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Interferência do soro caseiro em diferentes períodos de ingestão

previamente a um exercício aeróbio com atletas de natação

Interferencia de suero casero en diferentes períodos de la ingestión antes de un ejercicio aeróbico con atletas de natación

Interference of homemade serum in different periods of ingestion prior to an aerobic exercise with swimming athletes

 

*Bolsista pelo Programa Externo de Bolsas de Iniciação Científica (PEBIC)

Fundação Araucária - Universidade Paranaense – UNIPAR – Pr

**Bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC)

Universidade Paranaense – UNIPAR – Pr

***Professora Titular dos cursos de Educação Física e Nutrição

Universidade Paranaense - UNIPAR – PR

Larisse Daniela Hoffmann*

Juliano Henrique Borges**

Nicolly Patrícia Gregório**

Telma Aparecida Costa***

laryhoffmann@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Os objetivos do estudo foram verificar os efeitos do consumo prévio de soro caseiro sobre as concentrações glicêmicas e o desempenho de atletas de natação de ambos os sexos, assim como comparar os períodos de tempo de ingestão da substância previamente a um exercício aeróbio. Participaram do estudo 11 atletas de natação, sendo crianças e adolescentes saudáveis, cinco do sexo masculino (11,0 ± 0,87 anos) e seis do sexo feminino (12,5 ± 1,36 anos). O experimento constituiu-se de três fases: 1) ingestão de solução placebo 20 min antes do exercício; 2) ingestão de solução de soro caseiro 15 min antes do exercício; 3) ingestão de solução de soro caseiro 20 min antes do exercício. O protocolo constituiu-se de 10 min de nado livre na intensidade próximo ao limiar anaeróbio individual dos atletas. A ingestão do soro caseiro previamente ao exercício aeróbio em diferentes períodos de tempo (15 ou 20 min antes do exercício) não promoveram diferenças significativas nos níveis glicêmicos e desempenho dos atletas de ambos os sexos. Embora não tenha sido observada diferença significativa nos valores médios de desempenho dos atletas, a ingestão do soro caseiro promoveu melhoria nas marcas individuais da maioria dos atletas, especialmente para os atletas do sexo masculino com maior ênfase para o período de 15 min de ingestão antes do exercício.

          Unitermos: Atletas. Glicemia. Natação.

 

Resumen

          Los objetivos del estudio fueron verificar los efectos del consumo previo de suero casero en las concentraciones de la glucemia y el rendimiento de los atletas de natación de ambos sexos, así como comparar los períodos de tiempo de la ingestión de la sustancia antes de un ejercicio aeróbico. En el estudio participaron 11 atletas de natación, niños y adolescentes sanos, cinco varones (11,0 ± 0,87 años) y seis mujeres (12,5 ± 1,36 años). El experimento consistió en tres fases: 1) la ingestión de una solución de placebo 20 minutos antes del ejercicio, 2) la ingestión de una solución de suero casero 15 minutos antes del ejercicio, 3) la ingestión de una solución de suero casero 20 minutos antes del ejercicio. El protocolo consistió en 10 minutos de natación en estilo libre a una intensidad cercana al umbral anaeróbico individual de los atletas. La ingestión de suero casero antes de los ejercicios aeróbicos en los diferentes períodos de tiempo (15 ó 20 minutos antes del ejercicio) no promueve diferencias significativas en los niveles de la glucemia y el rendimiento de los atletas de ambos sexos. Aunque no hubo diferencias significativas en el rendimiento promedio de los deportistas, la ingesta de suero casero mejoró las marcas individuales de la mayoría de los atletas, especialmente para los atletas varones con mayor énfasis en el período de 15 minutos de la ingestión antes del ejercicio.

          Palabras clave: Atletas. Glucemia. Natación.

 

Abstract

          The aims of the study were to verify the effects of prior consumption of homemade serum on blood glucose concentrations and performance of swimming athletes of both sexes, as well as compare the periods of time of substance ingestion prior to an aerobic exercise. The study included 11 athletes from swimming, children and teenagers being healthy, five of male sex (11,0 ± 0,87 years) and six of female sex (12,5 ± 1,36 years). The experiment consisted of three phases: 1) ingestion of placebo solution 20 min before exercise; 2) ingestion of homemade serum solution 15 min before exercise; 3) ingestion of homemade serum solution 20 min before exercise. The protocol was consisting of 10 min of swim in freestyle in the intensity close to individual anaerobic threshold of the athletes. The ingestion of homemade serum prior to aerobic exercise at different periods of time (15 or 20 min before exercise) did not promote significant differences in blood glucose levels and performance of athletes in both sexes. Although no significant difference in mean performance of athletes, the ingestion of homemade serum improved the individual brands of most athletes, especially for athletes of male sex with greater emphasis on the period of 15 min of ingestion before exercise.

          Keywords: Athletes. Blood glucose. Swimming.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A natação é uma modalidade desportiva que consiste em deslocar-se no meio líquido, exigindo esforços físicos que resultam em gasto energético. Para obtenção de energia o corpo humano utiliza carboidratos (CHO), proteínas (PTN) e lipídios (LIP). Segundo a Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, a necessidade de macronutrientes para atletas, diferencia-se das recomendações para indivíduos sedentários. A ingestão diária recomendada para atletas é de 60% a 70% das suas calorias oriundas dos CHO, 10% a 15% das PTN e 20% a 30% dos LIP (HERNANDEZ et al., 2009; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). Entretanto, essas recomendações são para indivíduos adultos. Crianças fisicamente ativas diferem das sedentárias e de adultos em aspectos fisiológicos, metabólicos e biomecânicos (Bar-Or, 2001).

    A síntese do glicogênio é o processo pelo qual a glicose é polimerizada e acumulada nas células em quantidades variáveis de acordo com o tipo celular, funcionando como depósito de energia acessível à célula (LIMA et al., 2003).

    Segundo Wolinsky e Hiockson Jr (2002), a quantidade média total de glicogênio armazenado no músculo é de 300 a 400 g, sendo maior que a hepática que é de 80 a 90 g. Entretanto, devido à massa geral ser substancialmente maior no músculo esquelético, há uma concentração maior de glicogênio no fígado (até 6%), comparado ao músculo esquelético, cuja contribuição é inferior a 1%. Em decorrência disso, o glicogênio muscular é a fonte primária de energia podendo se exaurir de acordo com a intensidade e duração do exercício.

    A medida que a intensidade do exercício aumenta os níveis de glicogênio muscular diminuem, sendo utilizada glicose sanguínea e glicogênio hepático (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001). Altas reservas de glicogênio muscular propiciam um nível maior de energia ao organismo e muitas vezes auxiliam no protelamento do início da fadiga muscular.

    A ingestão de CHO durante o exercício prolongado melhora o desempenho e pode retardar a fadiga nas modalidades esportivas que envolvem exercícios intermitentes e de alta intensidade. A ingestão de CHO previne a queda da glicemia após duas horas de exercício (HERNANDEZ et al., 2009). Desta forma, é importante para o atleta manter um bom aporte de CHO em sua alimentação, a fim de evitar queda da glicemia e melhorar seu desempenho durante o exercício físico. Pois o carboidrato é uma macromolécula que após passar pelo processo de digestão é degradado em glicose, e liberado na corrente sanguínea.

    Apesar da importância do uso dos CHO, ainda existem divergências entre pesquisadores quanto a forma de utilizá-los como recursos nutricionais, tanto em quantidades, tipos (alto, moderado ou baixo índice glicêmico) ou horários adequados para melhor eficácia.

    O município de Toledo possui várias modalidades desportivas de destaque, um exemplo disso é a equipe de natação que possui 11 atletas incluindo crianças e adolescentes, que vêm se destacando em competições a nível estadual. Já foram realizados alguns estudos com esta equipe utilizando maltodextrina, o que torna importante o desenvolvimento do presente estudo, uma vez que o soro caseiro é classificado como bebida de carboidrato simples e com alto índice glicêmico (BORGES et al., 2009; BORGES et al., 2011).

    Diante destas premissas, os objetivos do presente estudo foram verificar os efeitos do consumo prévio de soro caseiro sobre as concentrações glicêmicas e o desempenho de atletas de natação de ambos os sexos, assim como comparar os períodos de tempo de ingestão da substância previamente a um exercício aeróbio.

Materiais e métodos

Amostra

    Este estudo é caracterizado como transversal e randomizado. Todos os procedimentos, aos quais os participantes foram submetidos foram aprovados pelo comitê de ética de pesquisa em seres humanos (CEPEH) da Universidade Paranaense (protocolo nº 0515.0.375.000-08). Após apresentação de um termo de consentimento informando sobre os riscos e benefícios do estudo, e autorização formal dos pais ou responsável concordando com a participação de seus dependentes, em que 11 nadadores considerados crianças e adolescentes saudáveis, sendo cinco indivíduos do sexo masculino entre 10 e 12 anos e seis do sexo feminino com idade entre 12 e 15 anos, integrantes de uma escola de natação do município de Toledo – Pr, participaram deste estudo.

    Os atletas foram subdivididos em dois grupos: grupo feminino (GF) e grupo masculino (GM) para avaliação por sexo.

Medidas antropométricas

    Para análise antropométrica, mensurou-se a massa corporal, estatura e as pregas cutâneas triciptal (PCT) e subescapular (PCSE), conforme descrição de Duarte e Castellani (2002). A massa corporal foi aferida por meio de uma balança eletrônica científica com capacidade de 200 kg, da marca Plena®, e a estatura foi obtida em um estadiômetro da marca Sanny® com precisão de 0,1 cm e aferição máxima de 2 m. Todos os indivíduos foram avaliados descalços e vestindo apenas traje de banho (maiô ou sunga).

    Para avaliação do estado nutricional calculou-se o índice de massa corporal (IMC), através do fracionamento do peso corporal / estatura², a unidade do peso corporal foi em quilogramas (kg) e da estatura em metro (m).

    A composição corporal dos atletas foi obtida por meio de duas pregas cutâneas: PCT e PCSE conforme Slaughter et al. (1998). A coleta foi realizada em triplicata para assim obter média ponderal. Tais medidas foram realizadas por um único avaliador com um adipômetro científico da marca Cescorf®.

    A gordura corporal relativa (%G) foi calculada a partir da estimativa de densidade corporal determinada pelas equações propostas por Slaughter et al. (1998) para crianças e adolescentes, em que os mesmos são classificados em estágios puberal (pré-púberes, púberes e pós-púberes), de acordo com idades, principais características do crescimento e compleição corporal. A classificação do estado puberal foi realizada de acordo com o sexo e o estágio de maturação sexual.

Consumo alimentar e dieta

    Avaliou-se o consumo alimentar por meio do método de Anamnese Alimentar, em que foram entrevistados os participantes e estes relataram o que costumam comer em cada horário, assim como a qualidade da alimentação. Com esses dados foi calculado um cardápio alimentar para cada atleta seguindo o método da FAO/OMS/ONU (1998) em que se leva em consideração a taxa de metabolismo basal (TMB) e o fator atividade. A distribuição dos macronutrientes foi de 60% a 70% de CHO, 10% a 15% de PTN e 20% a 30% de LIP (HERNANDEZ et al., 2009; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).

    Uma semana antes dos testes, os atletas receberam este cardápio personalizado que foi seguido durante todos os dias de teste a fim de evitar variações nos resultados decorrentes de modificações na alimentação.

Glicemia

    A glicemia foi analisada antes da ingestão do soro caseiro, imediatamente antes e após o exercício. Coletou-se uma gota de sangue do lobo auricular ou da região da polpa digital e colocada na curva da tira de teste Accu-Check® Advantage II, conforme Arruda et al. (2006). Após alguns segundos o resultado foi obtido no monitor do aparelho na unidade mg/dL, em que foi utilizado um glicosímetro da marca Accu-Check® Advantage.

Teste experimental

    Após 05 min de aquecimento deu-se sequência aos testes que se constituíam em nadar no estilo livre durante 10 min em piscina demarcada, com a temperatura da água próxima de 28,0 ºC. Os atletas foram orientados a nadar na intensidade próxima ao seu limiar anaeróbico. Dados obtidos em testes preliminares, não constando neste artigo.

    Foi coletado o percurso de cada atleta após os 10 min de nado. O desempenho dos atletas foi representado pela grandeza comprimento (m), percorrido durante este período.

Delineamento experimental

    O experimento constituiu-se de três fases, sendo que as coletas de cada fase foram realizadas sempre no mesmo dia da semana em que os atletas treinavam, nesta mesma sequência:

  • Experimento 1 = controle (C20), ambos os grupos receberam 250 mL de solução placebo (água + adoçante + suco dietético de morango) 20 min antes do início do exercício;

  • Experimento 2 = Soro caseiro (SC20), ambos os grupos receberam 250 mL de solução de soro caseiro combinado com suco dietético de morango 20 min antes do início do exercício;

  • Experimento 3 = Soro caseiro (SC15), ambos os grupos receberam 250 mL de solução de soro caseiro combinado com suco dietético de morango 15 min antes do início do exercício.

    Para evitar erros na concentração, o soro caseiro foi preparado de acordo com as recomendações do United Nations Children's Fund (UNICEF), em que preconiza a utilização de uma colher-padrão (disponível em todo posto de saúde) que apresenta as medidas para a preparação do soro: duas medidas rasas de açúcar (medida maior da colher-padrão); uma medida rasa de sal (medida menor da colher-padrão); um copo (200 mL) de água filtrada e/ou fervida. Para melhor palatabilidade adicionou-se suco dietético sabor morango. As soluções foram preparadas imediatamente antes de serem utilizadas.

Análise estatística

    O tratamento estatístico dos dados foi realizado por meio da análise descritiva de todas as variáveis, em que os valores estão expressos na média ± desvio padrão (x ± DP). Para analisar as possíveis diferenças entre os testes C20, SC20 e SC15 em relação aos níveis de glicose e desempenho antes e após o exercício em ambos os sexos, foi utilizado o teste de Tukey, com auxílio do software GraphPad Instat versão 2.01 (San Diego, CA, EUA). O nível de significância adotado foi de 5% com um grau de confiabilidade de 95%.

Resultados

Caracterização da amostra

    A tabela 1 apresenta as características antropométricas da amostra, em que são apresentados os valores médios e de desvios padrão referentes a massa corporal, estatura, idade, IMC e (%G).

Tabela 1. Valores médios e de desvios padrão das características

antropométricas do grupo masculino (GM) e feminino (GF)

Avaliação dietética

    A tabela 2 demonstra a distribuição de macronutrientes da dieta que os atletas seguiram antes e durante os dias de teste. Para o cálculo das dietas levou-se em consideração a Anamnese e as suas necessidades energéticas considerando o fator atividade que foi calculado. Os resultados dos macronutrientes (CHO, PTN e LIP) e volume calórico total (VCT) estão expressos em média e separados por sexo.

Tabela 2. Valores médios e de desvios padrão de calorias e distribuição de

macronutrientes das dietas elaboradas para os nadadores de ambos os sexos

Glicemia

    As figuras 1 e 2 apresentam os valores da glicemia no repouso nos experimentos controle e com suplementação do soro caseiro (separados por sexo). Os resultados demonstram que não foram evidenciadas alterações significativas nesta variável para ambos os sexos, o que mostra que a dieta foi eficiente na manutenção desta variável evitando flutuações da mesma.

Figura 1. Valores de glicemia obtidos em repouso, na condição C20 (Média = 110,00 ± 20,28 mg/dL),

 SC20 (Média = 96,66 ± 7,03 mg/dL) e SC15 (Média = 98,16 ± 7,44 mg/dL), para o GF (n = 6). 

Não foi observada diferença significativa (p = 0,1900)

 

Figura 2. Valores de glicemia obtidos em repouso, na condição C20 (Média = 116,80 ± 16,84 mg/dL), 

SC20 (Média = 103,20 ± 7,36 mg/dL) e SC15 (Média = 116,20 ± 33,75 mg/dL) para o GM (n = 5). 

Não foi observada diferença significativa (p = 0,4514)

    As figuras 3 e 4 apresentam os valores da glicemia após a ingestão das soluções de acordo com o GF e GM. Não foi encontrada diferença entre os experimentos em ambos os sexos.

Figura 3. Valores de glicemia obtidos após a ingestão das soluções, na condição C20 (Média = 110,83 ± 18,90 mg/dL), 

SC20 (Média = 116,16 ± 6,88 mg/dL) e SC15 (Média = 115,33 ± 10,32 mg/dL), para o GF (n = 6). 

Não foi observada diferença significativa (p = 0,7526)

 

Figura 4. Valores de glicemia obtidos após a ingestão das soluções, na condição C20 (Média = 114,00 ± 17,38 mg/dL), 

SC20 (Média = 111,00 ± 9,77 mg/dL) e SC15 (Média = 128,80 ± 9,41 mg/dL), para o GM (n = 5). 

Não foi observada diferença significativa (p = 0,1101)

    Os valores da glicemia aferidos após o exercício aeróbio referente aos três experimentos foram evidenciados nas figuras 5 e 6. Os resultados demonstram que também não houve alterações significativas na glicemia para ambos os sexos. Entretanto, a suplementação demonstrou uma tendência à diminuição desta variável para o GF.

Figura 5. Valores de glicemia obtidos após o exercício, na condição C20 (Média = 102,83 ± 28,10 mg/dL), 

SC20 (Média = 90,66 ± 20,33 mg/dL), e SC15 (Média = 87,66 ± 20,48 mg/dL), para o GF (n = 6). 

Não foi observada diferença significativa (p = 0,5049)

 

Figura 6. Valores de glicemia obtidos após o exercício, na condição C20 (Média = 91,00 ± 21,19 mg/dL), 

SC20 (Média = 91,20 ± 13,46 mg/dl), e SC15 (Média = 78,80 ± 10,70 mg/dL), para o GM (n = 5).

 Não foi observada diferença significativa (p = 0,2927)

Desempenho

    Os resultados obtidos durante a realização dos testes (10 min de nado livre) revelaram que a ingestão do soro caseiro não promoveu alterações significativas no desempenho em ambos os sexos (figura 7 e 8).

Figura 7. Rendimento dos atletas do GF (n = 6), na condição C20 (Média = 641,50 ± 87,64 m), 

SC20 (Média = 648,16 ± 85,04 m), e SC15 (Média = 633,67 ± 77,20 m). 

Não foi observada diferença significativa (p = 0,9557)

 

Figura 8. Rendimento dos atletas do GM (n = 5), na condição C20 (Média = 536,80 ± 111,34 m), 

SC20 (Média = 577,00 ± 89,82 m), SC15 (Média = 590,80 ± 93,74 m). 

Não foi observada diferença significativa (p = 0,9125).

    Nas tabelas 3 e 4, observa-se o aumento do desempenho isoladamente entre os atletas. No GF no experimento SC20, 83% das atletas aumentaram o desempenho, embora não tenha diferença significativa. Quando este mesmo grupo foi submetido ao SC15, apenas 50% melhoraram o desempenho. No GM, tanto com o SC20 como SC15, houve um aumento no desempenho de 80% dos atletas, embora não haja diferença significativa.

Tabela 3. Comportamento do desempenho considerando as marcas individuais do GF (n = 6)

 

Tabela 4. Comportamento do desempenho considerando as marcas individuais do GM (n = 5)

Discussão

Glicemia

    A ingestão de soro caseiro tanto no experimento SC20 quanto SC15 não promoveram diferenças significativas na glicemia para ambos os sexos, quando analisados em repouso, imediatamente antes e após o exercício.

    Os CHO são importantes substratos energéticos para a contração muscular durante o exercício. O glicogênio muscular e a glicose sanguínea, derivada do fígado são utilizados como fontes energéticas primárias durante a prática de exercícios físicos predominantemente aeróbios ou anaeróbios (CYRINO; ZUCAS, 1999).

    As figuras 1 e 2 mostraram que não ocorreram alterações significativas na glicemia dos atletas estudados, o que demonstra que a dieta elaborada foi eficiente na manutenção da glicemia, evitando assim hiperinsulinemia. A hiperinsulinemia é prejudicial para o atleta, pois aumenta a secreção de insulina, que causa hipoglicemia, podendo levar o atleta a sentir tonturas, náuseas, seguidas pela cessação do exercício (POWERS; HOWLEY, 2005).

    Observa-se nas figuras 3 e 4, que mesmo após a ingestão do suplemento não ocorreu elevação significativa na glicemia para ambos os sexos. O que seria interessante visto que um aumento na concentração de glicose sanguínea torna-se importante para melhoria no desempenho, pois embora nos primeiros minutos de exercício quando a utilização de oxigênio não consegue atender a demanda energética, o glicogênio muscular torna-se fonte primária de energia, a medida que o exercício progride a glicose sanguínea passa a suprir 30% da energia total que o músculo ativo necessita (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001).

    Como o organismo não digere e nem absorve todos os CHO com a mesma velocidade, um mecanismo denominado índice glicêmico foi desenvolvido para avaliar o efeito dos CHO sobre a glicose sanguínea (RUFFO, 2004). O índice glicêmico é um indicador qualitativo da capacidade de um CHO elevar os níveis sanguíneos de glicose. O aumento no açúcar sanguíneo (resposta glicêmica) é determinado após a ingestão de um alimento que contenha 50 g de CHO e comparando-o durante um período de 2 h a um “padrão” para o carboidrato (glicose), que possui um valor hipotético de 100. Assim, um alimento com um índice glicêmico de 45 indica que, ao ingerir 50 g de tal alimento consegue-se elevar a concentração sanguínea da glicose até níveis que alcançam 45%, em comparação com 50 g de glicose (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001). Desta forma o índice glicêmico pode ser usado como um guia de referências para a seleção do suporte nutricional adequado em CHO para os esportistas (RUFFO, 2004). O soro caseiro tem um índice glicêmico alto, pois contém sacarose em sua composição. E ao contrário do que afirma a literatura, o soro caseiro considerado um carboidrato simples, manteve a glicemia dos atletas no presente estudo, não ocasionando hipoglicemia e mantendo o desempenho dos mesmos durante o exercício (HARGREAVES et al., 1985).

    Pelo fato da glicose ser o combustível primário na produção de energia, devem estar em uma faixa de concentração que varie entre 5-10%, objetivando melhorar o esvaziamento gástrico, repor os estoques corpóreos de glicogênio e manter a glicemia; associados à baixas concentrações de sódio, facilitam a reidratação (BRITO, 2003). No presente estudo, embora o soro administrado tenha alcançado 10% de concentração glicídica que seria o ideal, os resultados apontam que não houve aumento glicêmico significativo, nem aumento no desempenho físico.

    De acordo com Viebig e Nacif (2006), antes do treino deve-se evitar alimentos ricos em CHO simples, de elevado índice glicêmico, pois os mesmos podem ocasionar o aumento da secreção de insulina seguida de hipoglicemia, podendo levar o atleta a sentir tonturas e náuseas, o que não foi constatado no presente estudo, já que os atletas fizeram ingestão de CHO simples.

    Corroborando com os resultados do presente estudo, Ferrari (2008) observou em seu estudo com jogadores de futsal que a ingestão de soro caseiro durante exercícios aeróbicos progressivos em esteira, manteve a glicose sanguínea em níveis estáveis quando comparado com bebida isotônica comercial. Assim como neste estudo, a glicemia manteve-se estável, apesar do soro caseiro ser composto por CHO simples, que poderia levar a hipoglicemia como citado acima.

    Segundo Bar-Or (2000) a adição de açúcar e uma pequena quantidade de sal à bebida estimulam a sede e consequentemente aumenta o consumo de líquidos, é o que acontece com bebidas isotônicas e por isso são mais consumidas que água e sucos de frutas diluídos. O soro caseiro é uma bebida isotônica (carboidrato simples - 10% - e sódio), e apesar de estar dentro das condições ideais, não elevou significativamente a glicemia dos atletas deste estudo. Porém, também não reduziu o que causaria uma hipoglicemia e que poderia prejudicar o desempenho.

    Nas figuras 5 e 6 observa-se uma diminuição não significativa da glicemia após o exercício no SC15 em que o GF resultou em média de 87,66 ± 20,48 mg/dL e o GM 78,8 ± 10,70 mg/dL. O esforço pode ter sido a causa da redução dos níveis de glicose após os 10 min de nado livre no SC15, pois os atletas no GM aumentaram o percurso nadado de forma não significativa, mas que pode explicar que o aumento da intensidade talvez seja a causa da redução na glicemia neste grupo.

Desempenho

    O soro caseiro não promoveu diferença significativa no desempenho em relação a indicativos de melhoria, tanto para o SC20 e SC15 em relação a C20 para ambos os sexos, porém apresentou uma tendência de aumento para o SC15 no GM.

    O desempenho de nadadores é influenciado pela capacidade de gerar força propulsora e minimizar a resistência ao avanço no meio líquido (SCNEIDER; MEYER, 2005). De acordo com Delgado et al. (2004) a ingestão de CHO antes, durante e depois do exercício pode conduzir a melhorias no desempenho atlético. Dessa forma não só a equação alimentar como também a suplementação está associada a melhoria no desempenho.

    Luft e Krug (2003) constataram em seu estudo que a ingestão de uma solução que continha 6% de sacarose, não influenciou na velocidade do nado, e segundo ele o principal fator limitante para a diminuição no ritmo do nado seria a produção de lactato, que se caracteriza pela elevação de acidose metabólica em que a dor se torna tão grande que obriga os nadadores a reduzirem o ritmo.

    No estudo de Sapata; Fayh e Oliveira (2006) o consumo de bebidas de alto índice glicêmico composta por CHO simples e complexo (glicose e maltodextrina, respectivamente), não foram capaz de alterar o desempenho de seus atletas voluntários. Esses resultados vão de encontro com os achados no presente estudo para os atletas de ambos os sexos. Porém, quando se observa isoladamente o desempenho individual (tabelas 4 e 5) nota-se melhorias nas marcas individuais dos atletas, o que faz diferença em provas competitivas.

    Quando comparadas soluções com baixo e alto índice glicêmico com placebo, foi demonstrado que a ingestão de CHO com alto índice glicêmico, promoveu aumento na utilização de CHO durante o exercício, porém, também sem efeitos no desempenho, assim como nos resultados obtidos nos testes administrados neste estudo (BURKE et al., 2000; FEBBRAIO et al., 2000).

    Quanto ao desempenho e fadiga, Lima et al. (2003) afirmam que o desempenho de resistência poderia ser melhorado pela ingestão de CHO, e que a alimentação à base de CHO não previne a fadiga durante o exercício de intensidade moderada, mas apenas a retarda por 30 a 60 min. Já para Jeukendrup (2008), a ingestão de CHO melhora o desempenho durante exercícios com duração de 45 min ou mais. Os mesmos podem ser utilizados para manter ou melhorar a qualidade da sessão de treinos ou para acentuar seu desempenho em uma competição.

    Em relação a isto, Mahan e Escott-Stump (2005) afirmam que a melhoria no desempenho associada com a ingestão de CHO se deve justamente a manutenção dos níveis de glicose no sangue. O carboidrato da dieta supre a glicose para os músculos no momento em que as reservas de glicogênio estão diminuídas, pois a utilização de carboidrato (e consequentemente produção de ATP (adenosina trifosfato)) pode continuar a uma alta velocidade e a resistência é aumentada.

    A duração do exercício é um aspecto que pode influenciar os efeitos ergogênicos de CHO. Pois alguns estudos apresentaram efeitos ergogênicos com exercícios com duração próximos a 60 min (HAFF et al., 1999; HAFF et al., 2001). Em contraste, não houve efeitos ergogênicos com exercícios de curta duração, entre 35 a 39 min (CONLEY et al., 1995; HAFF et al., 2000). Com isto, pode-se dizer que é possível a duração do exercício influenciar as respostas dos efeitos da suplementação de CHO.

    Há relativamente poucos estudos que tenham avaliado exercícios que duram menos que 1 h, e por isso é preciso que mais pesquisas sejam realizadas (JEUKENDRUP, 2008).

    As limitações que foram evidenciadas no estudo podem ter influenciado os resultados, como a amostra reduzida, que possui um poder estatístico baixo, assim como na administração dos testes (C20; SC20; SC15) em que poderiam ser em ordem aleatória entre os atletas, excluindo possíveis influências psicológicas.

Conclusão

    A ingestão do soro caseiro em diferentes períodos de tempo de ingestão previamente ao exercício aeróbio (15 ou 20 min antes do exercício) não promoveram diferenças significativas nos níveis glicêmicos e desempenho dos atletas de ambos os sexos. Entretanto, quando administrado soro caseiro 20 min antes do exercício, os níveis glicêmicos mantiveram-se mais estáveis.

    Embora não tenha sido observada diferença significativa nos valores médios de desempenho dos atletas, a ingestão do soro caseiro promoveu melhoria nas marcas individuais da maioria dos atletas, especialmente para os atletas do sexo masculino com maior ênfase para o período de 15 min de ingestão antes do exercício.

    Contudo, o ideal para se obter recursos ergogênicos por meio do soro caseiro seria o fracionamento desta solução durante o exercício, pois a literatura apresenta estudos com resultados significativos para ingestão de bebidas carboidratadas antes, durante e após o exercício.

    A duração do exercício é outro fator que pode influenciar nos níveis de glicemia e rendimento, pois os efeitos benéficos de bebidas carboidratadas estão associados a exercícios com duração superior a 60 min, em que a contribuição da mesma para a manutenção das concentrações glicêmicas se tornas evidentes protelando o início da fadiga, refletindo na melhora do desempenho. Contudo, os resultados são inconclusivos, sugerindo mais estudos sobre os efeitos ergogênicos da ingestão de soro caseiro durante exercícios de curta e longa duração, assim como períodos distintos de ingestão da mesma.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 166 | Buenos Aires, Marzo de 2012
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