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Perfil antropométrico de nadadores de 50 a 60 anos, do 

sexo masculino, participantes do circuito gaúcho Máster

Perfil antropométrico de nadadores de 50 a 60 años, de sexo masculino, participantes del circuito gaúcho Máster

 

Faculdade SOGIPA de Educação Física

(Brasil)

Diego Péres Müller

peresmuller@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo identificou o perfil antropométrico de nadadores de 50 a 60 anos, do sexo masculino, participantes do circuito gaúcho de natação Máster. Esta é uma pesquisa do tipo descritiva, que além de descrever o perfil antropométrico da categoria em questão, buscou relações entre as variáveis (percentual de gordura, relação cintura/quadril, índice de massa corporal e somatotipo) com os padrões ideais de promoção de saúde e um envelhecimento com qualidade de vida, relacionando os resultados obtidos com o tempo de prática dos nadadores. Participaram deste estudo 20 pessoas, do sexo masculino (n = 20), praticantes de natação com idades entre 50 e 60 anos. Para determinação da composição corporal foram aplicadas as seguintes equações: 1) somatotipo, calculado pelo método proposto por Heath Carter (1967), 2) Índice de massa corporal, determinado através da equação desenvolvida por Quetelet (1967), 3) Relação cintura/quadril, expressa através da divisão entre a medida da circunferência da cintura pela circunferência do quadril e 4) Percentual de gordura, obtido através de equação de Faulkner (1968). Os dados foram coletados em clubes e escolas de natação de Porto Alegre e Região do Vale dos Sinos. Os resultados mostraram que de uma forma geral os nadadores apresentaram um condicionamento físico muito bom, sendo que as variáveis analisadas resultaram em índices favoráveis à prática da natação de forma competitiva na busca pela qualidade de vida. Na comparação entre o tempo de prática com as variáveis analisadas o estudo sugere que os atletas não apresentaram diferença significativa entre os componentes.

          Unitermos: Natação. Natação Máster. Composição corporal. Terceira idade.

 

          Artigo apresentado à Faculdade SOGIPA de Educação Física, como requisito parcial para obtenção do título de especialista no Curso “Treinamento Desportivo e Personal Trainer”, sob orientação do Dr. Rogério da Cunha Voser.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Alguns fatores devem ser considerados quando se trata de atividade física na água, e são citados por Kruel (1994) dá seguinte maneira: o efeito hidrostático sobre o sistema cardiorrespiratório e a capacidade de intensificar a perda de calor quando comparado com o ambiente seco. Espera-se, portanto, que o exercício físico aquático produza reações biomecânicas e fisiológicas diferentes daquelas ao ar livre, logo, caracterizando a natação como uma atividade eficiente para o condicionamento cardiovascular da sociedade em geral assim como a promoção de uma vida mais saudável. Ao investigar as adaptações cardiorrespiratórias decorrentes do treinamento aeróbio em idosos, observou um aumento, de aproximadamente 24% no volume máximo de oxigênio (VO2máx)1 (OLIVEIRA, 2006).

    A avaliação da composição corporal é de grande importância, pois, entre outros fatores, permite a identificação de riscos à saúde, associados a altos níveis de gordura corporal, permite a estimativa ideal da mesma em relação a atletas e não-atletas e possibilita o acompanhamento da eficiência de intervenções nutricionais e de programas de exercícios físicos no controle ponderal (VIGÁRIO, 2002).

Revisão de literatura

História da Natação Máster

    Atualmente, a natação máster no Brasil é regida pela Associação Brasileira Máster de Natação (ABMN) e suas filiadas, espalhadas por todo país. Motivados pelo crescimento da modalidade em países como Estados Unidos, Canadá e Japão, eventos iam começando a surgir no Brasil visando essa população, porém sem fins competitivos. As primeiras competições de que se teve notícia foi quando, em 1974, Waldyr Ramos, treinador da seleção brasileira de Pólo Aquático na época, em viagem aos Estados Unidos observou idosos treinando, retornando ao Brasil com normas e regulamentos para a criação de uma competição máster de natação. De posse desses documentos, procurou o então presidente da FARJ, Rogério Carneiro, e propôs a realização do evento em terras cariocas, idéia essa que foi aceita e concretizada em meados de 1980, na piscina do Clube de Regatas Flamengo. Porém, o próprio Waldyr, em relatos, afirma que não esperava que essa sua iniciativa, que visava somente trazer de volta antigos atletas, fosse ter tanto sucesso como vemos hoje em dia no Brasil, com tantas federações, competições e atletas envolvidos (DEVIDE, 2002).

Composição corporal e envelhecimento

    Considerada por diversos autores com uma das mais completadas revisões sobre a relação antropométrica, “O envelhecimento e sua relação com a atividade física”, declara que a maioria dos estudos transversais sugere que a atividade física tem papel de modificação das alterações de peso e composição corporal relacionadas à idade (FIATARONE-SINGH, 1998). De acordo com a análise da autora, os sujeitos que se classificam como mais ativos têm menores peso corporal, índice de massa corporal, porcentagem de gordura corporal e relação cintura/quadril do que os indivíduos da mesma idade sedentários. De forma similar, Matsudo et. al (2001) ressaltaram a importância da orientação médica sobre o nível de prática de atividade física de adultos e idosos como uma forma não só da prevenção primária das doenças crônicas, mas também da prevenção secundária em pacientes com doenças cardiovasculares e outras enfermidades.

    Blair et al, apud Matsudo (2001), analisando uma amostra de mais de 13.000 homens e mulheres seguidos durante oito anos, encontraram uma associação inversa entre aptidão física e mortalidade em homens e mulheres, onde foram observadas menores taxas de mortalidade, tanto por câncer ou doenças cardiovasculares, em indivíduos com melhores níveis de condicionamento físico. Fazendo uso da mesma amostra, alguns anos após, analisaram em indivíduos do sexo masculino as associações entre a atividade física vigorosa, com alto grau de exigência e performance, com a não vigorosa, atividade física visando somente o lazer e a manutenção de um estilo de vida saudável com a longevidade. Evidenciaram nesse caso que a relação inversa entre a atividade física e longevidade somente foi encontrada com as atividades físicas vigorosas, ou seja, > 6 MET2 (MATSUDO et al, 2001).

    O treinamento regular pode diminuir este declínio físico decorrente do envelhecimento (MAGLISCHO, 1982). Melhorias notáveis e rápidas com o treinamento físico são observadas até mesmo aos 90 anos de idade, onde para um mesmo grupo etário as pessoas fisicamente ativas mantém suas funções fisiológicas 25% mais elevadas em comparação a pessoas de mesma idade e fisicamente sedentárias (KACTH e MCARDLE, 1996 apud MATSUDO, 2000). Com isso, a natação por ser um esporte de baixo impacto articular e de muitos benefícios cardiovasculares acabou por conquistar este espaço na busca por um esporte a ser praticado.

    Em outro estudo, Matsudo (2002) afirma que com o passar dos anos há uma diminuição na estatura, devido a compressão vertebral, do estreitamento dos discos e da cifose. Esse processo parece ser mais rápido nas mulheres do que nos homens, especialmente pela maior prevalência de osteoporose após a menopausa. Ela reforça a tese afirmando que outro fator importante a ser percebido na alteração da estatura é o abrupto aumento do peso corporal, que geralmente começa em torno de 45 a 50 anos e se estabiliza aos 70, quando começa a declinar até os 80.

    A caráter neuromuscular, Matsudo (2002) revela que entre os 25 e 65 anos de idade há diminuição substancial da massa magra de 10 a 16% por conta das perdas na massa óssea, no músculo esquelético e na água corporal total que acontecem com o envelhecimento. A perda gradativa da massa muscular, conseqüentemente a perda da força muscular, que ocorre com o avanço da idade, também conhecida como sarcopenia (BAUMGARTNER et al, 1998). Esta tem sido definida por alguns autores como a perda de massa muscular correspondente a mais de dois desvios-padrão abaixo da média da massa esperada para o sexo na idade jovem ou para outros com o mesmo critério em termos de desvio-padrão. Mas utilizando a massa esquelética apendicular, mais conhecido como IMC (massa em quilogramas dividida pelo quadrado da estatura). Dos 70 aos 80 anos tem sido relatada perda maior, que chega a 30%. Indivíduos sadios de 70-80 anos têm desempenho de 20 a 40% menor (chegando a 50% nos mais idosos) em testes de força muscular, em relação aos jovens. Essa perda do desempenho pode também ser explicada pelas mudanças nas propriedades intrínsecas das fibras musculares.

    Um estudo que vêm a reforçar esta tese é o referido por Carter (1994) e Porter et al. (1995), onde as conclusões apontam para dados que complementariam o estudo anterior: o tamanho da fibra do tipo II é reduzido com o incremento da idade, ao passo que o tamanho da fibra do tipo I (fibra de contração lenta) permanece muito menos afetado. Visto que a fibra muscular tipo II têm maior potencialidade de hipertrofia comparada a fibra do tipo I, esse decréscimo vem a explicar a substancial perda de massa magra no estudo anteriormente referido.

Metodologia

População e amostra

    A população do presente estudo foi caracterizada por nadadores do sexo masculino, situados na faixa etária entre os 50 e 60 anos de idade, que apesar de possuírem atuações profissionais diversificadas têm em comum a prática sistemática e estruturada da natação com o objetivo competitivo, provenientes dos clubes e entidades filiadas a Federação Gaúcha Máster de Natação, de Porto Alegre/RS.

    A amostra foi composta de 20 atletas (n = 20), sendo nove atletas do Clube Caixeiros Viajantes (Porto Alegre/RS), cinco atletas do Grêmio Náutico União (Porto Alegre/RS), quatro atletas da Escola de Natação Golfinho (Novo Hamburgo/RS) e dois atletas da Associação Leopoldina Juvenil (Porto Alegre/RS), dispostos a participar do estudo e que se encaixaram nas variáveis estabelecidas pelo pesquisador. Todos atletas avaliados são do sexo masculino, situados nas categorias MASTER F (50-55 ANOS), MASTER G (56-60 ANOS).

    As dobras e medidas dos atletas foram coletadas respeitando as particularidades para serem validados seus dados, tais como: nadadores filiados a FGDA, que treinem no mínimo três vezes por semana e participantes do circuito gaúcho de natação máster.

    Critérios de inclusão/seleção:

  • Atletas com mais de um ano de prática;

  • Com freqüência mínima semanal de três vezes.

  • Há mais de três meses sem lesão.

Instrumentos e materiais

    A coleta e avaliação das medidas dos atletas foram realizadas pelo pesquisador que consistiu na consequente avaliação e relação das medidas na formação do perfil proposto. No quesito adiposidade corporal, estabeleceu-se protocolos que se referiram à amostra em questão, tanto para o somatotipo, quanto a relação cintura quadril, índice de massa corporal e percentual de gordura. Foram aplicadas fórmulas com validade reconhecida no campo científico, próprias para o estudo em questão, estabelecendo comparação entre os resultados obtidos.

Procedimentos

    Para determinação da composição corporal foram aplicadas as seguintes equações:

  1. Somatotipo: calculado pelo método proposto por Heath Carter (1967), onde segundo Fernandes Filho (1999) apud Pável (2004), um teste será considerado excelente quando apresentar um coeficiente de correlação (r) entre 0,95 e 0,99. O método somatotipológico de Heath-Carter apresenta um r = 0,98, constituindo-se um excelente e seguro método de avaliação. Fundamenta-se na busca de carga genética predominante do biótipo do atleta, sendo dividido em três categorias: endomorfo, mesomorfo e ectomorfo.

  2. Índice de Massa Corporal (IMC): determinado através da equação desenvolvida por Quetelet (1967).

  3. Relação Cintura/Quadril (RCQ): expressa através da divisão entre a medida da circunferência da cintura pela circunferência do quadril (Cint/Quad).

  4. Percentual de Gordura: utilizando a “equação de Faulkner” (1968).

    O peso foi mensurado em uma balança digital portátil da marca Filizola, com unidade de medida de 0,1 kg ao passo que a estatura foi determinada na própria balança, com unidade de medida de 0,1 cm. Obteve-se a estatura através de uma fita métrica, em centímetros (cm), com precisão em milímetros (mm) até 200mm, sob as orientações de fixá-la na parede a um metro do solo e estendê-la de baixo para cima. Neste caso não se esquecendo de acrescentar um metro (distância do solo a fita) ao resultado medido na fita métrica. Para a leitura da estatura foi utilizado um dispositivo em forma de esquadro. Deste modo um dos lados do esquadro é fixado a parede e o lado perpendicular junto à cabeça do avaliado. Este procedimento elimina erros decorrentes da possível inclinação de instrumentos, tais como réguas ou pranchetas quando livremente apoiados apenas sobre a cabeça do estudante (GAYA; SILVA, 2007).

    Para a análise do somatotipo, percentual de gordura e relação cintura/quadril foram coletadas medidas através de um compasso de dobras cutâneas científico, da marca Cescorf, das seguintes dobras cutâneas: tríciptal (ponto mesoumeral na face posterior do braço, distância média entre o acrômio e a fossa ulnar do úmero), subescapular (abaixo do ângulo inferior da escápula), suprailíaca (na mesma linha que a espinha ilíaca e a crista ilíaca, no ponto de cruzamento entre as duas), perna (ponto de maior perímetro da perna) e abdominal (aproximadamente dois centímetros à direita da cicatriz umbilical, paralelamente ao eixo longitudinal).

    Os diâmetros foram medidos através de um paquímetro também da marca Cescorf, dos seguintes ossos: umeral (palma da mão voltada para o rosto, cotovelo na altura do ombro e em 90º) e femural (nos epicôndilos femurais, com o a perna flexionada 90º), em centímetros (cm). Já os perímetros musculares obtidos através da mesma fita antropométrica utilizada para coleta da estatura, nos seguintes pontos: cintura (horizontalmente, no ponto de menor perímetro), quadril (horizontalmente, ao nível do trocanter femoral), braço (braço relaxado, ponto mesobraquial) e perna (em pé, no ponto de maior volume da panturrilha) (GAYA, 2007).

Apresentação e discussão dos resultados

    A amostra total ficou composta de 20 atletas, todos do sexo masculino, situados na faixa etária entre 50 e 60 anos e divididos em 4 clubes, como mostra a figura 1:

Figura 1. Média da Amostra dividida por Clubes.

 (LJ = Associação Leopoldina Juvenil, GOLF = Escola de Natação Golfinho, 

GNU = Grêmio Náutico União e CV = Clube Caixeiros Viajantes.)

    São apresentados na tabela 1, os valores médios e desvio padrão das variáveis da amostra, de massa corporal total (kg), estatura (cm) e idade, do grupo de nadadores da pesquisa em questão.

Tabela 1. Composição corporal médio da amostra

    A tabela 2 apresenta os valores médios e desvio padrão das variáveis da amostra, de percentual de gordura (% de Gord), do índice de massa corporal (IMC) e da relação cintura/quadril (RCQ) dos atletas analisados no estudo.

Tabela 2. Variáveis analisadas na composição do perfil proposto

    Ao utilizar a classificação do %G proposta pelo ACMS (2000), foi observado que a amostra apresentou valores abaixo da média (classificação: “abaixo da média - 6-14%”) previstos para a faixa etária e sexo deste estudo. Relembrando Matsudo (2000), que cita que o ganho no peso corporal e o acúmulo da gordura corporal parecem resultar de um padrão programado geneticamente, de mudanças na dieta e no nível de atividade física, relacionados com a idade ou a uma interação entre esses fatores, o grupo analisado sugere em seus resultados que a natação competitiva como diminuidor no acúmulo de gordura e peso corporal seria uma excelente opção. Em comparação à média geral da população, o grupo analisado encontra-se em boas condições físicas.

    O IMC apesar de apresentar limitações como indicador de gordura corporal, devido à tendência de maior acúmulo de massa corporal magra (MCM)3 entre os atletas (ANJOS, 1992), foi considerado na presente investigação, sendo classificado baseado em estudo de Wilmore & Costill (2001) apud Franken et al. (2007) onde ao se referirem ao índice de massa corporal (IMC), afirmam estar este altamente relacionado com a composição corporal, ressaltando que somente com uma freqüência de 3 a 4 dias serão benéficos para a perda de massa corporal total. A média obtida foi classificada como peso normal, baseado na tabela de referência da National Heart, Lung and Blood Institute (1998), onde o índice para IMC desejável localiza-se entre 19 – 24 kg/m² para homens. No que diz respeito ao risco de desenvolvimento de doenças apontado pela Relação Cintura/Quadril (RCQ), a amostra apresentou uma média que classifica-os como nível baixo (< 0,90 – 50-59 anos) como aponta a tabela do ACMS, 2000.

    Já na tabela 3 encontramos a variável somatotipo sendo analisada individualmente nos seus 3 componentes, sendo estabelecido também os níveis máximos e mínimos encontrados na amostra, assim como a média e o desvio padrão.

Tabela 3. Somatotipo predominante na amostra

    A análise das variáveis do somatotipo apresentam um perfil morfológico onde há uma predominância do ganho de massa corporal total e dificuldades de definições musculares por decorrência do treinamento, características estas apresentadas pelo padrão endomórfico encontrado com predominância na amostra 50 – 60 anos, do sexo masculino. Guedes (1982) define o perfil encontrado como meso-endomorfo, onde a endomorfia é dominante e a mesomorfia é maior que a ectomorfia, logo, apresenta um perfil morfológico que relaciona-se à participação da adiposidade no estabelecimento do tipo físico.

    A média amostral apresentou um equilíbrio percentual na quantidade de treinamentos realizados por semana, como apresentado na figura 2. Segundo McArdle et al. (1998) apud Franken et al. (2007) em estudo realizado com a população nadadora, não há ainda uma resposta precisa, quanto a freqüência semanal de dois ou cinco dias por semana de prática de exercícios físicos, sendo a intensidade e a duração das mesmas igual, para uma obtenção de melhora do condicionamento físico. O mesmo autor ainda sugere que o trabalho para o treinamento aeróbico esteja relacionado diretamente à intensidade e a distância média semanal total realizada e não a freqüência do treinamento. Porém, concluem acreditando que com três treinos semanais ou mais de prática, irá se alcançar benefícios quanto ao condicionamento dos sistemas circulatório e respiratório, proporcionando melhoras na capacidade física.

Figura 2. Freqüência semanal de treinamento

    Os resultados apresentados na tabela 4 sugerem que o tempo de prática não apresentou grande nível de variância entre as variáveis analisadas na amostra em questão. Considerando que o estudo delimitou-se a atletas participantes de competições máster, com uma freqüência mínima de três treinos semanais, esses resultados sugerem que a prática da natação para fins competitivos promovem nos atletas uma composição física excelente para os padrões da faixa etária estudada. Tanto os índices de percentual de gordura como IMC e RCQ mostraram-se dentro da melhor classificação possível, independente do tempo de prática do atleta.

Tabela 4. Tempo de prática e sua relação com as variáveis analisadas

Conclusões

    Os resultados da presente análise sugerem que os atletas da Natação Máster Gaúcha situados na faixa etária em questão caracterizam-se por ser uma categoria com um baixo percentual de gordura; o índice de massa corporal (IMC) foi considerado como sendo bom, visto que o cuidado na relação do IMC no processo de envelhecimento deve-se a valores acima da normalidade (26-27); a baixa relação cintura quadril (RCQ) apontada pela amostra, remete a teoria que acaba por caracterizar a natação máster competitiva com um excelente meio de se manter ativo na terceira idade, além de ser um agente preventivo o que diz respeito a doenças e na busca por uma qualidade de vida; e o somatotipo apresentou classificação meso-endomórfica. Fato esse que deve gerar maior explanação em futuros estudos, pois aponta uma relação inversa do perfil genético (somatotipo), onde foi verifica uma característica propícia ao acúmulo de gordura corporal, com o baixo percentual de gordura corporal que foi aferido indiretamente por dobras cutâneas e apresentado nos resultados.

    Essa relação entre o envelhecimento e as variáveis analisadas na pesquisa infere no papel onde a natação competitiva surge como um agente preventivo e promocional na busca pela qualidade de vida. Embora não possa ser estabelecida uma comparação com o percentual de gordura da amostra antes de ser realizada a pesquisa, os índices encontrados após as coletas apontaram, tanto individualmente como em média, resultados que possibilitam aos profissionais da área da saúde incluir a natação competitiva na lista de opções esportivas indicadas para a terceira idade.

Notas

  1. VO2máx: a capacidade máxima que um indivíduo apresenta de captar, transportar e modificar o oxigênio para a síntese oxidativa de ATP. É expresso em litros/minuto ou ml/kg/min (ROBERGS S, ROBERT, A. 2002)

  2. Met: unidade de medida para classificar a taxa metabólica de repouso (ROBERGS S, ROBERT, A. 2002).

  3. MCM: massa corporal descontado o peso do tecido adiposo (ROBERGS S, ROBERT, A. 2002).

Referências

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