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Os treinadores de futsal de alto nível e a utilização do goleiro/linha

Los entrenadores de futsal de alto nivel y el uso del arquero en línea

Coaches of the futsal and the high level using the goalkeeper/line

 

*Acadêmico Graduado no Curso de Educação Física do UNIARAXA em 2011

**Prof. do Curso de Educação Física do UNIARAXA desde 2002

***Prof. Efetivo do CEFET – ARAXÁ/MG

Programa de Graduação do Curso de Educação Física do UNIARAXA

(Brasil)

Walisson Fonseca Soares*

Prof. Me. Cláudio Luiz Neves Júnior**

Prof. Me. Sérgio Cardoso Barcelos***

claudioluiz@uniaraxa.edu.br

 

 

 

 

Resumo

          Com a evolução do Futsal atual os jogadores necessitam cada vez mais de se tornarem polivalentes ou universais. Não fugindo deste pensamento o goleiro tornou-se também mais uma estratégia de ações ofensivas para a equipe, oferecendo um jogador a mais nas situações de ataque, fazendo com que haja sempre uma janela de passe aberta para outro de sua equipe. Compreendendo o quão importante é o Goleiro/Linha para a equipe buscamos através desta pesquisa de caráter qualitativo observar a preferência e o momento que os treinadores de utilização que os treinadores de alto rendimento mais utilizam o Goleiro/Linha. Utilizamos a aplicação de um questionário, gravações de vídeo e observações realizadas durante os jogos para melhor compreender as respostas dos técnicos. Responderam esta pesquisa seis treinadores das oito equipes participantes da competição. Entre os resultados obtidos, todos os treinadores sabem e conhecem a necessidade de ter pelo menos um jogador deste porte em sua equipe, porém nos deixou clara a preferência de utilizarem o Goleiro/Linha em sua maioria quando estão em desvantagem no placar, com maior preferência nos últimos 3 a 5 minutos de cada tempo. E de na maioria das vezes a preferência foi de utilizar um Linha/Goleiro ao invés de um Goleiro/Linha. Percebemos também uma grande resistência dos treinadores em utilizarem desta estratégia quando em igualdade no placar ou vantagem no placar, sendo observados vários motivos antes da introdução deste jogador dentro de quadra. Porém parece ser um parâmetro entre os treinadores de alto rendimento não utilizar desta estratégia a menos que esteja perdendo a partida ou precisar muito do resultado.

          Unitermos: Futsal. Goleiro/Linha. Estratégia ofensiva.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este estudo teve como propósito observar, avaliar e questionar os treinadores da Liga Correios de Futsal 2011 – Betim/MG sobre a utilização do Goleiro/Linha no Futsal de alto rendimento, buscando compreender o momento ideal em que os treinadores mais utilizam desta estratégia.

    Atualmente observamos que os jogos esportivos coletivos tem se tornado um grande leque para pesquisas de investigação científica. Basta olhar os vários autores que se dedicam a desenvolver estudos sobre diversas modalidades como: Futebol, Voleibol, Futsal, Handebol, Basquetebol entre outros. Estes estudos buscam através de análises, observações e registros, descobertas que possam trazer melhorias e o desenvolvimento para o esporte.

    Garganta & Pinto (1989, p.94; apud CORREIA, 2009, p.03) afirmam que a “analise das características particulares do jogo, a verificação das suas tendências evolutivas e as repercussões destas na orientação metodológica do processo de treino desportivo, constituem aspectos determinantes para a evolução do nível de jogo e para a conseqüente evolução da modalidade”.

    No entanto, Braz (2006) cita que o fato do Futsal se encontrar ainda em estado embrionário, apesar de em grande evolução, apresenta grandes lacunas ao nível de conhecimento específico da modalidade onde abordamos o Goleiro/Linha. Esta idéia é apoiada por Voser (2001) quando diz que “apesar do crescente e acelerado impulso, observa-se a necessidade de mais qualificação e conhecimento acerca das ciências que cerceiam este desporto”.

    Temos observado uma grande evolução dos jogadores de Futsal, necessitando cada vez mais de se tornarem polivalentes ou universais, sendo capaz de jogar em diversas posições sem alterar o sistema tático da equipe.

    Não fugindo deste pensamento o goleiro tornou-se mais uma estratégia de ações ofensivas para a equipe, oferecendo um jogador a mais nas situações de ataque, fazendo com que haja sempre uma janela de passe aberta para outro de sua equipe.

    Assim, a pretensão deste trabalho é de reduzir esta ausência de conhecimento científico em relação a uma estratégia muito utilizada nesta modalidade que é praticada por milhões de pessoas em todos os continentes, tanto como forma de lazer quanto por forma de competição e trabalho.

História do Futsal

    É sabido de todos que o Brasil tem como preferência nacional o futebol e o Futsal, principalmente pela relação próxima à prática deste esporte e identificação com o povo brasileiro. O Futsal por sua vez vem crescendo muito nos últimos anos devido a facilidade de se encontrar espaços para a prática do mesmo. Uma prova disto são as muitas quadras públicas ou particulares existentes e a grande utilização do esporte nas aulas de educação física e no lazer.

    Santana (2004) tem muitas citações a respeito da origem do Futsal que relatam muito bem no que se resume esta fase marcante para o Futsal no Brasil e no mundo. Podemos notar que apesar de não ser 100% confirmado a história do Futsal tem duas versões de origem, uma onde ela acontece no Brasil no final de 1930 e outra defende ter sido criada no Uruguai no inicio da década de 1930, elas se identificam em muitos aspectos, por isso a dificuldade de comprovarmos qual das duas versões seria a verídica ou principal.

    Porém para Lucena (2002) o futebol de salão apareceu na década de 30 na ACM (Associação Cristã de Moços) de Montevidéu e seu criador teria sido o professor Juan Carlos Ceriani Gravier. Para ele o esporte começou a ser praticado e difundido por jovens freqüentadores da ACM de Montevidéu, no Uruguai e em São Paulo no Brasil. Porém devido à dificuldade para encontrar campos de futebol, começou-se então a se improvisar "peladas", ou jogos sem compromissos não tão rigorosos a regras quanto os oficiais, nas quadras de basquete e hóquei aproveitando as traves usadas na prática desse último esporte.

    Voser (2004) afirma sem dúvida alguma que foi o Uruguai quem redigiu as primeiras regras do Futsal e coube ao Brasil a responsabilidade do crescimento e ordenação como modalidade esportiva.

    Lucena (2002) diz também que as bolas eram de crina vegetal, serragem ou cortiça granulada e com o passar do tempo teve seu tamanho diminuído e o peso aumentado, daí o fato de o futebol de salão ser chamado também de "esporte da bola pesada”.

    Lopes (2004), explica que em 1958, a Confederação Brasileira de Desportos oficializou a pratica da modalidade em todo o país e criou o Conselho Técnico de futebol de salão no qual se filiaram as confederações estaduais padronizando e oficializando as regras e por ocasião, um período mais a frente, aconteceu um curso no Uruguai, patrocinado pelo Instituto Técnico da Federação Sul Americana das ACM’s. As cópias destas regras foram distribuídas a todos os representantes da América do Sul e a partir de então passou a ser o principal instrumento para divulgação do Futebol de Salão nas ACM’s de toda América do Sul.

    A partir de então começou o surgimento da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) que se deu no final da década de 70. E a dimensão internacional do Futsal, iniciou-se desde a criação, no Brasil, da Federação Internacional de Futebol de Salão – FIFUSA – no começo da década de 70, com sede na cidade de São Paulo, objetivando assim desenvolver e dirigir, com exclusividade o Futebol de Salão Mundial de (LUCENA, 2002). O autor também nos mostra que a criação dessas entidades foi de suma importância para globalização e divulgação do futebol de salão a nível nacional e internacional.

    Lopes (2004) destaca que os primeiros campeonatos Pan-americanos e mundiais, se deram a partir da década de 80, saindo o Brasil como vencedor. Fato marcante para conquista de novos adeptos a este esporte não só no contexto competitivo, mas também no contexto escolar.

    Em suas citações Santana (2004) também nos mostra que ocorreram mudanças desde a criação do esporte até os dias atuais como: mudanças nas regras, na dinâmica do jogo e, até mesmo, na nomenclatura da modalidade quando fundiram o então futebol de cinco, praticado na Europa com o futebol de salão para criar o Futsal.

    Afirma Lucena (2002) que a década de 90 representa a grande mudança no Futebol de Salão, pois a FIFA homologa a supervisão do Futsal mediante a extinção da FIFUSA e criação de sua comissão de Futsal.

    Portanto podemos notar que apesar destas divergências e diversas alterações, é imensurável a contribuição brasileira para a evolução da modalidade tanto a nível nacional, quanto a nível internacional. E nos deixa bem claro que entender a origem do futebol de salão a exemplo de outros esportes como basquetebol, handebol e o próprio futebol é um caminho muito difícil, devido aos escassos  documentos que nos possam esclarecer a origem do futebol de salão.

    Atualmente, o Futsal não é um esporte olímpico e tem o Brasil como um dos principais divulgadores e praticantes do mesmo. Sua prática acentuada se justifica a vários fatores, dentre eles o fator cultural e facilidade de ser aplicado, estando presente em todas as aulas de Educação Física escolar e no lazer da população.

Goleiro/Linha

    A literatura quanto à Goleiro/Linha é muito escassa e não nos possibilita aprofundarmos, mas, sabemos que com a constante evolução do Futsal, tanto da parte técnica, como tática, fez com que se tornasse necessária a especialização da posição de goleiro. 

    Segundo o site Portal do Futsal, esta especificação ao nível do treino tornou-se necessária pelo fato do Futsal ter características específicas que requer posturas e movimentos de execução técnica diferentes de outros desportos que utilizam o goleiro (http://www.portaldofutsal.com/news/treino-de-goleiros/, 2011).

    Ainda dentro deste contexto de evolução do Futsal, onde os jogadores de linha necessitam cada vez mais ser polivalente ou universal, executando todas as funções ao nível técnico-tático, o goleiro passa a ser um jogador com uma participação muito importante no jogo, pois é ele o responsável direto pelas últimas ações defensivas e pelas primeiras ações ofensivas da sua equipe (http://www.portaldofutsal.com/news/treino-de-goleiros/, 2011).

    Por toda esta importância que o goleiro tem na armação da sua equipe, tornou-se necessário que os exercícios de aprendizagem e treino merecessem uma atenção especial por parte dos treinadores. Treinos específicos para esta posição, pois sabemos da grande importância que este tem dentro do jogo como goleiro e muito mais como Goleiro/Linha, tornando-se um problema interessante para os treinadores, onde estes deverão elaborar táticas e treinamento para entrosar o mesmo com a equipe. Isso deixará sua equipe mais bem preparada para diversos momentos do jogo, sejam eles em desvantagem no placar quanto para momentos de igualdade ou superioridade no placar durante o desenrolar de uma partida.

    Segundo o raciocínio de Santana (2008) o autor entende que, quando se usa a estratégia do goleiro/linha, além da vantagem numérica que tende a desgastar menos os jogadores fisicamente, uma linha de passe sempre estará aberta na defesa adversária. Porém o mais interessante ressaltado em suas citações não é o menor desgaste físico e tampouco a linha de passe aberta na defesa, e sim a vantagem psicológica que os jogadores passam a adquirir durante a partida. Entretanto também fica claro que quase sempre o erro ofensivo tende a custar muito caro para a equipe, pois dificultam as coberturas, a temporização e o retorno para a defesa tentando evitar o gol adversário.

    Não podemos deixar de citar nesse momento da qualidade técnica de muitos jogadores do Futsal atual que conseguem mesmo sob pressão do adversário, pouco espaço para movimentação, deslocar e até se posicionar, conseguem executar chutes com precisão de longa distância que levam perigo as equipes que utilizam da estratégia do Goleiro/Linha, desafiando a utilização dessa estratégia pelos adversários, que devem elaborar estratégias e/ou movimentações táticas para quando perderem a posse de bola.

    Corroboramos com Santana (2008) a respeito da importância do goleiro, quando cita que se o goleiro for impecável, os companheiros de equipe tendem a serem menos atentos e ativos para marcar; se o goleiro for mediano, todos tendem a se empenhar mais efetivamente nas ações defensivas e ofensivas. O que não dizer então quando este for um Goleiro/Linha?

Metodologia

    Pesando nisso foi realizado nesse estudo uma pesquisa de característica exploratória de análise descritiva que buscou através de vídeos gravados durante os jogos e de questionário aplicado aos técnicos das equipes participantes da Liga Correios de Futsal disputada em Betim – MG no período de 23 a 27 de Fevereiro de 2011, demonstrar em qual momento do jogo os treinadores mais utilizaram do goleiro/linha e através do mesmo analisar e demonstrar o motivo de ser naquela situação da partida.

    Inicialmente nossa intenção era de aplicarmos o questionário a todos técnicos presentes na competição, que eram das equipes: Crespom-DF, Maranhão-MA, IACC/Águia Seguros/Unimed-SC, ABC/ART&C-RN, V&M Minas-MG, Carlos Barbosa-RS, Betim-MG, Copagril/Faville/Dalponte-PR, porém com dois treinadores não conseguimos ter acesso até seus vestiários e/ou hotéis. Tentamos contatar essas equipes para responder o questionário através de e-mails para seus representantes disponibilizados no site do Futsal do Brasil, mas não obtivemos êxito. Tivemos então compondo nossa amostra 6 (seis) dos 8 (oito) clubes presentes representando 75% das equipes participantes dessa competição.

    A abordagem metodológica desse estudo foi a qualitativa, que de acordo com Neves (apud MAANEN, 1979) é uma técnica interpretativa que visa descrever processos de complexos significados, além de encurtar as distâncias entre pesquisador e pesquisado.

    Na verdade, o pesquisador deve ser capaz de identificar e analisar profundamente dados não-mensuráveis, como sentimentos, sensações, percepções, pensamentos, intenções, comportamentos passados, entendimento de razões, significados e motivações de um determinado grupo de indivíduos em relação a um problema específico (CARVALHO, 2006, p.01).

    Os dados coletados no questionário foram analisados quantitativamente de forma descritiva e a partir de percentual construímos os gráficos pelo programa Excel 2007 da Microsoft residencial.

    Este estudo foi submetido à aprovação pelo Colegiado de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário do Planalto de Araxá (UNIARAXA) sob o número de protocolo 031591/96 e aprovado. Os questionários aplicados aos treinadores tiveram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, que preencheram e assinaram, concordando em participarem dessa pesquisa.

Resultados e discussão

    As respostas obtidas a seguir dos treinadores foram transcritas fidedignamente de acordo com o que eles mesmos descreveram no questionário, com seus erros, acertos, imperfeições e etc.

    Quanto ao momento para se utilizar a estratégia do Goleiro/Linha, os técnicos justificaram da seguinte forma:

    (Ricardo Galvão – Maranhão-MA) - “Desvantagem no placar ou para esfriar o jogo”.

    (Gileno Pereira – ABC/ART&C-RN) - “Quando achar necessário ou tiver em desvantagem no placar”.

    (Marcos Xavier - Copagril/Faville/Dalponte-PR) - “Quando necessito mudar de estratégia ofensiva”.

    Tais respostas nos deixam bem claro a resistência dos treinadores em utilizar da estratégia do Goleiro/Linha quando em vantagem ou igualdade no placar, pois somente um (01) dos técnicos citou fazer uso dessa estratégia para esfriar o jogo. Claro que cada jogo é uma história e as circunstancias nem sempre são as mesmas. Porém parece ser um parâmetro entre os treinadores de alto rendimento não utilizar desta estratégia a menos que esteja perdendo a partida ou precisar muito do resultado.

    Por exemplo, no ultimo jogo da final da liga nacional 2011 entre Carlos Barbosa e Santos. A equipe santista só utilizou o Goleiro/Linha quando estava em desvantagem no placar, o empate dava o título a equipe do Carlos Barbosa, então o técnico santista conseguiu o jogo que levou a partida para prorrogação e imediatamente o treinador da equipe do Santos tirou o Goleiro/Linha e voltou a jogar com seu goleiro titular, durante a prorrogação e até que o jogo fosse para os pênaltis.

    Situação semelhante ocorreu na final da Copa do Mundo de Futsal no Rio de Janeiro em 2008, entre Brasil e Espanha, a seleção espanhola buscou a desvantagem no placar utilizando da estratégia do Goleiro/Linha, porém ao conseguir igualar o marcador, o técnico da seleção espanhola também retornou com seu goleiro titular, segurando o resultado e levando a decisão para os pênaltis, onde o Brasil conquistou mais um título.

    Quanto melhor for o goleiro na linha, mais o time o “chamará” para se incorporar ao ataque. Bastará encontrar dificuldade no ataque posicional que a “bola andará para trás”, ao encontro do goleiro, para que ele tome a melhor decisão. (SANTANA, 2008, p.01)

    Notamos então que a citação acima de Santana (2008) procede quanto à necessidade do Goleiro/Linha para melhorar ações ofensivas. Uma vez colocando-o em quadra cabe a este jogador a maioria das partes de criação de jogadas. O autor cita ainda que isso independe da vontade dos treinadores, pois é uma ação natural que acontece com a utilização desta estratégia.

    Para exemplificar a eficácia e eficiência do Goleiro/Linha trouxemos abaixo alguns pontos de discussão e exemplificação que confirmam a importância do Goleiro/Linha nos jogos de Futsal. Por exemplo, se a equipe cria uma situação de superioridade numérica com a utilização do Goleiro/Linha, porque os técnicos não utilizam dessa estratégia para abrirem ainda mais a vantagem no placar? Nos dois casos citados acima, eram partidas finais onde se buscava o título, e as duas equipes em desvantagem, buscaram o placar dos seus jogos, então, porque não utilizar o Goleiro/Linha até o final e conquistar o título? Porque correr o risco de se decidir na “loteria” dos pênaltis? Em um dos casos, acima, a equipe em desvantagem conseguiu o título, o Santos. Já na segunda situação a seleção espanhola estava em desvantagem, conseguiu empatar, mas foi superada nos pênaltis, ou seja, nenhuma das duas equipes utilizou da estratégia do Goleiro/Linha para garantir ou arriscar e tentar no tempo normal, ou prorrogação a conquista do título. Será menos desonroso perder um título nos pênaltis do que no decorrer de uma partida? Deixamos aqui um desafio para que no futuro, os técnicos demonstrem coragem em utilizar de forma consciente essa estratégia por um período maior do jogo e lutem pelo título dentro da partida, ao invés de aguardar a “loteria” dos pênaltis.

    Quanto aos resultados obtidos quando utilizaram a estratégia do Goleiro/Linha, cem por cento (100%) dos técnicos responderam já terem ganhado jogos por causa do Goleiro/Linha. Já quando questionados em que influenciou o Goleiro/Linha na vitória do time obtivemos as seguintes respostas:

    (Rodrigo Guimarães - vulgo: Perdigão - V&M Minas-MG) – “Em função da deficiência da equipe adversária”.

    (Gileno Pereira – ABC/ART&C-RN) – “Abriu espaços para os atletas marcarem o gol”.

    (Marcos Xavier - Copagril/Faville/Dalponte-PR) – “Aumento de possibilidades de ataque e pressão sobre o adversário”.

    (Paulo Mussalem - Carlos Barbosa-RS) – “Na dinâmica do jogo de 4 para 5”.

    (Faisal Saab - Betim-MG) – “Em ter a vantagem de um jogador e a dificuldade que a outra equipe teve para defender”.

    Em contrapartida, porém, também obtivemos 83,3% dos técnicos que na questão seguinte disseram já terem perdido jogos por causa da utilização do Goleiro/Linha.

    O motivo da perda desses jogos em sua maioria deu-se por causa do goleiro de sua própria equipe e não por ter sofrido o gol por mérito do adversário. Apenas um dos entrevistados respondeu ter sido por este motivo.

    Do mesmo modo a questão anterior, ao perguntarmos sobre em que o Goleiro/Linha influenciou na perda da partida, as respostas foram:

    (Paulo Mussalem - Carlos Barbosa-RS) – “Na falta de atenção do passe”.

    (Marcos Xavier - Copagril/Faville/Dalponte-PR) – “Alta ansiedade para definir os lances”.

    (Gileno Pereira – ABC/ART&C-RN) – “Em passes errados”.

    (Rodrigo Guimarães - Perdigão - V&M Minas-MG) – “Não fomos eficientes e velozes como esperado”.

    Quando questionados sobre o momento ideal em que os treinadores achavam de utilizarem o Goleiro/Linha obtivemos 83,3% das respostas na opção de ser no final dos tempos, porém eles se dividem sobre quanto tempo esse jogador deverá ficar dentro de quadra.

    Dois responderam que o tempo ideal é de 3 a 5 minutos, um de 5 a 7 minutos e um com 10 minutos para o final dos tempos.

Gráfico 1. Momento ideal de utilizar o Goleiro/Linha no final dos tempos (Betim – MG, 2011)

    Apenas um treinador disse que depende do placar. Dentre as respostas obtidas, tivemos como mais interessante a do treinador da equipe Copagril/Faville/Dalponte-PR, Marcos Xavier: “2 (dois) minutos para cada gol de diferença”.

    Por esta resposta percebemos novamente a resistência pré-determinada dos treinadores quando da utilização desta estratégia quando estiverem em vantagem ou igualdade no placar. Talvez não tão fundamentada pelo fato do treinador achar necessário apenas dois minutos com o Goleiro/Linha dentro de quadra para fazer um gol na equipe adversária. Não sabemos como ele se baseou nesse parâmetro de dois (02) minutos para cada gol, não encontramos estudos que afirmem, corroborem esses dados, ou se é apenas uma análise pessoal desse treinador.

    Nossas observações e estudos foram enriquecidos com os acontecimentos ocorridos em uma das semifinais da Liga Correios de Futsal (Betim/MG, 2011).

    Durante o segundo jogo da semifinal entre Copagril/Faville/Dalponte-PR e V&M Minas-MG. A equipe do V&M Minas-MG estava vencendo o jogo por 2 a 0 quando o técnico da equipe Copagril/Faville/Dalponte-PR (Marcos Xavier) colocou em sua equipe o jogador Marcel, que é de oficio um jogador de linha, para atuar como Goleiro/Linha. Para alguns autores Linha/Goleiro, mas essa é outra discussão que abordaremos em outro momento, aqui manteremos o princípio da utilização da estratégia do Goleiro/Linha que é o que abordamos no estudo.

    A estratégia deu certo, ao final do primeiro tempo o jogo já estava empatado devido a esta alteração que inibiu o jogo do V&M Minas-MG.

    Ao voltar para o segundo tempo a equipe do Copagril/Faville/Dalponte-PR estava com a equipe que iniciou a partida, sem o Goleiro/Linha. Logo o time do V&M Minas-MG voltou a ficar a frente do placar, fazendo com que a outra equipe voltasse a utilizar o Marcel como Goleiro/Linha.

    Novamente a estratégia deu certo. O jogo terminou empatado e na volta para a prorrogação o time do Copagril/Faville/Dalponte-PR voltara mais uma vez sem o Goleiro/Linha, foi quando ainda no primeiro tempo da prorrogação tomara um gol. A partir de então Marcos Xavier volta com o Goleiro/Linha e conseguiu empatar o placar. Mesmo depois de ter empatado, continuou com o Goleiro/Linha até o final do segundo tempo da prorrogação inibindo as ações ofensivas da equipe adversária, a prorrogação terminou empatada, levando o jogo para decisão por pênaltis. Onde a equipe do Copagril/Faville/Dalponte-PR viera a vencer mais tarde.

    Ao término da partida, uma pergunta foi destinada para que Marcos nos respondesse:

    “Se você viu que o Goleiro/Linha muito influenciou no resultado do jogo, porque só utilizou do mesmo quando estava em desvantagem no placar e no ultimo tempo da prorrogação?”

    (Marcos Xavier - Copagril/Faville/Dalponte-PR) – “Neste momento a analise deve ter fundamento sobre vários aspectos, tais como:

  • Nível de confiança do grupo;

  • Sucesso na ação inicial;

  • Desgaste físico;

  • Observação se sua equipe possui condições para vencer de outra forma;

  • Quanto vale a partida disputada”.

    Colocamos como um dos fatores mais determinantes na decisão da não utilização do Goleiro/Linha o último item quando o treinador cita “quanto vale a partida disputada”. Podendo ser entendida por várias situações como fase classificatória, final de jogo ou até o emprego/trabalho do treinador na decisão de utilizar a estratégia do Goleiro/Linha e isto acarretar a derrota de sua equipe.

    Observamos pelas respostas obtidas que apesar de ser uma unanimidade a presença de um Goleiro/Linha na equipe, a maioria dos treinadores (50%) tem apenas um compondo seu elenco para treinamentos e/ou jogos. Os demais optam por dois (33,3%) ou três (16,6%).

Conclusão

    A partir dos resultados encontrados podemos afirmar que os treinadores de alto nível na maioria das vezes utilizam o Goleiro/Linha quando estão em desvantagem no placar, e quando passam a ter o empate ou a vantagem, os mesmos retiram este jogador para segurar a partida e não para ampliar o placar.

    Observamos que os treinadores têm conhecimento das vantagens que se adquire quando o Goleiro/Linha se encontra dentro de quadra, tanto para valores técnicos-táticos quanto para valores emocionais, mas mesmo assim percebe-se neste estudo uma grande resistência dos treinadores em usar desta estratégia quando em igualdade ou vantagem no placar, talvez por não acharem necessário uma “vantagem numérica” naquela situação de empate ou por não terem se adequado até aquele momento, às novas regras que estavam em vigor há pouco tempo.

    Os treinadores foram unanimes em dizer que utilizam de Goleiro/Linha principalmente quando estão em desvantagem no placar, utilizam estas estratégias apenas nos últimos minutos da partida e quando utilizam esta estratégia em alguns jogos obtiveram êxito e em outros acabaram sofrendo gols. Fica aqui um alerta aos treinadores que a eficácia e a eficiência do Goleiro/Linha vai depender da aplicação de situações-problema em se utilizar o Goleiro/Linha nos treinamentos de suas equipes em como utilizá-lo e como se defender de uma equipe que faz uso desta estratégia. Ou seja, a utilização do Goleiro/Linha deve fazer parte da planificação e periodização do treinamento tático de uma equipe de Futsal de alto nível.

Referências

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