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A influência do teste anaeróbio de Wingate no tempo de reação simples

La influencia del test anaeróbico de Wingate en el tiempo de reacción simple

 

Acadêmico de Educação Física, Laboratório

de Pesquisa em Desempenho Humano (LAPEDH)

Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID)

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

(Brasil)

Kayo Leonardo Pereira

Amadeo Félix Salvador

Felipe Domingos Lisbôa

kayoleonardo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo: Investigar o efeito do teste anaeróbio de Wingate sobre a performance de tempo de reação simples. Amostra: 8 sujeitos ativos (7 homens e 1 mulher) com idade média de 24 ± 4,2 anos e massa corporal média de 73 ± 12,9 kg. Métodos: Foi feito um aquecimento a 35 W com um sprint máximo de 3s no 3º e 4º minuto. Após 5 minutos de repouso foi realizado um teste Wingate com resistência equivalente a 7,5% da massa do indivíduo. As medidas de TR visual simples foram aferidas antes do aquecimento (TR1), depois do aquecimento (TR2) e antes do Wingate (TR3) e depois do Wingate (TR4). Resultados: O teste de Wilcoxon revelou diferença significativa entre TR3 e TR4, porém não houve diferença significativa entre TR1 e TR2. Conclusões: O teste anaeróbio de Wingate alterou negativamente a performance do tempo de reação simples, diferentemente do aquecimento que não teve efeito significativo sobre o tempo de reação.

          Unitermos: Tempo de reação simples. Exercício intenso. Wingate.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O tempo de reação (TR) é uma medida importante de performance. Ele representa o tempo que o indivíduo leva para tomar decisões e iniciar ações, refletindo sua velocidade de processamento. O TR é o tempo que leva entre a apresentação do estímulo e o início da resposta(1). Segundo Magill(2) o TR simples é quando é apresentado apenas um tipo de estímulo e há apenas um tipo de resposta compatível. O TR é uma capacidade física importante nas reações aos ataques e pegadas de um adversário em lutas, nos deslocamentos de esportes em quadra e nas saídas de bloco no atletismo(3).

    Devido a sua importância nos esportes têm-se a necessidade de investigar a relação do TR com o exercício físico. Estudos na literatura apontam um efeito benéfico do exercício físico sobre o tempo de reação(4-8), porém poucos estudos abordam o efeito do exercício intenso no TR. Para o presente estudo foi escolhido o Teste anaeróbico de Wingate, ou simplesmente Wingate como é conhecido, desenvolvido durante a década de 1970 no Instituto Wingate em Israel(9) conforme Beneke et al(10) é considerado um exercício de alta intensidade envolvendo esforços de grande intensidade. O teste anaeróbio de Wingate tem duração de 30 segundos, durante a qual o indivíduo que está sendo avaliado tenta pedalar o maior número possível de vezes contra uma resistência fixa, objetivando gerar a maior potência possível nesse período de tempo(9).

Métodos

    O estudo foi feito com 8 sujeitos ativos(7 homens e 1 mulher) com idade média de 24 ± 4,2 anos e massa corporal média de 73 ± 12,9 kg. Foi utilizado um cicloergometro de frenagem mecânica. O aquecimento consistiu em pedalar 5 minutos em 35 W com um sprint máximo de 3s no 3º e 4º minuto do aquecimento. Após 5 minutos de repouso foi realizado um teste wingate com resistência equivalente a 7,5% da massa do indivíduo. As medidas de TR foram aferidas antes do aquecimento(TR1), depois do aquecimento(TR2) e antes do Wingate(TR3) e depois do Wingate(TR4). Tempo de reação foi medido com um software que apresenta um estímulo visual em freqüência aleatória e calcula o tempo entre a apresentação do estímulo e a resposta gerada pelo clique do botão mouse realizado pelo sujeito. Foi utilizada a média de 5 medidas de tempo de reação visual simples para cada estágio.

Resultados

    Os dados de tempo de reação individual correspondentes as quatro aferições são apresentados na Tabela 1. Em função dos dados serem não-paramétricos foi utilizado o teste de Wilcoxon entre TR1 e TR2 para investigar o efeito do aquecimento sobre o tempo de reação simples e entre TR3 e TR4 para investigar o efeito do teste anaeróbio de Wingate sobre o tempo de reação. Com base nestes obteve-se diferença significativa (p=0,069) somente entre TR3(0,225 ± 0,025) e TR4(0,270 ± 0,038) (Figura 1).

Tabela 1. Tempo de reação individual dos sujeitos nos quatro testes

 

*Diferença significativa em relação a TR4. p < 0,07

Figura 1. Mediana dos tempos de reação dos sujeitos nos quatro testes.

Discussão

    Na literatura vários estudos demonstram um efeito benéfico do exercício físico sobre o tempo de reação. Davranche(4-8) obteve em seus estudos uma melhora no tempo de reação durante a execução de exercícios sub-máximos (40%, 50% da potência aeróbia máxima e 90% da potência do limiar ventilatório). Chmura e Nazar(11) afirmam que durante o exercício incremental o tempo de reação diminui gradualmente com o aumento da intensidade até 60-80% da carga máxima de trabalho, depois aumenta rapidamente. No presente estudo foi encontrada diferença significativa entre TR3 e TR4 que demonstra uma redução na performance do tempo de reação simples após ter sido realizado o Wingate. Esta redução da performance pode ter sido ocasionada pela fadiga do sistema nervoso central (SNC). A fadiga central que ocorre durante o exercício exaustivo pode estar diretamente relacionada com os fatores que prejudicam o SNC mental e/ou as funções regulatórias, como: redução do fluxo sanguíneo cerebral, hipertermia, hipoglicemia ou hiperamonemia(11)­. de Lima(12) investigou a influência da concentração de lactato sanguíneo no tempo de reação após o estímulo de luta, não encontrando correlação entre a concentração de lactato sanguíneo e tempo de reação. Ainda poucos estudos abordam a relação do tempo de reação com o exercício intenso, o que limita a discussão sobre o assunto. São necessário mais estudos que contemplem a relação do exercício intenso com a performance do tempo de reação.

Conclusão

    O teste anaeróbio de Wingate alterou negativamente a performance do tempo de reação visual simples, diferentemente do aquecimento que não teve efeito significativo sobre o tempo de reação.

Referências

  1. SCHMIDT RA, WRISBERG CA. Aprendizagem e performance motora. 2a ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

  2. MAGILL RA. Aprendizagem motora conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Blücher, 2000.

  3. DA SILVA MASM, DE LIMA EV, DE CARVALHO FAS. A relevância do tempo de reação em modalidades esportivas In: XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação. Urbanova, 2007.

  4. DAVRANCHE K, BURLE B, AUDIFFREN M, HASBROUCQ T. Physical exercise facilitates motor processes in simple reaction time performance: An electromyographic analysis. Neuroscience Letters. n. 396, p. 54–56, 2006.

  5. JOYCE J, GRAYDON J, MCMORRIS T, DAVRANCHE K. The time course effect of moderate intensity exercise on response execution and response inhibition. Brain and cognition. n. 71, p.14-19, 2009.

  6. DAVRANCHE K, HALL B, MCMORRIS T. Effect of acute exercise on cognitive control required during an Eriksen flanker task. Journal of Sport and Exercise Psychology. n. 31, p. 628-639, 2009.

  7. DAVRANCHE K, AUDIFFREN M. Facilitating effects of exercise on information processing. Journal of Sports Science. n. 22, p. 419–428, 2004.

  8. DAVRANCHE K, AUDIFFREN M, DENJEAN A. A distributional analysis of the effect of physical exercise on a choice reaction time task. Journal of Sports Science. n. 24, p. 323-332, 2006.

  9. FRANCHINI E. Teste anaeróbio de wingate: conceitos e aplicação. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. n. 1, p. 11-27, 2002.

  10. BENEKE R, HÜTLER M, JUNG M, LEITHÄUSER RM. Modeling the blood lactate kinetics at maximal short-term exercise conditions in children, adolescents, and adults. Journal of Applied Physiology. n. 99, p.499-504, 2005.

  11. CHMURA J, NAZAR K. Parallel changes in the onset of blood lactate accumulation (OBLA) and threshold of psychomotor performance deterioration during incremental exercise after training in athletes. International Journal of Psycophysiology. n. 75, p. 287-90, 2010.

  12. DE LIMA, E V, TORTOZA C, DA ROSA LCL, LOPES-MARTINS RAB. Estudo da correlação entre a velocidade de reação motora e o lactato sanguíneo, em diferentes tempos de luta no judô. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. n. 10, p. 339-343, 2004.

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