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Aplicação do Questionário Internacional de Atividades Físicas 

para validação do nível de atividades físicas nas 

pessoas portadoras de Síndrome de Down

Aplicación del Cuestionario Internacional de Actividades Físicas para la validación 

del nivel de actividades físicas en la personas portadoras de Síndrome de Down

Application of the International Questionnaire of Physical Activities for validation 

of the level of physical activities in the carrying people of Down Syndrome

 

Universidade Gama Filho

Curso de Pós-Graduação Latu-Sensu

em Atividade Física Adaptada e Saúde T-0410

(Brasil)

Sileine Santos Seixas

Rafael Frantz Ferreira

Joel de Oliveira Rios Neto

joelriosneto@yahoo.com.br


 

 

 

 

Resumo

          Fundamentação: A síndrome de Down causa alterações e mau funcionamento em diversos órgãos e sistemas do individuo, porém a intensidade com que se manifestam tais alterações varia de uma pessoa para a outra. Através do questionário internacional de atividades físicas (IPAQ - versão 8) foram avaliados portadores de síndrome de down com a premissa de obter dados relevantes sobre o nível de atividade física deste grupo em específico. Objetivo: O objetivo deste estudo foi verificar o nível de atividade física de pessoas portadoras de síndrome de down das cidades de Salvador/Ba, Santaluz/Ba e Santo Amaro/Ba. Métodos: Para a realização desse trabalho aplicamos nos participantes o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) que tem por objetivo avaliar o nível das atividades físicas que fazem parte do dia-a-dia deste grupo. Resultados: Foram analisados dados de 33 participantes do projeto, 15 mulheres e 18 homens, com idade entre 6 e 35 anos. Os dados mostraram que 36,36 % dos participantes são muito ativos, 39,40 % dos participantes são ativos e 24,24 % são considerados insuficientemente ativos A. Conclusão: Os dados permitem concluir que esta população possui um nível de atividade física satisfatória.

          Unitermos: Atividade física. Síndrome de Down.

 

Abstract

          Recital: The Down Syndrome cause alterations and bad functioning in diverse agencies and systems of self, however the intensity with that if they reveal such alterations varies of a person for the other. Through the international questionnaire of physical activities (IPAQ) they had been evaluated carrying of syndrome of down with the premise to get given excellent on the level of physical activity of this group in specific. Objective: The objective of this study was to verify the level of physical activity of carrying people of syndrome of down of the cities of Salvador/Ba, Santaluz/Ba and Santo Amaro/Ba. Methods: For the accomplishment of this work we apply in the participants the International Questionnaire of physical activity (IPAQ) that it has for objective to evaluate the level of the physical activities that are part of day-by-day of this group. Results: They had been analyzed given of 33 participants of the project, 15 women and 18 men, with age between 6 and 35 years. The data had shown that 36,36 % of the participants are very active, 39,40 % of the participants are active and 24,24 % are considered insufficiently active. Conclusion: The data allow to conclude that this population possess a level of satisfactory physical activity.

          Keywords: Physical activities. Down Syndrome.

 

Artigo apresentado à coordenação da disciplina Metodologia da Pesquisa Científica, a fim de obter o título de especialista em Atividade Física Adaptada e Saúde. Salvador, BA.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A síndrome de Down é uma condição genética, reconhecida há mais de um século por John Langdon Down 1, É decorrente de uma aberração cromossômica que foi pela primeira vez sugerida em 1932 por Waardenburg. Em 1959 a síndrome foi descrita, por Lejeune e colaboradores, quando se identificou que o número de cromossomos de um indivíduo normolíneo é de 46 cromossomos e do portador de Síndrome de Down é de 47 cromossomos. Apesar da participação de portadores de Síndrome de Down na prática esportiva ser muito recente, pode-se perceber os benefícios que esta prática com caráter pedagógico oferece a essas pessoas.

    A Síndrome de Down (SD) pode ser causada por três fundamentais tipos de comprometimentos cromossômicos: Trissomia Simples, que ocorre em 96% dos casos; Translocação, que acontece em indivíduos com Síndrome de Down apresentando 46 cromossomos e não os 47 como na trissomia simples, e o Mosaicismo, com ocorrência de 2% dos casos, caracterizado por no mínimo duas populações celulares diferentes, isto é, o indivíduo apresenta um percentual de suas células normais, com 46 cromossomos, e outro percentual com 47 cromossomos, simulando uma forma parcial de trissomia2.

    A síndrome de Down causa alterações e mau funcionamento em diversos órgãos e sistemas do individuo, porém a intensidade com que se manifestam tais alterações varia de uma pessoa para a outra.

    Além do atraso no desenvolvimento, outros problemas de saúde podem ocorrer no portador da síndrome de Down: hipotonia (100%); problemas de audição (50 a 70%); de visão (15 a 50%); alterações na coluna cervical (1 a 10%); distúrbios da tireóide (15%); problemas neurológicos (5 a 10%); obesidade e envelhecimento precoce3. Estes problemas nos portadores de Síndrome de Down precisam ser lembrados no planejamento das atividades físicas.

    Segundo a Organização Mundial de Saúde, 10% da população em países em desenvolvimento, são portadores de algum tipo de deficiência, sendo que metade destes são portadores de Deficiência Mental, propriamente dita 4.

    As pessoas portadoras de deficiência (PPD) devem conviver com a sociedade dita normolínea, visto que a diferença entre elas está apenas no ser físico e não no ser social. Suas igualdades passam pelos mesmos direitos garantidos a todos os cidadãos nos preceitos constitucionais. Todos procuram, através do esporte, orientação para uma melhor qualidade de vida e a aquisição de autoconfiança ligada ao processo produtivo. Tratado pela sociedade como um subgrupo, neste período os portadores de deficiência colocam-se em evidência para mostrarem suas potencialidades ao público presente. As atividades esportivas tendem a ser muito importantes para os portadores de Síndrome de Down para aprimorarem sua perspectiva de saúde, além de contribuir com a integração, sociabilização e recreação destes indivíduos.

    O conceito da saúde tem sido construído a partir de um constructo multifatorial, englobando o bem estar físico, mental e social, sendo caracterizado por um continuum com pólos positivo e negativo. Desta maneira a saúde positiva seria caracterizada pela percepção de bem-estar geral; e, a saúde negativa estaria relacionada à morbidade e no extremo à mortalidade prematura. 5-6

    A utilização de um questionário confiável, completo (o que se refere a medidas de atividade física) e de fácil preenchimento, seria um ótimo instrumento para trabalhar em estudos epidemiológicos para diagnosticar o nível de Atividade Física da população e prevenir doenças causadas pela inatividade física, como também em estudos que acrescentem para melhorar a qualidade de vida da população.

    Segundo os achados sobre o IPAQ 10,11,12, nos estudos citados, devem ser interpretados com cautela 7-8. Além do que, os próprios autores destacam que os instrumentos usados para validação do IPAQ, no caso o sensor de movimentos, apresenta dificuldades como: não inclui atividades com água; não conseguem diferenciar a intensidade das atividades que acontecem sentadas, atividades de carregar pesos, ou atividades conjugais; impacto cultural 9.

Metodologia

Amostra

    A amostra foi composta por 33 indivíduos sendo 15 mulheres e 18 homens da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) das cidades de Salvador/ Ba, Santaluz/Ba e Santo Amaro/ Ba.

Instrumento

    Para a realização desse trabalho aplicamos nos participantes do estudo o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ – versão 8) que tem por objetivo avaliar o nível de atividade física que faz parte do dia-a-dia dessas pessoas. O questionário foi composto por 60 questões sobre atividades habituais exercidas na última semana (exercícios físicos e atividade de locomoção), dados pessoais e familiares.

    Conforme o protocolo de classificação do nível de atividade física da população, há: Sedentários, Insuficientemente Ativos B, Insuficientemente Ativos A, Ativos e Muito Ativos, de acordo com as seguintes definições.

  • Sedentário: não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana.

  • Insuficientemente ativo: realiza atividade física por pelo menos 10 minutos por semana, porém insuficiente para ser classificado como ativo. Pode ser dividido em dois grupos:

A. 

  • Atinge pelo menos um dos critérios da recomendação. 

  • Frequência: 5 dias/semana ou *Duração: 150 min/semana

B.     Não atingiu nenhum dos critérios da recomendação.

  • Ativo: cumpriu as recomendações.

    1. vigorosa: > 3 dias/semana e > 20 minutos por sessão;

    2. moderada ou caminhada: > 5 dias/semana e > 30 minutos por sessão;

    3. qualquer atividade somada: > 5 dias/semana e > 150 minutos/semana (caminhada + moderada + vigorosa).

  • Muito Ativo: cumpriu as recomendações e:

    1. vigorosa: > 5 dias/semana e > 30 minutos por sessão;

    2. vigorosa: > 3 dias/sem e > 20 minutos por sessão + moderada e/ou caminhada: > 5 dias/sem e > 30 minutos por sessão. 

Tratamento estatístico

    Observando as limitações inerentes ao tamanho amostral verificou-se que este grupo de portadores de síndrome de down possuem um nível de atividade física satisfatório, conforme IPAQ não são nem muito nem pouco ativos.

Resultados e discussões

    Foram entrevistados 33 indivíduos responsáveis pelos portadores de síndrome de down nas APAE das cidades de Salvador/Ba, Santaluz/Ba e Santo Amaro/Ba. O resultado das entrevistas refere-se aos portadores de síndrome de down.

Tabela 1. Características dos indivíduos que participam do estudo

    Ao praticar e conhecer o esporte, a pessoa portadora de deficiência percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos específicos sobre suas relações com o mundo. Além disto, desenvolve suas potencialidades, podendo alicerçar a consciência de seu lugar na sociedade como podemos observar na tabela 2 este e outros fatores importantes no seu cotidiano com qualidade de sono, oportunidade de lazer e aparência física.

Tabela 2. Nível de percepção intrínseco

    De acordo com a tabela 3, os resultados encontrados com relação ao nível de atividade física habitual revelam que 42% dos rapazes envolvidos no estudo são classificados como muito ativo ou ativos. Entre as moças, 39% delas são classificadas como tais. A proporção dos sujeitos classificados como insuficientemente ativo foi de 9% entre rapazes e 9% entre moças (figura 1).

    Verificou-se que a maioria dos indivíduos apresenta um nível de prática de atividade física satisfatório, segundo os dados obtidos foram classificados como muito ativos a. e ativos a. Como pode ser observado na tabela 3.

Tabela 3. Classificação do nível de atividade física dos indivíduos

    Analisado os resultados (IPAQ- versão 8) observou-se que os portadores de síndrome de down que estão inseridos nestas instituições têm um nível de prática de atividade física satisfatório, praticam pelo menos três vezes na semana algum tipo de atividade seja uma caminhada para chegar até a instituição seja uma aula especifica desenvolvida na instituição.

Figura 1. Nível de classificação do nível de atividade

    Convém destacar que este estudo recorreu apenas às informações quanto ao tempo dedicado ao lazer ativo.

    Ao analisar o envolvimento dos rapazes e moças considerados no presente estudo nas diferentes categorias de atividades do cotidiano, os rapazes apresentaram reduções quanto ao tempo de participação naqueles envolvendo esforços físicos mais intensos, como lazer ativo e trabalho manual, compensando com maior tempo de participação em atividades realizadas no âmbito esportivo.

    No que se referem à baixa classe socioeconômica familiar todos os avaliados demonstraram participar um envolvimento com a atividade física, concordando então com o estudo de Martorell et al 13, onde relata que, na América Latina, a inatividade física é mais prevalente em famílias com nível socioeconômico e de escolaridade materna mais elevada.

    Constatou-se que em nenhum momento histórico do município que a prática de atividades físicas esteve tão presente na vida desse grupo portador de síndrome de down, fazendo-se necessário um desafio, principalmente no que se refere à metodologia de ensino.

Conclusão

    A porcentagem de indivíduos que atinge a recomendação atual de atividade física para promoção da saúde é de aproximadamente 81% nas APAE, sendo que estes dados variam conforme o gênero, a idade, o nível socioeconômico conforme observado com a realização do IPAQ.

    Assim, os dados evidenciam que ainda precisamos continuar com estratégias de promoção de atividade física para atingir os 19 % da população que não realiza atividade física dentro das recomendações atuais para a saúde e que estas ações devem levar em conta fatores como o gênero, a idade e o nível socioeconômico para serem mais efetivas.

Bibliografia

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  2. MUSTACCHI, ZAN; PERES, SERGIO: Genética Baseada em evidencias: síndromes e heranças: São Paulo CID 2000.

  3. COOLEY, WC, GRAHAM JM. Down syndrome: An update and review for the primary pediatriacian. Clin Pediat 1991;30:233-53.

  4. Relatório sobre Saúde Mental 4, 2001-Organização Panamericana e Saúde-Organização Mundial de Saúde - OMS, World Health Report-WHO-Genèsi-SWISS.

  5. NIEMAN, D.C. Exercício e saúde. São Paulo: Manole, 1999.

  6. NAHAS, M.V. Revisão de métodos para determinação dos níveis de atividade física habitual em diversos grupos populacionais. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Londrina, v.1, n.4, p.27-37, 1996.

  7. GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P.G.; BARBOSA, D.S.; OLIVEIRA, J.A. Atividade física habitual e aptidão física relacionada à saúde em adolescentes. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, São Caetano do Sul, v.10, n.1, p.13-21, 2002.

  8. HUANG, Y.C.; MALINA, R.M. Physical activity and health-related physical fitness in Taiwanese adolescents. Journal of Physiological Anthropology & Applied Human Science, Tokyo, v.21, n.1, p.11-9, 2002.

  9. PARDINI, R.; MATSUDO, S.; ARAÚJO, T.; MATSUDO, V.; ANDRADE, E.; BRAGGION, G.; ANDRADE, D.; OLIVEIRA, L.; FIGUEIRA JUNIOR, A.; RASO, V. Validação do questionário internacional de nível de atividade física (IPAQ – versão 6): estudo piloto em adultos jovens brasileiros. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, São Caetano do Sul, v.9, n.3, p.45-51, 2001

  10. ARAUJO, T; MATSUDO, S; MATSUDO, V; ANDRADE, D; ANDRADE, E; OLIVEIRA, L.C; Reprodutibilidade do Questionário Internacional de Atividade Física em Adolescentes e Adultos Brasileiros (IPAQ, versão 8). Revista Brasileira de Ciência e Movimento; 8 (edição especial): 136, 2000.

  11. BENEDETTI, T.B.; MAZO, G.Z.; BARROS, M.V.G.; Aplicação do questionário internacional de atividades físicas para avaliação do nível de atividades físicas de mulheres idosas: validade concorrente e reprodutibilidade teste-reteste. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 12(1): 25-34, 2004.

  12. GUEDES, D.P.; LOPES, C.C.; GUEDES, J.E.R.P.G.; Reprodutibilidade e validade do Questionário Internacional de Atividade Física em adolescentes. Revista Brasileira Medicina Esporte. v.11, n.02, p. 151-158, 2005.

  13. MARTORELL,R; KHAN,L. K; HUGHES, ML.; GRUMMER, LM. Strawn - Obesity in Latin American Women and Children. American Society for Nutritional Sciences - Manuscript received 4 February 1998. Initial review completed 13 March 1998. Revision accepted 5 June 1998.

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