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Índice de massa corpórea e percentual de gordura de escolares 

de uma turma de 3º ano do ensino fundamental. Um estudo de caso

Índice de masa corporal y porcentaje de grasa de escolares de un grupo de tercer año de enseñanza básica. Un estudio de caso

 

*Formada em Educação Física – Licenciatura

**Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

URI – Campus de Santo Ângelo

Professor Mestre

(Brasil)

Bárbara Fontana*

baa-f@hotmail.com

Carlos Kemper**

ckemper@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Estudos sobre os índices de gordura corporal e massa corpórea em crianças e adolescentes são amplamente estudados e discutidos pela literatura devido a sua grande importância. O presente estudo teve como objetivo verificar Índice de Massa Corpórea (IMC) e percentual de gordura em crianças de uma turma de 3º ano do ensino fundamental de uma escola privada da cidade de Santo Ângelo. A amostra foi composta por 23 crianças entre 8 e 9 anos, sendo 13 meninos e 10 meninas. Os materiais para coleta dos dados foram: mensuração de estatura, massa corpórea e percentual de gordura através das dobras cutâneas triciptais e subescapulares. Os dados obtidos foram avaliados de acordo com tabelas de referência adaptadas para faixa etária, tal de Loham (1986) com constantes sugeridas por Neto e Petroski (1996) para percentual de gordura e as tabelas do Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR) para caracterização do IMC. Os resultados nos mostraram que a grande maioria da amostra (82,60%) encontra-se em níveis normais de IMC, sendo 92,30% da amostra dos meninos neste nível. Em relação ao percentual de gordura os números foram menores, com 42,70% da amostra em níveis ótimos de percentual de gordura, tendo novamente os meninos na sua maioria da amostra (53,84%) nestes índices. Como conclusão podemos afirmar que a maioria da amostra das crianças encontra-se em níveis recomendados tanto de IMC como de percentual de gordura, sendo a amostra masculina que atingiu os melhores índices, estabelecendo uma relação que a medida que o IMC é considerado normal o percentual de gordura também encontra-se nos seus níveis recomendados, tendo cada método sua particularidade.

          Unitermos: Indice de massa corpórea. Percentual de gordura. Escolares.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O atual estilo de vida atinge crianças, jovens e adultos por vezes de maneira não muito saudável; exemplo disso são, o sedentarismo, causado muitas vezes pelo excesso de uso de televisão, computador e demais tarefas que tomam conta da maior parte do dia das pessoas, e o hábito alimentar, com dieta ricas em gorduras e total pobreza de alimentos recomendados para uma alimentação saudável. Estes dois fatores geram riscos eminentes para a saúde de todos

    Uma preocupação ainda maior é o alto índice de obesidade e sobrepeso entre jovens de 6 a 17 anos e entre crianças na idade pré-escolar. Este problema parece estar aumentando, mesmo com numerosas campanhas de saúde pública nos diversos campos para tentar reverter este quadro. (SALBE e RAVUSSIN in BOUCHARD, 2003). E o aumento da obesidade infantil se traduzirá mais tarde, em uma prevalência ainda mais alta de adultos obesos. (BOUCHARD, 2003).

    As principais causas da obesidade e sobrepeso em indivíduos sem problemas hormonais são excesso de comida e falta de exercícios físicos, ou a combinação dos dois. Hábitos relacionados à má alimentação e ausência de exercícios físicos são formados na infância e levados até a vida adulta.(GALLAHUE e OZMUN, 2005).

Materiais e métodos

    O estudo caracteriza-se em estudo de caso, sendo uma pesquisa de campo descritiva com uma forma de abordagem qualitativa. A amostra conteve um número de 23 crianças de uma turma de 3º ano dos anos iniciais do ensino fundamento de uma escola particular de cidade de Santo Ângelo. As crianças têm entre 8 e 9 anos de idade; destas, 10 são do sexo feminino e 13 são do sexo masculino.

    Todas as crianças que participaram dos testes foram devidamente autorizadas tanto pela escola em questão, no qual o responsável assinou um termo de ciência no qual ficou a par de todos os objetivos e procedimentos dos testes, como os pais ou responsáveis que enviaram assinados o termo de consentimento livre e esclarecido autorizando os menores a participarem do estudo. O projeto para sua realização obteve a autorização do Comitê de Ética e Pesquisa, tal autorização registrada sob o número 0105-4/PPH/10.

    As avaliações foram realizadas individualmente em um ambiente restrito as avaliações e sem a interferência de terceiros. As crianças primeiramente foram avaliadas na estatura e massa corporal e após as dobras cutâneas.

    Foi realizado o levantamento de dados como a estatura e massa corporal dos escolares para que se caracterize o IMC dos mesmos. As medidas de massa corporal foram realizadas através de balança digital da marca Plenna®, com escalas de 0,1 kg. As crianças foram mensuradas descalças, usando roupas leves; para a estatura foi utilizada uma fita métrica milimetrada, aderida à parede sem inclinação, com o ponto zero da fita aderida ao nível do solo que deve ser regular. A medida é feita com o avaliado descalço, em pé, com as superfícies posteriores dos calcanhares, a cintura pélvica, a cintura escapular e a região occipital em contato com a parede, a cabeça orientada no plano horizontal de Frankfurt, paralelo ao solo, foi pedido ao avaliando ficar em apnéia, após uma inspiração máxima.

    Através da equação de regressão de Lohman (1986) para a composição corporal em crianças e jovens entre 7 e 16 anos foi realizada as medidas das dobras cutâneas triciptal e subescapular (% G = 1,35 (TR + SE) - 0,012 (TR + SE)2 - C*); onde: *C = constantes por sexo, raça e idade sugeridas por Pires Neto e Petroski (1996).

    A composição corporal foi avaliada através do plicômetro da marca Cescorf® nas dobras cutâneas triciptais e subescapulares. Foram mensuradas três vezes cada dobra de forma intercalada, considerando a média das três; a diferença entre as três medidas não poderia ser maior que 5%; se forem, as medidas deverão ser descartadas e mensuradas novamente.

Resultados

    Os resultados tanto do IMC como do percentual de gordura serão apresentados através de tabelas onde estão divididos por geral e por gênero e também em gráfico com a média encontrada, também separada por gênero.

IMC

    O Índice de Massa corpóreo (IMC) é um indicador epidemiológico de obesidade e caracteriza-se pela relação entre massa corporal/altura². È uma medida internacional que verifica através da fórmula se a pessoa está ou não no peso ideal.

Tabela 1. Índice de massa corporal (IMC) em porcentagem por critérios de referência no

 geral e por gênero de uma turma de 3º ano das séries iniciais de uma escola particular

    Segundo a tabela 1, a maioria das crianças avaliadas encontra-se dentro dos padrões recomendados de IMC, segundo os critérios referendados por Conde e Monteiro (2006), sugeridos no Projeto Esporte Brasil (PROESP, 2007); estando estas dentro do padrão de normalidade, num total de 82,60% das crianças. Mas, em contraponto, encontramos 13% da amostra com excesso de peso e 4,34% com um índice de obesidade.

    Quando comparamos as amostras masculinas e femininas, as porcentagens mostram que os meninos apresentam um IMC mais na faixa normal que as meninas, (92,3% dos meninos contra apenas 70% das meninas). Em contra partida as meninas apresentam 30% da sua amostra nos níveis de excesso de peso e obesidade, contra apenas 7,7% dos meninos.

    Quando comparamos as médias encontradas em relação ao IMC de meninos e meninas, os valores nos mostram que os meninos (média de 16,6 Kg/m2) apresentam uma média mais baixa que as meninas (média de 17,45 Kg/m2), conforme o gráfico 1 demonstrando desta maneira que os meninos se encontram em níveis mais satisfatórios de massa corporal.

Figura 1. Gráfico da média do IMC de meninos e meninas de um turma de 3º ano de séries iniciais de uma escola particular

Percentual de gordura

    O nível de composição corporal através do percentual de gordura com medidas de dobras cutâneas é umas das maneiras mais seguras e fidedignas de avaliar gordura corporal tanto em adultos como em crianças. Para o público avaliado, usou-se como referencia as equações para crianças com idades entre 7 e 16 anos sugeridas por Loham (1989), onde mensuram-se medidas de dobras cutâneas triciptal e subescapular.

Tabela 2. Percentual de gordura de crianças entre 8 e 10 anos de uma turma de 3º ano dos 

anos iniciais de uma escola particular. Dados apresentados no total da amostra e por gênero

    De acordo com as tabelas de referência sugerida pelo próprio Loham (1989), as crianças desta amostra encontram-se 47,82% num nível ótimo de gordura corporal, com 26% das mesmas com um nível moderado alto e 17,34% num nível alto e muito alto.

    Em contra partida quando analisamos os gêneros, os meninos encontram-se em mais da metade no nível ótimo de percentual de gordura e as meninas 40% nesta mesma classificação. Nesta mesma relação quando comparamos as classificações no percentual de gordura de moderado alto, alto e muito alto, as meninas apresentam um total de 60% do seu grupo nestes critérios, contra apenas 30,76% dos meninos, sendo 7,69% destes casos em um nível muito alto.

    No entanto, quando analisamos as médias por gêneros, como demonstrado no gráfico 2, há diferenças entre meninos e meninas no percentual da gordura corporal, pois as meninas (média de 26,22%) encontram-se com 10% a mais de percentual de gordura corporal em relação aos meninos (média de 16,15%), mostrando desta maneira que nesta idade as meninas já apresentam um percentual de gordura maior do que os meninos.

Figura 2. Média de percentual de gordura corporal por gênero, em uma turma de 3º ano das séries inicias de uma escola particular

Discussão

    De acordo com os resultados encontrados percebemos que grande maioria da amostra encontra-se dentro dos padrões recomendados por idade, tanto para o estudo epidemiológico do IMC, quanto para o percentual de gordura corporal.

    As tabelas também no mostram que os meninos caracterizam-se com um IMC e um percentual de gordura em regularidade a mais do que as meninas, onde no IMC, 92,3% dos meninos estão no nível considerado normal e apenas 70% das meninas encontram-se nos mesmo; as meninas apresentam 30% da sua amostra nos níveis de excesso de peso e obesidade, contra apenas 7,7% dos meninos.

    No índice do gordura corporal encontramos os mesmos resultados apenas em índices menores, onde os meninos têm mais da metade da sua amostra no nível ótimo de percentual de gordura e as meninas 40%; entretanto quando nos deparamos nos índices moderado alto, alto e muito alto, os meninos apresentam 23,07% no nível moderado alto e 7,69% em um percentual muito alto; meninas 30% em moderado alto e 39% em alto.

    Em um estudo de Celestrino e Costa (2006) com 42 crianças avaliadas entre 10 e 12 anos, 20% apresentavam sobrepeso, 30% obesidade e 50% peso normal. Entre a população com sobrepeso/obesidade verificou-se que a prevalência de obesidade é maior entre o sexo feminino, pois 33% das meninas foram classificadas como obesas

    As médias encontradas nos dois casos nos clareiam ainda mais os gráficos: O IMC masculino obteve uma média de 16,6 contra 17,45 do feminino; a composição de gordura corporal apresenta diferenças ainda maiores entre os sexos - 16,15 dos meninos contra 26,22 das meninas.

    Estas médias e os gráficos apresentados nos levam a constatar que os meninos estão em níveis melhores de composição corporal, verificados através da caracterização do IMC e composição de gordura corporal através das dobras cutâneas.

    Essas diferenças encontradas entre os gêneros pode-se dar por as mulheres apresentarem maior gordura corporal em relação aos homens,levando em consideração também que as diferenças sexuais na prevalência da obesidade variam entre populações e grupos étnicos (BOUCHARD, 2003).

    Martiniano e Moraes (2006) em um estudo em escolares de uma cidade especifica, com 48 crianças de ambos os sexos com idades entre 4 a 8 anos sobre o índice de massa corpórea (IMC), encontraram um total de crianças com sobrepeso e obesidade de 27,9%, deste resultado 14,60% das meninas encontravam-se em sobrepeso contra 6,25% dos meninos; já quanto ao índice de obesidade, as meninos obtiveram 4,16% da sua amostra contra 2,08% das meninas.

    Ressaltando que o IMC é apenas um indicador epidemiológico de obesidade e não pode ser considerado como um índice de gordura corporal em crianças. A comprovação de obesidade é o excesso de tecido adiposo, e não, necessariamente, o maior peso corporal. (GUEDES e GUEDES, 2002).

    Guedes e Guedes (2002), trazem ainda que as informações das medidas de espessura de dobras cutânea desempenham um papel importante no estudo da composição corporal, quando ao fato que nem todos os depósitos de gordura são semelhantes, a plasticidade e à contribuição para o risco de saúde, associado ao excesso do componente de gordura ou obesidade.

    O Instituto Brasileiro de geografia e estatística (IBGE), mediu e pesou em 2010, 60 mil estudantes das capitais brasileiras e chegou a conclusão que 7,2% dos alunos estão obesos, e Porto Alegre atingiu níveis acima da média nacional, atingindo 10,5% dos seus estudantes. Ter uma vida saudável, como uma boa alimentação, a pratica da atividade física e um ambiente familiar onde os pais dêem o exemplo de praticas saudáveis aos filhos, são aliados na luta contra o sobrepeso e obesidade entre nossas crianças e adolescentes. (Jornal Zero hora, 2010).

    Reforçando, Mello et al (2004), diz que a obesidade infantil é um sério problema de saúde pública, que vem aumentando em todas as camadas sociais da população brasileira. É um sério agravo para a saúde atual e futura dos indivíduos. Prevenir a obesidade infantil significa diminuir, de uma forma racional e menos onerosa, a incidência de doenças crônico-degenerativas

    É consenso que a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa e que ela determina várias complicações na infância e na idade adulta. Na infância, o manejo pode ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois está relacionado a mudanças de hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta de entendimento da criança quanto aos danos da obesidade. (MELLO et al, 2004).

Conclusão

    Podemos concluir que os índices de massa corpórea (IMC) e de percentual de gordura se encontram no ponto em que quanto maior o IMC, maior será o percentual de gordura, sendo os dois indicadores de obesidade, mas cada um com seu método e particularidade.

    Os meninos encontram-se em níveis mais satisfatórios de composição corporal, tento sua maioria da amostra em níveis normais de IMC e níveis ótimos de percentual de gordura.

    Ressalta-se a importância de se dar uma maior atenção a composição corporal em crianças e campanhas para a promoção da saúde, incentivando a qualidade na alimentação e a pratica da atividade física, que são fatores fundamentais para a manutenção da saúde corporal.

Referencias bibliográficas

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