conclusão: Os pacientes no pré-operatório de cirurgia cardíaca apresentaram força muscular respiratória e capacidade vital forçada diminuídas, estes valores tornam-se mais reduzidos no pós-operatório, e mesmo em momentos próximos a alta hospitalar essa redução ainda está presente.

          Unitermos: Cirurgia cardíaca. Função pulmonar. Força muscular respiratória.

 

Abstract

          Objective: To evaluate of the pulmonary function in the before and post-operative of cardiac surgery with extracorporeal circulation. Methods: Descriptive transversal study with patients who had made elective surgery of myocardial revascularization or it changes of valve with extracorporeal circulation, realized a hospital of Salvador-BA between June and September of 2006. The evaluate before the of surgery was used a instrument surgery and clinics dados containing It was measured maximum pressures respiratory (Pimáx e Pemáx), vital capacity forced (CVF), tidal volume (Vt), minute volume (VM), respiratory frequency (FR) and peripheral saturation of oxygen (SatO2) in the before-operative, 2° and 6° days post-operative (DPO). Results: Fifteen patients had constituted the final sample of the study with an average 51.93 years (±15.85) of age. Compared when the results of pos-operative with surgery before watch what the Pemáx decreased on 2°DPO (p= 0,012) the on 6°DPO (p=0,011). The CVF also decreased on 2°DPO (p<0,001), to had one increased the of values on 6°DPO compared as for 2°DPO (p=0,004), however, on 6°DPO still decreased (p<0,001). The FR increased on 2°DPO (p<0,001) the on 6°DPO (p=0,008). Conclusion: Cardiac surgery before the decreased patients shows the muscle strength and vital capacity forced, those values to decreased get more on post-operative, and next same the discharged those present standing decreased.

          Keywords: Cardiac surgery. Pulmonary function. Respiratory muscle strength.

 

          Estudo desenvolvido no Hospital Santa Isabel e financiado na forma de bolsa de iniciação científica pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A cirurgia cardíaca tornou-se nas últimas décadas uma intervenção de rotina nos hospitais, onde os pacientes são frequentemente encaminhados para cirurgia de revascularização do miocárdio e de correção valvares.1 Estas cirurgias propiciam aos indivíduos a remissão dos sintomas e contribui para o aumento da sobrevida e melhora na qualidade de vida.2,3 No entanto, complicações pulmonares são freqüentes, e causas importantes de morbidade e mortalidade em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea (CEC).2-8

    Pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com CEC podem desenvolver uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica de grau variável, principalmente afecções nas regiões cardíacas e pulmonares.2,3,5 Na circulação pulmonar há aumento da água extravascular com preenchimento alveolar por células inflamatórias que levam a inativação da surfactante pulmonar e colabamento de algumas áreas, com modificação na relação ventilação/perfusão pulmonar, diminuição da sua complacência e aumento do trabalho respiratório no período pós-operatório.2-4,9

    O grau de alteração da função pulmonar depende de vários fatores, como a função pulmonar pré-operatória, tipo de cirurgia, tempo de CEC, intensidade da manipulação cirúrgica, número de drenos pleurais e o tempo de cirurgia.3-6

    Diante dos efeitos deletérios da cirurgia cardíaca com CEC na mecânica respiratória, este estudo tem como objetivo geral avaliar a função pulmonar no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea.

Métodos

    O estudo realizado foi transversal descritivo com pacientes que fizeram cirurgia eletiva de revascularização do miocárdio ou troca de valva com circulação extracorpórea, no Hospital Santa Izabel na cidade do Salvador-BA, com uma amostra não probabilística, no período de junho a setembro de 2006.

    Inicialmente foi solicitado ao médico assistente a liberação do paciente para participar do estudo, em seguida os pacientes foram informados sobre os procedimentos a serem realizados, e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido caso aceitassem participar deste estudo. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa em seres humanos da instituição onde foi realizada a pesquisa.

    Foram incluídos no estudo os pacientes com idade superior a 18 anos, ausência de doença pulmonar aguda ou crônica, com capacidade de realizar as medidas fisioterapêuticas e que tivessem como via de acesso para a cirurgia a esternotomia mediana. Foram excluídos os pacientes que apresentaram instabilidade como: angina instável, arritmias ventriculares, infarto agudo do miocárdio, importante lesão de tronco de coronária esquerda, hipertensão arterial não controlada e qualquer enfermidade aguda febril ou grave, pacientes com seqüelas neurológicas associadas, tempo de ventilação mecânica superior a 48 horas, com dificuldades de compreensão e/ou aderência aos procedimentos realizados neste estudo.

    A avaliação pré-operatória incluiu a aplicação de um instrumento contendo dados como: sexo, idade, tabagismo (consumo atual ou até seis meses atrás, cachimbo, charuto ou cigarro). Os pacientes foram submetidos também à mensuração do volume minuto (VM) e volume corrente (Vt), capacidade vital forçada (CVF), freqüência respiratória (FR), saturação periférica de oxigênio e medidas de força muscular respiratória (Pimáx: pressão inspiratória máxima e Pemáx: pressão expiratória máxima).

    Para a mensuração do VM e CVF foi utilizado um ventilômetro da marca Feraris-Mark Wrught Respirometer de 100 litros, acoplado uma válvula unidirecional e a esta uma máscara facial de silicone que foi colocada junto à face do paciente, solicitando ao mesmo que respirasse tranquilamente durante um minuto, dessa forma encontrou-se o VM. O Vt foi determinado pela divisão do VM pela FR mensurada em incursões por minuto (ipm). Para obter a CVF, o paciente foi orientado a exalar até o volume residual e realizar uma inspiração até a capacidade pulmonar total, em seguida uma expiração forçada máxima. A saturação periférica de oxigênio (SATO2) foi verificada por meio de um oximetro digital de pulso.

    A Pimáx e a Pemáx foram medidas usando um monovacuômetro da marca Comercial Médica de 120mmHg, para tal foi utilizado uma válvula unidirecional acoplada a um bocal. Para a medida da Pimáx, o paciente foi orientado a exalar até o volume residual, a partir do qual deveria realizar um esforço inspiratório máximo com os lábios do paciente posicionado sobre o bocal acoplado a válvula unidirecional que permitia a expiração, mas não a inspiração. Para a medida da Pemáx, o paciente foi orientado a inspirar o mais profundamente até a capacidade pulmonar total, realizando em seguida uma expiração forçada máxima no bocal que estava ocluido.

    Nas medidas da força muscular respiratória foi utilizado um prendedor nasal para evitar possíveis escapes e exigiu-se em cada caso, que as pressões fossem mantidas estáveis por pelo menos dois segundos. Estes procedimentos foram repetidos por três vezes, com um minuto de intervalo entre as medidas, sendo registrado o maior valor, desde que esse valor não fosse o último mensurado. Caso o último valor fosse superior a 20% era realizada uma quarta medida. Todas as mensurações foram realizadas com os pacientes em sedestração com os membros inferiores apoiados em momentos em que não referiam dor, principalmente no pós-operatório, já que as mensurações eram realizadas de acordo com o protocolo de analgesia da unidade onde se encontrava o paciente.

    O tempo de CEC, cirurgia, intubação orotraqueal (IOT), anóxia e internamento foram obtidos a partir da descrição cirúrgico-anestésica e dados do prontuário. No pós-operatório, os pacientes realizaram fisioterapia respiratória e motora seguindo as normas da instituição. As medidas ventilométricas, de força muscular respiratória, saturação de oxigênio e freqüência respiratória foram repetidas no 2° e 6°dia pós-operatório (DPO).

    Inicialmente utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a distribuição de normalidade. Para a análise estatística utilizou-se a análise de variância com medidas repetidas (ANOVA) com a finalidade de se comparar os valores médios das variáveis de interesse nos diferentes dias de avaliação (pré-operatório. 2°DPO e 6°DPO). Nos casos em que foi constatada diferença estatisticamente significativa, foram feitas comparações múltiplas, através do método de Bonferroni, para detectar o padrão de diferença. O programa utilizado para a análise dos dados foi o SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 12.0, e o nível de significância adotado foi de 5% (p ≤ 0,05)

Resultados

    No total 18 pacientes fizeram parte do estudo, porém apenas 15 constituíram a amostra final da pesquisa. Entre os três pacientes excluídos, um por apresentar seqüela neurológica após a cirurgia, um por óbito e um permaneceu na ventilação mecânica por mais de 48 horas. A faixa de idade variou de 19 a 69 anos, com uma média de 51,9 (±15,8).

    Os homens corresponderam a 60% dos pacientes, um indivíduo era fumante e 26,7% eram ex-fumantes. A cirurgia de revascularização do miocárdio foi a mais freqüente (60,0%) (Tabela 1).

Tabela 1. Características da amostra em estudo

    O tempo médio de cirurgia foi 3,9 h (± 1,1), para o tempo de CEC 1,3h (± 0,5) e o internamento 9,8 dias (± 4,2) (Tabela 2).

Tabela 2. Dados cirúrgicos da população em estudo e tempo de internamento

    Verifica-se que houve diferença significante nos parâmetros da função pulmonar entre os momentos avaliados, exceto para Pimáx, Vt e VM. Observa-se também uma grande redução da CVF no 2°DPO (62%) (Tabela 3).

Tabela 3. Médias das variáveis nos momentos de avaliação e percentual de diferença em relação ao pré-operatório

    A Pemáx reduziu entre o Pré e 2°DPO (p= 0,012) e entre o Pré e 6°DPO (p=0,011), como se observa na Figura 1.

Figura 1. Médias da pressão expiratória máxima entre os momentos: pré-operatório, 2°DPO e 6°DPO

    A CVF reduziu entre o Pré e 2°DPO (p<0,001), houve um aumento dos valores no 6°DPO em relação ao 2°DPO (p=0,004). Todavia os valores da CVF no 6°DPO ainda estavam reduzidos em relação ao pré-operatório (p<0,001) (Figura 2).

Figura 2. Médias da capacidade vital forçada entre os momentos: pré-operatório, 2°DPO e 6°DPO

    A FR, conforme ilustra a Figura 3, apresenta um aumento entre Pré e 2°DPO (p<0,001) e entre Pré e 6°DPO (p=0,008).

Figura 3. Médias da freqüência respiratória entre os momentos: pré-operatório, 2°DPO e 6°DPO

Discussão

    Este estudo comparou a evolução da força muscular respiratória, dos volumes corrente e minuto, da capacidade vital forçada, freqüência respiratória e saturação periférica de oxigênio em pacientes no pré e pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio e troca valvar. Observa-se que no pós-operatório houve uma redução da força muscular respiratória, da capacidade vital, do volume corrente e da saturação periférica de oxigênio, e um aumento do volume minuto e da freqüência respiratória quando comparado aos valores do pré-operatório. Todavia em especial a Pemáx, CVF, FR e SATO2 apresentaram uma diferença estatisticamente significante.

    Os valores das pressões respiratórias máximas e da CVF, encontrados no pré-operatório, foram relativamente baixos quando comparados com os valores considerados normais da literatura.10 Os pacientes cardiopatas apresentam um comprometimento cardio-respiratório que limita a atividade física, principalmente quando a dispnéia está presente, o que pode levar a uma redução dos volumes e capacidades pulmonares e pressões respiratórias máximas.1

    A Pemáx apresentou uma redução no pós-operatório, sendo esta mais evidente no 2°DPO. Em relação à Pimáx, os achados mostraram que no 6º DPO os valores já estavam próximos ao encontrado antes da cirurgia. Estudos que avaliaram as pressões respiratórias em indivíduos que foram submetidos à cirurgia cardíaca observaram que tanto a Pemáx quanto a Pimáx encontravam-se reduzidas no pós-operatório quando comparados com os valores do pré-operatório.4,7,11 e que retornaram ao encontrado no pré-operatório um mês pós cirurgia.12 Vários fatores podem contribuir para esta fraqueza dos músculos respiratórios, pode estar associada direta ou indiretamente ao prejuízo desta musculatura durante o ato cirúrgico, e pode acarretar desde disfunção até falência dos músculos respiratórios, a presença da dor pós-operatória que restringe os movimentos respiratórios, idade avançada e comorbidades.13,14

    O retorno da Pimáx no 6°DPO encontrado no presente estudo, pode ser explicado pelo fato de que a musculatura inspiratória não sofreu trauma direto diferentemente da expiratória que foi seccionada. Outro fator é que as mensurações do presente estudo foram realizadas em momentos que os pacientes não estavam referindo dor, sendo a dor uma das principais explicações dos autores para a redução da Pimáx no pós-operatório. Giacomazzi et al. realizaram um estudo com pacientes submetidos à cirurgia cardíaca avaliando a influência da dor com a função pulmonar encontrou uma fraca correlação significativa entre a intensidade da dor e o volume inspiratório máximo e uma fraca correlação com o pico de fluxo expiratório.15

    A capacidade vital forçada reduziu no pós-operatório e esta redução foi maior no 2°DPO, no 6°DPO esses valores aumentaram, mas ainda não retornaram aos valores encontrados no pré-operatório. Kristjánsdottir et al comparou em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, a capacidade vital forçada entre o pré-operatório, 3° e 12° mês pós-operatório observou que estes valores ainda estavam reduzidos no 3° mês pós-cirurgia, e retornaram a valores próximos ao pré-operatório apenas no 12° mês.16 A alteração da função pulmonar é um reflexo da redução dos movimentos da caixa torácica e abdominal depois da esternotomia mediana. Ao se avaliar a mobilidade da caixa torácica em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com esternotomia mediana, observa-se que a expansibilidade que só retorna aos valores encontrados antes da cirurgia três meses depois,17 assim como, uma perda da força muscular inspiratória e expiratória e da capacidade vital.18

    As alterações da função pulmonar podem ser atribuídas também ao uso da CEC. Esta na circulação pulmonar, leva a um aumento da água extravascular com preenchimento alveolar por células inflamatórias causando uma inativação do surfactante pulmonar e colabamento de algumas áreas, com modificação na relação ventilação/perfusão pulmonar, diminuição da complacência e aumento do trabalho respiratório no período pós-operatório.19

    Estudos mostram que o uso da CEC leva no pós-operatório de cirurgia cardíaca alterações nos volumes, capacidades e força muscular respiratória em todos os pacientes por reduz a complacência pulmonar, aumentar a pressão de pico nas via aéreas, indicando maior resistência do sistema respiratório.20

    A hipoxemia arterial ocorre normalmente após a cirurgia cardíaca com CEC. Um estudo que avaliou pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio com CEC, observou uma queda significante da relação PaO2 (pressão arterial de oxigênio) e a FiO2 (fração inspirada de oxigênio),9 outro trabalho observou que a SatO2 teve seu valor diminuído do 2°DPO até a alta hospitalar.21 Dados semelhantes foram encontrados neste estudo, já que observamos uma redução da SatO2 no pós operatório em relação ao pré. O mecanismo da hipoxemia atribuí-se a diversos fatores, como: alteração da relação ventilação/perfusão, hipoventilação, diminuição da capacidade de difusão e shunt.22 O contato do sangue com o oxigenador desencadeia efeito em cascata das cadeias enzimáticas, havendo liberação das citocinas inflamatórias, aumento da permeabilidade da membrana alvéolo capilar, diminuindo a produção de surfactante alveolar e a disfunção da membrana hematogasosa, o que prejudica a complacência pulmonar e, consequentemente, os volumes pulmonares e as trocas gasosas.23

    No presente estudo a FR apresentou-se aumentada no pós-operatório, e esta foi maior no 2°DPO. Esses dados concordam com outros estudos também realizados com pacientes que fizeram cirurgia cardíaca, onde houve um aumento da FR depois da cirurgia.1,4 Acredita-se que este aumento da FR estar relacionado com a diminuição do VC no pós-operatório, pois baixos volumes pulmonares podem gerar um padrão respiratório superficial o que contribui para o aumento da freqüência respiratória.

    Em relação ao tempo de CEC, IOT, tempo de cirurgia, anóxia e internamento os resultados obtidos no presente estudo estão semelhantes aos encontrados por outros estudos desenvolvidos com o mesmo perfil de pacientes.4,5,9

Conclusão

    Estes achados sugerem a necessidade de acompanhamento fisioterapêutico no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca com o objetivo de detectar possíveis alterações da função respiratória. Entretanto, mais estudos tornam-se necessários para identificar fatores associados à evolução dos volumes e pressões respiratórias no pós-operatório de cirurgia cardíaca.

    Finalizando, pode-se concluir que os pacientes submetidos à cirúrgica cardíaca apresentaram uma redução da forca muscular respiratória e da capacidade vital forçada no pré-operatório, no pós-operatório esses valores tornam-se mais reduzidos, principalmente no 2°DPO onde a redução é mais expressiva, e em momentos próximos a alta hospitalar as alterações da função pulmonar ainda estão presentes, em especial para a pressão expiratória máxima, freqüência respiratória e capacidade vital forçada.

Referências bibliográficas

  1. Elias DG, Costa Dirceu, Oishi J, Pires VA, Silva MA. Efeitos do treinamento muscular respiratório no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca. Rev Bras Terap Intens. 2000; 12 (1): 9-18.

  2. Beluda FA; Bernasconi R. Relação entre força muscular respiratória e circulação extracorpórea com complicações pulmonares no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Rev Soc Cardiol Estado São Paulo. 2004;14 (5):1-9.

  3. Silva AB, Mendes RG, Costa FSM, Lorenzo VAP, Oliveira CR, Luzzi S. The influences of positive end expiratory pressure (PEEP) associated with physiotherapy intervention in phase I cardiac rehabilitation. Clinics. 2005; 60 (6): 465-72.

  4. Carvalho JBR, Ferreira DLMP, Antunes LCO, Carvalho SMR, Silva MAM. Evolução das pressões e volumes pulmonares na cirurgia cardíaca. Salusvita. 2003; 22 (1): 85-98.

  5. Barbosa RAG, Carmona MJC. Avaliação da função pulmonar em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea. Rev Bras Anestesiol. 2002; 52 (6): 689-99.

  6. Feitosa KP, Ramos FF, Nascimento IM. Correlação dos fatores de risco clínicos e cirúrgicos com tempo de ventilação mecânica no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. [Monografia] Pernambuco: Faculdade Integrada do Recife; 2003.

  7. Leguisamo CP, Kalil RAK, Furlani AP. A efetividade de uma proposta fisioterapêutica pré-operatório para cirurgia de revascularização do miocárdio. J Brás Cir Cardiovasc.2005; 20 (2): 134-41.

  8. Lima R, Diniz R, Césio A, Vasconcelos F, Gesteira M, Menezes A, et al. Revascularização miocárdica em pacientes octagenários: estudo comparativo entre pacientes operados com e sem circulação extracorpórea. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2005; 20 (1): 8-13.

  9. Guizilini S, Gomes WJ, Faresin SM, Bolzan DW, Alves FA, Catani R, et al. Avaliação da função pulmonar em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio com e sem circulação extracorpórea. J Bras Cir Cardiovasc. 2005; 20 (3): 310-16.

  10. Neder JA, Andreoni S, Lerario MC, Nery LE. Reference values for lung function tests. III. Maximal respiratory pressures and voluntary ventilation. Brasilian J Med Biol Research. 1999; 32(6): 719-27.

  11. Silva AB, Lorenzo P, Oliveira CR, Luzzi S. Comportamento da função pulmonar e da função muscular respiratória em pacientes submetidos à revascularização do miocárdio e a intervenção fisioterapêutica. Rev Bras Terap Intens. 2004; 16 (3): 155-59.

  12. Junior MAS, Soares PPS, Nóbrega ACL, Moreno AM. Avaliação longitudinal no pré e pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdica: impacto sobre a função pulmonar. [Abstract]. Rev. bras. fisioter. 2006; (Suppl): 47.

  13. Cramer AS. Avaliação da força muscular respiratória em amplitude torácica no pré e pós-operatório de revascularização do miocárdio [Abstract]. Rev. bras. fisioter. 2006; (Suppl): 2.

  14. Weiner P, Zeidan F, Zamir D, Pelled B, Waizman J, Beckerman M, et al. Prophylactic inspiratory muscle training in patients undergoing coronary artery bypass graft. World J Surg. 1998; 22 (5): 427-31.

  15. Giacomazzi CM, Lagni VB, Monteiro MB. A dor pós-operatória como contribuinte do prejuízo na função pulmonar em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Braz J Cardiovasc Surg. 2006; 21(4): 386-92.

  16. Kristjansdottir A, Ragnarsdottir M, Hannesson P, Beck HJ, Tarfason B. Chest wall motion and pulmonary function are more diminished following cardiac surgery when the internal mammary artery retractor is used. Scand Cardiovasc J. 2004; 38: 369-74.

  17. Ragnarsdottir M, Kristjansdottir A, Ingvarsdottir I, Hannesson P, Torfason B, Chalin P. Short-term changes in pulmonary function and respiratory movements after cardiac surgery via median sternotomy. Scand Cardiovasc J. 2004;38: 46-52.

  18. Nasrala MLS, Junior APC, Tosi DM, Fernandes GS. Avaliação da Pimáx, Pemá e capacidade vital em pacientes antes e após cirurgia cardíaca com esternotomia mediana. [Abstract]. Rev. bras. fisioter. 2006; (Suppl): 59

  19. Magnusson L, Zemgulis V, Wicky S, Tyden H, Thelin S, Hedenstierna G. Atelectasis is a mayor cause of hypoxemia and shunt after cardiopulmonary bypass. Anesthesiology. 1997; 87 (5): 1153-63.

  20. Nardi C, Otranto CPM, Piaia IM, Fantini B, Forti MP. Avaliação da força muscular respiratória e função pulmonar em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea. [Abstract]. Rev. bras. fisioter. 2006; (Suppl): 161

  21. Moraes C, Andrade DFA, Alcoforado L, Galindo VCF, Lima APC, Correia MA, Dornelas AA, et al. Estudo do comprometimento da função pulmonar e da força muscular respiratória em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. [Abstract]. Rev. bras. fisioter. 2006; (Suppl): 53

  22. Conti VR. Pulmonary, injury alter cardiopulmonary bypass. Chest. 2001; 119 (1): 2-4.

  23. Quadrelli AS, Montiel G, Roncoroni AJ, Raimondi A. Complicaciones respiratorias em el postoperatorio imediato de la cirurgia coronária. Medicina. 1997; 57 (6): 742-54.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 167 | Buenos Aires, Abril de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados