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Reabilitação cardíaca e exercício físico: um estudo de revisão

La rehabilitación cardiaca y el ejercicio físico: un estudio de revisión

 

*Graduados em Educação Física

**Graduando em Educação Física

Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC)

(Brasil)

Jamile Mendonça dos Santos*

William Ritter Biesus*

Anderson Lemos Lopes**

jamilemendonca@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A reabilitação cardíaca é o somatório de atividades necessárias para garantir ao portador de cardiopatia melhores condições físicas, sociais e psicológicas de forma que possa viver de forma ativa e produtiva. Este estudo de revisão bibliográfica tem por objetivo elucidar a relação reabilitação cardíaca e exercício físico na melhora da qualidade de vida. Pode-se concluir a importância do treinamento aeróbio e de força/resistido no processo de reabilitação cardíaca.

          Unitermos: Reabilitação. Doença cardíaca. Exercício.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As doenças cardiovasculares atualmente são as principais causa de óbito no mundo, destacando-se a doença arterial coronariana, como a maior causa de mortalidade e morbidade em países em países industrializados da América do Norte e Europa (TITOTO et. al., 2005). No Brasil, por ano, há cerca de 260 mil infartos do miocárdio, o que implica em enormes gastos com assistência à saúde.

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a Reabilitação Cardíaca (RC) é o somatório de atividades necessárias para garantir ao portador de cardiopatia melhores condições físicas, metais e sociais, de forma que consiga, pelo seu próprio esforço, retomar uma posição normal em seu meio (comunidade) e viver de forma ativa e produtiva (BROWN, 1964).

    A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) a defende como uma das formas de melhorar a qualidade de vida dos pacientes acometidos por doenças cardiovasculares pós-aguda e crônica ou que sofreram algum procedimento cirúrgico em virtude destas (NETO et. al., 2008). Tendo por objetivo a prevenção de subseqüente reinfarto ou rehospitalização, melhorar a qualidade de vida dos pacientes atuando nos fatores de risco modificáveis associados às doenças cardiovasculares, a redução das taxas de mortalidade (RICARDO; ARAÚJO, 2006), morbidade e do estresse emocional (TITOTO et. al., 2005).

Métodos

    Por tratar-se de uma revisão bibliográfica, este estudo se ateve a pesquisar nas bases de dados eletrônicos LILACS e SCIELO. Utilizou-se como descritores as palavras-chave: reabilitação, exercício e doenças cardiovasculares.

    Logo após a coleta dos artigos, pesquisou-se nas referências a fim de achar outros artigos não encontrados nas fontes de dados citadas. O processo a seguir foi o de leitura de cada um dos artigos, destacando as idéias principais e posteriormente a elaboração do presente estudo, artigo, dentro das normas vigentes.

Revisão

    O processo da RC é indicado para pacientes que apresentam alguns tipos de diagnóstico, como: infarto agudo do miocárdio, revascularização miocárdica, angina crônica estável, insuficiência cardíaca crônica e sujeitos com transplante cardíaco (RICARDO; ARAÚJO, 2006).

    Os programas de RC foram desenvolvidos objetivando a reconquista pelos pacientes de suas atividades da vida diária, com ênfase na prática do exercício físico orientado, voltado para mudanças no estilo de vida. No entanto, a intervenção pode ser realizada envolvendo outras ações desenvolvidas por profissionais das áreas de enfermagem, fisioterapia, nutrição, assistência social e psicologia com intuito de modificar outros aspectos que auxiliam na diminuição do risco cardíaco de forma global (MORAES et al, 2005; RICARDO; ARAÚJO, 2006).

    Apesar de parecer vantajoso abordar de forma multidisciplinar para melhorar o desempenho dos programas de RC que utilizam o exercício, alguns autores encontraram maior redução da mortalidade total e cardíaca nos programas que utilizaram somente exercício físico, quando comparado aos que associaram a abordagem multidisciplinar - aparentemente devido à falta de padronização científica dos procedimentos (JOLLIFE et al, 2003).

    Estudos comprovam que a RC com ênfase no exercício quando comparada a cuidados usuais, apresenta uma redução de 20 a 30% nas taxas de mortalidade (TITOTO et. al., 2005; RICARDO; ARAÚJO, 2006). Programas de exercícios físicos podem reduzir e prevenir patologias como diabetes, câncer e doenças cardiovasculares. A atividade aeróbia praticada em intensidade moderada promove melhorias aos portadores de asma, pode também minimizar a síndrome da disfunção erétil e alterar função imunitária do corpo humano (LAMBERTUCCI; PUGGINA; CURI, 2005).

    A prática regular de atividade física além de prevenir atua no controle das doenças cardiovasculares em quase todos os fatores de risco das cardiopatias. O exercício que mais influência na alteração desses perfis é o aeróbio (RIQUE; SOARES; MEIRELLES, 2002) evidenciado por estudos, os quais apontam redução do colesterol total, triglicerídeos e LDL (Low Density Lipoprotein) e aumento da concentração de HDL (High Density Lipoprotein) (RICARDO; ARAÚJO, 2006). Redução da hipertensão arterial e sedentarismo e como fator positivo o aumento da capacidade aeróbia e qualidade de vida (VALDIVIA, et. al., 2006).

    Exercícios aeróbios em níveis moderados produzem também um aumento na captação de glicose pelos músculos esqueléticos, trazendo benefícios aos portadores de diabetes. Além disso, a incorporação do exercício como uma rotina é uma das maneiras de perder ou controlar o peso e agir nos fatores psicossociais promovendo mudanças positivas (RIQUE; SOARES; MEIRELLES, 2002) aumentando a auto-confiança e sensação de bem estar (TITOTO et. al., 2005), sendo essencial no tratamento não-farmacológico, reduzindo as incapacidade físicas, promover um estilo de vida mais ativo (MILANI et. al., 2007) possibilitando a realização das atividades da vida diária (RAVAGNANI, et. al., 2006).

    Entre as adaptações fisiológicas encontradas com treinamento aeróbio nos pacientes portadores de cardiopatias estão: redução da freqüência cardíaca em repouso e durante o exercício realizado em cargas submáximas de trabalho; redução da pressão arterial de repouso e durante exercício submáximo; aumento em 10% a 30% do consumo máximo de oxigênio; maior eficiência na utilização de lipídios como substrato energético, retardando a utilização do glicogênio muscular, prolongando o tempo de exercício, entre outros (MORAES et al, 2005).

    A fim de promover e manter a saúde, bem como a capacidade funcional e independência física é importante o desenvolvimento muscular através do treinamento de força. Antigamente este treinamento era condenado nos programas de RC devido à elevação da pressão arterial e os fatores hemodinâmicos. No entanto, passou a fazer parte dos programas como um treinamento complementar ao perceberem que seus benefícios superam os riscos, melhorando a resistência (endurance) muscular, a função cardiovascular, aumentando o gasto energético através do ganho de massa magra e do metabolismo basal, os fatores de risco coronariano e o bem estar geral (KRAEMER et al., 2002; MORAES et al., 2005).

    Embora os mecanismos de melhora sejam diferentes, tanto o treinamento aeróbio quanto o de força produzem efeitos favoráveis a densidade mineral óssea, sensibilidade à insulina e tolerância a glicose (MORAES et al, 2005). Ao prescrever atividades aeróbias e de força devem ser consideradas a freqüência, intensidade e duração da sessão, salientando a importância de um controle mais preciso e individualizado para sujeitos cardiopatas de maior gravidade (FURTADO; RAMOS; ARAÚJO, 2009). Para uma RC mais efetiva é fundamental respeitar e ter por base a metodologia do condicionamento físico utilizando os princípios da individualidade biológica, interdependência volume e intensidade, especificidade, reversibilidade e sobrecarga.

Considerações finais

    Através dos estudos discutidos no presente artigo, pode-se verificar a importância da prática de exercícios físicos no processo de reabilitação cardíaca, tanto treinamento aeróbio quanto o de força e resistência muscular, para que o paciente possa retornar as atividades da vida diária com autonomia e independência e desta forma reinserir-se na sociedade. Destaca-se a importância do Profissional de Educação Física, não só durante a reabilitação cardíaca, visto que após a alta o paciente deve continuar se exercitando para assegurar os benefícios obtidos e continuar melhorando sua saúde e qualidade de vida com hábitos saudáveis.

    Sugere-se novos estudos a fim de investigar se os pacientes de reabilitação cardíaca após a alta realmente mudaram o estilo de vida, se dão continuidade aos programas de exercício, se a duração dos programas de reabilitação é suficiente para promover alterações fisiológicas; novas pesquisas acerca da abordagem multidisciplinar e o exercício físico.

Referências bibliográficas

  • BROWN, R. A. Rehabilitation of patients with cardiovascular diseases. Report of a WHO Expert Committee. World Health Organ Tech Rep Ser, n. 270, p. 3-46, 1964.

  • FURTADO, Emanuel; RAMOS, Plínio; ARAÚJO, Claudio. Medindo a pressão arterial em exercício aeróbico: subsídios para reabilitação cardíaca. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. São Paulo, v. 93, n. 1, jul. 2009.

  • JOLLIFFE, J. A. et al. Exercise-based rehabilitation for coronary heart disease [Cochrane Methodology Review]. The Cochrane Library, Issue n. 4, 2003.

  • KRAEMER W. J. et al. Progression models in resistance training for healthy adults: position stand. Medicine Science Sports & Exercise, n. 34, p. 364-380, 2002.

  • LAMBERTUCCI, Rafael; PUGGINA, Enrico; CURI, Tania. Efeitos da atividade física em condições patológicas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v. 14, n. 1, p. 67-74, 2006.

  • MILANI; Maurício et. al. Efeito do treinamento físico aeróbio em coronariopatas submetidos a um programa de reabilitação cardiovascular. Ribeirão Preto, v. 40, n. 3, p. 403-411, jul./set. 2007.

  • MORAES, Ruy S., et al. Diretriz de reabilitação cardíaca. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 84, n. 5, p. 431-440, 2005.

  • CASTILHEIRAS NETO; Antonio G. et al. Reabilitação Cardíaca após Alta Hospital no Sistema Público de Saúde do Município do Rio de Janeiro. Revista Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro. v. 2, n. 6, p. 399-403, nov./dez, 2008.

  • RAVAGNANI, Christianne F. Coelho et. al. Efeito do protocolo de mudança do estilo de vida sobre a aptidão física de adultos participantes de projeto de extensão universitária: influência da composição corporal. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v. 14, n. 1, p. 45-52, 2006.

  • RICARDO, Djalma; ARAÚJO, Claudio. Reabilitação cardíaca com ênfase no exercício: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Niterói, v. 12, n. 5, set./out. 2006.

  • RIQUE, Ana; SOARES, Eliane; MEIRELLES, Claudia. Nutrição e exercício na prevenção e controle das doenças cardiovasculares. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Niterói, v. 8 n. 6, nov./dec. 2002.

  • TITOTO, Lígia et. al. Reabilitação de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio: atualização da literatura nacional. Arquivos de Ciência da Saúde. v. 12, n. 4, p. 216–219, out./dez. 2005.

  • VALDIVIA, Carmen Gloria et. al. Modificación de los factores de riesgo coronario después de un programa de rehabilitación cardíaca. Revista Chilena de Cardiologia. v. 25, n. 1, p. 45-49, 2006.

  • VANDERLEI; Luiz et. al. Análise de sinais e sintomas em programas ambulatoriais de exercícios físicos para pacientes cardíacos. Arquivo de Ciência da Saúde. v. 13, n. 2, p. 69-74, abr./jun. 2006.

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