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Clube do ‘Bolinha’ e da ‘Luluzinha’: uma 

discussão sobre gênero na Educação Física escolar

El club de ‘Tobi’ y de la ‘Pequeña Lulú’: un debate sobre el género en la Educación Física escolar

 

*Graduado em Educação Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia

Especialista em Pedagogia do Esporte pela Faculdade Adventista de Hortolândia

**Doutora em Educação Física pela Unicamp

Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia

(Brasil)

Wesley Barbosa de Barros*

Willdner Ribeiro do Couto*

William Garcia Amaral*

Helena Brandão Viana**

hbviana2@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A interação e relação entre os gêneros vêm com a vivência de homens e mulheres em um determinado espaço e estão subordinados ao ambiente, através dos paradigmas construídos ao longo da história. Neste trabalho procurou-se entender um pouco sobre a Educação Física Escolar e sua relação com a discussão de gênero, vendo que essas aulas devem objetivar a quebra dos paradigmas entre os sexos, do preconceito e também findar a educação para a igualdade e para o respeito. Foi feita uma pesquisa de campo entre adolescentes de ambos os gêneros, de uma escola privada para avaliar a preferências destes por aulas mistas e separadas. Como resultado obteve-se que tanto aulas mistas e separadas tem seu lugar na Educação Física Escolar, e que os alunos preferem uma e outra por motivos diversos e, portanto, sugere-se que os dois tipos de aula devem estar presentes na escola.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Gênero. Interação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A noção de gênero, não acontece imediatamente ao nascimento, é produzida pela sociedade, carregando, muitas vezes, os estereótipos característicos de cada sexo, e características de desigualdade que permeiam, até hoje, espaços sociais comuns a homens e mulheres. Para Louro (2000, p.19) na aprendizagem e formação das crianças, as sociedades delimitam os espaços sociais onde cada uma será considerada adequada ou não. As formas como nos tornamos sujeitos de gênero se constituem numa questão política e social e não somente numa questão ligada às histórias pessoais ou privadas.

    Através de práticas culturais e sociais, nos definimos e nos aceitamos como homens e mulheres. Louro (2000, p. 26) relata em sua obra:

    Vejo o gênero como uma construção social feita sobre diferenças sexuais. Gênero refere-se, portanto, ao modo como as chamadas “diferenças sexuais” são representadas ou valorizadas, refere-se àquilo que se diz ou se pensa sobre tais diferenças, no âmbito de uma dada sociedade, num determinado grupo, em determinado contexto.

    A Educação Física Escolar possibilita trabalhar e refletir sobre questões do gênero, onde os alunos vivenciam, a prática corporal. Desta forma é possível que a interação entre gêneros seja mais fácil de ser abordada na escola. Darido et al (2006, p.69) diz que a concepção de co-educação deve estar realmente presente nas aulas; assim, meninos e meninas devem vivenciar as mesmas práticas, discutindo e entendendo a questão das diferenças e buscando as melhores soluções.

    As aulas de Educação Física, por se tratar de uma disciplina que visa à corporeidade, contribuem também para a interação de meninos e meninas, pois com a aproximação e as situações que envolvem essas relações, o professor pode intervir e estimular a reflexão sobre respeito mútuo entre os sexos e a liberdade de expressão. Com isso, as aulas de Educação Física tornam-se momentos propícios para a interação ser trabalhada.

    Segundo Pereira (2004, p.7), dentro da escola, a Educação Física enquanto componente curricular, desempenha um papel importante no processo de socialização iniciado no ambiente familiar, seja permitindo a manifestação ou a consolidação de estereótipos de gênero, seja investindo na formação de sujeitos críticos, contestadores e transformadores.

    Hoje, na literatura, ainda existe uma grande discussão quanto à melhor maneira desses aspectos serem trabalhados nas aulas de Educação Física Escolar e também quanto aos aspectos gerais das aulas, se é melhor utilizar de aulas mistas ou separadas por sexo.

    Este trabalho assumiu uma posição investigativa e comparativa a essas duas teorias, na intenção de conhecer e identificar possíveis prós e contras de cada uma, a partir do que os autores dessa área estão evidenciando.

    Foram encontrados alguns trabalhos relacionados a essa discussão e, com eles, opiniões diversas e contrárias. Para defender a prática sexista nas aulas de Educação Física destacam-se comentários que resumem bem os principais argumentos, citados a seguir.

    Antunes & Trevisan (2010, p.10) como análise de suas pesquisas, observaram o resultado do questionário aplicado a alguns professores. “Para os professores algumas desvantagens são percebidas numa aula de Educação Física mista, dentre elas: as diferenças nos níveis de habilidades dificultam o desenvolvimento de algumas atividades”.

    Por sua vez, Pereira (2004) diz que se podem observar diferenças entre meninas e meninos quanto ao desempenho motor. Isto porque algumas brincadeiras preferidas pela maioria das meninas privilegiam a passividade, enquanto os meninos geralmente preferem atividades consideradas mais ativas e vigorosas.

    Do outro lado dessa discussão, existem muitos que não concordam com a separação por sexo e trabalham na direção contrária. Em sua maioria, os argumentos construídos para aliar-se ao método não sexista nas aulas de Educação Física, giram em torno do mesmo eixo, como será apresentado.

    Sem dúvida, nas turmas mistas reside um potencial de melhor preparar o indivíduo para sua vida extra-escolar, na qual o convívio com o outro sexo é inevitável e muitas vezes desigual e conflituoso, devido à falta de reflexão e entendimento sobre o relacionamento humano (OLIVEIRA, 1996, p.44).

    Segundo Abreu, “Para que seja possível a oportunização das reflexões sobre os conflitos existentes, é aconselhável que meninos e meninas estejam juntos, vivenciando as experiências motoras” (ABREU, 1990, p.156).

    Tentando compreender melhor essas questões de gênero na educação física escolar, este trabalho objetivou avaliar a preferência dos alunos a respeito de aulas mistas ou separadas, e os motivos que os levam a preferir um ou outro tipo de aula. Isso foi realizado através de uma pesquisa de campo descrita a seguir.

Método

Características da pesquisa

    Segundo Thomas & Nelson (2002) esta pesquisa tem caráter predominantemente qualitativo. Os autores citam em sua obra que a característica mais significativa desta pesquisa é o conteúdo interpretativo em vez de uma interpretação excessiva sobre o procedimento (op.cit. pg. 322). Segundo os autores a pesquisa qualitativa tem as seguintes características: Hipótese = indutiva; Amostra = proposital, pequena; Ambiente = natural, mundo real; Coleta de dados = O pesquisador é o instrumento principal; Delineamento = flexível, pode mudar; Análise de dados = descritiva, interpretativa.

    Foi abordada nessa pesquisa a questão da interação entre os gêneros nas aulas de Educação Física Escolar, procurando colher e entender as opiniões dos alunos quanto às aulas mistas e separadas. Entrevistamos um grupo de alunos entre 10 e 13 anos de duas turmas e anos escolares diferentes, sendo uma turma do 6º ano do ensino fundamental II e a outra do 8º ano do ensino fundamental II. O grupo pesquisado continha 48 alunos, composto por meninos e meninas.

    Os alunos entrevistados pertenciam a uma escola da rede particular da cidade de Campinas, onde aconteceu toda a abordagem e a efetivação da pesquisa.

    Veja no quadro 1, as características do grupo pesquisado.

Quadro 1. Características da amostra

Características

 

Quantidade (N°)

Porcentagem (%)

Sexo

Meninas

31

64,6 %

 

Meninos

17

35,4%

 

11 anos

24

50%

Idade

12 anos

1

2,1%

 

13 anos

20

41,6%

 

14 anos

3

6,3%

Ano escolar

6º ano

25

52,1%

 

8º ano

23

47,9%

Objetivos

    O objetivo dessa pesquisa foi averiguar a questão da interação entre os gêneros nas aulas de Educação Física Escolar, procurando colher e entender as opiniões dos alunos quanto às aulas mistas e separadas. Objetivou-se conhecer a preferência dos alunos pelas aulas mistas ou separadas, assim como os pontos que mais agradam e os que mais incomodam no trabalho de cada uma delas.

O instrumento de avaliação

    O questionário utilizado, foi desenvolvido pelos próprios pesquisadores deste grupo, fazendo pesquisas em alguns trabalhos presentes em nossa bibliografia, que nos proporcionaram idéias para as questões por trabalharem abordagens semelhantes a nossa temática.

    As questões foram construídas e apresentadas da seguinte maneira:

  1. Você prefere aulas de Educação Física Mista (com meninos e meninas fazendo as atividades juntos na aula) ou aulas de Educação Física Separada (meninos e meninas fazendo as atividades separados)?

    • ( ) Mista

    • ( ) Separada

  2. O que você mais gosta nas aulas Mistas?

  3. O que você mais gosta nas aulas Separadas?

  4. O que você não gosta nas aulas mistas?

  5. O que você não gosta nas aulas separadas?

  6. Em sua opinião, existem algumas atividades que são mais apropriadas para os meninos e outras para as meninas?

    1. SIM ( ) NÃO ( )

    2. Se sim, quais são essas atividades?

      1. Para os Meninos:

      2. Para as Meninas:

    3. Porque você considera essas atividades mais apropriadas para cada sexo?

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    Antes de iniciar o levantamento de dados, através da distribuição do questionário, elaboramos um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde os responsáveis pelos respondentes, por serem menores de idade, autorizaram a utilização dos dados fornecidos pelos alunos através dos instrumentos.

Coleta de dados

    Primeiramente entregamos aos alunos, participantes da pesquisa, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e os orientamos a encaminhar esse documento aos seus respectivos pais ou responsáveis para que estes lessem e consentissem com a aplicação da pesquisa. Após o recolhimento dessas autorizações, devidamente preenchidas e assinadas, iniciamos a coleta dos dados.

    Foram distribuídos 48 questionários para o grupo de alunos escolhidos e estes responderam imediatamente à entrega. Esse momento aconteceu em horário normal de aula, na mesma sala em que acontecem suas aulas, e esse tempo foi utilizado com a autorização da direção escolar.

Compilação de dados

    Com os questionários respondidos em mãos, iniciou-se a compilação dos dados pelo programa Excel, onde foram feitas as tabelas e os gráficos. A transferência dos dados ao computador foi feita exclusivamente pelo grupo pesquisador, revisando a cada respondente, para que não houvesse erro de inserção e interpretação posterior.

Apresentação dos resultados

    Através do questionário composto por 6 questões, obtivemos os seguintes resultados:

Figura 1. Primeira questão

    Essa primeira pergunta, cujo objetivo foi analisar fundamentalmente a preferência dos alunos pelas aulas mistas ou separadas, obteve-se como resultado uma leve preferência por aulas mistas.

    Levando em consideração que a diferença entre as opções aconteceu de maneira relativamente pequena, podemos observar que as preferências mantiveram-se equilibradas, e que, esse contexto escolar, não houve a grande preferência por aulas mistas, por parte dos alunos, que encontramos em alguns trabalhos literais pesquisados, a fim de justificar a dificuldade de trabalhar com os alunos misturados.

Figura 2. Segunda questão

    Com essa questão, objetivamos reconhecer os pontos positivos das aulas mistas, sob a ótica dos alunos. Os resultados mostraram algo muito interessante, que é a consciência dos alunos, no que diz respeito à interação entre os gêneros, ocorrente nas aulas mistas. Talvez eles não tenham total conhecimento sobre a importância dessa interação, desse aprendizado, na sociedade e na vida de cada um deles, porém fica claro que pelo poder de observação deles, isso acontece de maneira mais facilitada quando estão todos juntos e é algo importante a ponto de ser frisado em um questionário como esse.

Figura 3. Terceira questão

    Por outro lado, quanto ao gosto dos alunos pelas aulas separadas, observamos como resposta mais freqüente a homogeneidade de habilidade. Outros dados freqüentes com essa questão foram, maior competitividade e o fato de não machucar as meninas.

    Fazendo uma reflexão e ligando esses pontos, conclui-se sobre os resultados dessa questão que muitos alunos pensam que as aulas de Educação Física separadas, por fornecer uma maior homogeneidade das habilidades, faz com que os jogos e atividades propostas pelo professor aconteça de maneira mais intensa para todos, aumentando a competitividade ao mesmo tempo em que diminui casos de meninas machucadas, nesse último caso partindo do referencial que os meninos, em sua maioria, devido a suas vivências físicas mais amplas, sejam mais fortes e acabam machucando as meninas.

Figura 4. Quarta questão

    Nesta questão objetivou-se abordar os aspectos negativos das aulas mistas, segundo os alunos. Podemos observar que o ponto mais freqüente – as meninas machucam-se muito – voltou a aparecer. Isso provavelmente é um acontecimento muito freqüente nas aulas e talvez possa ser explicado, pelos alunos, pela superioridade masculina, observação bastante utilizada como resposta.

    Outros dois pontos interessantes, que surgiram nessa pergunta, é o fato de acontecer mais brigas e confusões, ao mesmo tempo em que a competitividade diminui.

Figura 5. Quinta questão

    Agora, quanto aos pontos negativos das aulas separadas, pela visão dos alunos, apareceu novamente, repetidamente, a questão da interação entre meninos e meninas. Eles responderam que esse tipo de aula não permite que os meninos e as meninas interajam-se.

    Com a mesma freqüência da interação, obteve-se como resposta - poucas pessoas. Isso aconteceu pelas turmas não serem grandes nessa escola, não passam de 25 alunos, o que limita a brincadeira ou jogo, dependendo da dimensão desta atividade.

    Ao separar os gêneros, a sala é dividida em duas e assim também diminui o tempo de jogo de cada grupo, pelo fato de todos trabalharem no mesmo espaço um após o outro, desvantagem que apareceu e nossa pesquisa. Algumas pessoas responderam que as meninas brigam muito, e isso realmente é fácil de observar com algum tempo de contato com aquele grupo.

Figura 6. Sexta questão

    Essa questão foi inserida no trabalho para facilitar a discussão dos estereótipos masculinos e femininos. Tivemos um empate entre as opiniões, porém devemos entender que metade dos entrevistados realmente pensam que determinadas atividades são adequadas a um sexo ou outro.

    A construção social dos papéis dos gêneros na sociedade, está presente em cada momento e foi salientado nesse grupo de respostas. Abaixo, comparou-se as respostas sobre quais são essas atividades.

Figura 7. Atividades sugeridas pelos alunos para os meninos

 

Figura 8. Atividades sugeridas pelos alunos para as meninas

    Comparando os resultados das duas últimas questões acima, observamos que para os alunos, num geral, os meninos devem praticar esportes que exigem força, enquanto que as meninas devem praticar atividades mais leves, esportes mais delicados.

    É grande a diferenciação entre atividades “características” de meninos e de meninas, isso aconteceu nos resultados, onde para os meninos, o futebol ficou muito à frente nas opiniões das atividades apropriadas, ao passo que para as meninas, o mesmo aconteceu com o voleibol. O futebol nem mesmo apareceu nas respostas das atividades para as meninas.

    Isso reforça a idéia da estereotipação cultural e socialmente construída sobre os gêneros, e justifica ainda mais a necessidade desse assunto ser tratado nas escolas, buscando a igualdade.

Figura 9. Opinião dos alunos em relação à adequação das atividades

    Novamente o que encontramos como justificativa para esse pensamento, influenciado pelo sexismo, dos alunos, é que os meninos são mais fortes e as meninas são mais fracas, por isso os meninos devem praticar atividades de maior contato e as meninas algo mais calmo, livre. Outra resposta que surgiu com boa freqüência é a que cada sexo tem um gosto, fazendo com que as vontades e gostos de cada pessoa esteja subordinada ao gênero que ela pertence e não à sua individualidade.

Considerações finais

    A proposta ao iniciar esse trabalho era pesquisar a questão do gênero e sua interação em âmbito escolar, discutir sobre os trabalhos mistos (meninos e meninas juntos) e separados (meninos e meninas separados) nas aulas de Educação Física Escolar e conhecer, através de uma pesquisa de campo, a preferência dos alunos pelas aulas mistas ou separadas, assim como os pontos que mais agradam e os que mais incomodam no trabalho de cada uma delas.

    Procuramos entender um pouco sobre a Educação Física Escolar e sua relação com a discussão de gênero. Dentre muitos outros objetivos, discutidos anteriormente, a Educação Física Escolar promove a socialização dos indivíduos, contribuindo para a integração de meninos e meninas e possibilitando trabalhar sobre questões de gênero, onde os alunos vivenciam, de forma espontânea, a prática corporal.

    Essa interação entre os gêneros, quando ocorrente nas aulas de Educação Física, assunto proposto por este trabalho, pode aparecer de uma maneira mais salientada, por se tratar de uma disciplina que visa à corporeidade. Com isso, as aulas de Educação Física tornam-se momentos propícios para ser trabalhado esse assunto.

    É importante frisar novamente que, os conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física, pensando na relação entre meninos e meninas, devem objetivar a quebra dos paradigmas entre os sexos, do preconceito, devem findar a educação para a igualdade e para o respeito e não permitir que a escola divulgue e dê continuidade aos estereótipos construídos pela sociedade.

    Para a defesa da separação por sexo dos alunos encontramos argumentos como: “As diferenças nos níveis de habilidades dificultam o desenvolvimento de algumas atividades”. Essa argumentação também esteve muito presente nas respostas da questão 3 do nosso questionário, em que foi indagado aos alunos o que eles mais gostavam nas aulas separadas. Esse ponto normalmente surgiu acompanhado com o fato de que as atividades, assim, ficavam mais competitivas.

    Outro argumento bastante utilizado pela defesa do sexismo é que a maioria dos meninos preferem atividades mais ativas e vigorosas, enquanto que as meninas querem participar de atividades mais calmas e leves. Em nosso questionário, obtivemos muitas respostas que repetem esse pensamento. Isso aconteceu nas questões 6 - A e 6 – B, onde os alunos colocaram que meninos devem praticar esportes que exigem força, enquanto que as meninas devem praticar esportes mais leves e delicados.

    A idéia de que os alunos preferem, em sua maioria, as aulas separadas (argumentação de alguns autores), não ocorreu nessa pesquisa, sendo que quando foi indagado aos entrevistados quais dos dois tipos de aula eles preferiam, 45,8% escolheram as aulas separadas.

    Por sua vez, encontramos autores que declaram sua preferência por aulas mistas. Segundo estes, separar os alunos por sexo é privá-los da convivência e da possibilidade de discussão de conflitos, que poderiam surgir nas aulas mistas. Essa separação pode também reforçar a provável aceitação feminina quanto à superioridade física masculina. Na questão 6 – C, muitos entrevistados deixaram claro o pensamento de superioridade masculina, fomentando que os meninos são mais fortes que as meninas, justificando a diferenciação de atividades adequadas para cada sexo.

    Talvez, as aulas de Educação Física Escolar, não precisem tomar um caráter tão rígido e assumir posições irrevogáveis como as vistas anteriormente. Os trabalhos mistos e separados têm sua importância e faz sentido procurar uma harmonia nessa discussão e pensar que as duas maneiras de trabalhos podem ser executadas em variados momentos, dependendo da necessidade e objetivos das aulas, sempre adotando um caráter racional e responsável.

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