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Perfil de estado de humor de atletas amadoras 

frente à seleção brasileira de futebol de campo

Perfil de los estados de humor de jugadoras aficionadas que enfrentaron a la selección brasileña de fútbol de campo

 

*Laboratório de Fisiologia do Esforço, LABFISE

Departamento de Ciências Fisiológicas, DFS

Universidade Estadual de Maringá, UEM, Maringá, PR

**Professora Doutora da Universidade Estadual de Maringá, DFS, UEM

(Brasil)

Juliana Jacques Pastório*

Eloa Jacques Pastório*

Solange Marta Franzói de Moraes**

julianajacquesp@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O treinamento desportivo é uma atividade que tem como objetivo a busca pela melhora na performance de atletas, porém o aumento excessivo das cargas de treinamento físico em atletas de rendimento tem realizados diversos problemas psicofisiológicos. O futebol de campo é a modalidade esportiva mais popular no mundo, sendo praticado oficialmente em mais de 200 países e nesta modalidade o estudos na área de estresse e fatores psicológicos são muito relevantes a medida que os atletas estão submetidos q pressões constantes. Assim este estudo teve como objetivo avaliar o comportamento emocional de atletas amadoras de futebol frente à seleção nacional de futebol de campo antes e após a competição. Foram avaliadas 23 atletas (21,2 ± 1,9 anos) da seleção feminina de futebol que enfrentaram a seleção brasileira de futebol de campo, em partida-treino para as atletas profissionais. As atletas amadoras responderam ao questionário de perfil de estado de humor (POMS), antes e após o término do jogo e calculado também o índice de estado emocional atual (IEEA). Pode-se verificar, de forma geral que existe um efeito significativo do resultado do jogo nas mudanças no estado de humor das atletas, principalmente com a elevação da hostilidade, fadiga e confusão e queda de vigor e tensão. Foi observado que na avaliação do Perfil de Estado de Humor a equipe apresentou “perfil de iceberg” pré jogo com redução no vigor e aumento de fadiga pós-jogo. Apresentaram um estado emocional negativo que aumentou após a derrota do time, mostrando que elas não se sentiam capazes de obter um bom resultado, talvez pela certeza da superioridade técnica do time adversário.

          Unitermos: Futebol. POMS. Atletas.

 

Abstract

          The sports training is an activity that has as its goal the pursuit of improved performance in athletes, but the excessive increase of physical training loads in athletes of income has made ​​several psychophysiological problems. The soccer field is the most popular sport in the world, officially being practiced in over 200 countries and in this mode, the studies in the area of stress and psychological factors are very relevant as athletes are subjected q constant pressure. So this study was to evaluate the emotional behavior of amateur athletes against football national team football field before and after the competition. We evaluated 23 athletes (21.2 ± 1.9 years) from the selection women's football team that faced the Brazilian national football field, starting workout for professional athletes. The amateur athletes responded to the questionnaire profile of mood state (POMS) before and after the game and also calculated the rate of current emotional state (IEEA). It can be verified, in general there is a significant effect on the outcome of the game changes in the mood of the athletes, especially with increasing hostility, fatigue and confusion and loss of vigor and tension. It was observed that in assessing the Profile Mood team presented the "iceberg profile" pre game with reduced force and increased fatigue after the game. Had a negative emotional state which increased after the defeat of the team, showing that they did not feel able to get a good result, perhaps for the assurance of technical superiority of the opposing team.

          Keywords: Soccer. POMS. Athletes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O treinamento desportivo é uma atividade que tem como objetivo a busca pela melhora na performance de atletas. Segundo Nakamura et al. (2010) o treinamento busca proporcionar alterações morfológicas, metabólicas e funcionais que possibilitem o conseqüente incremento dos resultados competitivos.

    Porém o aumento excessivo das cargas de treinamento físico em atletas de rendimento tem realizados diversos problemas psicofisiológicos. O estresse provocado pelos treinamentos pode acarretar reações negativas quando as cargas impostas são incompatíveis com a capacidade de resposta do atleta, que resultará em uma inadaptação psicofísica com possíveis repercussões negativas no rendimento atlético. (FREITAS et al., 2009).

    Muitos atletas, especificamente nos períodos pré-competitivos, apresentam diferentes manifestações comportamentais que comprometem as suas capacidades físicas e psicológicas, pois aqueles períodos são momentos em que se está sob uma intensa carga psíquica e há relatos que minutos antes da competição, o atleta costuma se encontrar num estado de intensa carga psíquica, o que se caracteriza pela antecipação dos riscos e conseqüências possíveis, podendo assim haver alterações no seu rendimento durante a competição. (SAMULSKI, 2002).

    De acordo com Morgan et al. (1987), Profile of Mood States – POMS, inicialmente, desenvolvido por McNair et al., (1971) para a observação de estados nos diferentes momentos de flutuação de humor nos pacientes psiquiátricos, é um dos instrumentos psicológicos muito utilizados na área da atividade física para avaliar o estado de humor de atletas.

    O POMS foi aplicado aos atletas de futebol brasileiro por Brandão & Figueira Júnior (1997) e aos de voleibol por Rebustini et al., (2005a), para que se pudesse confirmar a sua adequação no contexto esportivo. Barros e Guerra (2004) dizem que este esforço se deve principalmente ao grande número de praticantes e no debate contínuo sobre a influência dos fatores emocionais no rendimento dos atletas.

    No futebol de campo, modalidade esportiva mais popular no mundo, praticado oficialmente em mais de 200 países (FIFA, 2007), estudos relacionados à área de estresse e de fatores psicológicos são muito relevantes a medida que os atletas estão submetidos a pressões constantes.

    Considerando que os atletas podem apresentar diferentes reações em relação ao sucesso ou ao fracasso diante de diversas situações em que a carga psíquica é intensa, (SAMULSKI, 2002), este estudo teve como objetivo avaliar o comportamento emocional de atletas amadoras de futebol frente à seleção nacional de futebol de campo antes e após a competição.

Metodologia

    Foram avaliadas 23 atletas (21,2 ± 1,9 anos) da seleção maringaense feminina de futebol que enfrentaram a seleção brasileira de futebol de campo, em partida-treino para as atletas profissionais. As atletas amadoras responderam ao questionário de perfil de estado de humor (POMS), antes e após o término do jogo.

    O Profile of Mood States (POMS), (MCNAIR et al., 1971), agrupa seis categorias: fadiga, vigor, tensão, depressão, hostilidade e confusão, da análise destes resultados é possível calcular o índice de estado emocional atual (IEEA) através do valor da variável Vigor, subtraído da somatória das variáveis negativas (Tensão, Raiva, Depressão, Confusão e Fadiga). O protocolo de estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos da Universidade Estadual de Maringá. Para análise dos dados foi utilizado o programa GraphPad Prism versão 4.3 de estatística descritiva para análise das diferença entre as médias com intervalo de confiabilidade de 95% (p<0,05).

Resultados e discussão

    Levando em consideração que se buscou avaliar o comportamento emocional de atletas amadoras de futebol de campo frente à seleção brasileira antes e após a competição, os dados do Perfil de Estado de Humor das atletas da Seleção de Maringá estão apresentadas na figura abaixo (figura 1). Os scores foram calculados em percentual, considerando os valores pré jogo com relação aos valores encontrados após a partida. O placar final do jogo entre as seleções foi de 11x0 para as atletas profissionais.

Figura 1. Perfil de Estado de Humor (POMS) pré (cinza) e pós jogo (preta)

    Na condição pré jogo pode-se observar um “perfil de iceberg” que se espera nos momentos antes da partida, o qual tem sido indicado como ideal para o rendimento esportivo em diversas modalidades, incluindo as de combate. Esta tendência de resultados pode ser usada para predizer sucesso no esporte (MORGAN, 1980). O resultado negativo da partida pode ter influenciado a resposta as dimensões avaliadas no questionário após a partida. O POMS teve da condição pré-competição para a pós-competição redução de 53% na tensão e 35,3% no vigor, com aumentos de 10% na hostilidade, 14% na fadiga e 37% na confusão. Pode-se verificar, de forma geral, através das porcentagens apresentadas, que existe um efeito significativo do resultado do jogo nas mudanças no estado de humor das atletas, principalmente com a elevação da hostilidade, fadiga e confusão e queda de vigor e tensão.

    Em um estudo feito por Santos (2008) com atletas de futebol masculino (idade entre 16 e 24 anos) apresenta resultados que vão de acordo aos que encontramos em nossa pesquisa. Os fatores hostilidade, fadiga e confusão também se apresentaram elevados ao final das partidas analisadas e alguns já se apresentavam elevados antes mesmo do inicio.

    As atletas de Maringá terminaram a partida com uma queda no vigor, no estudo apresentado por Santos (2008) o vigor apareceu inalterado, contrapondo os achados. Em seu estudo Werneck et al. (2002) relata que estes resultados sempre são esperados, em vista que a situação de possível derrota pode impor um estresse psíquico maior aos atletas e uma desmotivação que é refletida na diminuição deste quesito.

    O aumento da fadiga pós competição também pode ser justificado pelo resultado negativo além do desgaste físico da partida. Werneck et al. (2002), quando cita Hassmén e Blomstrand (1995), relata que quando o resultado da partida é negativo este comportamento da fadiga se apresenta maior. Porém em períodos pós competitivos independentemente do resultado final, podemos esperar um aumento deste fator.

    No estudo de Silva (2006) o fator hostilidade não foi alterado quando se comparou valores pré-competitivos como os pós-competitivos, as atletas Maringaenses apresentaram um pequeno aumento. O fator tensão se apresentou alto antes do inicio da partida e teve uma pequena redução comparada aos momentos pós partida. Rebustini (2005a),relaciona este estado de tensão com um momento de alerta do atleta e assim, não podendo ser analisado como valor negativo ou prejudicial ao desempenho.

Figura 2. Índice de Estado Emocional Atual (IEEA) pré (cinza) e pós partida (preta)

    Os resultados do POMS podem ser verificados de forma mais simples quando se observa o gráfico do IEEA (Índice de Equilíbrio Emocional Atual), considerando que o resultado se obtém do fator positivo subtraído dos fatores negativos. A queda ainda mais acentuada demonstrada pelo IEEA, com as jogadoras apresentaram uma redução de 3 vezes pelo índice (de -4,04 para-12,73), demonstrando um estado emocional desfavorável já no início da partida, com piora acentuada após o término do jogo (figura 2). Segundo Rebustini et al., (2005b) a tomada do IEEA como uma forma mais simplificada de análise, mas não menos importante e precisa, parece-nos extremamente interessante e viável.

Conclusão

    Pode-se concluir que as atletas amadoras, através do conhecimento da superioridade técnica das adversárias, apresentaram um desgaste emocional importante antes mesmo do início da partida, que mostrou-se muito elevado após a partida tanto pelo fator emocional quanto físico, sendo este desfavorável para o resultado do jogo. Foi observado que na avaliação do Perfil de Estado de Humor a equipe apresentou “perfil de iceberg”, indicado como ideal para o rendimento esportivo em diversas modalidades no momento pré jogo com redução no vigor e aumento de fadiga no pós-jogo. Começaram a partida apresentando um estado emocional negativo que aumentou após a derrota do time. Mostrando assim que elas não se sentiam capazes de obter um bom resultado, talvez pela certeza da superioridade técnica do time adversário. Consideramos necessárias mais investigações sobre as variáveis psicofisiológicas que influenciam na prática de um esporte popular em vários países e que sofre influência de aspectos emocionais e físicos.

Referências

  • BARROS, T.; GUERRA, I. Ciência do futebol. São Paulo: Manole, 2004.

  • BRANDÃO, M.R.F. & FIGUEIRA JÚNIOR, A. Estabilidade das características do estado de vigor e fadiga em jogadores de futebol profissional. Revista da Associação dos Professores de Educação Física de Londrina. 1997.

  • FIFA. FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE FUTEBOL AMADOR (FIFA) disponível em http:www.fifa.com

  • FREITAS D, S., MIRANDA R., FILHO M, B. Marcadores psicológico, fisiológico e bioquímico para determinação dos efeitos da carga de treino e do overtraining. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 2009.

  • NAKAMURA F, Y., ALEXANDRE MOREIRA A., AOKI M, S. Monitoramento Da Carga De Treinamento: A Percepção Subjetiva Do Esforço Da Sessão É Um Método Confiável? Revista da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 1, p. 1-11, 1. trim. 2010.

  • McNAIR, D.; LORR, M; DOPPLERMAN, L. Profile of Mood States. Educational and Testing Service, San Diego, CA 1971.

  • Morgan WP. Test Of Champions: The Iceberg Profile. Psychology Today, New York, V. 14, No. 4, P. 92-108, 1980.

  • REBUSTINI, F. Estados de humor e percepção de bem estar: um estudo com jovens mulheres voleibolistas. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, a. 10, n. 86, 2005a. http://www.efdeportes.com/efd86/voleib.htm

  • REBUSTINI, F; CALABRESI, C.A.M; SILVA, A.B; MACHADO. A. A. Efeito imediato de duas intensidades de treinamento sobre os estados de humor em jovens voleibolistas do sexo feminino. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 10 (80), 2005b. http://www.efdeportes.com/efd80/humor.htm

  • SAMULSKI, D. M. Psicologia do esporte. São Paulo: Manole, 2002.

  • SANTOS G. Relação Dos Estados Transitórios De Humor Com A Performance Em Competiçâo De Futebol De Campo Da Cidade De Pouso Alegre / Mg. Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 6, ed. especial, p. 596-608, jul. 2008.

  • SILVA, A. C. da. Relação dos estados transitórios de humor e a performance em competição de handebol. Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, 2006.

  • WERNECK, F. Z.; COELHO, E. F.; Ribeiro, L. C. S. Relação dos estados de humor e a performance em voleibolistas. Coletânea de textos em estudos olímpicos. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2002.

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