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Avaliação do perfil lipídico e glicêmico dos idosos 

praticantes de musculação do Projeto Esporte Cidadão, UVV

Evaluación del perfil lipídico y glicémico de las personas mayores practicantes de musculación del Proyecto Deporte Ciudadano, UVV

 

Centro Universitário Vila Velha

(Brasil)

Nathalia Daher Stôcco | Rafael Fregona Pezzin

Renata Pasolini Santos | Leonardo Raposo Rocha Gomes

Robison Pimentel Garcia Junior

robisongarcia@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Com o envelhecimento há um aumento da incidência de diabete e das doenças cardiovasculares (DCV), que são uma das grandes causas de morte da sociedade nos países ocidentais e no Brasil. Como um dos fatores no aparecimento de DCV, temos as dislipidemias, isto é, alterações nas taxas colesterolêmicas e trigliceridêmicas e, a prática regular de atividade física resulta na melhora desses parâmetros, da capacidade motora geral e na prevenção de várias doenças. A Síndrome Metabólica (SM) é a associação de diversos problemas relacionados ao acúmulo central de gordura e à resistência à insulina que pode causar doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e diabete. O Projeto tem como objetivo analisar as possíveis alterações nas taxas de colesterol total, triglicerídeos e glicose sanguínea, após três meses de treinamento de força. Foram selecionados idosos entre 60 e 74 de idade. Para obtenção dos dados referentes aos parâmetros bioquímicos, amostras de sangue venoso foram coletadas em jejum de duração de 12 horas. Como resultados, houve uma diminuição estatisticamente significativa da taxa inicial e final de triglicerídeos e colesterol total dos homens, após três meses de treinamento. A prática regular de exercícios físicos resistidos proporciona diminuição e controle nos níveis lipídicos e a melhora da resistência à insulina o que favorece a um aumento na qualidade e expectativa de vida dos idosos.

          Unitermos: Envelhecimento. Síndrome metabólica. Exercício físico. Parâmetros bioquímicos.

 

Abstract

          There is a growing incidence of diabetes and cardiovascular disease (CVD) with aging, which are major causes of death in occidental countries, including Brazil. As starting factors for the arising of CVD, there is the dyslipidemia, characterized as changes in cholesterol and triglycerides rates. On the other hand, encouraging the practice of regular physical activity results in an improvement of those parameters, the motor capacity, and contributes to general prevention of several diseases. Metabolic syndrome (MS) is the combination of several problems related to central fat accumulation and insulin resistance that may cause heart disease, stroke and diabetes. This study aims to analyze the possible changes in total cholesterol, triglycerides and blood glucose, after three months of strength training. We selected aged between 60 and 74 years old. To obtain data regarding the biochemical parameters, venous blood samples were collected after fasting for 12 hours long. As a result, there was a statistically significant decrease from the initial to final rate of cholesterol and triglyceride in men, after three months of training. The regular practice of physical endurance and control the decrease in lipid levels and improves insulin resistance, which favors an increase in the quality and life expectancy of the elderly.

          Keywords: Aging. Metabolic syndrome. Physical activity. Biochemical parameters.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nos últimos anos, devido às melhoras nas condições de vida e dos avanços da ciência, a população idosa vem crescendo, o que tem aumentado a expectativa de vida do ser humano (MENDONÇA et al., 2004). Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2010), da expectativa de vida, são feitos em um período decenal, onde há um aumento da expectativa de vida indicando uma melhora das condições de saúde e de vida da população, verificando-se que a expectativa de vida aumentou de 42,74 anos em 1940 para 68,55 anos em 2000.

    Este fato também é observado com a população mundial, onde a população acima de 65 anos, no ano de 1960, correspondia a 165,3 milhões de idosos. Em 1980 essa população já alcançava o número de 259,5 milhões de habitantes. Em 2000 já havia 402,9 milhões de idosos no mundo e a previsão para 2020 é que essa população alcance 649,2 milhões de habitantes (KALACHE et al., 1987).

    De acordo com Dangelo e Fattini (2001), é considerado adulto o homem até a andropausa, que ocorre por volta dos 60 anos de idade, e adulta a mulher até a menopausa, que acontece por volta dos 50 anos. Segundo esses autores, as pessoas além dos 60 anos de idade são idosos. Assim, verificamos que os limites temporais para uma pessoa ser considerada como idosa são variáveis de acordo com fatores intrínsecos que são fisiológicos e que podem variar de pessoa para pessoa, como a idade em que uma mulher deixa de ovular, ou o seu correspondente fisiológico para o homem. Campos (2004) relaciona que, para a Organização Mundial de Saúde (OMS), os indivíduos entre 45 e 59 anos de idade são classificados como estando na “meia idade”, os entre 60 e 74 anos como “idosos”, os entre 75 e 90 como “velhos” e os acima de 90 como “muito velhos”.

    Porém, o processo de envelhecimento se acompanha de perdas estruturais e funcionais, o que favorece o aparecimento de doenças, piorando a qualidade de vida. Os esforços para minimizar esses efeitos negativos são cada vez mais freqüentes para proporcionar ao idoso uma maior autonomia (MENDONÇA et al., 2004).

    Com o envelhecimento, há um aumento da incidência de diabete e das doenças cardiovasculares (DCV), que são uma das grandes causas de morte da sociedade nos países ocidentais e no Brasil. Como um dos fatores no aparecimento de DCV, temos as dislipidemias, isto é, alterações das taxas colesterolêmicas e trigliceridêmicas. A prática regular de atividade física resulta na melhora desses parâmetros, na capacidade motora geral e na prevenção de várias doenças, como: coronariopatias, hipertensão, diabete, ateriosclerose, artroses, artrite, enfermidades respiratórias, varizes, dor crônica e desordens psicológicas e mentais (MENDONÇA et al., 2004).

    Apesar das medidas farmacológicas serem de extrema importância, é aconselhável uma mudança no estilo de vida como prevenção primária da doença vascular (MARQUES, 2006), além de priorizar uma dieta saudável, manter a prática regular de atividade física, combater ao tabagismo, álcool e estresse (CAVALCANTI & BRAGA, 2006).

    De acordo com a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (SM), desenvolvida pela Associação Brasileira de Cardiologia (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2005), a SM é a associação de diversos problemas relacionados ao acúmulo central de gordura e à resistência à insulina que pode causar doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e diabete. O diagnóstico de SM é feito quando a pessoa apresenta três ou mais dos componentes, conforme a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005).

    Os benefícios à saúde acontecem mesmo quando a prática de exercícios físicos é começada em uma etapa tardia de vida, mesmo que seja por sedentários, beneficiando também portadores de doenças crônicas (CAROMANO, IDE & KERBAUY, 2006).

    Os exercícios que desencadeiam contrações musculares contra qualquer forma de resistência externa, geralmente pesos, designados em português, de: treinamento com pesos, ou contra-resistência, ou de força. Em inglês, os nomes clássicos são strenght training, weight training ou mais recentemente, resistance training ou resistive training, cuja definição é treinamento de força realizado contra resistências (JOVINE et al., 2006).

    A avaliação e prescrição da atividade física devem levar em consideração a intensidade, duração, freqüência, modo e progressão. A seleção do tipo do exercício físico deverá ser realizada de acordo com as necessidades individuais, respeitando as restrições impostas pela idade (BARROSO et al., 2008; CAMPOS, NETO & BERTANI, 2010).

    Para permanecer os efeitos do treinamento de atividade física, é necessário tornar uma prática da rotina diária crônicas (CAROMANO, IDE & KERBAUY, 2006). Pequenas reduções de peso (em torno de 5% a 10%) mostraram-se benéficas, acarretando uma melhora em todos os aspectos da SM, relacionando na redução da mortalidade, principalmente a mortalidade cardiovascular. Ainda que para alguns pacientes seja um obstáculo a perda de peso, a implementação da atividade física regular com uma dieta saudável determina a adequação dos níveis lipídicos e a melhora da resistência à insulina (CAVALCANTI & BRAGA, 2006).

    Tanto o exercício resistido quanto o aeróbio promovem benefícios substanciais em fatores relacionados à saúde e ao condicionamento, incluindo a maioria dos fatores de risco da SM (CIOLAC & GUIMARÃES, 2004).

    A prática da atividade física proporciona como benefício para a dislipidemia uma diminuição dos níveis séricos de triglicerídeos e aumenta os níveis séricos de HDL colesterol, proporcionando também controle de peso e reduzindo principalmente a gordura corporal (ESPÍRITO SANTO, 2010).

    Assim, a prescrição e orientação do exercício físico para pessoas idosas devem estabelecer alterações positivas no círculo vicioso do envelhecimento, onde este processo leva à inatividade física, perdas funcionais, aparecimento de várias doenças, resultando num estilo de vida cada vez mais dependente. Esta dependência ocasiona uma menor motivação e uma baixa auto-estima, aumentando a ansiedade e depressão, ocasionando o aumento ainda maior da inatividade física (GONÇALVES et al., 2009).

    O presente projeto tem como objetivo verificar as alterações nos lipídeos sanguíneos e da glicemia dos idosos participantes das aulas de musculação do Projeto Esporte Cidadão, buscando analisar de forma científica quais são os possíveis benefícios dessa modalidade para a saúde e qualidade de vida desses indivíduos.

Metodologia

Caracterização da pesquisa

    Segundo Marconi & Lakatos (2008), a pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou ainda descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Sendo assim, caracterizamos a presente pesquisa como de campo, quantitativa e de caráter experimental em que os pesquisadores verificaram o impacto da variável independente (musculação) sobre a variável dependente (taxas de colesterol total, triglicerídeos e glicose sanguínea).

Caracterização da amostra

    Sujeitos da pesquisa: a amostra foi composta por um grupo de 19 idosos, sendo desses 7 homens e 12 mulheres, com idades entre 60 e 74 anos.

Critérios de inclusão

    Possuir idade entre 60 e 74 anos; estar matriculado no projeto esporte cidadão; entregar no ato da matrícula atestado médico de consulta feita no mês de julho de 2010, liberando o aluno para a prática de exercício físico e passar pela triagem pré-participação do projeto de pesquisa.

Critérios de exclusão

    Ser portador de deficiência física que impeça a prática de exercícios físicos usando os membros superiores e inferiores; ser portador de doença infectocontagiosa; apresentar alterações relevantes na triagem pré participação do projeto e possuir idade superior a 74 anos e inferior a 60 anos.

Triagem pré-participação

    Na triagem pré-participação do projeto foram obedecidos os critérios estabelecidos pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva, por meio do Algoritmo de Triagem Pré-Participação (LAWRENCE, 2007).

Periodização do treinamento

    Foi realizado um macrociclo de treinamento de três meses composto pelos seguintes mesociclos: um adaptativo de um mês e dois condicionantes de um mês e meio cada. Os mesociclos foram compostos por microciclos de intensidades de carga variando de baixas (30 a 50% de 1 Repetição Máxima – 1RM) e submáximas (50 a 80% de 1RM), segundo Bompa (2001).

    As séries foram montadas com os exercícios de abdução do ombro (elevação lateral), flexão do cotovelo (rosca alternada), extensão do cotovelo (tríceps na polia alta), extensão do joelho (cadeira extensora), flexão do joelho (mesa flexora), adução horizontal do quadril (cadeira adutora), abdução horizontal do quadril (cadeira abdutora), extensão do tornozelo (máquina panturrilha sentado), extensão vertical do ombro (pulley alto frente), extensão horizontal do ombro (remada curvada com apoio), adução horizontal do ombro (voador peitoral), extensão do quadril (máquina glúteo vertical), que possuem fácil execução, ótima ergonomia e facilidade de acesso.

    Os exercícios foram ordenados alternando os segmentos corporais exercitados, constituindo-se séries alternadas por segmentos. No mesociclo adaptativo foram feitos dois sets de 16 a 20 repetições, no segundo mesociclo foram feitos três sets de 15 repetições e no terceiro, três sets de 12 repetições. A periodicidade das sessões foi de três vezes por semana. Para verificação das melhoras na força muscular as fichas com as cargas dos exercícios de cada aluno, em cada período de treinamento, os dados foram tabulados e comparados utilizando-se da estatística descritiva conforme descrito acima.

Medidas das taxas de colesterol total, triglicerídeos e glicose sanguínea

    Para a obtenção dos dados referentes aos parâmetros bioquímicos, amostras de sangue venoso a partir da veia antecubital foram coletadas com os pacientes em jejum de 12 horas. Os valores do colesterol total, triglicerídeos e glicose sanguínea foram obtidos mediante metodologias convencionais de um laboratório clínico (Laboratório Landsteiner) medidos em mg/dL de sangue através do aparelho espectrofotômetro e os kits utilizados foram do Labtest.

Organização e análise estatística dos dados coletados

    Os dados coletados foram armazenados e analisados na planilha eletrônica do Microsoft Excel for Windows versão 2003. Foi utilizado estatística descritiva para a análise dos dados, em que serão calculada a média e o erro padrão da média feita nos grupos masculino e no feminino nos testes realizados durante o período de três meses de treinamento. Para verificar diferenças significativas entre as médias foi usado test T de student com índice de significância de p<0,05.

Comitê de Ética e Termo de livre consentimento

    O projeto de pesquisa foi aprovado em 13 de maio de 2010 no Comitê de Ética do Centro Universitário de Vila Velha com o número de cadastro 220/2009. Os idosos aceitaram participar do projeto e assinaram ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados

    Foram avaliados 19 idosos, sendo sete homens e doze mulheres, com idade média de 63,8 e 65,5 anos, respectivamente. A pesquisa teve o intuito de investigar a influência do exercício físico no controle dos parâmetros bioquímicos (glicemia, triglicerídeos e colesterol total).

    A classificação dos valores de referência para glicemia correspondeu aos critérios da I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2005), e para triglicerídeos e colesterol total encontra-se dentro das considerações da III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias (MARTINS et al., 2008).

    De acordo com os resultados no Gráfico 1, pode-se verificar que o grupo das mulheres e dos homens no mês de agosto até outubro, não ocorreu alteração da glicemia, permanecendo dentro da normalidade.

Gráfico 1. Resultados da Glicemia. Os valores foram expressos como média ± EPM

    Os resultados dos valores de triglicerídeos (TGD) que se encontram no Gráfico 2, observou-se que o grupo das mulheres no mês de agosto até outubro não ocorreu diferença. Nos resultados do grupo dos homens do mês de agosto até outubro foi observado uma diminuição dos valores de TGD, mostrando uma diferença estatisticamente significativa no mês de outubro (p<0,01) comparado ao valor TGD de agosto dos homens. Também houve diferença estatisticamente significativa quando comparou-se o TGD dos homens com mulheres no mês de setembro (p<0,05) e de outubro (p<0,01). Os valores de TGD, tanto de homens quanto de mulheres, encontrados do mês de agosto até o mês de outubro, se enquadraram dentro dos valores normais.

Gráfico 2. Resultados do TGD

    Para os resultados dos valores de colesterol total (CT) que se encontram no Gráfico 3, observou-se que o grupo das mulheres apesar de não ocorrer alteração na taxa, o mesmo se encontra no valor limítrofe. Nos resultados do grupo dos homens do mês de agosto até outubro foi observado uma diminuição dos valores de CT, mostrando uma diferença estatisticamente significativa no mês de outubro (p <0,01) comparado ao valor CT de agosto dos homens. Também houve diferença estatisticamente significativa quando comparou-se o CT dos homens com mulheres no mês de setembro (p<0,01) e de outubro (p<0,01) com o respectivo mês de setembro e de outubro das mulheres. O valor de CT para o grupo dos homens durante os três meses de pesquisa, encontram-se dentro da normalidade.

Gráfico 3. Resultados do CT

Discussão

    O presente estudo foi desenvolvido na Academia do Centro Universitário de Vila Velha – UVV e fez parte do projeto de extensão intitulado Projeto Esporte Cidadão registrado na mesma Instituição de Ensino. Neste projeto participaram pessoas da comunidade do entorno da Instituição, dentre eles pessoas idosas, que era composta por um pequeno número de participantes.

    Analisando os resultados referentes à TGD, o grupo dos homens apresentou uma redução desse parâmetro do mês de agosto até o mês de outubro sendo estatisticamente significativo quando comparamos o resultado do mês de outubro em relação ao resultado do mês de agosto. Tal diferença, também pode ser observada no estudo feito por Martins et al. (2008), onde foi feita uma comparação desse parâmetro em indivíduos divididos em grupos: grupo praticantes de musculação, grupo de atividade aeróbica e um grupo controle. Os grupos praticantes de atividade física tinham que ter a prática regular por pelo menos 45 minutos duas vezes por semana. Os indivíduos praticantes de musculação apresentaram valores de TGD significativamente menores que os indivíduos praticantes de atividade aeróbica e os indivíduos do grupo controle.

    Também houve redução das taxas de colesterol total do grupo dos homens, do mês de agosto até o mês de outubro sendo estatisticamente significativo quando comparamos o resultado obtido no mês de outubro com o mês de agosto.

    Nesse sentido, podemos considerar a prática de atividade física, como um fator importante para redução e controle do perfil lipídico dos indivíduos, tal argumento é sustentado por Ciolac & Guimarães (2004) que cita em seu estudo que indivíduos praticantes de atividade física apresentam um perfil lipídico melhor que indivíduos sedentários.

    Analisando os resultados referentes à glicemia, tanto do grupo dos homens quanto do grupo das mulheres, notou-se que não houve alterações significativas desse parâmetro, do mês de agosto até o mês de outubro. Esses resultados estão dentro dos parâmetros da normalidade segundo a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2005).

    Apesar de poucos estudos relacionarem os benefícios do perfil lipídico com a prática de treinamento de força, o estudo de Prado & Dantas 2002), cita que quando são encontrados benefícios com este tipo de exercício físico, deve-se ao melhor funcionamento das atividades enzimáticas (aumento da lipase lipoprotéica e lecitina-colesterol-acil-transferase; diminuição da lipase hepática). O aumento da lecitina-colesterol-acil-transferase e diminuição da atividade da lipase hepática, ambas favorecendo a formação de subfrações HDL2-colesterol e o aumento da atividade enzimática da lipase lipoprotéica, favorece um maior catabolismo das lipoproteínas ricas em triglicerídeos, formando menos partículas LDL aterogênicas e aumentando a produção de HDL nascente.

    Os resultados de TGD e CT do grupo das mulheres também não ocorreu alterações significativas desses parâmetros, do mês de agosto até o mês de outubro. No estudo feito por Gonçalves et al. (2009), mulheres idosas ativas (praticaram atividades físicas) apresentaram valores de glicemia, triglicerídeos e colesterol total inferiores ao de mulheres inativas (não praticaram atividades físicas), após 6 meses de estudo, mas sem diferenças estatisticamente significativas. Os dados deste trabalho são compatíveis com o estudo feito por Marques (2006), onde foi feito uma análise de dois grupos (G1- aeróbico: ginástica de manutenção, G2- força: musculação), num período de 8 meses de estudo. Em relação ao G2, observou-se que não houve diferença estatisticamente entre o período inicial e final do treinamento.

    No estudo feito por Takehara (2008), obteve-se resultados semelhantes ao presente estudo, onde foi feita análise de três grupos: grupo de intensidade leve e moderada praticante de exercício resistido e grupo controle não praticante de atividade física. Não houve diferença estatisticamente dos níveis de triglicerídeos e glicemia, tanto dos grupos praticantes de atividade física quanto para o grupo controle, num período de 16 semanas de estudo. O fato é justificado pelos participantes possuírem inicialmente os parâmetros analisados dentro da normalidade.

    Apesar do estudo feito por Monteiro et al. (2010) , ter sido realizado após 13 semanas de treinamento aeróbico, analisando dois grupos mulheres idosas diabéticas (G1- grupo controle com medidas educacionais da equipe multiprofissional, G2- grupo praticante de atividade aeróbia e também com medidas educacionais da equipe multiprofissional) houve diferença significativa na glicemia final dos dois grupos em relação à glicemia basal. Esse estudo revela a grande importância da influência de outras medidas a serem adotadas para uma vida saudável, além da prática da atividade física.

    Embora não terem ocorrido alterações significativas da glicemia, tanto para homens quanto para mulheres, e TGD e CT do grupo das mulheres, estudos epidemiológicos têm demonstrado que a prática regular de atividade física se destaca por promover vários benefícios ao organismo e tem sido recomendados para a melhora da capacidade motora geral, prevenção e tratamento de DCV, resistência à insulina, diabete, dislipidemia e obesidade. Dessa maneira, a atividade física regular resulta no aumento da qualidade de vida do idoso e até sua longevidade (MENDONÇA et al., 2004; CIOLAC & GUIMARÃES, 2004; PRADO, ALMEIDA & MELO, 2008).

    No diabete haverá a prevenção ou retardamento do surgimento do diabetes tipo II, reduzindo também a resistência insulínica. Com isso diminui a necessidade de medicamentos, uma vez que a atividade física regular e moderada associada à dieta adequada consegue reduzir em 58% os efeitos deletérios do diabetes tipo II (ESPÍRITO SANTO, 2010).

    Estudo feito por Ciolac & Guimarães (2004) foi evidenciado que uma única sessão de treinamento físico em indivíduos normais eleva a disposição de glicose sanguínea mediada pela insulina, em indivíduos que apresentam resistência à insulina familiares de primeiro grau que possuem diabete tipo 2, em diabéticos do tipo 2, bem como em obesos com resistência à insulina e o treinamento físico crônico em pessoas saudáveis melhora a sensibilidade à insulina, em obesos que não são diabéticos e em indivíduos diabéticos dos tipos 1 e 2.

    Para Caromano, Ide & Kerbauy (2006), as vantagens para permanecer os efeitos do treinamento de atividade física, é necessário tornar uma prática da rotina diária e também depende de como o envelhecimento se processa.

    Segundo Fagherazzi, Dias & Bortolon (2008) já foi verificado que inadequados hábitos alimentares são a causa fundamental do aparecimento de dislipidemias. A gordura saturada é o principal fator alimentar do aumento do colesterol plasmático (GUEDES & GUEDES, 2001).

Conclusão

    A prática de exercício físico é fundamental, principalmente nesta idade, para redução desses parâmetros bioquímicos analisados como observado no TGD e CT dos homens ou até mesmo sua manutenção, como observado nos demais dados. Porém, para alcançar os efeitos desejáveis é necessário a freqüência regular dos participantes, além de uma alimentação balanceada no seu dia-a-dia.

Agradecimentos

    Os autores agradecem ao financiamento do Projeto de Pesquisa e Extensão pelo Centro Universitário Vila Velha – UVV e pela FUNADESP; ao Laboratório Landsteiner pela parceria, com a realização dos exames.

Referências

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