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O processo de enfermagem na unidade de

terapia intensiva: uma revisão integrativa

El proceso de enfermería en la unidad de cuidados intensivos: una revisión integradora

 

*Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde

Doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais

**Acadêmicos do curso de Enfermagem

das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, Minas Gerais

***Enfermeiro. Mestrando em Ciências da Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros

Ludmila Mourão Xavier Gomes*

Érica Corrêa Silva**

Josemar Gomes da Conceição**

Thiago Luis de Andrade Barbosa***

tl_andra@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve por objetivo verificar a tendência das publicações relacionadas ao processo de enfermagem na unidade de terapia intensiva. Trata-se de uma revisão integrativa na qual se buscou artigos indexados na base de dados da Lilacs no período de 2000 a 2010. Para busca dos dados, utilizou-se a combinação dos descritores “Processos de Enfermagem” e “Unidades de Terapia Intensiva”, que, após uma leitura criteriosa dos títulos e resumos, selecionaram-se doze artigos. Verificou-se que a maior parte das publicações (67%) ocorreu no período de 2006 a 2010. Em relação ao método pesquisa, constatou-se que 50% dos artigos eram de natureza qualitativa. Emergiram discussões acerca das dificuldades e desafios enfrentados pelo profissional enfermeiro na implementação do processo de enfermagem na UTI. Conclui-se a necessidade de desenvolver estudos que busquem aprofundar a compreensão do processo de enfermagem aplicado à UTI.

          Unitermos: Processos de enfermagem. Unidade de terapia intensiva. Enfermagem.

 

Resumen

          Este estudio tuvo como objetivo verificar la tendencia de las publicaciones relacionadas con el proceso de enfermería en la unidad de cuidados intensivos (UCI). Se trata de una revisión integradora que tiene por objeto artículos indexados en las bases de datos en el período 2000 a 2010. Para buscar los datos, se utilizó una combinación del las palabras clave “Proceso de Enfermería” y “Unidades de Cuidados Intensivos” que, después de una cuidadosa lectura de los títulos y resúmenes, se seleccionaron doce artículos. Se encontró que la mayoría de las publicaciones (67%) ocurrieron en el período de 2006 a 2010. En cuanto al método de búsqueda, se encontró que el 50% de los artículos son cualitativos. En los artículos analizados, surgieron debates sobre las dificultades y desafíos que enfrenta la enfermera en la aplicación del proceso de enfermería en la UCI. Se trata de aspectos significativos de las condiciones de trabajo en la inserción del proceso de enfermería. La conclusión es la necesidad de desarrollar estudios que buscan profundizar en la comprensión del proceso de enfermería aplicado a la UCI.

          Palabras clave: Procesos de enfermería. Unidades de cuidados intensivos. Enfermería.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O processo de enfermagem (PE) é considerado um importante instrumento no planejamento, na organização e na condução do cuidado de enfermagem. É compreendido por ser um método sistemático e organizador de prestar cuidados de enfermagem individualizados, enfocando as respostas humanas, de uma pessoa ou grupos, a problemas de saúde atuais potenciais (LUCENA, GUTIÉRREZ, ECHER & BARROS, 2010). Atualmente, no Brasil o PE é denominado de Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e esta vem sendo utilizada em algumas instituições de saúde como uma metodologia assistencial (CARRARO, KLETEMBERG & GONÇALVES, 2003).

    A UTI se caracteriza por um processo de trabalho peculiar, cuja finalidade é manter e restaurar as condições de saúde de pacientes críticos com expectativa de recuperação mediante a utilização de meios e instrumentos como recursos humanos, materiais, físicos, financeiros, ambientais e processos sistematizados embasados cientificamente (TRUPPEL, MAFTUM, LABRONICI & MEIER, 2008). No âmbito de atuação na unidade de terapia intensiva (UTI), entende-se que o PE é fundamental, pois, além de integrar e organizar o trabalho da equipe de Enfermagem, diminuindo a fragmentação dos cuidados, garante a continuidade dos mesmos, permitindo tanto avaliar a sua eficácia ou modificá-los, de acordo com os resultados na recuperação do cliente, como também servir de fundamentação permanente para a educação, a pesquisa e o gerenciamento em Enfermagem (KOSSMAN & SCHEIDENHELM, 2008). No entanto, estudiosos têm apontado que os enfermeiros apresentam dificuldades em incorporar o PE à sua prática diária, apesar de legalmente respaldado pelo Conselho Federal de Enfermagem (BARRA, DAL-SASSO & MONTICELLI, 2009). Vale ressaltar que o PE é uma estratégia e um instrumento de trabalho do enfermeiro, não significando um fim em si mesmo. Em outras palavras, sem tal compreensão o enfermeiro apenas cumprirá mais uma tarefa ou simplesmente uma técnica (ALVES, LOPES & JORGE, 2008).

    Na UTI, fatores como a competência da equipe de enfermagem, filosofia do serviço e recursos disponíveis são cruciais para o desenvolvimento de todas as etapas do PE (CARVALHO et al., 2008). Aliado a isso, o enfermeiro deve estar apto, independente do diagnóstico ou do contexto clinico, a cuidar de todos os doentes, utilizando-se de uma abordagem ampla que lhes assegure sua estima e integridade, sendo que as exigências da UTI, quanto a uma ampla base de conhecimentos científicos e de especializações. Para tanto, é necessário integrar habilidades técnicas e intelectuais à prática diária. Nesta perspectiva, o presente estudo teve como objetivo analisar a tendência das publicações relacionadas ao processo de enfermagem nas unidades de terapia intensiva.

Método

    Para a operacionalização do estudo, foi realizada uma revisão integrativa que consiste na síntese de múltiplos estudos publicados a qual possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo (MENDES, SILVEIRA & GALVÃO, 2008).

    Na elaboração da revisão integrativa, foram percorridas as seguintes etapas: (1) estabelecimento do objetivo da revisão integrativa; (2) estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de artigos que representaram a amostra; (3) definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados; (4) análise dos resultados; discussão; (5) apresentação dos resultados e (6) a última etapa consistiu na apresentação da revisão (URSI & GALVÃO, 2006).

    A pergunta norteadora da revisão integrativa foi: “Qual a tendência das publicações relacionadas ao processo de enfermagem nas unidades de terapia intensiva?”. O levantamento dos artigos foi realizado por meio do cruzamento das palavras-chave “processos de enfermagem” e “unidade de terapia intensiva”. O levantamento bibliográfico aconteceu no mês de junho de 2011 no banco de dados da Lilacs (Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde). Os critérios de inclusão estabelecidos foram: artigos publicados em português; artigos com resumo disponíveis e que abordassem o processo de enfermagem na UTI como foco de estudo e todo artigo independente do tipo desenho de pesquisa. Foram selecionados artigos do período compreendido entre janeiro de 2000 e dezembro de 2010. A análise dos dados obtidos foi feita por meio de pré-análise, com o levantamento das idéias iniciais principais, de forma a permitir uma sistematização dos conteúdos tratados, garantindo a condução do processo de análise. No final da busca, foram selecionados 12 artigos.

Resultados e discussão

    Dos artigos selecionados, verificou-se que 67% das publicações ocorreram no período de 2006 a 2010. Percebe-se o aumento das publicações a partir do ano de 2010. Houve maior frequência no uso da pesquisa qualitativa com 50%, seguido da descritiva (25%). As pesquisas qualitativas têm o objetivo de possibilidade de investigação o nosso estudo com nível de evidência V pesquisa qualitativo. Essa metodologia é entendida como aquela capaz de incorporar o significado e intencionalidades como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas, tanto no seu advento quanto na sua transformação, como construções humanas significativas (MINAYO, 2004).

    Nos estudos analisados, são apontadas as etapas seguidas no PE, sendo elas: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, prescrição e evolução de enfermagem. Todavia, estas fases são abordadas de maneira parcial, o que não as deixa muito evidentes (AQUINO & FILHO, 2004; MATTÉ, THOFERN & MUNIZ, 2001).

    Na maior parte dos estudos, observa-se que a base conceitual adotada na UTI do estudo para o desenvolvimento do PE é a Teoria das Necessidades Humanas Básicas (NHB) de Wanda Horta. Nessa teoria, é possível contemplar de forma ampla as 05 etapas do PE e, dentre elas, a do diagnóstico de enfermagem (RODRIGUES et al., 2007; AQUINO & FILHO, 2004).

    Vale ressaltar a questão da formação do enfermeiro que requer e exige capacitações e atualizações permanentes, de modo a fomentar/incrementar uma prática de cuidado baseada em evidências. Tal capacitação garantirá ao profissional o embasamento necessário para a tomada de decisão, tomando como base a discussão clínica e a experiência do próprio profissional. Existe uma urgente necessidade de se rever aspectos da formação profissional, não apenas na área de terapia intensiva, mas de modo geral. (RODRIGUES, MARTINS, NASCIMENTO, BARRA & ALBUQUERQUE, 2007).

    Entende-se que o PE é fundamental em uma UTI, pois, além de integrar e organizar o trabalho da equipe de Enfermagem, diminuindo a fragmentação dos cuidados, garante a continuidade dos mesmos, permitindo tanto avaliar a sua eficácia ou modificá-los, de acordo com os resultados na recuperação do cliente, como também servir de fundamentação permanente para a educação, a pesquisa e o gerenciamento em Enfermagem (KOSSMAN & SCHEIDENHELM, 2008).

    É possível perceber que no dia a dia os enfermeiros usam de forma eventual algumas fases do processo de enfermagem no âmbito da UTI. Além disso, os enfermeiros, em sua grande maioria, quando indagados acerca do PE, dizem que não o aplicam todo, mas apenas algumas fases, como o histórico simplificado e a evolução diária (MATTÉ, THOFHERN & MUNIZ, 2001). Por outro lado, acredita-se que o cuidado em UTI se torna imprescindível devido à gravidade da situação de saúde dos pacientes internados, dificultando a entrevista e exigindo uma observação e exame físico adequados, a necessidade de uma ação rápida, segura e efetiva da equipe de enfermagem e o longo tempo de permanência desses pacientes no ambiente hospitalar (ALFARO-LEFEVRE, 2005).

    Outro estudo enfatiza que o estímulo e a mudança de postura diante dos cuidados prestados ao paciente internado na UTI decorrem do envolvimento de todos os membros da equipe da enfermagem. Nesse contexto, a fundamentação teórica e a capacitação dos enfermeiros permitem a este profissional a participação mais ativa do processo de assistência, passando a ocupar o seu lugar na equipe, tornando-se referência para entre os profissionais da saúde (RODRIGUES, MARTINS, NASCIMENTO, BARRA & ALBUQUERQUE, 2007).

    A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) vem sendo utilizada em algumas instituições de saúde como uma metodologia assistencial por meio do PE. No entanto, foi observado em um dos estudos que a maior parte dos participantes dava pouca importância a SAE. Fato esse observado, principalmente pela falta de conhecimento sobre o que é a SAE, apenas alguns dava importância, pois proporcionava um bom andamento do trabalho da equipe, porém se achavame pouco preparados para executá-la (AMANTE, ROSSETTO & SCHNEIDER, 2009). Foi observado que em um dos estudos que os enfermeiros têm interesse em utilizar o PE, porém citam alguns fatores que interferem na sua aplicabilidade, como falta de tempo (por terem atividades administrativas concomitantes com as assistenciais), número reduzido de enfermeiros e falta de trabalho em equipe na busca de uma padronização de assistência. Ainda assim, reconhecem o valor dessa metodologia de trabalho (MATTÉ, THOFHERN & MUNIZ, 2001).

    É evidenciado em um dos trabalhos que a maioria dos enfermeiros já teve a oportunidade de estudar e aplicar o PE, contudo isso ocorreu com maior detalhamento durante a fase acadêmica. De um modo geral, os enfermeiros são convictos em afirmar que após o período de graduação, e o ingresso em uma instituição de saúde, não tiveram a oportunidade de aplicá-lo novamente em sua totalidade (MATTÉ, THOFHERN & MUNIZ, 2001). Além disso, existe a questão da baixa acurácia na determinação de um diagnóstico de enfermagem pelos profissionais (CARVALHO et al., 2008).

Considerações finais

    A falta de tempo, desvalorização do processo de enfermagem, falta de fundamentação científica, excesso de apego as rotinas e indefinição do papel do enfermeiro são alguns dos fatores dificultadores do trabalho desempenhado pelo enfermeiro. Contudo, estes não inviabilizam o propósito da equipe de enfermeiros de desempenhar com competência suas atividades e manter suas metas que são a qualidade na assistência e valorização do trabalho proposto estes obstáculos puderam ser derrubados e juntos houve várias conquistas como sua autonomia, aprimoramento das habilidades, aumento da qualidade na assistência. Dessa forma, faz-se necessário usem o conhecimento técnico-científico por meio do processo de enfermagem, buscando diferenciar assim suas ações de enfermagem dos demais profissionais.

Referências

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