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Imagem corporal e estado nutricional de crianças 

praticantes de natação no município de Brusque, SC

La imagen corporal y el estado nutricional de niños practicantes de natación del municipio de Brusque, SC

Body image and nutritional status of children swimmers in city of Brusque, SC

 

*Graduado em Educação Física Licenciatura pelo Centro Universitário (Unifebe)

Acadêmico do Curso de Educação Física Bacharelado pela Unifebe

**Nutricionista, Mestre em Nutrição pela Universidade Federal

de Santa Catarina (UFSC). Supervisora de Pesquisa

do Centro Universitário de Brusque (Unifebe), Docente

da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

***Educadora Física, Mestre em Fisiologia do Exercício

pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Docente da Unifebe e UNIVALI

Leonardo Ristow*

leonardoristow@live.com

Luciane Angela Nottar Nesello**

lucianenesello@yahoo.com.br

Maria Valéria Guglielmetto Figueiredo**

nesello@univali.br

(Brasi)

 

 

 

 

Resumo

          As mudanças no corpo das crianças, em especial das meninas, e o modelo de beleza imposto pela sociedade atual acabam por influenciar a imagem corporal e as relações que estas estabelecem com seu próprio corpo. Tem-se evidenciado que o comportamento alimentar e a imagem corporal são construídas ainda na pré-adolescência. Diante do exposto, a presente pesquisa objetivou conhecer a percepção corporal e o estado nutricional de crianças praticantes de natação no município de Brusque/SC. A pesquisa caracteriza-se como descritiva de abordagem transversal. A população foi composta por crianças de 7 a 12 anos, praticantes de natação de uma academia na cidade de Brusque/SC. A avaliação do estado nutricional foi realizada mediante antropometria. Para avaliar a Imagem Corporal das crianças foi utilizado o protocolo proposto por Collins (1991). Apesar de observar predomínio de eutrofia (57,14%) quanto ao estado nutricional, constatou-se que 67,86% (n=19) das crianças encontravam-se insatisfeitas com sua imagem corporal. Sendo que desses, 60,71% (n=16) gostariam de ter uma silhueta mais magra e 7,15% (n=3) mais gorda. Observou-se ainda, que o gênero feminino foi o mais insatisfeito (63,16%).

          Unitermos: Natação. Imagem corporal. Estado nutricional.

 

Abstract
          The changes in the bodies of children, especially girls, and the model of beauty imposed by society today end up influencing body image and the relationships they establish with their own body. It has been shown that the feeding behavior and body image are still built in pre-adolescence. Given the above, this research aimed to investigate the perception and body nutritional status of children swimmers in the city of Brusque / SC. The research is characterized as descriptive cross-sectional approach. The population consisted of children aged 7 to 12, swimmers from an academy in the city of Brusque / SC. A nutritional status assessment was done by antropometria. To evaluate the image of children Corporal was used the protocol proposed by Collins (1991). The main results of the survey it was observed that 67.86% (n = 19) of children entered are dissatisfied with their body image. Of these, 60.71% (n = 16) would like to have a slimmer silhouette and 7.15% (n = 3) fatter. We also observed that the female was the most dissatisfied (63.16%).

          Keywords: Swimming. Body image. Nutritional status.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A imagem corporal é composta, por dois componentes: a estima corporal e a insatisfação com o corpo. A primeira se refere ao quanto à criança gosta ou não do formato global, a qual pode incluir outros aspectos além do peso e da forma, como por exemplo, cabelos ou rosto. Já a insatisfação corporal focaliza claramente preocupações com o peso, forma e gordura corporal. Dependendo do grau, essa insatisfação pode afetar aspectos da vida do indivíduo no que diz respeito ao seu comportamento alimentar, auto-estima e desempenhos psicossocial, físico e cognitivo (SMOLAK; LEVINE 2001; TRICHES; GIUGLIANI, 2007).

    As mudanças no universo físico das crianças/adolescentes, em especial das meninas, e o modelo de beleza imposto pela sociedade atual acabam por influenciar a imagem corporal e as relações que estas estabelecem com seu próprio corpo (PIETRO; SILVEIRA; SILVIRA, 2009). Segundo Tritschler (2003) a imagem corporal é um construto psicológico que se desenvolve por meio de pensamentos, sentimentos e percepções, acerca da própria aparência geral, das partes do corpo e das estruturas e funções fisiológicas. Visualiza-se, desta forma, que a autopercepção do corpo é um aspecto importante a ser considerado, e provavelmente, reflete a satisfação e as preocupações sobre o peso corporal, podendo ser influenciada por normas e padrões sociais da cultura dominante.

    Paludo et al. (2011) ressaltam que diversos fatores estão relacionados à insatisfação corporal, os mais influentes são os meios de comunicação e a sociedade, que impõem uma beleza muitas vezes inatingível, principalmente para as meninas.

    A preocupação com o corpo é um tema bastante explorado na literatura, bem como a influência que exerce na saúde do indivíduo, porém, tem-se evidenciado que o comportamento alimentar e a imagem corporal são construídas ainda na pré-adolescência (NOWAK, 1998; SAIKALI et al., 2004). Feldman et al. (1988 apud TRICHES; GIULIANI, 2007), tentando desvendar quando se iniciam as preocupações com o peso e o momento em que as crianças adquirem percepções culturais de atratividade física semelhante às dos adultos, verificaram que isto ocorre ao redor dos sete anos de idade. Lowes e Tiggemann (2003) afirmam que, em particular, o desejo de emagrecer nas meninas já emerge aos seis anos.

    Adami (2008) menciona que um dos fatores relacionado à insatisfação corporal é a obesidade infantil, que é provocada pelo comportamento adotado pelas crianças. Estas, são naturalmente mais ativas que adolescentes e adultos e possuem uma necessidade inerente de realizar movimentos para explorar os ambientes de vida. Entretanto, tem se observado que as atividades fisicamente mais vigorosas têm sido gradualmente substituídas por atividades físicas mais passivas.

    Diante do exposto, o presente estudo objetivou conhecer a percepção corporal e o estado nutricional de crianças praticantes de natação no município de Brusque/SC.

Metodologia

    O presente estudo caracteriza-se como descritivo de abordagem transversal. A amostra foi constituída por crianças de 7 a 12 anos, praticantes de natação de uma academia na cidade de Brusque, Santa Catarina. Para iniciar os procedimentos de coleta de dados deste estudo, foi solicitado ao responsável pela academia a colaboração e permissão para seu desenvolvimento, bem como, um contato prévio com os professores de educação física responsáveis pelas turmas de natação a fim de interá-los sobre os objetivos, métodos e procedimentos de coleta dos dados.

    Foram convidados a participar do presente estudo, todas as crianças praticantes de natação na academia selecionada, cujos pais ou responsáveis autorizaram a participação no estudo, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram excluídas da amostra as crianças que não estiverem presentes no dia pré-determinado para a avaliação.

    Para o levantamento dos dados foi aplicado um questionário estruturado constituído de questões fechadas e de múltiplas escolhas, a fim de caracterizar a amostra, e obter informações sobre a pratica da natação como freqüência e duração, e outras atividades físicas, antropometria e imagem corporal. Os dados foram coletados em horários pré-determinados, antes da criança realizar a sua aula de natação.

    Os parâmetros antropométricos utilizados foram: peso (kg) e estatura (m). As crianças foram pesadas apenas de sunga ou maio e descalças. O peso foi obtido com balança digital da marca PLENA®, e a estatura com estadiomêtro da marca SECA®. Afim de evitar vieses, as medidas foram coletadas sempre com os mesmos equipamentos, rotineiramente calibrados, e pela mesma pessoa.

    As medidas de peso e estatura foram utilizadas para o Cálculo de Índice de Massa Corpórea (IMC), onde o peso expresso em quilogramas é dividido pela estatura ao quadrado em metros. Para a classificação do estado nutricional das crianças, foram utilizados os Percentis do IMC, com os seguintes pontos de corte: obesidade acima do percentil 95; sobrepeso entre os percentis 85 e 95; eutrofia entre os percentis 15 e 85; desnutrição leve entre os percentis 5 e 15 e desnutrição moderada e grave abaixo do percentil 5, levando em consideração a idade e sexo da criança preconizados pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2007).

    Para avaliar a Imagem Corporal das crianças foi utilizado o protocolo proposto por Collins (1991), onde cada criança selecionou a figura compatível com seu tamanho (“com qual dos desenhos você mais se parece?”) e tamanho ideal (“com qual dos desenhos você mais gostarias de se parecer?”), de acordo com as imagens abaixo. O grau de satisfação/insatisfação com o corpo foi dado pela diferença entre as figuras real e ideal.

    Foi realizada analise descritiva de freqüência simples utilizando-se as variáveis categóricas por meio de suas freqüências absolutas (n) e relativas (%), e seu respectivo intervalo de confiança de 95% (IC 95%). Para descrever as variáveis quantitativas da analise estatística foram calculadas os desvios-padrão. Para a formação do banco de dados foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2007, afim de codificar as respostas obtidas.

Resultados e discussão

    Participaram do presente estudo, 28 crianças praticantes de natação de ambos os gêneros, sendo 57% (n=16) do feminino e 43% (n=12) do masculino com idade média de 9,6±1,73 anos. Dos avaliados, 100% são de etnia branca, sendo 82% nascidas no município de Brusque e 18% em outros municípios da região Sul.

    Referente à prática da natação, observou-se que 36% das crianças realizavam duas vezes por semana, 43% três vezes por semana, e 21% realizavam todos os dias a natação. Sendo que 89% das crianças realizavam a natação durante 45 minutos e 11%, 90 minutos de duração. Constatou-se também, que 43% das crianças realizam outro tipo de atividade física como: dança, vôlei, futebol e musculação intercalado com a pratica de natação.

    Utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), coletados em todas as capitais do Brasil e no Distrito Federal em 2009, realizada com 60.973 escolares do 9º ano, Hallal et al. (2010), constataram que apenas 43,1% das crianças entrevistas foram considerados ativos (praticavam 300 minutos ou mais de atividade física). Sendo que apenas duas capitais do Sul do país tiveram mais da metade das crianças fisicamente ativas, Florianópolis e Curitiba. Evidenciaram ainda, que quanto melhor a escolaridades dos pais, maior era pratica de atividade física da criança.

    Pesquisa realizada com escolares no município de Osasco/SP, por Celestrino e Costa (2006), comparando a atividade física entre crianças obesas e não obesas, foi verificado que 50% das crianças obesas gastam o seu tempo livre com atividades eletrônicas (televisão e vídeo game), já 50% das não obesas gastam o seu tempo livre com brincadeiras fisicamente ativas.

    Silva (2010) realizou um estudo com 250 crianças de ambos os gêneros entre 7 e 8 anos, encontrou-se diferenças significativas entre crianças que praticam algum esporte fora do âmbito escolar em relação ao IMC, porém, as habilidades motoras não tiveram melhora quando comparados.

    Em relação aos dados antropométricos, na presente pesquisa foi possível observar média de altura de 1,42 ±0,12m e de peso de 40,75 ±10,99 Kg. Ao avaliar o estado nutricional, observou-se média de IMC de 19,21 kg/m² para o gênero feminino e média de 20,17 kg/m² para o gênero masculino. Dado semelhante foi encontrado em uma pesquisa realizada com nadadores mirins no estado de São Paulo, avaliando 30 crianças praticantes de natação, observando que a média de IMC foi de 21,9 kg/m² para os meninos e 18,2 kg/m² para as meninas (VIEBIG; PATTON, 2006).

    Leite et al. (2010) avaliando crianças obesas entre 10 e 16 anos, observaram que para diminuir o IMC foi necessário um período de pratica de natação de no mínimo três vezes por semana durante doze semanas.

    Silva et al. (2010) realizaram um estudo com 41.654 estudantes com idade entre 7 e 17 anos, sendo 44% do gênero feminino e 56% do gênero masculino, referente ao IMC, as meninas apresentaram média superior do que os meninos nas idades de 9, 10, 12, 13, 14 e 15 anos, dado oposto do presente estudo.

    Alves, Berbigier e Petkowicz (2010) avaliando 204 crianças praticantes de natação do município de Porto Alegre/RS, com media de idade de 8,25 anos, sendo 121 do gênero masculino e 83 do gênero feminino, apresentaram uma media de IMC mais baixo que o presente estudo, 17,58 kg/m² e 17,71 kg/m² respectivamente, classificando 66% de eutrofia e 31% de excesso de peso.

    No presente estudo foi possível evidenciar que 57,14% das crianças foram classificadas como eutróficas, e 42,86% encontravam-se fora da normalidade, sendo que, 39,28% apresentavam sobrepeso e 3,58% abaixo peso. Uma porcentagem alta de sobrepeso quando comparado a um estudo realizado por Ricardo et al. (2010) com 4.964 estudantes de do ensino fundamental de 354 escolas de Santa Catarina, que apresentou 15% de sobrepeso.

    Referente á imagem corporal, o presente estudo observou-se que 67,86% (n=19) das crianças encontravam-se insatisfeitas. Observando que 75% eram do gênero feminino e 58,34% do masculino. Sendo que desses, 60,71% gostariam de ter uma silhueta mais magra e 7,15% mais gorda. A Tabela 1 apresenta a relação do estado nutricional com a auto percepção corporal.

Tabela 1. Relação do estado nutricional com a auto percepção corporal em crianças praticantes de natação no município de Brusque, SC

    A maior preocupação com a imagem corporal está no gênero feminino principalmente na adolescência, quando o corpo começa a se formar. Os meninos não têm tanta preocupação, pois a pressão social não é tão acentuada (GRAHAM et al., 2000; BRANCO; HILARIO; CINTRA, 2006).

    Pinheiro (2003) evidenciou dados superiores em uma pesquisa realizada com escolares de 8 a 11 anos em que 82% das crianças desejavam uma silhueta diferente da sua, verificou ainda, que os principais fatores associados a essa insatisfação eram menor auto-estima e percepção da criança de que havia a expectativa por parte dos pais e dos amigos para que ela fosse mais magra.

    Na presente pesquisa a satisfação com a imagem corporal foi observada em apenas 25% das meninas e 41,66% dos meninos. Discordando Aerts et al. (2010) evidenciaram que 89,8% dos meninos e 59,8% das meninas estavam satisfeitos com a imagem corporal, quando realizaram um estudo com 1.442 estudantes de 5ª a 8ª serie do ensino público no município de Gravataí/RS.

    Castro et al. (2010) descrevendo a concordância entre imagem corporal (IC) e estado nutricional (EN) e verificando a associação de IC e de EN com comportamentos relacionados ao peso corporal (CRPC) entre adolescentes brasileiros, destacaram que 79,2% das crianças avaliadas que se consideravam gordas estavam de alguma maneira tentando perder ou manter o peso.

Considerações finais

    Considerando o exposto, verifica-se que a prática de atividades físicas tem a possibilidade de auxiliar na formação da imagem corporal, favorecendo os sentimentos de auto-aceitação e autoconfiança, que poderão se constituir em estímulos para as crianças desenvolverem suas habilidades e talentos, com isso aumentando as possibilidades de construir uma auto-imagem positiva, de modo que terá como resultados os benefícios à saúde.

    Alguns pais têm demonstrado a conscientização sobre a importância da atividade física para seus filhos, em fase de crescimento maturacional, por isso, aderem a programas que incentivam tal prática como forma de auxiliar para o pleno desenvolvimento de suas crianças. Diante disso, percebe-se constantemente a grande procura dos pais pela natação, que pode trazer benefícios relevantes para o processo de desenvolvimento físico e psicológico das crianças.

Referências

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