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Habilidades mentais e as fases do 

treinamento na ginástica aeróbica esportiva

Las habilidades mentales y las fases del entrenamiento en la gimnasia aeróbica deportiva

 

*Professor do Departamento de Educação Física – Universidade Federal de Lavras

Membro do Comitê Técnico da Ginástica Aeróbica na Confederação Brasileira de Ginástica

*Graduada em Educação Física pela Faculdade Presbiteriana Gammon (2006)

Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Educação Física Escolar e Fitness

(Brasil)

Luiz Henrique Rezende Maciel*

lhrmaciel@hotmail.com

Daniele Cristina Rodrigues Maciel**

danielecrmaciel@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Por se tratar de um esporte relativamente novo, a Ginástica Aeróbica ainda carece de estudos e discussões, principalmente no que se refere ao que deve ser priorizado no processo de construção dos ginastas. A partir da divisão do treinamento esportivo em fases há uma compreensão das habilidades mentais mais exigidas, e conseqüentemente mais enfatizadas em cada uma das etapas do desenvolvimento dos ginastas, da base até o alto nível.

          Unitermos: Habilidades mentais. Ginasta. Ginástica aeróbica. Alto nível.

 

Abstract

          Being a brand new sport, the Aerobic Gymnastics still needs researches and discussions, especially about what should be emphasized in the building gymnasts process. Dividing the training in separated phases its possible to find out the most demanded and important mental skills of each step from the base to the expertise.

          Keywords: Mental skills. Gymnast. Aerobic gymnastics. Expertise.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A ginástica aeróbica esportiva é uma modalidade regida pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), que se divide em quatro categorias competitivas: categoria infantil dos 9 aos 11 anos, categoria infanto juvenil dos 12 aos 14 anos, categoria juvenil dos 15 a 17 anos e categoria adulta ou profissional dos 18 anos em diante, de acordo com o ciclo 2009 – 2012 (CBG, 2011). Objetivando-se o enfoque em uma faixa etária, define-se como objetivo desse estudo ginastas das categorias infanto juvenil e juvenil, ou seja, entre os 11 e os 17 anos.

    Como qualquer outro esporte, a ginástica aeróbica permite que os atletas iniciem a sua carreira em qualquer uma das categorias, enquadrando-se em cada uma delas de acordo com a sua idade, isto é, pode-se ter um iniciante com 12 anos na categoria infanto juvenil. De qualquer maneira, quanto mais cedo o atleta inicia a prática esportiva, dessa forma passando por todas as categorias, maiores são as suas chances de chegar ao nível profissional (adulto) melhor preparado.

    Tendo em vista a faixa etária a ser abordada pode-se dividi-la em três fases de desenvolvimento do treinamento, divisão essa feita independentemente da idade do atleta e da categoria na qual ele se encontra, devido aos fatores anteriormente explicados. Essas fases são:

    Para cada fase aplica-se um mapa conceitual, isso segundo Orlick (2000), se deve ao fato de que a cada fase do treinamento o atleta possui diferentes anseios e necessidades, necessidades essas tanto físicas quanto psicológicas, adquirindo ao final do desenvolvimento de cada fase melhor estrutura para passar para a seguinte. Considera-se, pois que o atleta só se torna capaz de fazer a transição entre uma fase do treinamento e do desenvolvimento para seguinte, quando a fase em que ele se encontra for completada, ou seja, bem assimilada.

    De acordo com Côté e Salmela (1995, v.17, p.1-17) certas habilidades como o estabelecimento de metas, a prática mental e a atenção, por exemplo, são imprescindíveis em todas as fases do desenvolvimento, tendo diferenças quanto a seu grau de dificuldade e de aplicação. Enfim, uma boa estruturação psicológica certamente resultará na satisfação pela prática esportiva, bem como na realização pessoal do atleta, da família e do técnico consigo mesmo.

2.     Fase Inicial

    Na fase inicial, considera-se o mapa conceitual como um modelo simples e direto que demonstra desde a escolha da criança ou adolescente pelo esporte, até a fase em que ele está mais adaptado e seguro neste contexto.

    No topo do mapa encontra-se a motivação, apesar de que, de acordo com Samulski (2002), ela não seja considerada uma habilidade mental, a mesma não poderia deixar de ser destacada devido a sua importância como estímulo ao ginasta. Este caso, não se refere somente a motivação como fator extrínseco, mas principalmente como um fator intrínseco que vem explicar qual foi o motivo que levou o atleta a optar pela prática esportiva. É também na motivação que se encontra o apoio familiar como fator extrínseco, sendo este fundamental na vida dos atletas de ginástica aeróbica no Brasil, tendo em vista que esta é uma modalidade pouco difundida e igualmente pouco acessível, dependendo sobremaneira de um grande investimento financeiro e psicológico.

    Segundo Samulski (2002), ao iniciar na ginástica aeróbica, ou em qualquer outro esporte, o ginasta busca diversão, interação, projeção de si em relação à sociedade, se destacar e vencer os desafios dessa nova carreira, contudo somente através do aumento da sua auto confiança ele é capaz de alcançar tais objetivos. O atleta iniciante é geralmente inseguro, não se conhece bem, não sabendo exatamente quais são os seus limites. Com o tempo, através do treinamento, atinge-se um nível satisfatório de autoconfiança, onde não há insegurança ou excesso de auto-estima. Tal nível torna cada ginasta apto a prosseguir na carreira esportiva, passando a um nível mais elevado no treinamento, refletindo na plena consciência das suas qualidades e defeitos, ficando claros para si os seus limites físicos e psicológicos.

    Durante a carreira esportiva o ginasta deve ser orientado pelo técnico a estabelecer metas, metas simples que venham a ser atingidas, evitando assim uma queda na auto estima ou até a diminuição da motivação. Para alcançar tais metas, o atleta deve ter em mente que ele necessita de um comprometimento ideal para com elas, sendo motivado e sempre orientado pelo técnico para não sair do caminho traçado pelos dois em busca da meta pré-determinada.

    Ao comprometer-se com a realização da meta, o ginasta encontra vários obstáculos que podem interferir no seu desempenho, assim destacam-se, de acordo com Durand-Bush, Salmela, e Green-Demers (2001, v.15, p.1-19), algumas habilidades consideradas fundamentais para que esses obstáculos sejam transpostos de maneira mais eficiente:

    Tendo essas habilidades bem desenvolvidas, o ginasta iniciante se torna mais confiante e apto a seguir sua carreira esportiva passando corretamente pelas fases do desenvolvimento cognitivo e motor.

3.     Fase Intermediária

    Na fase intermediária do treinamento, novamente sob a orientação do técnico, o atleta deve estabelecer metas alcançáveis, porém mais complexas tendo em vista que nesta fase ele começa a participar de campeonatos regionais e estaduais. Nesta fase ele está mais confiante de suas capacidades, podendo ousar mais ao estabelecer suas metas. O importante é sempre estabelecer metas que vão sendo alcançadas, para daí então partir para a seguinte.

    Após estabelecer a meta o atleta deve prender seu foco nela, dando atenção máxima à tarefa por ele e pelo técnico designada, também se comprometer de maneira adequada à tarefa que está sendo executada. Nesta fase o comprometimento com a tarefa é essencial, determinando o alcance ou não da meta.

    Como visto anteriormente, a focalização e o comprometimento são as habilidades fundamentais, que vão atuar a partir do estabelecimento da meta. A seguir estão relacionas os fatores que mais influenciam na focalização e no comprometimento.

3.1.     Fatores que segundo Durand-Bush, Salmela, e Green-Demers (2001), interferem na Focalização:

  • Relaxamento e Reações ao Estresse – quando o atleta é capaz de relaxar antes e durante a prática, ele tem maiores chances de controlar seu estresse, não permitindo que situações inesperadas possam prejudicar seu desempenho.

  • Imaginação e Refocalização – considera-se a imaginação como um excelente artefato no treinamento da ginástica aeróbica, é através dela que se podem treinar situações vividas e não vividas encontrando soluções para problemas ainda não enfrentados. A refocalização também é muito importante, quando bem preparado o atleta tem boas condições de retomar seu foco como no caso de uma queda ou desequilíbrio, por exemplo, utilizando na prática o que foi imaginado ou até mesmo lidando com situações totalmente novas.

3.2.     Fatores que segundo Durand-Bush, Salmela, e Green-Demers (2001), interferem no Comprometimento:

  • Ativação – ao buscar uma meta o atleta deve estar comprometido com sua tarefa, porém para iniciar uma atividade ele necessita da ativação que corresponde ao estímulo intrínseco ou extrínseco para iniciar a atividade.

  • Planejamento Competitivo – é a antecipação, o plano de ação do ginasta. A partir dele será possível dosar o comprometimento de acordo com o programa traçado e com o grau de complexidade e dificuldade da meta a ser alcançada.

    A fase intermediária não é tão rápida quanto a fase inicial, a partir dela o atleta passa a competir em iguais condições com os melhores atletas da ginástica aeróbica, assim sendo, segundo Salmela (1996) o técnico é responsável por orientar os ginastas, devendo se assegurar de que os mesmos estejam bem preparados para o próximo passo. Finalizando bem a etapa intermediária, alcançando os resultados propostos nos campeonatos e estando consciente das suas aquisições psicológicas e físicas, o ginasta passa para a fase de alto nível, o que implica em novos níveis de comprometimento, os quais serão abordados no próximo mapa.

4.     Fase Avançada – Alto nível

    Considera-se como nível avançado, a fase na qual os atletas de ginástica aeróbica participam de campeonatos nacionais e internacionais. No alto nível, os atletas passam por fortes pressões emocionais, além de muitas dúvidas e incertezas quanto a prática esportiva. Perdem aulas, provas, trabalhos escolares, festas com amigos entre outras abstenções, por esse motivo se destaca o apoio familiar no topo desse mapa. Nesta fase do treinamento, segundo Samulski (2002), os atletas necessitam do apoio psicológico, financeiro e estrutural dos pais, principalmente por serem muito jovens não tendo idade para trabalharem e resolverem seus problemas cotidianos, encontrando aí importantes alicerces para construírem suas carreiras. No caso da ginástica aeróbica em sua realidade no Brasil, quando não apoiados pela família os atletas se perdem pelo caminho, não chegando a esta fase.

    Tendo o apoio familiar e chegando à fase avançada, os atletas já possuem um nível ideal de auto confiança, conhecendo suas fraquezas e potencialidades, dessa maneira podendo, de acordo com Salmela (1996), com o auxílio do técnico estabelecer metas mais ousadas, sempre dentro das suas capacidades e que vão sendo alcançadas a medida que o atleta se desenvolve.

    Como o atleta se encontra num patamar elevado de desenvolvimento e com metas mais complexas, surge a necessidade de que ele se dedique mais para alcançá-las, tendo a necessidade de se comprometer ainda mais com a tarefa a ser cumprida. Para que o comprometimento seja totalmente adequado, o atleta deve saber se ativar em momentos de cansaço ou quando ele deve se abster de um evento social, focalizando-se sempre na busca pela sua meta. A focalização se torna fundamental nesta fase, pois é através dela o ginasta consegue se voltar totalmente à sua tarefa desprezando fatores irrelevantes que viriam prejudica-lo, principalmente relacionados ao seu convívio social.

    Para que o ginasta tenha a capacidade de focalização bem desenvolvida, ele precisa saber se relaxar. Nesta fase o atleta passa por fortes provações emocionais, devendo controlar seu estresse e medo de maneira efetiva, podendo vencer seus desafios com o mínimo de erros. Outro fator muito importante a ser desenvolvido é a refocalização, é através dela que o atleta se torna capaz de retomar seu foco de atenção quando distraído.

    Quando o ginasta consegue desenvolver tais habilidades ele alcança a fase avançada do seu desenvolvimento como atleta, estando pronto para alcançar o sucesso e caso isso não ocorra tendo também condições de entender possíveis derrotas aprendendo com seus erros e treinando melhor para um próximo desafio.

5.     Considerações finais

    Após a apresentação dos mapas conceituais das três fases do desenvolvimento do atleta de ginástica aeróbica, inseridos na faixa etária especificada, sugerem-se bases e nortes quanto a importância de cada habilidade psicológica em cada uma das fases e contextos do treinamento, bem como da necessidade do desenvolvimento de cada uma delas. Seguir um processo de treinamento voltado ao desenvolvimento das habilidades físicas e mentais dos ginastas, significa o alcance do alto nível de excelência esportiva.

Referências

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