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Perfil antropométrico de atletas amadores de handebol 

masculino de Minas Gerais a partir da função desempenhada no jogo

Perfil antropométrico de jugadores aficionados de balonmano masculino de Minas Gerais a partir de la posición de juego

 

*Graduação em Educação Física pela Universidade Federal de São João del Rei, MG

Especialização em Fisiologia do Exercício e Treinamento Esportivo

pelo Centro Universitário de Volta Redonda, RJ

**Graduação em Educação Física pela Universidade Federal de São João del Rei, MG

Especialização em Fisiologia do Exercício e Treinamento Esportivo

pelo Centro Universitário de Volta Redonda, RJ

Especialização em andamento em Educação Empreendedora

pela Universidade Federal de São João dê Rei, MG

***Professor do curso de Educação Física da UNIPAC Itabira, MG. Licenciatura Plena

em Educação Física pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, Unileste, MG

Especialização em Fisiologia do Exercício pela Universidade Veiga de Almeida, RJ

Especialização em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Ouro Preto, MG

Mestrado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Ouro Preto, MG

Doutorado em andamento em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Ouro Preto, MG

****Professor de Educação Física da Universidade Federal de Itajubá. Campus Itabira, MG

Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Federal de Juiz de Fora, MG

Especialização em Fisiologia do Exercício

e Avaliação Morfofuncional pela Universidade Gama Filho, RJ

Mestrado em Ciência da Motricidade Humana pela Universidade Castelo Branco - RJ

Esp. Amanda Silva de Oliveira*

Esp. Khalmel Gabriel Lima de Oliveira**

Ddo. Everton Rocha Soares***

Ms. André Calil e Silva****

evertonrsoares@msn.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo objetivou delinear e comparar de forma descritiva o perfil antropométrico de atletas de handebol masculino (n=34; 24,8 ± 4,8 anos) participantes da etapa final do Campeonato Mineiro de Handebol de 2010. O perfil antropométrico dos atletas foi caracterizado a partir das funções desempenhadas no jogo e comparado com atletas amadores e de alto nível. Foram analisadas as variáveis: massa corporal (MC), estatura (ES), envergadura (ENV), massa corporal magra (MCM) e percentual de gordura (%G). Observamos que a ES e ENV dos pontas do presente estudo foi menor do que a ES e ENV dos armadores do presente estudo. De forma geral, observamos que as variáveis antropométricas e de composição corporal dos atletas deste estudo são diferentes do recomendado para atletas de alto nível. No entanto, o grupo de armadores do presente estudo apresentou valores antropométricos e de composição corporal mais próximos aos valores antropométricos e de composição corporal encontrado em atletas de alto nível.

          Unitermos: Handebol. Perfil antropométrico. Composição corporal. Atletas amadores. Atletas de alto nível.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A antropometria é utilizada em diversas áreas do conhecimento, dentre as quais pode-se citar a ergonomia, a performance esportiva, a saúde e a composição corporal (Glaner, 2004).

    De acordo com Glaner (2004), existe uma relação direta entre a estrutura física e função desempenhada no esporte, onde determinadas características antropométricas podem favorecer a execução de gestos técnicos precisos e eficazes. Dessa forma, em um mesmo esporte coletivo, como é o caso do handebol, pode ser exigido a participação de atletas com diferentes tipos físicos, devido às características específicas de cada posição.

    No handebol, as equipes são formadas por 14 jogadores, sendo sete titulares e sete suplentes. Segundo a Federação Internacional de Handebol (FIH, 2006) as posições são: armadores, pivôs, pontas e goleiros.

    No handebol, com base na diversidade de posições e suas respectivas funções durante o jogo, observa-se a utilização de uma variedade de qualidades físicas, sendo elas: força, velocidade, resistência, flexibilidade, coordenação e equilíbrio. Em relação à especificidade da função desempenhada no jogo, pode-se observar uma maior ou menor incidência das qualidades acima citadas de acordo com a posição na qual o atleta joga. Desta forma, o direcionamento do atleta para execução de determinada função no jogo é pautado a partir de suas características físicas, uma vez que alguns atletas apresentam mais ações explosivas enquanto outros se destacam pela agilidade e pela velocidade (Eleno e cols., 2002).

    Segundo Ruiz e Rodriguez (2001) os componentes que interferem na capacidade de jogo dos atletas de handebol são basicamente: os de ordem física, psíquica, os técnico-táticos e morfológicos. As características morfológicas são fundamentais no handebol, pois são elas que dão base para o treinamento das qualidades físicas necessárias a um desempenho ótimo, além de possuírem uma estreita relação com as ações de jogo.

    Marques (1987) e Martini (1980), ressaltam a importância de algumas características antropométricas para atletas de handebol masculino. A estatura (ES) é a mais mencionada por proporcionar vantagens tanto em ações ofensivas como defensivas. Cita-se a envergadura (ENV) por relacionar-se com a potência de arremesso, pois quanto maior for esta, maior será a aceleração que se pode dar a bola. De acordo com Moreno (1997) a ENV é determinante na cobertura dos espaços próximos ao corpo, sendo fundamental para a realização das interceptações e bloqueios. Moreno (1997) cita ainda a massa corporal (MC) como outra característica antropométrica importante do handebol, pois esta favorece o jogador nas situações de 1 contra 1 por se relacionar com sua força relativa.

    De acordo com Ruiz e Rodriguez (2001), os armadores devem possuir força e ES elevada. Além da força, são atribuídas ao armador central, características como velocidade e resistência.

    Em relação aos pivôs, a ENV e a ES são características cruciais, principalmente pelo fato destes jogadores receberem jogadas aéreas e por cima da defesa com certa frequência. Os pivôs ainda devem ser ágeis, rápidos e apresentarem grande resistência física (Glaner, 1999).

    Conforme Marques (1987) os pontas normalmente apresentam ES inferior as demais posições, e apresentam como características marcantes a velocidade e a agilidade.

    Em relação aos goleiros, Marques (1987) cita que estes devem apresentar a combinação de uma grande ENV com uma elevada ES, fatores que os possibilitam cobrir um maior espaço no gol em um menor tempo de reação.

    Dadas as principais características antropométricas relacionadas às diferentes posições do handebol, alguns estudos traçaram o perfil morfológico de jogadores amadores (Vasques e cols., 2005; Bezerra e Simão, 2006) e de alto nível (Glaner, 1999; Vasques e cols., 2008), buscando conhecer e avaliar as características antropométricas e de composição corporal desses atletas e a contribuição dessas características no rendimento desportivo.

    Diante dessas considerações e tendo a antropometria como uma importante ferramenta no processo de treinamento esportivo e com o desempenho do atleta diante da sua função exercida, buscamos delinear o perfil antropométrico e de composição corporal dos atletas de handebol masculino participantes da etapa final do Campeonato Mineiro de Handebol 2010, considerando suas posições ofensivas de jogo e comparando de forma descritiva com o perfil antropométrico e de composição corporal de atletas amadores e de alto nível.

Metodologia

Amostra

    O presente estudo apresenta-se como descritivo. A amostra foi composta por 34 atletas adultos (24,8 ± 4,8 anos) do gênero masculino, federados na Federação Mineira de Handebol e participantes da etapa final do Campeonato Mineiro de Handebol, realizado na cidade de Betim – MG, nos dias 11 e 12 de dezembro de 2010. O Campeonato Mineiro de Handebol é uma competição amadora, porém é a competição de handebol mais expressiva do calendário de Minas Gerais. A amostra deste estudo compreendeu 79% do universo de atletas (43 atletas) que participavam da competição.

Instrumentos

    Para avaliação da MC e da ES foi utilizada uma balança antropométrica de plataforma da marca FILIZOLA® com precisão de 100g e o estadiômetro acoplado à balança com escala de 0,5 cm (Matsudo e cols., 1987). Para a mensuração da ENV, utilizou-se uma trena (5m de comprimento) da marca Lufkin com escala de 0,5 cm (Filho, 1999). Para medida da composição corporal [percentual de gordura (%G) e massa corporal magra (MCM)] foi utilizado um plicômetro clínico da marca CESCORF, a partir do método das sete dobras cutâneas descrito por Jackson e Pollock (1978). Para a estimativa da densidade corporal utilizou-se a equação proposta por Jackson e Pollock (1978) e o cálculo do percentual de gordura foi baseado na fórmula de Siri (1961).

Procedimentos

    Para proceder à coleta dos dados, duas semanas antes da competição, foi direcionada aos técnicos das equipes uma carta informativa solicitando a realização das medidas em seus atletas; posteriormente, no dia da competição, foi solicitado que os atletas lessem e assinassem um termo de consentimento livre e esclarecido conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 1996).

    Todas as medidas foram realizadas pelo menos 30 minutos antes do início das partidas. Todos os atletas estavam aptos a serem medidos antropometricamente e na composição corporal conforme descrito por Stolarczyk e Heyward (2000).

    As coletas foram realizadas por dois avaliadores experientes. Um avaliador ficou responsável exclusivamente pela medida das dobras cutâneas e o outro pela mensuração da massa corporal, estatura e envergadura.

Análise estatística

    Os resultados foram expressos em média ± desvio padrão (DP). Para verificar as diferenças entre os grupos do presente estudo foi utilizado o teste ANOVA One-Way seguido do pós-teste de Newman-Keuls. As análises foram realizadas pelo software Graphpad Prism (version 4.00). O critério para significância estatística foi de p<0.05.

Resultados e discussão

    A tabela 1 mostra os valores da MC, ES, ENV, %G, MCM e idade dos atletas do presente estudo a partir da posição de jogo.

Tabela 1. Caracterização antropométrica e da composição corporal de atletas de handebol a partir da posição de jogo

    Ao avaliarmos a MC, %G, MCM e a idade, não foram observadas diferenças significativas nas respectivas variáveis entre os atletas em suas diferentes posições de jogo. No entanto, ao avaliarmos as variáveis ES e ENV, foi observado que apenas os pontas apresentaram menores valores de ES e ENV quando comparado com a ES e ENV dos armadores. Estes dados corroboram com outros estudos da literatura (Glaner, 1999; Vasques e cols., 2005; Vasques e cols., 2008) que também mostraram menores valores na ES e ENV dos pontas em relação aos armadores. As diferenças na ES e ENV entre pontas e armadores estão diretamente ligadas às funções desempenhadas por estes atletas no jogo, onde armadores necessitam de uma elevada ES e de uma grande ENV, pois, em geral, são os jogadores responsáveis em executar arremessos em suspensão por cima da defesa (Van Den Tillaar e Ettema, 2004). Por outro lado, os pontas por estarem nas extremidades da quadra e executarem ações em espaços limitados sem a presença de bloqueadores já não precisariam de elevados valores de ES e ENV (Srhoj e cols., 2002).

    Posteriormente, realizamos uma comparação descritiva do perfil antropométrico e da composição corporal dos atletas de nosso estudo com o perfil antropométrico e da composição corporal com outros atletas amadores e de alto-nível. Observamos que o grupo de pivôs do nosso estudo mostrou menores valores absolutos de ENV (183,9 cm) e ES (177,9 cm) quando comparados com os valores de ENV (188,25 cm) e ES (184,36 cm) dos pivôs de alto nível dos X Jogos Pan-americanos de Handebol Masculino (Glaner, 1999), tanto quando comparado com os valores de ENV (186,73 cm) e ES (182,93 cm) dos pivôs amadores de Santa Catarina (Vasques e cols., 2005). No entanto, a ENV e ES dos atletas catarinenses, também foram menores que a ENV e ES dos atletas do pan-americano. Esses dados sugerem que as diferenças encontradas nas variáveis ES e ENV entre pivôs amadores (mineiros e catarinenses) e os pivôs de alto nível (Pan-americanos) (Glaner, 1999) se deve ao criterioso processo de seleção desportiva que envolve as equipes de alto nível, onde os atletas de melhor compleição física e morfológica e que detém grande capacidade técnica, seriam preferencialmente direcionados para as equipes de alto nível.

    Estudos (Srhoj e cols., 2002; Vasques e cols., 2005) citam que dentre as demais posições do handebol, o pivô costuma ser o jogador com maior MC e %G, provavelmente por necessitar assumir e manter posições estáveis, suportar constante contato físico com os defensores e dificultar a passagem dos defensores da equipe adversária. Em nosso estudo, apesar do valor absoluto da MC dos pivôs ter sido maior do que a MC das demais posições de jogo, essa diferença não foi significativa. Além disso, não foram observadas diferenças significativas no %G entre as diferentes posições ofensivas de jogo.

    Ao compararmos descritivamente a MC e a composição corporal dos pivôs, observamos que os valores absolutos da MC (90,5 kg) e %G (16,3 %) dos pivôs mineiros foram maiores do que os respectivos valores absolutos dos pivôs do pan-americano (MC = 86,4 kg; %G = 14,12 %) (Glaner, 1999) e de Santa Catarina (MC = 86,15 kg; %G = 11,87 %) (Vasques e cols., 2005). No entanto, observamos que a MCM dos pivôs de nosso estudo (75,1 kg) foi maior do que a MCM dos pivôs do pan-americano (74,40 kg) (Glaner, 1999) e ligeiramente menor que a MCM dos atletas de Santa Catarina (75,68 kg) (Vasques e cols., 2005). Segundo Bello Jr (1998) uma menor quantidade de gordura corporal pode favorecer ao rendimento máximo, visto que a movimentação extremamente intensa em esportes intermitentes como o handebol, demanda uma alta exigência energética. Dessa forma, uma menor quantidade de gordura corporal favorecerá uma menor intensidade relativa durantes as ações desportivas do handebol. Acreditamos que as equipes que dispõem de fatores como a profissionalização dos atletas e da comissão técnica e/ ou melhores condições de treinamento e/ ou acompanhamento nutricional e psicológico, de forma geral, podem conseguir resultados mais significativos quanto ao controle ponderal de seus atletas, quando comparado com equipes amadoras. Desta forma, é possível que os menores valores de %G dos atletas amadores de Santa Catarina, quando comparados com os valores de %G dos atletas amadores de Minas Gerais possa ser devido a diferentes condições de treinamento, alimentação e/ ou orientação psicológica, uma vez que os atletas catarinenses estudados por Vasques e cols. (2005) estavam inseridos em uma competição bastante tradicional de Santa Catarina, que ocorre anualmente desde o ano de 1960.

    Em relação aos pontas, observamos que os mesmos apresentaram maiores valores absolutos de %G (17,1 %) quando comparados aos valores de %G de atletas do Pan-americano (13,12 %) (Glaner, 1999), tanto quando comparados com o %G de atletas amadores catarinenses (10,74 %) (Vasques e cols., 2005). Por outro lado, ao compararmos os valores absolutos do %G dos pontas deste estudo com os valores absolutos de %G dos pontas participantes da Taça Amazônica de Clubes Adultos Masculinos - 2002, outra competição amadora que aconteceu na região norte do Brasil (Bezerra e Simão, 2006), observamos uma maior proximidade nos valores de %G entre os mineiros e amazonenses (17,1% vs. 16,55% respectivamente). Acreditamos que o fato da menor expressividade destas competições e pela não profissionalização desses atletas, quando comparado com competições mais importantes, possa justificar essa semelhança. Por outro lado, apesar de não termos encontrado diferenças significativas para os valores de MC e MCM entre os pontas mineiros e os demais jogadores de Minas Gerais, a MC e a MCM dos pontas apresentaram menores valores absolutos. No entanto, Srhoj e cols. (2002) citam que uma menor MC dos pontas, não interfere no desempenho desportivo, uma vez que as ações realizadas pelos pontas, na maioria das vezes, exigem pouco contato com outros atletas.

    Ainda no grupo dos pontas observamos que a ENV dos atletas de nosso estudo (180,8 cm) foi semelhante a ENV de atletas amadores catarinenses (180,83) (Vasques e cols., 2005), menor do que a ENV de atletas do Pan-americano (184,54 cm) (Glaner, 1999) e menor do que a ENV de atletas da Liga Petrobras de Handebol 2006 (186,0 cm), que é considerado o campeonato de handebol mais importante do Brasil (Vasques e cols., 2008). Já os valores de ES dos pontas amadores mineiros (173,7 cm) foram menores do que os valores de ES dos pontas amadores catarinenses (178,13 cm) (Vasques e cols., 2005), como dos pontas do Pan-americano (181,38 cm) (Glaner, 1999) e dos pontas das equipes primeiras colocadas na Liga Petrobrás de handebol (181,4 cm) (Vasques e cols., 2008). Desta forma, podemos observar que nas competições de maior nível técnico os pontas apresentaram maiores valores absolutos de ES e ENV. Mais uma vez, acreditamos que essa diferença se paute no processo de seleção desportiva de alto nível, que preferencialmente escolhe os atletas de melhor compleição física, morfológica e capacidade técnica.

    Em nosso estudo, os goleiros avaliados apresentaram menores valores de ES em comparação com a ES dos atletas da Liga Petrobrás 2006 (187,2 cm) (Vasques e cols., 2008), com os atletas catarinenses amadores (181,9 cm) (Vasques e cols., 2005) e com os atletas pan-americanos (182,9 cm) (Glaner, 1999). Segundo Bayer (1987) o valor mínimo sugerido pela Federação Romena de Handebol para a ES é de 1,90 m para goleiros masculinos, sendo assim o valor de ES dos goleiros dos estudos de Glaner (1999), Vasques e cols., (2005), Vasques e cols., (2008) e do presente estudo foi inferior ao proposto pela literatura internacional (Bayer, 1987). Já em relação à ENV dos goleiros de nosso estudo o valor encontrado para esta variável também foi menor ao valor proposto pela Federação Romena de Handebol, que ressalta que a ENV de goleiros masculinos de handebol não deve ser menor do que 2,00 m. De forma geral, observamos que os goleiros amadores mineiros não apresentam a combinação de uma elevada estatura com uma grande envergadura, pelo menos em comparação com o proposto para atletas internacionais (Marques, 1987). Por outro lado, em relação aos valores absolutos de %G dos goleiros de nosso estudo (18,7%), observamos que o mesmo foi maior do que os valores absolutos de %G de atletas de alto nível (14,96 %) (Glaner, 1999) e amadores (11,94 %) (Vasques e cols., 2005). No entanto, os valores de %G dos goleiros amadores mineiros foi menor do que os valores de %G dos goleiros amadores amazonenses (18,7 % vs. 28,1 %, respectivamente) (Bezerra e Simão, 2006). Srhoj e cols. (2002) citam que para o goleiro de handebol, ter pouca gordura corporal não é o mais importante, uma vez que o mesmo age individualmente em uma área limitada e realiza movimentos de potência neuromuscular, o que não necessita de um grande suprimento energético.

    Já em relação aos valores de MC e MCM dos goleiros, observamos que os goleiros amadores mineiros apresentaram maiores valores de MC (90,1 kg) e MCM (72,8 kg) em comparação com os goleiros amadores catarinenses (MCM = 71,35; MC = 81,05 kg) (Vasques e cols., 2005), do que dos goleiros do Pan-americano (MCM = 70,36 kg; MC = 82,87 kg) (Glaner, 1999) e do que dos goleiros amadores da Taça Amazônica (MCM = 55,5 kg; MC = 78,6 kg) (Bezerra e Simão, 2006). No entanto, a MC dos goleiros amadores mineiros foi menor do que a MC dos goleiros da Liga Petrobrás 2006 (91,1 kg) (Vasques e cols., 2008).

    O grupo de armadores do presente estudo apresentou valores de MC (85,6 kg), ES (182,8 cm) e ENV (192,2 cm) menores do que os valores de MC (91,4 kg), ES (189,0 cm) e ENV (193,9 cm) dos armadores participantes da Liga Petrobras de Handebol 2006 (Vasques e cols., 2008). Por outro lado, os valores de MC e ES dos armadores mineiros foram menores do que os valores de MC e ES dos armadores catarinenses (86,0 kg e 184,18 cm, respectivamente) (Vasques e cols., 2005). No entanto, a ENV dos armadores mineiros foi maior do que a ENV dos armadores catarinenses (189,76 cm) (Vasques e cols., 2005). Já ao compararmos os valores de %G e MCM entre os armadores de Minas Gerais e de Santa Catarina, observamos valores aproximados entre os armadores dos dois estados (12,1%, versus 12,76% respectivamente, para o %G; e 75,0 kg versus 74,85 kg respectivamente, para a MCM). Por outro lado, os valores de MC (85,6 kg), ES (182,8 cm), %G (12,1 %) e MCM (75,0 kg) dos armadores do nosso estudo foram menores do que os valores de MC (87,82 kg), ES (186,45 cm), %G (13,3 %) e MCM (75,94 kg) dos armadores do Pan-americano (Glaner, 1999). No entanto, a ENV dos armadores mineiros (192,2) foi maior do que e ENV dos armadores do Pan-americano (Glaner, 1999). Diante dessas considerações, observamos que as características antropométricas e de composição corporal dos armadores do presente estudo aproximaram-se das características antropométricas e de composição corporal dos armadores de alto nível do Pan-americano e da Liga Petrobrás de Handebol (Glaner, 1999; Vasques e cols., 2008, respectivamente).

Considerações finais

    Este estudo identificou o perfil antropométrico de atletas amadores de handebol de Minas Gerais de acordo com suas posições ofensivas no jogo. Entre as variáveis avaliadas, foi observado que somente o grupo dos pontas apresentaram menores valores de ES e ENV quando comparados com o grupo dos armadores. Observamos também que os atletas amadores mineiros mostraram um perfil antropométrico e de composição corporal semelhante a outros atletas amadores e inferior à atletas de alto nível, com exceção do grupo de armadores mineiros que apresentaram valores antropométricos e de composição corporal semelhantes aos atletas de alto nível.

    Uma limitação deste estudo refere-se à utilização de uma comparação descritiva simples das variáveis antropométricas e de composição corporal entre as equipes amadoras de Minas Gerais com outras equipes amadoras e de alto nível. Desta forma, sugere-se que mais estudos sejam feitos relacionando características morfológicas com fatores técnicos e da preparação física, incluindo ainda avaliações de variáveis sócio-econômicas, nutricionais e psicológicas, aumentando assim a compreensão a respeito de possíveis diferenças entre atletas de diferentes níveis técnicos.

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