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A psicologia como ciência aplicada ao esporte de alto rendimento

La psicología como ciencia aplicada al deporte de alto rendimiento

 

Msc. Professor. Universidade Federal de Rondônia (UNIR, Porto Velho, RO

Centro de Estudos de Esporte e Lazer (CEELA-UNIR)

Estudante do Curso de Psicologia, Universidade Federal de Rondônia

Centro de Estudos de Esporte e Lazer (CEELA-UNIR)

Ramón Núñez Cárdenas*

Yesica Núñez Cárdenas**

rnunezcardenas@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo bibliográfico teve como pretensão investigar a aplicação da Psicologia como Ciência Aplicada ao Esporte de Alto Rendimento. A Psicologia do Esporte tem como objetivo a explicação biológica da conduta e da atividade mental dos seres humanos, no âmbito do esporte; a função da Psicologia do Esporte consiste na descrição, explicação e no prognóstico de ações esportivas, com o fim de desenvolver e aplicar programas, cientificamente fundamentados, de intervenção, levando em consideração os princípios éticos.

          Unitermos: Psicologia. Esporte. Alto rendimiento.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O rendimento esportivo está associado, por rações óbvias, aos resultados dos atletas; em geral, estamos de acordo que: melhores rendimentos produzem melhores resultados. Um dos aspetos que maior atração exerce sobre atletas, treinadores, preparadores físicos e psicólogos, é esse momento em que se produz a melhor execução possível, a excelência esportiva, ou a execução plena utilizando a terminologia de Williams (1991). Alguns dos atletas mais experientes relevaram a enorme importância do fator psicológico; “no tênis profissional o 95% é mental” comentava Jimmy Connors, ou ”se teu cérebro pode convencer teu corpo de que ele pode fazer algo, sem dúvida o fará” falava Carl Lewis.

    Segundo Williams (1991) “é necessário assumir que a execução plena é uma conseqüência de fatores tanto físicos, quanto mentais. Não podemos separar a mente do corpo. Poderemos estimar que uma condição prévia para as execuções ótimas é um certo nível de condicionamento e domínio das tarefas físicas implicadas na execução. Durante muitas décadas, a comunidade cientista do atletismo e do esporte é partidária da ampliação dos programas de treinamento físico. Obviamente, quanto maiores forem os níveis de execução e condicionamento físico, maior controle potencial possui o atleta sobre si mesmo e sobre sua execução” (pp. 195-196).

    Partindo destas considerações, a preparação psicológica dos atletas tem sido quiçá, a primeira das aplicações da psicologia do esporte. Tal e como fala Cruz (1997, 2002), os psicólogos da Europa do Leste foram os primeiros na utilização sistemática e habitual da preparação psicológica para melhorar o rendimento esportivo. Estes psicólogos se baseavam nas idéias de Rudik, que falava que o treinamento psicológico deveria se realizar em função de duas condições: as demandas psicológicas de cada situação esportiva e as necessidades específicas de cada atleta. O enfoque que nos legaram os autores do Leste (Rudik, Vanek, Cratty) continua sendo uma premissa básica de intervenção no contexto esportivo. O psicólogo deverá analisar que habilidades psicológicas são mais relevantes e necessárias nas diferentes situações esportivas, além de analisar e determinar quais são as necessidades específicas de cada atleta. Para Cruz (2002) “O psicólogo de esporte aplicado deverá conhecer e analisar as diferentes situações esportivas que se produzem ao longo de um jogo, uma competição, uma temporada ou um ciclo olímpico no esporte, em que vai se fazer um treinamento psicológico e deverá avaliar, em primeiro lugar, as necessidades e os recursos psicológicos de seus atletas e da equipe técnica com que ele vai colaborar, para poder otimizar o rendimento e o bem-estar dos atletas com que trabalha” (p. 29).

    Apesar de que alguns autores (Vanek & Cratty, 1970; Cruz, 2002; Riera, 1985) fizeram tipologias necessárias das diferentes atividades esportivas, baseando-se nas demandas psicológicas destas, devemos falar que é muito importante conhecer o melhor possível do esporte específico em que vamos trabalhar.

    Assim, foi feita diferente proposta de trabalho psicológico para esportes específicos partindo das necessidades psicológicas mais relevantes para a prática dos mesmos. Por exemplo, Llames (1999) em relação a talentosos jovens atletas de futebol, indica que o controle e manejo da ativação, uma adequada focalização da atenção, capacidade de competir e nível ideal de autoconfiança, são as características psicológicas mais relevantes; García-Mas (2002) indica os momentos críticos (em relação ao tempo de jogo) da prática de futebol, sugerindo o conhecimento das estratégias dos jogadores de futebol para enfrentar cada um desses momentos críticos, e seu apoio nos fatores psicológicos básicos (atenção-concentração, emoções facilitadoras ou bloqueadoras, visualização, motivação) para intervir em conseqüência.

    Na Espanha, sobretudo a partir da concepção dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, podemos encontrar programas de treinamento psicológico em grande número de esportes. Desde as primeiras intervenções no contexto das olimpíadas no ciclismo (Escudero, 1992), hockey sobre patines (Palmi, 1992, 1994), Basquete feminino (Buceta, 1992), futebol (García Barrero, 1994) e esportes de inverno (Viadé, 1992), até os trabalhos mais recentes em num grande número de esportes, depois de dez anos de experiência e conciliação, lenta, porém segura, da profissão do psicólogo do esporte.

    Outros tipos de intervenções avaliam diferentes aspetos psicológicos, como a capacidade de competitividade do atleta, o autocontrole, a ansiedade ou a autoconfiança, ou bem, a utilização de técnicas e estratégias psicológicas específicas, como a visualização, o estabelecimento de objetivos, ou relaxamento, em que os atletas de maior êxito parecem que aceitam mais adequadamente os erros na competição, tem maior autocontrole, maior confiança, primam pela visualização interna sobre a externa e se oferecem auto-instruções mais positivas (Mahoney e Avener, 1977). Os trabalhos realizados em tênis (Meyers e Cols., 1979), em luta livre (Gould, Weiss e Weinberg, 1981), em luta livre e greco-romana (Gould, Eklund e Jackson, 1992; Weinberg e Gould, 1996), e com atletas de diferentes esportes olímpicos (Orlick & Partington, 1988), oferecem resultados muito similares.

    Para Wiliams (1991) “parecem encontrar-se determinados fatores comuns em relação às características psicológicas dos atletas mais reconhecidos” (p. 202), indicando que os atletas de maior êxito parecem ter um alto nível de autoconfiança, uma maior concentração, utilização de pensamentos positivos, níveis inferiores de ansiedade pré-competitiva e competitiva e maior capacidade de emendar os próprios erros. Na mesma linha, Weinberg e Gould (1996) falam as seguintes estratégias mentais utilizadas pelos atletas de êxito:

    Finalmente, falaremos de um aspecto que, desde os anos 80, tem um aumento relevante na psicologia do esporte: a relação entre os estados afetivos e o rendimento esportivo. Morgan (1979) menciona um perfil que poderia predizer um bom rendimento esportivo; utilizando o POMS (Profile of Mood States, de McNair, Lorr e Droppleman, 1971) estabelece que aqueles atletas que pontuaram alto na escala vigor do teste, e baixo no resto de escalas (tensão, depressão, fatiga e confusão) criam um rendimento superior ao resto; desenvolve um modelo de saúde mental que prediz o êxito esportivo (Morgan, 1980) e foi contrastado em diferentes trabalhos com atletas olímpicos e de elite (Morgan & Johnson, 1977, 1978; Morgan & Cols, 1987). Mas, tal e como fala Andrade, Arce e Seoane (2000) “dado o grande número de investigações nas quais o POMS foi aplicado a atletas, era inevitável uma pluralidade de resultados. Seguem-se diferentes metodologias de investigação, avaliam-se sujeitos com diferentes níveis de treinamento e de idade” (p.11), e isto faz que os resultados não sejam excessivamente consistentes.

    De qualquer forma, não podemos minimizar a possível influência do estado de ânimo do atleta em seu rendimento esportivo; para Arruza, Balagué & Arrieta (1998), num trabalho com atletas de elite de judô na categoria feminina, as dimensões do estado de ânimo influenciam significativamente no rendimento esportivo, encontrando que a fatiga percebida pode ser um bom indicador do mesmo.

Definição de Esporte

    O conceito de esporte é muito amplo. O mesmo engloba um amplo espectro de comportamentos diferentes entre si, em relação a formas que adotam, e aos contextos em que se produzem. Os comportamentos que observamos numa partida de futebol, num combate de luta, numa corrida de maratona ou numa competição de tiro com arco, são sem dúvida, diferenciáveis entre si. Embora em todos os casos usamos o termo esporte para referirmos à atividade dos participantes.

    Desde um ponto de vista evolutivo, o esporte está relacionado, freqüentemente, com o jogo. Assim, podemos considerar que o esporte, em geral, é um jogo de regras, e os diferentes esportes podem fazer parte, em maior ou menor grau, dos denominados jogos de luta, um subconjunto de grande importância em todos os mamíferos.

    A atual concepção do esporte aparece entre os séculos XVIII e XIX, quando se desenvolvem na Inglaterra alguns jogos de competição, que provêm dos jogos populares de bola, praticados no final da idade média. Estes jogos se reafirmaram com o termo sport, e se estenderam a outros países (Elias & Dunning, 1992).

    Das definições analisadas, destacam-se três componentes básicos que caracterizam o conceito de esporte: a existência de regras, a competição, e o marco organizacional. Estes três elementos tornam-se importantes na hora de resumir o significado estrito do termo “esporte”, que é o que se deve utilizar para chegar próximo ao caráter científico de seu estudo.

    Segundo Becker (2000), os esportes utilizados nas investigações são atividades individuais ou coletivas, que possuam regras no âmbito internacionais, praticadas desde as escolas esportivas, e esporte adulto, de tempo livre, bem como, de alta competição.

    O termo “esporte” é utilizado como sinônimo de “atividade física”. O conjunto de condutas que podem se englobar dentro desta denominação é muito amplo, e inclui toda atividade expressada através do movimento, e que tem por finalidade a consecução de um objetivo motor não imediato. Sem dúvida, podemos considerar como atividades físicas, muitas das que realizamos diariamente (caminhar, subir escadas, transportar objetos, etc.), e também outras de aparência ou caráter esportivo, mas que se realizam sem objetivos competitivos, sem sujeitar-se a um regulamento e interesses num marco organizacional. Com freqüência, o termo “atividade física” se restringe às ações de conteúdos esportivos, que as pessoas fazem sem ânimo competitivo, com caráter lúdico, ou com o objetivo de melhorar sua saúde ou bem-estar. Nesta linha, considera-se exercício físico, toda atividade física realizada de forma planificada, ordenada, repetida e deliberada, dirigida à melhora da condição física (Caspersen, Powell e Christenson, 1985). Entre as mais habituais estão: correr, nadar, pedalar ou levantar pesos, atividades que, freqüentemente, só diferem de seus homólogos esportivos, em que não cumprem algumas das três características distintivas mencionadas: Não estão orientadas à competição, não se sujeitam a regulamentos, ou não tem lugar num marco organizacional definido.

    Como sucede em outros âmbitos, a fronteira entre esporte e atividade física nem sempre é bem definida. Na medida em que a competição é um fenômeno presente na espécie humana (e outras), a prática lúdica se mistura facilmente a elementos competitivos, até o ponto de podermos observar condutas equívocas num grupo de jovens que jogam futebol na praia, sem que existam recompensas materiais ligadas a vitoria. De forma repetida, estas atividades só se diferem das estritamente esportivas por não existirem árbitros que apliquem o regulamento.

    A competição é inerente à atividade esportiva, porém não ao exercício ou à atividade física. Toda atividade que se desenvolve no âmbito esportivo, se orienta à competição. Assim, o conceito de treinamento, entendido como “um processo de adaptação, progressivo e não linear que pretende maximizar a probabilidade de melhorar o rendimento esportivo, mediante a administração de cargas de trabalho e períodos de recuperação” (Bonete & Suay, 2003) é usual da atividade esportiva. O treinamento esportivo se orienta à melhora do rendimento competitivo, embora, é possível observar uma atividade similar em pessoas que se exercitam sistematicamente sem perseguir objetivos competitivos. Existem momentos em que corredores não sistemáticos fazem volumes de treinamento similares aos realizados por alguns atletas profissionais (Hanin, 2000).

    Resumindo, o exercício físico e o esporte compartilham aspectos importantes como à realização de esforço físico com caráter sistemático, e dirigido a uns objetivos. No caso do esporte, o objetivo central é a competição, e as pessoas que fazem atividade física se orientam a outras metas, tais como a melhora de sua saúde e qualidades físicas.

Aspectos metodológicos para o trabalho psicológico no esporte de alto rendimento

    Para a intervenção psicológica, é de grande importância o conhecimento dos aspetos característicos de cada esporte. Embora as variáveis psicológicas relacionadas ao rendimento são as mesmas para todos os atletas, não acontece a mesma coisa com as situações específicas as que deverão se enfrentar, situações com diferentes cargas potenciais de stress, diferente para cada esporte e para cada momento esportivo de um mesmo esporte. Aspecto como o sistema de competição, a estrutura da temporada, os momentos de participação não ativa dentro da competição e a necessidade de um nível de ativação maior ou menor, exigem que o psicólogo do esporte tenha algum conhecimento do esporte sobre o que vai intervir.

    Tomando como proposta ideal o trabalho multidisciplinar no esporte, onde o objetivo é a otimização do rendimento do atleta, o psicólogo, como todos os demais profissionais: médicos, fisioterapeutas, treinadores ou preparadores físicos, deverá ter noções básicas sobre os aspectos específicos que formam parte do trabalho de seus colegas. Neste aspecto, o psicólogo, com conhecimentos gerais de preparação física, de treinamento esportivo, de medicina e de anatomia básica, mantém uma cercania proveitosa com o entorno profissional.

    Nos esportes específicos, foram feitos estudos que marcam dentro de cada esporte a existência de fase de maior ou menor relevância para o atleta (Alzate & Cols, 1997). Já falamos sobre a definição dos “momentos críticos” que García-Mas (2002) indicava no contexto de futebol; centrando-nos naqueles referidos ao tempo de jogo, e adaptando-los ao resto dos esportes. Na verdade, não se deve perder de vista as seguintes questões:

    O atleta deverá saber manejar as exigências psicológicas que cada um destes momentos requer. Realmente, estas situações se tornam um verdadeiro banco de provas para contrastar as técnicas, habilidades e estratégias aprendidas pelo atleta no treinamento psicológico prévio.

    Segundo Nitsch (1985), “o objetivo e a meta do treinamento psicológico é a modificação dos processos e estados psíquicos (percepção, pensamento, motivação), ou seja, as bases psíquicas da regulação do movimento. Essa modificação será alcançada com a ajuda de procedimentos psicológicos” (p.150).

    Os objetivos principais podem ser alcançados com medidas psicológicas de treinamento:

    No treinamento psicológico, deveriam ser considerados os seguintes princípios éticos (Becker Jr. & Samulski, 1998):

O trabalho psicológico geral para o esporte de alta competição

    O trabalho psicológico que é desenvolvido na alta competição deverá ser feito durante todo o macrociclo de treinamento, de forma sistemática durante a preparação física, técnica, tática, teórica, e nas semanas que antecedem a competição e na própria competição. Seu objetivo é a educação, o aperfeiçoamento de todos os componentes psicológicos do sistema de regulação das ações e a conduta do atleta, tudo o qual influi na formação da personalidade.

    Por outra parte, com o trabalho psicológico, o atleta poderá ter uma melhor adaptação ao esforço rigoroso de trabalho que exige o pertencer a uma equipe de alto desempenho. É importante considerar as diferenças individuais no momento de desenvolver o planejamento de trabalho psicológico durante os treinamentos, porque é possível que os atletas possuam dificuldades diferentes uns do outro. Identificar os componentes psicológicos que estão deficientemente desenvolvidos nos atletas é tarefa essencial para o desenvolvimento do trabalho psicológico geral, onde devemos considerar o nível de expressão das qualidades, processos e formações psicológicas que não são modificáveis por dias ou várias semanas. Requer-se de longos meses de trabalho, às vezes, anos, no sentido de obter esse objetivo.

    Para elaborar um planejamento de trabalho psicológico geral, é necessário levar em consideração, as etapas do macrociclo nas quais serão introduzidas as tarefas determinadas, porque a priorização dos componentes da regulação psicológica, dentro do macrociclo, dependerá do papel que cada um desempenha dentro das diferentes etapas de preparação do atleta.

    Quando priorizamos componentes psicológicos, devemos considerar as características do esporte. Não é o mesmo desenvolver um planejamento de trabalho psicológico para uma equipe de tiro esportivo, que para uma equipe de voleibol ou de outra disciplina esportiva. Cada modalidade tem sua especificidade e, portanto suas exigências essenciais. Segundo Kratzer (1988), os componentes psicológicos (da regulação orientadora), que determinam um alto rendimento no tiro esportivo, são os seguintes:

    Estes componentes não são os mesmos que determinam a qualidade do rendimento em jogadores de voleibol. Neste participam, como qualidades importantes da atenção, a distribuição e a velocidade de mudança. A distribuição tátil não é tão importante quanto os cálculos ópticos motores e as reações de antecipação, etc.

    No trabalho Psicológico geral, deve ser educado todo o componente do sistema de regulação psicológico, que se encontre afetado na ação que desenvolve o atleta. As tarefas a serem utilizadas, podem ser encontradas nos capítulos referentes à motivação, percepção, sensações, atenção e pensamento tático.

Periodização dos componentes psicológicos dentro de cada preparação do atleta de alto desempenho

O trabalho psicológico especial para o esporte de alta competição

    O trabalho psicológico especial para o esporte de alta competição, responsabilizar-se-á por garantir que o atleta possa se apresentar na competição com um estado ideal de rendimento. Devemos tratar de eliminar os estados desfavoráveis no mesmo, que possam interferir no seu bom desempenho, durante a competição.

    Cada competição é ao mesmo tempo para o atleta:

    Em função disso, poderemos afirmar que o trabalho psicológico especial tem características diferentes em relação com o geral, embora se encontre dentro dele. Segundo Puni Changarov & Rodionov (1990), o trabalho psicológico especial deve ser desenvolvido cada vez que participamos com a equipe em qualquer competição.

    Pensarmos que é só na competição mais importante que deveremos fazer um trabalho psicológico especial, seria um erro, porque isto poderia originar tensões adicionais no atleta, pelo mesmo não estar adaptado a essa intervenção. Ao fazer todos os requerimentos de ordem psicológica, a fim de que o atleta participe com a melhor.

    Disposição, nas diferentes atividades que se desenvolvem no macrociclo, adapta o atleta a receber as tarefas como algo normal e necessário.

    Os autores mencionados anteriormente afirmam que, existem duas etapas no trabalho psicológico especial, chamadas de preparação pré-competitiva e preparação competitiva.

Preparação pré-competitiva

    A mesma está compreendida em várias semanas antes da competição. O tempo dedicado a ela é maior ou menor, em dependência da importância da competição e das características de nossa equipe.

    Seu objetivo é mobilizar as disposições e capacidades de rendimento do atleta, para que o mesmo obtenha na data da competição, ou durante a temporada da competição, um estado ótimo que lhe permita obter altos desempenhos.

    Nela, fazem-se tarefas específicas que pretendem “colocar em forma” tanto os aspetos de motivação, vontade, controle dos estados de tensão psíquica, como todos aqueles componentes psicológicos sob os quais descansam as destrezas técnicas-táticas.

Preparação competitiva

    Esta preparação compreende as tarefas que são feitas nas jornadas competitivas, seu tempo de duração é variável, tendo em consideração o tipo de esporte;

    Seu objetivo é manter ótimo o estado de desempenho, o qual começa a se modelar desde a preparação geral, mobiliza-se na preparação pré-competitiva e tem que se manter nos dias da competição;

    Nela se aplicam tarefas que são dirigidas fundamentalmente à regulação dos estados desfavoráveis e à concentração dos atletas nas ações imediatas, assim como na correção das ações da equipe durante a competição.

    Pode-se observar que, no trabalho psicológico, existe uma interdependência entre o geral e o especial. Se excluirmos o trabalho psicológico geral, estaremos preparando as condições para o fracasso do trabalho psicológico especial, porque o atleta só poderá ter confiança em si mesmo, e um alto grau de aspirações, caso se sinta com pleno domínio de suas habilidades motrizes, e se educamos nele os componentes indutores, que o permitem entregar-se totalmente na busca da vitória. Ao mesmo tempo, a preparação pré-competitiva é a base para a preparação competitiva, porque não se pode manter um estado que não se tenha mobilizado nas semanas anteriores à competição. Assim mesmo, o resultado de nosso trabalho com os atletas, durante o período de competição, repercutirá favoravelmente na disposição geral dos mesmos para enfrentar o próximo ciclo de treinamento, sempre que formos capazes, seja ante os êxitos ou ante os fracassos, de utilizar esses resultados de forma produtiva.

Tarefas que podem ser utilizadas na preparação pré-competitiva para o desenvolvimento do trabalho psicológico especial (Segundo Puni).

1.     Informação detalhada sobre a competição e os adversários

    Forma de aplicação:

    Comunica-se ao atleta, a data, cidade, e instalação provável em que se realizará a competição, comportamento típico do público, juiz possível a participar, condições de alojamento, (quando se viaja a outra localidade, estado ou país), nível de treinamento e resultados competitivos das equipes ou individualidade do adversário ou equipe, marcas impostas por estes, lugares alcançados em confrontações anteriores, etc. (muitos treinadores conseguem a foto dos adversários e a colocam na sala ou quadra de treinamento, a fim de que sua equipe se identifique com os mesmos e se acostumem com suas características exteriores).

    Freqüência de aplicação da tarefa: Uma vez, no início desta preparação.

2.     Informação sobre as próprias possibilidades individuais e coletivas

    Forma de aplicação:

    Inicia-se com a realização de entrevistas individuais, em ambiente privado, com cada um dos membros da equipe, onde se analisam os aspetos positivos e aqueles que ainda faltam por resolver nos dias que antecedem a competição. Além disto, informa-se ao atleta sobre suas possibilidades reais para esse confronto a fim que ele possa ter para a mesma, uma aspiração real de rendimento, e evitar desta forma, uma vivência de fracasso que possa interferir em sua motivação futura. Posteriormente, reúne-se a equipe e se analisa coletivamente a particularidade do nível de treinamento do grupo, utilizando sempre a mobilização de todas suas disposições para entrega ao trabalho, e refletir sobre o resultado que consideram alcançar no confronto, se necessitam realizar um esforço supremo.

    Freqüência de aplicação: Uma vez, no início desta preparação.

3.     Fixação de aspirações de rendimento individuais

    Forma de aplicação:

    Individualmente, perguntar-se-á a cada atleta, qual é o rendimento que aspira alcançar (exemplo: se é um jogador de handebol, deverá informar sua aspiração em relação à eficiência em arremessos a curta, média e longa distância, passes, etc.), influindo sempre inteligentemente sobre os mesmos, para que elevem ou diminuam suas aspirações, quando consideramos que elas diferem de suas possibilidades reais. È importante que o atleta fique convencido de que estas metas surgem dele e que não são imposta pelo seu treinador.

    Freqüência de Aplicação: Uma vez, no início desta preparação.

4.     Fixação de aspirações coletivas de rendimento

    Forma de Aplicação:

    Após a informação das metas individuais, reúne-se toda a equipe para informar, coletivamente, as aspirações individuais de rendimento, com o intuito de converter as mesmas em compromisso. Também, analisa-se, com todos os membros da equipe, de forma democrática, o possível lugar a alcançar na competição; é dizer as aspirações de rendimento da equipe, apoiando-nos nas experiências anteriores, nos resultados de confrontos passados, no nível alcançado pelos atletas durante o macrociclo, na qualidade dos adversários, etc.

    Freqüência de Aplicação: Uma vez ao início desta preparação.

5.     Treinamento modelado

    Forma de Aplicação:

    Faz-se necessário programar as tarefas gerais e particulares, tanto na ação prática como no plano mental, nas quais se deve fazer o seguinte:

  • Treinamento ideomotor, a fim de representar a participação pessoal nas diversas ações, nas condições prováveis da competição.

  • Treinamento moldado à competição é dizer as atividades que serão feitas no treino, e estas deverão se ajustar as mesmas condições da competição (influências de sons gravados de barulho da torcida, música, etc.), da forma mais variada possível.

    È importante compreender que se os estímulos que se aplicam nos treinos da última semana, são similares aos que enfrentarão nossos atletas na competição, ajudarão para que estes apresentem um estado psíquico mais controlado, e com melhores possibilidades de êxito na mesma.

    Freqüência de Aplicação: Duas vezes por semana

6.     Regulação das tensões psíquicas pré-competitivas

    Forma de Aplicação:

    Serão utilizadas técnicas variadas para o controle das tensões psíquicas, aprendidas durante a preparação psicológica geral, as quais serão mencionadas no próximo capítulo.

    Nesta tarefa, é importante considerar que não é possível incorporar ao treinamento que se desenvolve na etapa de preparação pré-competitiva, aquelas tarefas para o controle dos estados de tensão psíquica que não foram apreendidas anteriormente, pois isto influirá negativamente sobre os resultados competitivos. Só deverá ser utilizada aquela tarefa com a qual o atleta esteja identificado, desta forma, as mesmas poderão influir positivamente nesta etapa.

    Freqüência de aplicação: Todos os dias, sete semanas antes da competição.

Tarefas que podem ser feitas na preparação competitiva no trabalho psicológico especial.

1.     Antes de chegar ao lugar da competição deveremos ter em consideração as seguintes questões

    Mostrar alegria e induzir segurança e tranqüilidade aos nossos atletas. Não é o momento de discutir com os mesmos, nem mostrar a eles, nosso nervosismo ou preocupações.

    Não permitir que membros da torcida, jornalistas, familiares, diretores, etc. pretendam, na última hora, falar com os atletas, exigindo-lhes um bom desempenho ou lembrando-os que “todos estarão pendentes de sua atuação”. Caso isto ocorra, só contribuirá para elevar os níveis de tensões psíquicas dos atletas, o que influirá posteriormente em seu desempenho.

    Não permitir uma alimentação exagerada poucas horas antes do confronto.

    Se a competição ocorrer à tarde ou à noite, deve-se propiciar aos atletas se distraiam escutando música, vendo filmes, participando em jogos recreativos, lendo livros, etc.

    Evitar a realização de atividades físicas intensas (dançar, nadar, etc.).

    Deve-se vigiar o repouso do atleta durante o dia; se os atletas dormem depois do almoço, e a competição é de noite, só deverão dormir o tempo de costume. Se a competição é à tarde, deverão repousar de 15 a 20 minutos, sem chegar ao sono profundo.

    Se nos deslocamos em ônibus para o lugar da competição, deveremos estar atentos, para os atletas mantenham a alegria e tranqüilidade.

    Deverão ser medidas as pulsações dos atletas, e se possível, a estimação do tempo (utilizando cronômetros), duas horas antes do inicio da competição, para determinar os que apresentam tensões psíquicas desfavoráveis, a fim de tomar as medidas pertinentes.

    Os atletas que apresentem tensões psíquicas desfavoráveis deverão fazer técnicas de regulação das tensões psíquicas excessivas, uma hora antes da competição, a fim que possam se apresentar num estado adequado para começar as ações.

2.     Ao chegar a competição

    Segundo Rodionov Puni & Rudik (1990), ao chegar ao local onde será feita a competição, devemos considerar que nossas tarefas de ordem psicológica passem por três momentos:

1.     Primeiro momento: (orientação)

  • Os atletas deverão olhar livremente o lugar da competição, adequando-se aos estímulos atuantes (observar as características da instalação, onde se encontram situado os membros da torcida, etc.)

  • É importante que os atletas encontrem a similitude do lugar da competição com o local que eles fazem seus treinamentos.

2.     Segundo momento: (concentração)

  • Os atletas deverão concentrar sua atenção no programa da primeira atuação.

  • Deverão também eliminar gradualmente de seu pensamento, todo conteúdo que possa desviar-lhe sua atenção no momento da execução da ação. Para isto, é necessário utilizar técnicas de auto-regulação das tensões psíquicas excessivas, tais como (Terapia Racional Emotiva (RET), treinamento ideomotor, Terapia Ativa (TA), sempre antes do aquecimento).

3.     Terceiro momento: (Manter o estado ideal durante a competição)

    O treinador sempre pode ajudar na valoração das ações, ainda em situações críticas, de forma calma e eficiente, para cooperar com a precisão e modificação do programa tático estabelecido, e na regulação das tensões dos atletas durante a competição. “Segundo Gorbunov (1988), é mais conveniente utilizar os termos “tranqüilos”, “mas ativos”, fortes”, a utilizar imperativos tais como “controla-te”, “acorda”, etc. A conduta do treinador vai constituir um espelho para o atleta, porque treinadores nervosos = atletas nervosos e treinadores calmos = atletas com maiores possibilidades de se acalmar.

    Deve-se garantir o descanso e a recuperação nas saídas da quadra, entre os jogos, etc. com meios rápidos de regulação das tensões psíquicas, como os exercícios respiratórios, regulação por imagens positivas, mudanças na direção do pensamento, música suave, etc.

    O fim da competição não é o momento de analisar os resultados. A análise deve ser feita depois que a equipe esteja descansada, e sempre tendo em consideração as vivências de êxito ou de fracasso que os atletas obtiveram ao finalizar. No caso de êxito, a análise pode começar pela informação dos erros que foram feitos, porque o estado de ânimo da equipe está elevada e pronta para receber novas informações; no caso de fracasso, deve-se estimular o estado de ânimo da equipe, iniciando a análise pelos aspetos positivos, desta forma, os mesmos poderão ativar sua atenção para processar a informação que vai sendo encaminhada para melhorar os erros apresentados.

    A análise dos resultados ao finalizar a competição, deverá contar, necessariamente, desde o ponto de vista psicológico, com vários aspetos:

  • Destacar as ações que ajudaram ao êxito coletivo;

  • Criticar as ações que contribuiriam para o fracasso dos objetivos coletivos;

  • Analisar a disciplina mantida durante a competição;

  • Não criticar os atletas, mas os erros, as jogadas deficientes. É recebida de forma diferente a expressão “estiveste muito mal” que “a ação X não foi eficiente”. A primeira tem uma conotação pessoal, que pode ser valorada pelo atleta como uma agressão. A Segunda convida a uma atitude concentrada encaminhada a melhorar a atuação. O objetivo do treinador não poderá ser jamais de humilhar o atleta, afetar sua auto-estima, pelo contrário, deverá procurar que o mesmo compreenda as causas de seus erros, e convidá-lo a superar a dificuldade o quanto antes possível.

    Se a análise dos resultados competitivos é a ultima atividade a realizar com a equipe antes do período transitório, é conveniente situar as tarefas que deverão ser feitas nas férias.

    O trabalho psicológico especial constitui, junto com o trabalho psicológico geral, um procedimento eficaz para potencializar e mobilizar todos os recursos físicos e psíquicos de nossos atletas. Podem-se obter resultados sem estas tarefas, mais as mesmas poderiam ajudar em muito dos casos a melhorar o desempenho de nossos atletas.

Bibliografía

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