efdeportes.com

Análise do risco de doença cardíaca coronariana 

apresentado por estudantes de Educação Física do CEFD/UFSM

Análisis del riesgo de enfermedad cardíaca coronaria presentado por estudiantes de Educación Física del CEFD/UFSM

 

Universidade Federal de Santa Maria, UFSM

(Brasil)

Prof. Md. Maíra Frigo Flôres

mairafrigoflores@yahoo.com.br

Prof. Dr. Daniela Lopes dos Santos

danielals@brturbo.com

 

 

 

 

Resumo

          Atualmente, é crescente o número de óbitos/disfunções devidos à doença cardíaca coronariana. Essa representa um alto custo para a sociedade, que necessita encontrar formas de reduzir seu valor de tratamento, e a abordagem dos fatores de risco para o desenvolvimento da doença pode ser uma via mais acessível de prevenção/tratamento das doenças cardíacas coronarianas. Assim, por meio dessa pesquisa, buscamos identificar a existência de fatores de risco de doença cardíaca coronariana em estudantes de educação física, que são socialmente considerados esclarecidos sobre a importância de um estilo de vida saudável. Participaram dessa pesquisa 20 estudantes do curso de educação física com idade entre 18 e 27 anos, que responderam à Lista de Checagem da Associação Americana de Cardiologia, para avaliar o risco de doença cardíaca coronariana; o Questionário de Prontidão para a Atividade Física (PAR-Q), utilizado para triar os pacientes para o esforço físico; um detalhamento subjetivo de hábitos esportivos e pessoais e a uma anamnese, previamente validada.

          Unitermos: Doença cardíaca coronariana. Fatores de risco. Estudantes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Doença coronariana consiste em alterações degenerativas na intima, ou no revestimento interno das artérias mais calibrosas que irrigam o músculo cardíaco (Mcardle, Katch e Katch, 2003). Segundo Rique, Soares e Meirelles (2002) as doenças cardiovasculares (DCV) constituem uma importante causa de morte, e seu crescimento significativo alerta para o profundo impacto nas classes menos favorecidas e para a necessidade de intervenções eficazes, de baixo custo e caráter preventivo. Em 1988, no Brasil, as DCV foram responsáveis pela maior proporção de óbitos no país: 31% das mortes em homens e 39% nas mulheres, sendo a principal causa mortis a partir dos 40 anos de idade e contabilizando 33% dos óbitos na faixa de 40 a 49 anos de idade (Rique, Soares e Meirelles, 2002). No município de Tubarão, SC, em 2005, as doenças cardiovasculares (DCV) constituíram a segunda causa mais freqüente de internações hospitalares, correspondendo a 14,1% das internações (Cosentino, Coutinho, Nedel e Luciano, 2007).

    Segundo a OMS, aproximadamente 75% das DCV podem ser atribuídas à presença de fatores de risco. Fator de risco (FR) pode ser definido como qualquer traço ou característica mensurável de um indivíduo que possa levá-lo a uma maior probabilidade de vir a manifestar uma determinada doença, ou de fazê-la progredir (Rangel, Grinberg, Maranhão e Ventura, 2006). Dentre os não são modificáveis, destaca-se a predisposição genética, por ser responsável por uma grande parcela de casos referentes a distúrbios na pressão hemodinâmica (COTRAN apud Elsangedy, Gorla,. e Calegari, 2006). Ainda, merece destaque a faixa etária, podendo ser citado o estudo de Rangel, Grinberg, Maranhão e Ventura (2006), em que houve maior proporção de incidência de doença coronariana em faixas etárias mais elevadas.

    De acordo com as últimas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, os FR mais evidentes no panorama da saúde cardiovascular no Brasil são: tabagismo (fator de risco causal principal para a DAC, duplicando as chances de desenvolvimento desta segundo Nunes e Barros (2004)), hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus, obesidade e dislipidemias (Rique, Soares e Meirelles, 2002). Outros FR vêm sendo investigados por sua correlação com as DCV, como: concentração sanguínea de homocisteína e de lipoproteína A, fibrogênio, período pós-menopausa, estresse oxidativo da LDL-c, hipertrofia ventricular esquerda e fatores psicossociais (Rique, Soares e Meirelles, 2002). Kalinina, Salvador e Kalinine (2006) acrescem dados de um estudo onde os pacientes sem doença coronariana apresentavam uma média menor de fibrinogênio comparado com os dos portadores de coronariopatia. Há ainda a associação entre o sedentarismo e a DAC, onde indivíduos sedentários têm o risco dobrado de desenvolver DAC em comparação com os minimamente ativos. Esse risco foi similar ao tabagismo, colesterol sérico elevado e hipertensão arterial, até então os três principais fatores de risco causais para a DAC (Nunes e Barros, 2004). ACSM (2003) comenta estudo acerca da associação entre as mudanças nos hábitos de atividade física e o risco de mortalidade, onde indivíduos que adotaram uma atividade física moderadamente vigorosa (intensidade > 4,5 MET's) em comparação com aqueles que nunca participaram deste tipo de atividade, demonstrando um risco de 41% menor de morte por DCC.

    Os estudantes do curso de graduação em Educação Física são vistos freqüentemente como indivíduos saudáveis, que praticam atividades físicas e têm uma alimentação balanceada, tendo hábitos de vida dentro de padrões saudáveis, o que pode ter relação com o fácil acesso aos ensinamentos da área de saúde. Sabendo que a alimentação, prática de exercícios físicos, tabagismo, herança genética influenciam na ocorrência de doenças cardíacas coronarianas, nos questionamos se os estudantes de educação física estão menos propensos a estes problemas de saúde, e assim surge a importância dessa pesquisa, que busca identificar qual o risco de doença cardíaca coronariana apresentado por estudantes do CEFD/UFSM?

Metodologia

    Participaram dessa pesquisa 20 estudantes do curso de educação física do CEFD/UFSM, com idade entre 18 e 27 anos, escolhidos aleatoriamente. Os participantes se dirigiam ao laboratório de fisiologia do exercício do CEFD/UFSM, onde respondiam a questionários e testes, sendo liberados em seqüência. Os instrumentos de medida utilizados foram a Lista de Checagem da Associação Americana de Cardiologia, para avaliar o risco de doença cardíaca coronariana; o Questionário de Prontidão para a Atividade Física (PAR-Q), utilizado para triar os pacientes para o esforço físico; um detalhamento subjetivo de hábitos esportivos e pessoais; uma anamnese, previamente validada.

Resultados

    Descobriu-se que 90% dos indivíduos apresentavam risco baixo (<4) nos testes da AAC, entretanto, 88% apresentavam casos de hipercolesterolemia em sua família. Dentre os que apresentaram um alto risco, foram citadas ainda a inatividade física e o histórico familiar de cardiopatia. A dislipidemia eleva o risco de DCC, sendo que em indivíduos obesos podem apresentar aumento do colesterol total, dos triglicérides, do LDL- colesterol e a diminuição do HDL-colesterol (Giacomini, Santos, e Giacomini, 2007).

    Pelo PAR-Q, viu-se que 70% dos indivíduos estava apto a iniciar uma prática de atividades físicas; dentre os inaptos, os fatores limitantes foram a apresentação de tonturas, dores no peito e problemas ósseos. Os sujeitos se julgavam sedentários, mas 80% deles realizavam alongamentos e 65% praticava exercícios aeróbicos ou neuromusculares ao menos 2x semanais. O sedentarismo, assim como a obesidade, é fator de risco independente para o desenvolvimento de DCC. A atividade física aumenta a tolerância à glicose, aumenta a fibrinólise (destruição de coágulos) e diminui a pressão arterial (Elsangedy, Gorla,. e Calegari, 2006).

    Salientou-se o alto consumo regular de cafeína (60%) e álcool (35%) dentre os estudantes, e 25% deles realizam menos de duas refeições diárias. A alimentação, com altos teores de gordura, sal, bebidas alcoólicas, cigarros, etc, pode contribuir para o desenvolvimento de hipertensão e DCC (REIS & COPLE apud Elsangedy, Gorla,. e Calegari, 2006). Este desequilíbrio alimentar pode contribuir ainda para o desenvolvimento da obesidade, apontada como fator primário para DCC.

    Alguns estudantes (35%) dormem menos de 6 horas diárias e 25% deles se consideram ansiosos. O ritmo de vida atual está fazendo surgir novos tipos de doenças, dentre elas a DCC, que pode ocorrer após períodos em que o indivíduo tenha passado por sérios problemas, que podem estar relacionados ao trabalho, preocupações financeiras, familiares, entre outros (Varela, Salema e Bartilotti, 2007).

    Dentre os estudantes, 35% têm pai/mãe hipertenso. Um dos principais fatores de risco para a DCC é a elevação crônica da pressão arterial (PA). No Brasil a HA está associada a 60% dos infartos do miocárdio e a 85% dos acidentes vasculares encefálicos (AVE), e assume importância inquestionável como problema de saúde pública por sua alta prevalência em nosso meio (Rondinelli e Moura-Neto apud Maior, 2005).

    Ainda, 45% dos estudantes têm familiar diabético. Um diabético bem controlado tem níveis mais baixos de colesterol e triglicérides; da mesma forma indivíduos obesos devem fazer um controle da glicemia e do seu perfil lipídico, diminuindo desta forma, os fatores de riscos (Giacomini, Santos, e Giacomini, 2007).

    Por fim, 30% dos estudantes têm dores articulares ou na coluna, o que pode estar associado a um estilo de vida desequilibrado, com poucas horas de sono e baixo condicionamento físico.

Conclusão

    A maioria dos indivíduos possui baixo risco de apresentar doença cardíaca coronariana ao se analisar a lista do AAC, e está apta a iniciar uma prática regular de atividades físicas. Entretanto, na anamnese os indivíduos declararam uma forte tendência hereditária a hipertensão e/ou diabetes, além de apresentarem hábitos não saudáveis, como o consumo excessivo de álcool e cafeína. Vale salientar que esses hábitos devem ser modificados, para que não acentuem essa predisposição genética que apresentam.

    Ainda, há de se esclarecer melhor, mesmo entre indivíduos da área de Educação Física, o que é ser sedentário, visto o contraste entre a percepção destes estudantes sobre sua prática e a realidade relatada.

Referências bibliográficas

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 165 | Buenos Aires, Febrero de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados